segunda-feira, 7 de março de 2011

Fic: Corta?

Ship: Mevi
Classificação: NC-17
Categoria: Actor fic, 5ª temporada, Smut
Completa: Yes (X) No ( )
Capítulos: one-shot
Advertência: Contém cena de sexo. É recomendável ter visto o epi 5x06 (316) e o epi 5x11 (Whatever Happened, happened), citados na fic.
Resumo: Matt e Evi estão meio brigados e a tensão aumenta durante os bastidores do epi 5x06 (316), quando eles precisam filmar uma cena de sexo entre seus personagens.



Evangeline está dentro do trailer. Sentada diante do espelho, repete uma de suas falas para a própria imagem refletida, observando seu rosto e suas expressões enquanto profere as palavras.
“Você vai mesmo voltar para a ilha? Então eu vou com você”
Não satisfeita com o resultado, respira fundo, fecha os olhos durantes alguns segundos para se concentrar e repete a primeira sentença com um tom de voz diferente, mais grave.
-Droga! Está uma porcaria!
Por mais que tentasse, aquele não era o dia de incorporar a sua personagem, Evi simplesmente não conseguia achar a nuance certa para a dramaticidade da cena. Muita coisa acontecia em sua vida particular no momento, mais precisamente sua vida amorosa estava completamente tumultuada. Após anos de idas e vindas com Dom, eles mais uma vez tinha dado um tempo na relação e ela resolveu dar uma chance para um rapaz da produção, Norman. Sempre o achou interessante e engraçado e quando surgiu um clima entre eles, ela decidiu que já era tempo de mudar as coisas, quem sabe Norman era a resposta contra seu terrível hábito de escolher homens errados? Os dois estavam começando a sair, quase ninguém tinha conhecimento disso além dos que conviviam com ela, os colegas de elenco de Lost e a equipe por trás das câmeras.

No entanto, o responsável pelo pior rebuliço em seu coração era, para variar, ele: Matthew. Pela enésima vez Evi tinha dado um ponto final no caso deles, estava farta em fazer papel de amante, ela sabia que nunca evoluiria para algo além de ser a outra. O relacionamento tórrido entre os dois era um vicio destrutivo, ela relutava, mas fracassava diversas vezes tentando resistir à tentação de ficar o tempo todo ao lado dele e ser somente sua amiga. Mas agora era diferente, as coisas haviam mudado, havia Norman. E Evi queria de fato investir neste novo relacionamento.

Até este dia ela tinha conseguido se afastar um pouco de Matt. A única recaída foi quando filmaram o episódio “The Little Prince”, quando Matt errou uma cena dentro do carro, chamando Aaron com outro nome. Foi tão engraçado que Evi espontaneamente riu e sem se dar conta, automaticamente colocou as mãos no rosto dele e o puxou para si, encostando sua testa na dele. Somente segundos depois, ela percebeu que tinha dado bandeira demais, mas era tudo culpa de Matt, quem o mandava ser tão irresistível?

Desde então, Matt tem feito de tudo para se reaproximar de Evi. Puxa conversa nos intervalos, traz doces para ela, manda torpedos, caçoa e brinca o tempo inteiro, a surpreende com abraços repentinos, entre outros recursos. Ele notou que tem um novo adversário no jogo, Norman. Com isso, tem que trabalhar com esforço para convencê-la a continuar o romance.

Quando Evi retomou o seu diálogo, foi interrompida pelo barulho da porta do trailer se abrindo.
-Ai que susto! Não sabe bater na porta antes de entrar?
-Desde quando eu tenho que pedir licença para entrar no trailer?
-Desde que não estamos mais juntos, ok?
-Qual o problema com você, Evi? Por que está agindo deste jeito comigo?
-Estou fazendo a coisa certa, Matt, me afastando de você.
Matt abaixou a cabeça e decidiu não rebater. Sentou-se no sofá e de braços cruzados, voltou a falar:
-Já leu o script?
-Sim, estava ensaiando neste instante quando você me atrapalhou.
-Desculpe-me. Viu que é episódio do Jack? E que...bem..você sabe. Episódios centrados no Jack sempre possuem muitas cenas envolvendo a Kate.
-Entendo aonde você quer chegar. Eu li o que está escrito.
-Vai ter cena de beijo seguido de sexo implícito.
-Exato. E daí?
-Não quer combinar comigo como vamos fazer a cena?
-Já fizemos cenas de beijo e sexo antes e sempre improvisamos na hora. A cena do primeiro beijo foi ensaiada porque queriam que fosse bem filmada, era algo importante o primeiro beijo do casal. Nas cenas do “Something Nice to Back Home” não ensaiamos, deixamos rolar. Mas essa cena do “316” não creio que vai ter tanta exigência assim.
-Acho que está enganada, essa cena demanda sentimentos bem mais intensos e difíceis de serem transmitidos. Envolve toda uma bagagem, a gente precisa estar com o passado dos personagens na cabeça para interpretar o que eles estão sentindo naquele momento.
-Eu sei, acha que não posso lidar com isso? Seu tom professoral me irrita às vezes!
-Não foi o que quis dizer, é claro que você vai conseguir fazer a cena direito, Evi, só quero me certificar de que iremos dar o melhor de nós independentemente de nossa situação.
-Que situação, Matt?
-Isso, essa coisa não resolvida.
Agora ele gesticulava com as mãos e enrugava levemente a testa enquanto argumentava, com o olhar fixo em Evi.
-Pois para mim já está resolvida faz tempo, aliás, resolvida não, acabada! Chega, não quero mais falar sobre isso!
-Evi, espera...

Evangeline saiu do trailer, deixando Matt sozinho em seus pensamentos. Ela estava furiosa. O seu rendimento estava péssimo e o fato de ter de filmar praticamente pelas próximas horas o tempo todo ao lado dele tornava o prognóstico pior. Evi caminhou alguns passos e alcançou o local de gravações em que a equipe ficava aguardando pelas filmagens. Muitos do elenco estavam sentados em suas cadeiras nomeadas, conversando animadamente. Ela chegou a seu lugar com cara feia, a qual se tornou mais zangada ao avistar o nome dele escrito na cadeira ao lado. “Merda, por que minha cadeira tem que estar justamente situada perto da cadeira de Matt? Isso só pode ser sacanagem” – Evi pensava. “Se dão tanta importância para o triângulo, por que não colocam a minha cadeira ao lado da do Josh para variar um pouco?”

Bufando, Evi pegou a cadeira e atravessou o espaço, fincando a mesma no outro canto. A ação não passou despercebida, os colegas de elenco se entreolharam confusos, ao que Evi respondeu:
-O que foi? Eu tenho direito de mudar de ares de vez em quando, não tenho?
Para disfarçar o azedume, ela forjou um sorriso amarelo, tentando dar uma impressão mais relaxada e brincalhona como de costume. Pegou o celular do bolso e decidiu ver os recados. Havia vários de Matt, mas estes ela prontamente apagou sem ao menos ler o conteúdo, não poderia cair em tentação, um deslize seria fatal. Evi sabia que no momento em que lesse, seu coração iria fraquejar, logo o melhor seria apertar o delete. Resolveu se concentrar nas mensagens de suas amigas e na de sua irmã.

Pouco mais tarde, Evi é chamada pela cabeleireira do estúdio. A profissional cuidava em alisar as suas madeixas, visto que as cenas de Kate fora da ilha retratavam uma personagem mais bem cuidada, com visual um tanto diferente e com cabelos mais lisos. Evi aproveitava o tempo para memorizar as suas falas, ela mantinha a brochura com o conteúdo do capítulo em seu colo. Enquanto esperava para que o cabelo ficasse pronto, a maquiadora passava uma camada de base corretiva em seu rosto, tudo bem sutil porque Evi precisava chorar na cena, portanto a maquiagem não poderia escorrer pela cara. A região dos olhos recebeu um tom mais escuro para dar impressão de um ar abatido, Kate estaria dark.

Após tratar do cabelo e rosto, era a vez de cuidar do figurino. Evi pegou o cabide com a roupa que usaria em cena e se vestiu. Iria demorar um tempo até que a equipe de filmagem estivesse pronta, Evi teria que esperar o grupo gravar algumas cenas de Matt, as quais eram muitas devido ao episódio em questão ser do Jack. Ela voltou para o local em que os atores aguardavam as gravações e para a sua surpresa, sua cadeira não estava mais onde ela tinha deixado da última vez. Com um olhar de interrogação, Evi a procurava e eis que a cadeira estava de volta ao seu lugar de origem, ou seja, ao lado da cadeira de Matt.
-Mas quem colocou minha cadeira de volta?
-Oi querida, fui eu.
Norman se aproxima e lhe dá um abraço carinhoso por trás, seguido de um beijo em sua bochecha.
-Ela estava do outro lado e resolvei colocá-la aonde ela pertence. Sei que você gosta de se sentar perto do Matt, vocês dois estão sempre juntos nos intervalos, conversando e trocando idéias.
Evi não sabia se brigava com ele ou se não fazia nada. Porem resolveu não dar um piti, afinal de contas, como explicaria para o atual namorado que não podia ficar ao lado de Matt porque ele era o seu ex-amante? Então ela engoliu a seco e deu um sorriso sem graça.
-Valeu Norman, obrigada.
Josh observa a cena de canto de olho e leva a mão direita à testa, dizendo de forma quase inaudível, entre dentes:
-Tem homem que é cego.
Daniel, que estava sentado ao lado dele, começa a rir.

Uma hora tinha se passado quando uma mulher da produção chamou Evi. Chegara o momento de gravar as cenas do apartamento de Jack. Evi caminha em direção ao estúdio B. Procura deixar a mente vazia para evitar o nervosismo. Assim que ela entra no local da filmagem, o diretor Stephen Williams dá suas primeiras instruções.

Evi deita na cama de barriga para cima, até que a equipe ajeite os equipamentos. O responsável pela fotografia tenta acertar o foco da lente da câmera da lateral e ao mesmo tempo, outra pessoa arruma os holofotes. Testam uma luz mais clara e posicionam o feixe em direção à cama. Stephen Williams instrui Evi a mudar de posição. Ela deita de lado de forma normal, mas ele ainda não está satisfeito.
-Não, não, assim está parecendo que ela está dormindo tranquilamente na cama do Jack. Ela deve mostrar fragilidade, Kate está arruinada e aguarda Jack em sua cama porque precisa sentir o cheiro dele para se sentir mais segura depois do que aconteceu com Aaron. Evi, estica o braço.
-Assim?
-Isso. Espere, incline a cabeça um pouco para a direita. Agora está perfeito. Fique parada nesta posição.
Williams conversa com seus assistentes e ensaia um take. Reclama com a iluminação.
-Gente, é para ser uma cena sombria! Se ficar claro desse jeito não vai ficar com ar de mistério. Tem que ser mais escuro porque o Jack vai chegar em casa e não vai saber de início que há alguém lá dentro.
Depois de alguns ajustes de câmera e de luzes, conseguiram achar o tom certo.
-Atenção...Gravando!

Uma câmera acompanhava os passos de Matt na cozinha. Ele andava sobre as marcações no chão. À medida que ele caminhava para o outro cômodo, outras câmeras captavam a imagem.
-Corta!
Williams decide alterar um xis marcado no chão porque Matt estaria saindo do enquadramento se pisasse daquele lado. Gesticulando com as mãos, ele orientava o ator para as novas marcações.
-3, 2, 1...Ação!
A cena foi gravada novamente, desta vez tudo ocorreu de forma correta. Matt chegou ao quarto e então Evi entrou em cena. Um rapaz segurava o suporte do microfone ao alto. Segundos depois de trocarem as primeiras palavras, Williams quis interromper.
-Corta!

Aproximou-se dos atores e orientou Evi, era para que Kate desse um olhar diferente para Jack quando ele chegasse mais perto dela. Os atores se posicionaram de novo e recomeçaram a cena. Tudo estava transcorrendo normalmente, mas o diretor não estava contente.
-Corta! É o seguinte pessoal: se importam de saírem um pouco? Creio que tem muita gente nesse estúdio, eles precisam de concentração! Quero que fiquem somente as pessoas essenciais, o restante aproveita para tomar um café. A equipe desnecessária ia saindo do estúdio quando Stephen Williams diz para Norman:
-Você também.
-Eu?
-Sim. Quero que você esteja aqui logo cedo amanhã para filmarmos as cenas externas do deck e do açougue. Por hoje, está dispensado.
-Mas Stephen, posso te ajudar a fazer as cenas de hoje também.
Arrastando Norman para um canto, Williams continua:
-A Evi está travada, ela precisa de concentração. E com você aqui assistindo, acho que ela fica tensa, ainda mais por ser cena de amor, pode ser que ela esteja sem graça com a sua presença. Ela não vai conseguir se soltar com o namorado aqui, eu sei que Evi é desinibida e você está acostumado a auxiliar nas filmagens, mas essa é uma cena difícil.
-Ok, não quero deixá-la constrangida, estou indo.
Norman olhou para Evi ao longe, dando um tchauzinho acompanhado de um sorriso de orelha a orelha quando Evi jogou-lhe um beijo pelo ar em resposta.

Agora restavam poucas pessoas no estúdio. Stephen Williams foi conversar com Matt e Evi.
-O que está acontecendo com vocês dois?
-Como?
Matt franze a testa.
-Alguma merda está rolando, dá para sentir o climão daqui.
-Stephen, estamos fazendo de acordo com o que está no script.
Evi argumenta.
-Estamos seguindo exatamente as instruções.
-Não, de jeito nenhum. Vocês estão totalmente desconcentrados e olha que eu geralmente fico tranqüilo quando vocês dividem a cena porque sei que trabalham legal juntos. Mas desta vez não está funcionando. Onde está a química?
-Pelo o que eu saiba não é para Kate agir de maneira normal. Aliás, já reclamei com o Damon, esta cena em si é muito estranha. Onde já se viu a Kate acabar de desistir de Aaron e querer transar com Jack?
-Não me cabe reescrever a cena, sou responsável por dirigir. O que Damon disse?
-Disse que Kate era assim mesmo, que para mim, Evi, seria uma atitude fora de contexto, mas que para Kate era comum ficar desolada e correr para os braços de um homem. Eu sei que tenho que me desprender da personagem, mas francamente tem cada cena que não concordo...
-Bom, o texto é dele, temos que aceitar. Se você reclamou e ele não mudou o texto, paciência. Mas o que eu quero lhe chamar a atenção é que eu quero ver isso na tela. Ok, você me explicou que a Kate está devastada, porem não foi o que vi, você não me demonstrou isso, entende?
-Pode ser mais específico?
-É o seguinte: Kate está arrasada não somente pelo transtorno de se despedir de Aaron. Está muito brava com Jack porque ele foi o responsável por ela ter se dado conta de que não era a mãe verdadeira de Aaron. Até então, Kate vivia em denial. Ela sabia que o menino não era filho dela, mas jogava isso para o fundo da mente. Jack fez a verdade vir à tona, tanto é que depois de ter discutido com ele no cais, vamos ter uma cena lá no episódio 11...ok, eu sei que você ainda não recebeu o script do 11, mas no seu texto já tem essa explicação para que você visualizasse desde agora a situação de Kate. Então, neste capítulo centralizado em Kate, ela perderá o Aaron no supermercado e nem se importará tanto, justamente porque ela já estava ciente de que teria que abrir mão do garoto. E a fúria é maior porque apesar de Jack ser o responsável pela elucidação, ela ainda é completamente apaixonada por ele. Kate luta internamente, a razão não o quer, mas ela continua o enxergando como o seu noivo, o futuro marido. Jack ocupa a posição de homem de sua vida, ela sente ódio, mas quando ele chega ao apartamento todo gentil e atencioso, ela não resiste e se entrega à paixão.
-Entendo o que você quis dizer. Vou tentar fazer com que a raiva dela esteja lá, porem de forma contida, ao mesmo tempo em que o amor por ele transpareça, embora Kate não queira demonstrar.

A ironia da situação era que o que Evi acabara de dizer se encaixava como luva em seus sentimentos por Matt. Ela o amava, no entanto, estava com raiva dele. Williams volta as suas atenções para Matt.
-Quanto a você...Jack age de forma calma neste momento. Ele não é mais aquele cara perturbado de antes. Você estava muito tenso na cena e não é o que a quero mostrar. Jack precisa estar mais relaxado.
-Mas ele chega em casa e não sabe quem está lá ou ao menos se existe alguém real por lá. E Kate está transtornada na cama, não falando coisa com coisa. Seria natural que Jack se sentisse preocupado.
-Sim Matt, de fato ele está se questionando que diabos está acontecendo com Kate. Porem, por incrível que pareça, Jack está em uma fase mais serena, mais amadurecida. Com certeza ele quer saber o que se passa com ela, mas teme afastá-la com suas perguntas. Por isso, ele tenta fazer com que ela confie nele e se sinta segura nesta hora. Jack lhe dá um olhar compreensivo quando ela o faz prometer que não era para ele perguntar sobre Aaron.
-Ok, entendi.
-Eu sei que é complicado para vocês porque não receberam os scripts dos capítulos futuros, mas garanto que mais adiante vão voltar nessa questão da Kate explicando para Jack o que aconteceu com Aaron. Por hora quero que vocês dêem uma pausa, vão tomar um ar, uma água, descansem e voltem daqui a cinco minutos, ok?

Evi rumou em direção ao banheiro. Sempre que ficava nervosa, dava uma vontade imensa de fazer xixi. Matt estava louco para acender um cigarro, mas se conteve porque logo mais teria que fazer uma cena de beijo. Resolveu então apenas tomar uma água e andar de um lado a outro quieto, se concentrando. Eles nem quiseram se falar ou combinar a cena. Não queriam correr o risco de que um desentendimento real atrapalhasse o desempenho deles em cena. Ali, no estúdio, tinham que se esquecer de Matt e Evi e incorporar Jack e Kate.

Os minutos correram e chegara o momento. A maquiadora secou com uma toalha o suor na testa de Matt e passou uma camada de base no rosto dele e um pouco de pó em Evi. Os atores foram para as suas respectivas marcações e aguardaram a ordem. O assistente posicionou a claquete na frente, Stephen Williams foi para trás das câmeras e gritou:
-Ação!
Matt e Evi encenaram de maneira formidável. Finalmente entraram na pele dos personagens, demonstrando exatamente o que lhes era exigido. A troca de olhares, o tom de voz de Kate, a expressão acolhedora de Jack, o olhar lacrimejante de Kate, a dor em seu interior quando fala sobre Aaron, os olhos inquietos de Jack que se mexem de um canto a outro. E então a parte não ensaiada: o beijo.

Evi arrisca uma investida. Mordisca o lábio inferior de Matt. Depois parte para o beijo para valer. Evi abre a boca como se fosse engolir Matt e avança sobre ele com ímpeto, Matt procura conter o seu desespero, apanhando o rosto dela com as mãos, enroscando seus longos dedos por entre os cabelos presos de Evi. Ela continua implacável, envolve os lábios dele com força, descarregando no beijo toda a raiva interna, como se descontasse sua frustração do relacionamento deles, como se quisesse o ferir com sua boca, chocando os lábios violentamente contra os dele.

Matt não se faz de rogado, então era assim, ela queria guerra? Iria ter guerra. Ele sentia que ela se aproveitava da situação, usando a cena como desculpa para extravasar os seus reais sentimentos por ele. Matt aprofundou o beijo, ocupando com sua língua inquieta o espaço que ela deixara aberto em sua boca de tal modo que Evi até teve que inclinar a cabeça um pouco para trás porque agora ele é quem estava consumindo-a, curvando-se sobre ela.

Ela retirou o paletó dele sem quebrar o beijo e tocou a sua nuca como sempre costumava fazer, enquanto que ele a empurrou em direção à cama. Como ele estava partindo para cima dela vorazmente, os dois acabaram caindo na cama. Pararam o beijo em fração de segundos, somente para captar um pouco de ar e voltaram a se beijar. Matt estava por cima, Evi abriu lentamente as pernas para que eles se ajeitassem em uma posição melhor. Matt beijou o seu queixo e em seguida, foi traçando uma trilha de beijos abaixo de sua orelha e pelo pescoço. Evi tinha os olhos fechados ao passo que suas mãos acariciavam o cabelo dele. Ela involuntariamente roçou o calcanhar direito na perna de Matt, o frescor de sentir os lábios macios dele beijando a pele branca de seu colo a deixava toda arrepiada.

A equipe que filmava a cena ficou pálida. De repente parecia que a temperatura do estúdio tinha se elevado. Stephen Williams estava tão estupefato com o que via diante de si que seu assistente teve que lhe dar um cutucão, despertando-o para a realidade. Ele ficou completamente entretido com Matt e Evi, tanto que tinha se esquecido de dar o comando para encerrar a cena.
-Er...corta! Corta!
O grito foi como um estalo. Matt e Evi tinham se entregado tanto em cena que pareciam ter se desligado do mundo. Começaram a cena como Jack e Kate e terminaram como Matt e Evi. Internamente, tanto ele como ela se lamentavam pela interrupção. Eles levaram um tempo para se desgrudarem; apesar de estar vestidos, ela pôde sentir que com o calor dos amassos, o volume por debaixo da calça dele estava começando a aumentar. Desta vez, quem foi correndo ao banheiro ao final da cena foi ele.

Após se aliviar, Matt voltou ao cenário e encontrou o diretor conversando com Evi. Constrangido por ter saído repentinamente nos minutos anteriores, ele se aproximou devagar. Ninguém resolveu comentar nada para não deixar os atores embaraçados, mas todos se pegavam pensando que certamente aqueles dois já tinham ultrapassado a barreira da amizade.
-Meus parabéns, vocês foram ótimos!
Stephen Williams se limita a dar as congratulações pelo desempenho acima da média por parte do casal.
-Por hoje é só, continuamos as gravações deste episódio amanhã. Matt, eu estava informando a Evi que acabei de saber que os scripts de vocês para o próximo episódio estão para chegar daqui a pouco. O Bryan me ligou e disse que está terminando de imprimir e encadernar as brochuras, vocês se importam de aguardarem por aqui?
Meio contrariado, Matt respondeu:
-Espero que não demore muito.
-Não, acho que não vai demorar, mas dá tempo de vocês passarem no trailer e trocarem de roupa para irem embora. Façam isso, depois voltem para cá porque ele virá aqui entregar os papéis.

Evi foi indo na frente, sem esperar Matt, apesar de seus trailers serem vizinhos. Ela apertou o passo, não queria conversar sobre a cena que acabaram de protagonizar. “Precisava tanto ir para casa, não acredito que vou ter que ficar mais um tempo por aqui e ainda por cima, junto com o Matt para aguardar esses malditos scripts!” – Evi pensava pelo caminho.

Ele percebeu que ela estava evitando a sua presença, mas em vez de ir atrás dela para confrontá-la, resolveu dar um tempo para Evi. O esforço dela seria em vão, mais tarde eles inevitavelmente iriam ser obrigados a estarem um na companhia do outro enquanto o texto não chegasse.

Pouco tempo depois...

Evi se estrocou. Agora ela estava usando uma camisa branca regata com botões da cor marrom e uma saia estampada e rodada na altura um pouco acima dos joelhos. Nos pés, calçava uma sandália com salto mediano. Os cabelos estavam soltos e ainda lisos por conta de sua personagem. Quando entrou de volta no estúdio, Matt já se encontrava lá. Se fosse mais cedo, ela iria fazer questão de esperar na porta, do lado de fora. No entanto, já era noite, sendo mais seguro ela esperar dentro do lugar.

Matt estava calado. Usava jeans e uma de suas inseparáveis camisetas PNATRUL, essa era de cor azul marinho escuro. Aguardava sentado em uma cadeira do cenário da sala de estar de Jack. Evi, por sua vez, também não puxou conversa. Uma atmosfera pesada se concentrava no ambiente, era óbvio que ambos se sentiam incomodados pelas cenas rodadas. O silêncio estava ficando insuportável, o único ruído que se podia ouvir era de Matt chacoalhando as chaves do carro, até que ele resolveu quebrar a quietude:
-Ele vem te buscar?
-O que?
-Norman. Ele vai voltar para te apanhar?
-Ele já foi para casa naquela hora que o Williams dispensou o pessoal. Tem gravação logo cedo amanhã, deve estar dormindo a esta hora.
Matt apenas escutou. Evi baixou a cabeça e cutucou nervosamente a unha, procurando se ater a qualquer coisa que pudesse mantê-la ocupada e desviasse a atenção dele. Segundos depois, ele continuou:
-Ele é legal. Um cara “gente fina”, conversamos bastante nos intervalos enquanto estou fumando.
Evi não estava entendendo aonde ele queria chegar com aquela conversa.
-Mas ele não é o homem certo para você.
-Como é que é? Como você se atreve a dar palpite na minha vida? Se o Norman não é “o cara”, quem seria, você?
-Quem tem que responder a essa pergunta é você mesma, Evi.
-Faça-me o favor, Matt!
Ele resolve se levantar e se aproxima.
-Vai me dizer na minha cara que não sentiu nada hoje? Depois de tudo o que aconteceu entre nós neste set?
-Não aconteceu nada, só dei o melhor de mim na cena.
-A-ham, sei.
-O que...Eu sou uma atriz, sei mentir, sei representar! Posso não ter tanta experiência como você, mas nestes cinco anos aprendi bastante coisa.
-Eu não duvido da sua capacidade de atuar, inclusive está atuando até agora.
Olhando incrédula, ela já ia responder xingando, mas ele ainda não tinha terminado.
-Não acredito que você não tenha sentido nada, eu te conheço Evi, você é transparente em se tratando de emoções. No começo sim, estávamos atuando, mas depois, durante aquele beijo...
-Matthew, você está viajando, vendo coisas onde não existem.
-Aé? Então porque ficou me evitando depois da cena? Pensa que não percebi? Você ficou tão perturbada quanto eu fiquei, pare de negar! O que foi aquilo, roçar o pé nas minhas pernas? Eu senti o seu corpo respondendo aos meus beijos, senti nossos sexos em contato, apenas separados pelos pedaços de tecidos das roupas.
-Foi você que caiu em cima de mim e ficou se esfregando daquele jeito. Não percebe a vergonha que passamos nas gravações?
-Pelo o que eu saiba, quem começou foi você, com aquele beijo!
-Estava no script, tínhamos que nos beijar de uma forma passional.
-Beijar sim, não engolir um ao outro como se estivéssemos famintos!
-Você é que tem frescura com cena de beijo! Com o Josh, eu nunca tenho esse tipo de dor de cabeça, já contigo, fica “cheio de dedos” porque sua mulherzinha fica fuçando os scripts antes de você ler! Ela que te pede para não me beijar para valer, não é?
-Com o Josh não tem problema porque simplesmente ele não te excita, ele não tem um histórico contigo como eu tenho! Já fiz cenas de beijo com outras atrizes, inclusive beijo de língua como quando Jack se envolveu com aquela tailandesa. Mas sim, Margh odeia quando as cenas de beijo envolvem a gente porque ela morre de ciúmes de você. Não quero dar mais motivos para ela desconfiar de nós.
-Ela é uma idiota chifruda, sabe o marido que tem, mas se finge de morta de propósito, no fundo ela tem noção de que se largar de você não vai arranjar nenhum outro homem decente!
Matt a encarou com um olhar furioso.
-O que, ficou bravinho porque falei da “mulher de sua vida”?
-E o Norman, o que é? É outro trouxa igual ao Dom, usado por você feito uma marionete!
-Cala a boca, Matt, está querendo se comparar com ele?
-Não preciso me comparar, sei que ele é um substituto fajuto meu, a segunda opção. E está com ele porque é conveniente, porque ele fica te bajulando há tempos esperando uma chance para sair contigo. Está com ele porque não pode estar comigo.
-Não estou acreditando no que você acabou de dizer! Páre de falar merda antes que todo o respeito que adquiri por você durante anos vá por água abaixo!

Evi começou a andar, iria esperar por Bryan lá fora, estava insuportável se manter no mesmo local que Matt. Porem seu movimento foi impedido por ele, que se colocou em sua frente.
-Vai fugir?
-Fugir? Não estou fugindo, só não agüento mais ficar aqui com você!
-O que você não suporta é ouvir a verdade.
-É mesmo Matthew, e qual é a verdade?
Evi lança um olhar desafiador para ele.
-A verdade é que ainda não acabou. Nós dois.

Desta vez ele falou sério, com um olhar fixo sobre ela e em um tom de voz moderado.
-Pode me dizer o que for, que não sente nada por mim, que está em outro relacionamento, mas as suas palavras não condizem com as suas ações.
-Chega, não estou a fim de escutar essa bobeira!
Evi deu um passo e Matt a interpelou, se posicionando mais perto diante dela.
-Dá a licença?
Ele não saiu da frente. Mesmo assim, ela quis avançar. Como ele não lhe deu passagem, os dois acabaram se chocando. Matt olhou-a bem nos olhos e sem dizer palavra, tomou-a em seus braços e roubou-lhe um beijo. Evi debatia os braços, querendo empurrá-lo até que ele a soltou.
-Babaca!
Não contente, deu uns tapas em seu peito e ombros, ela não sabia se estava com mais raiva dele pelo ato abusado ou dela mesma por ter ficado tão abalada ao ser beijada por ele.
-Idiota! Estúpido, eu te odeio!
As bochechas dela estavam vermelhas pelo sangue que subiu para a cabeça por conta do nervoso que estava passando. Algumas lágrimas involuntárias teimaram em molhar os seus olhos enquanto ela proferia aquelas palavras rudes.
-Evi...
Apesar de estar extravasando todos os seus sentimentos rancorosos com relação a ele, ela estava lindamente frágil em sua tentativa de afirmar o seu ódio por ele e, portanto, irresistível, ainda mais porque ele sabia que no fundo ela queria lhe dizer o contrário. Ela estava se afastando dele quando, em um súbito movimento, Matt agarrou-a pelo braço, puxando-a para si para beijá-la novamente. Evi bem que tentou impedi-lo mais uma vez, mas foi traída pelo seu próprio desejo e não consegui afastá-lo. Eles entregaram-se a um beijo sedento e longo, Evi pendurou-se em seu pescoço enquanto ele colava seus lábios envolventes nos dela. Os corações batiam acelerados e os corpos grudaram, não restando espaço algum entre eles.

A esta altura, não diziam mais nada, aquela DR anterior apenas fez crescer o tesão e aflorar os sentidos de ambos. Os lábios se devoraram violentamente, com mais intensidade que na cena que rodaram naquela noite. As mãos dele percorriam o corpo dela, então ele a segurou pela cintura, a pegou no colo e a colocou sentada sobre a mesa de jantar do apartamento cenário de Jack. Suas mãos continuavam a exploração pelo corpo de Evi até levantarem furtivamente a barra da saia dela. Matt enfiou uma das mãos por dentro da calcinha, seus dedos desceram até sentirem a vulva macia e quente. Evi soltou um suspiro, Matt lentamente retirou a sua calcinha para que pudesse estimular livremente a região. Começou a massagear o clitóris, ela escancarou bem as pernas para facilitar enquanto ele introduzia um dedo dentro dela.

Evi mexia os quadris, já estava ficando úmida quando ele resolveu acrescentar mais um dedo, o que fez com que ela se balançasse agitada sobre o móvel. Então ele parou, queria aproveitar e deleitar o corpo todo dela. Matt abriu os botões da camisa de Evi e jogou a mesma ao chão, deixando-a de sutiã. Evi o puxou pela camiseta com força, ocasionando um barulho de costura se rompendo.
-Calma baby, desse jeito você vai rasgar minha roupa.
-Dane-se, você tem milhares de camisetas iguais a esta.
Ela não deixou que ele respondesse, depositando um beijo molhado em sua boca, passando sua língua por entre os lábios semiabertos dele, mergulhando a mesma em seu interior, sendo sugada e absorvida pelos lábios rachados de Matt. Evi tirou a camiseta dele e passou a beijar o seu pescoço, enquanto passeava com as mãos pelo seu peito, depois pela barriga até alcançarem o cós da calça. Evi abriu o botão, desceu o zíper e ele se livrou do jeans. A calça mal caiu ao chão e Evi já começara a tocar o membro maliciosamente por cima da boxer.

Em seguida, ela desceu da mesa e ficou em pé de novo, despindo-se da saia e jogando por cima da calcinha que já estava prontamente no chão. Olhando para Matt com seus olhos verdes mais brilhantes que outrora, ela se ajoelhou e desceu lentamente a roupa íntima dele, deixando o membro para fora e bem diante de seu rosto. Evi abocanhou o pênis, chupando cada pedacinho aos poucos até introduzi-lo por inteiro, quase o fazendo tocar a sua garganta. Ele manteve os olhos fechados, totalmente entregue àquele prazer. Matt soltou um murmúrio alto, Evi estava deixando-o fora de controle, mas antes que ela o fizesse gozar, ele pediu para ela parar. Apesar de amar o que ela estava lhe proporcionando, ele queria estar mesmo é dentro dela. Por isso, a puxou de volta para cima e a colocou novamente sobre a mesa, retirando com pressa o sutiã e enterrando seu rosto por entre os seios firmes de Evi.

Matt lambeu ao redor dos mamilos e foi descendo sua língua pelo corpo dela, passando pela barriga até chegar ao seu centro, colocando sua boca nos grandes lábios vaginais, esfregando a língua avidamente em seu clitóris, fazendo-a ficar estimulada tão intensamente que os seus sucos escorriam pelas pernas.

Com ela totalmente úmida e pronta para recebê-lo e ele com o membro duro, mais do que depressa, Evi abriu bem as pernas e, sentada na quina da mesa, puxou-o para si, ao passo que Matt flexionou levemente os joelhos e contraiu um pouco o bumbum, dando um impulso para penetrá-la. Introduziu primeiramente uma parte até que meteu o membro por inteiro. Ao senti-lo completamente dentro de si, ela apertou fortemente os ombros dele com as mãos e gemeu, ele era bem dotado e ela era apertada, de modo que levava alguns segundos para se acostumar com aquele volume grande em suas entranhas. Ele se mexia de modo mais calmo no inicio, mas não demorou muito para acelerar as suas investidas.

Ela o abraçou com as pernas, apoiando-as ao redor da cintura dele, roçando os calcanhares pela região traseira. Quanto mais se movimentavam, mais hipnotizados pareciam ficar. Evi envolvia seus braços pelo pescoço dele, mas por conta do vaivém frenético, acabou por deitar o corpo pela mesa, enquanto que ele segurava sua cintura e a estocava com mais intensidade. Em transe, Evi contraia o membro dele. Durante o orgasmo, ela deixou o seu corpo absolutamente solto, livre e a mercê de Matt, como se nada mais no mundo importasse; ela se entregou por completo àquele prazer sem fim e àquele calor que corria pelas suas veias. De olhos fechados, ela balançava a cabeça de um lado a outro, em puro êxtase.

Após ter consigo atingir o clímax, ela abriu os olhos, queria olhar para ele para observar o quanto ela era capaz de provocar naquele homem, queria ver o rosto dele quando ele chegasse lá. Pouco tempo depois ela viu os olhos dele escurecerem antes que ele os fechasse, apertando-os com força enquanto seu corpo estremecia, curvando-se inerte sobre o corpo dela. Ele gozou de maneira farta; depois de se liberar, desceu ao chão e deitou-se exausto ali mesmo, totalmente sem fôlego. Ela desceu da mesa também ofegante, suando e com o corpo dolorido porem saciado pelo prazer imenso que acabara de provar.
-Matt?
-O que?
-Os scripts!
-É mesmo, os scripts! Melhor nos vestirmos depressa antes que o Bryan chegue!
Em um sobressalto, Matt rapidamente apanhou a pilha de roupas espalhadas e os dois foram se vestindo como se estivessem em uma gincana com cronometragem de tempo. Ouviram passos se aproximando da porta e alguém chamando seus nomes. Evi abotoou errado uma das casas de sua camisa, mas não havia tempo de consertar, então ela embolou levemente o tecido e jogou os cabelos para frente, para disfarçar. Matt não teve tempo de abotoar o jeans, por sorte a camiseta tampava a braguilha.
-Gente, desculpa a demora, deu um problema na impressora e tive que esperar consertarem.
-Tudo bem, nós entendemos. Obrigado.

Matt pegou a brochura e agradeceu. Bryan achou o comportamento deles meio esquisito, mas preferiu não pensar muito no assunto. Assim que o rapaz saiu, eles se entreolharam e caíram na gargalhada.
-Ufa, essa foi por pouco!
Sem parar de rir, Evi mal conseguia falar.
-Eu estava vendo a hora que o seu jeans iria cair enquanto você andava em direção a ele.
-É, eu percebi isso, não viu que eu até comecei a andar devagar?
-Também, quem manda ficar magro desse jeito a ponto de emagrecer na bunda?
-E você com esse cabelo todo na cara, está parecendo a Samara do filme “Chamado”.
-Seu bobo!
-Sua louca!
Finalmente eles tinham voltado a serem os velhos Matt e Evi de sempre, brincando um com o outro, se amando e cometendo toda a sorte de loucuras que o relacionamento errado deles permitia.

No dia seguinte, na sala de edição...

Damon e Carlton olhavam incrédulos para a tela do computador, sem piscarem.
-Oh my God!
Damon exclamou. Stephen Williams prosseguiu:
-É, pois é, o negócio pegou fogo ontem durante as gravações. Ainda bem que o Norman não estava presente. Carlton, que até então estava calado e de queixo caído, enfim disse:
-Esses dois definitivamente precisam fazer uma comédia romântica juntos!
-Comédia romântica? Eu diria que você está sendo modesto.
Damon afirmou em meio a risadas de todos da sala.
-E agora, o que faremos?
-Vamos ter que cortar a cena, imagina se isso vai ao ar, a ABC e a Disney nos matam!
-Que tal cortarmos nesta hora, um pouco antes deles caírem na cama?
-É o jeito, embora a edição não vá ficar muito bonita, o corte vai ser abrupto.
-Vamos cronometrar o capítulo e deixar a cena no final do bloco, para que desta forma entrem os comerciais depois e disfarce o corte.
-Boa idéia.
Damon observa mais uma vez o casal na tela.
-É uma pena, seria uma cena bem quente. Se bem que é melhor editarmos mesmo, jate não pode puxar pelo lado sensual, tem que ser mais romântico para se diferenciar de skate.
Carlton acrescenta:
-Fora que precisamos manter o suspense de quem a Kate vai escolher no final. Se essa cena fosse ao ar na íntegra, ninguém mais duvidaria de que ela vai ficar com o Jack.
-Verdade. Melhor continuar dando esperança para a audiência skate e enganá-la até o fim.
-Ai que maldade, Damon.
-Nem tanto, as cartas já foram dadas desde o começo, é só juntar as peças para saber que o escolhido sempre foi o Jack. O que posso fazer? Eu sou jater. E se continuar vendo esse vídeo, vou acabar virando mevier ou mavier, sei lá qual o nome certo disso.
Os produtores riram com a conversa. E assim, os cortes foram feitos.


FIM