segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados-Capítulo 3: Vida e morte

1977

Jack olha para todos os lados, nem sinal de Sayid.
-Oh, meu Deus, o que será que aconteceu? Por que o levaram? – Kate estava de queixo caído com a situação.
-Eu não sei, mas devemos descobrir para onde eles o levaram. – Jack mantinha o semblante preocupado.
Kate se agachou, tocando o solo procurando descobrir pistas que pudessem lhes indicar para onde os outros tinham rumado.
-Tem pegadas por aqui e mais adiante. Pode ser que eles tenham ido naquela direção.
Um barulho de folhas se mexendo fez com que os dois sacassem a arma. Jin e Miles acabaram de retornar com remédios, porém chegaram tarde demais. O grupo decidiu seguir as pistas, mas com bastante cautela. Caminhavam silenciosamente pela mata para não chamarem muita atenção. Estava quase amanhecendo de forma que, embora o sol não tivesse surgido com toda a sua força, já era possível caminhar sem o auxílio de tochas.
Alcançaram a região do deck do submarino, Sawyer ainda estava por lá. Ao vê-los, levantou os olhos meio que questionando o que diabos estavam fazendo. A curiosidade foi o suficiente para incentivá-lo a ter com eles:
-Para onde estão indo?
-Sayid. Ele sumiu. Os outros o levaram não sabemos para onde, então estamos tentando seguir as pistas. – Kate parou diante dele, dispondo as mãos na cintura.
-E você, cara, não vai conosco? – Hurley sugeriu prontamente.
-Eu tenho outros planos.
-Como o que?
-Pode ficar tranqüilo, doc, meu plano não é de te matar, pelo menos não por enquanto.
O clima estava tenso entre eles. Sawyer ainda não conseguia encarar Jack, ele o culpava pelo que tinha acontecido com Juliet.
-Está amanhecendo. Se pretende ficar, é melhor se esconder. O povo da Dharma pode vir a qualquer momento.
-Eu sei me defender, eu conheço direitinho cada babaca da Dharma Iniciative.
-Se é assim...
Jack ia caminhando de volta para a mata, quando Sawyer o chamou:
-Hei! Vejo que pegaram todas as armas que estavam lá. Será que ao menos eu não tenho direito de posse de alguma?
Kate escutava apreensiva. Tinha medo do que Sawyer pudesse fazer com uma arma na mão.
-Sawyer!
-Não se preocupe, sardenta, não vou fazer nada contra o seu noivinho. Eu vou é dar o fora daqui! Para mim chega desta ilha maldita! Quando o sub retornar, vou ser o 1º a embarcar. E que se foda esse lugar e todos vocês!
Eles nem se encomodaram de serem xingados por Sawyer, sabiam que por dentro seu coração estava em migalhas por causa de Juliet. Jack se aproximou e entregou-lhe a arma.
-Se cuida, Sawyer.
-Eu vou me virar.

Sawyer deu um sorriso e uma piscadela para Kate, que sentia-se triste por ele ter tomado aquela decisão, se afastar e encarar um mundo totalmente desconhecido lá fora, em 77. O grupo resolveu partir e continuar a jornada, deixando Sawyer no deck.

Enquanto isso...

Radizinsky sai de casa com alguns papéis enrolados embaixo do braço. Bate na porta de Dr Chang. Ambos saem e entram em uma das Kombi estacionada. Logo mais, outros membros da Dharma pegam seus veículos e partem seguindo o mesmo caminho. Começa um trabalho árduo no local da estação, era necessário retirar todos os destroços e fazer uma engenhoca que controlasse o magnetismo. A sorte é que ficaram na ilha os mais importantes cientistas, suas mulheres e filhos tinham partido, mas eles tinham ficado.

Horas se passaram até que começaram a puxar toda a sucata de dentro do poço. Algumas máquinas auxiliavam o serviço pesado. Um homem, com a ajuda de um cabo, desceu no poço e ao chegar no solo, deparou-se com um corpo de mulher estendido: era Juliet. Sua roupa estava toda ensangüentada devido a grave hemorragia que sofrera na região do abdômen. Mesmo assim, o homem embrulhou o seu corpo e o carregou no colo, subindo e volta no cabo.

Após sair do poço, todos olharam até que Radizinsky retirou o pano que cobria o corpo.
-É ela! Bom, pelo menos se eles tentaram nos matar, conseguimos algo precioso, acabar com essa hostil que nos enganou esse tempo todo!
-O que faremos com o corpo? – um deles perguntou.
-Devíamos jogar no meio do mato, assim o povo dela não tem como vir até aqui reclamar o corpo.
-Não acha que devemos entrar em contato com eles para evitar confusão?
-Horace, Horace, sempre bondoso! Eles é que quebraram a trégua, agora eles que agüentem as conseqüências!

Horace custava a acreditar que Le Fleur e Juliet fossem hostis. Durante os anos de convivência, nunca suspeitou da farsa do grupo, pelo contrário, os considerava como amigos próximos. Achava extremamente triste o fim reservado pelo destino a Juliet.
Seguindo as ordens de Radizinsky, colocaram o corpo em um local bem distante de onde estavam, na mata.

A noite caia sobre a ilha. Sawyer estava cochilando, deitado sobre a madeira quando ouviu o barulho na água: era o sub retornando. Rapidamente, procurou se camuflar, se escondendo próximo ao local de embarque. Apenas 2 homens desceram do sub, o piloto e seu ajudante. Tudo estava calmo. Os homens estavam distraídos, se alongando e descansando o corpo moído da viagem, quando um deles sentiu um cano gelado nas costas.
-Quietinho aí meu chapa senão leva bala!
O outro homem tentou avançar, mas Sawyer lhe deu um golpe na cabeça.
-Vocês vão ter que me levar daqui!
-Mas agora Sr? Acabamos de chegar!
-Só o tempo de você arrastar o seu parceiro de volta. Vamos já!
O homem acatou as ordens de Sawyer e os 3 entraram dentro do submarino. Minutos depois, partiram. Sawyer entrou no veículo sem olhar para trás.

Em um outro local da ilha...

Richard estava dentro de sua tenda. Ia apanhar um livro quando alguém chamou o seu nome.
-O que foi, por que me chamam a esta hora?
Dois rapazes colocam no chão um corpo estendido. Alguns fios de cabelo dourado teimam em sair de dentro do pano. Richard se aproxima e descobre a parte superior. Observa sem dar uma palavra. Depois, pede que levem o corpo para dentro de uma outra tenda mais afastada.
Richard se encaminha em direção a fogueira. Widmore está sentado assando um pedaço de carne de coelho.
-Sr, peço permissão para partir. É uma emergência.
-Outra vez? Já não bastou aquele garoto Ben e mais esse rapaz com feições árabes? Richard, isso aqui não é um hospital. Não podemos nos expor desta maneira, daqui a pouco haverá peregrinação de doentes buscando um milagre.
-Eu entendo, me desculpe, mas preciso avisá-lo. Ela parece ser chave importante para o futuro desta ilha.
-Ok Richard. Só permito porque quero evitar aborrecimentos. Dê lembranças ao Jacob.

2004

-O paciente apresentou um grave quadro de traumatismo craniano. Conseguimos retirar o coágulo e a pressão intracraniana se estabilizou.
Jack se encontrava dentro da sala. Vários médicos estavam junto dele tentando solucionar o caso de Boone. De repente, o Pager tocou e a equipe saiu em disparada para atender o paciente. Ao chegar na UTI, se depararam com o rapaz cuspindo sangue descontroladamente.
-Ele está tendo hemorragia interna, rápido, me ajudem aqui!
Jack tentava a todo o custo salvar a vida de Boone, mas o estado dele só piorava. Depois de um tempo, todos viam que o caso era perdido, mas Jack continuava obstinadamente trabalhando no paciente.
-Jack, hei, já chega! Não adianta mais, não temos como salvá-lo!
-Érica, mas e se tentarmos fazer...
A doutora o interrompeu, o puxando para longe da maca.
-Ele está todo sangrando por dentro, não tem como contermos a hemorragia!

Jack retirou-se da sala indignado. Odiava perder pacientes, ainda mais um moço tão jovem. Se sentia impotente. Retirou a toca, as luvas e dispôs as mãos sob a pia. De cabeça baixa, olhava para a água que escorria da torneira aberta. Depois de tanto esforço, horas de cirurgia, ele tinha falhado. Não parava de pensar em todos os procedimentos, se questionava se deveria ter tratado outro local primeiro ou não, se tinha feito tudo certo... Respirou profundamente, se limpou e caminhou em direção a sala de espera. Deu a fatídica notícia para a “irmã” de Boone. Shannon permanecia calada, em estado de choque, mas minutos depois, chorou compulsivamente.

Sentia-se culpada porque mais uma vez o irmão tinha ido buscá-la de madrugada de uma festa dada por más companhias. Chovia intensamente, Shannon como sempre irritava Boone, o provocando de todas as maneiras. Ele foi buscá-la de jatinho, o local era um tanto afastado. A visibilidade estava péssima, por mais que o rapaz soubesse pilotar, por causa do mau tempo, perdeu o controle e o jatinho acabou caindo. Ela sofreu ferimentos mínimos, apenas a perna tinha sido engessada. Já ele não teve a mesma sorte.

Kate estava dirigindo. Ainda não tinha conseguido sair da cidade, as fronteiras tinham sido avisadas pelo agente, sua foto estava espalhada por esses locais. Procurava um lugar barato para passar a noite. Cantarolava animadamente uma canção de Patsy Cline quando de repente, avistou um vulto. Kate freou em cima da hora, quase atropelou uma pessoa. Assustada, desceu do carro para ver se tinha causado algum estrago, quando viu uma moça sentada no chão.
-Hei, me desculpe, eu realmente não te vi! Você está bem?
-Na verdade, eu preciso de ajuda, por favor!

Estava escuro. Kate se aproximou mais da moça e fez uma expressão preocupada ao notar a barriga enorme.
-Eu acho que tá na hora.
-O que?
-Ai...meu bebê, ele vai nascer.
-Espere moça, se acalme. Eu...eu vou te ajudar. Só precisa tentar se levantar para entrar no carro. Vou te levar para um hospital.
-Não vai dar tempo.
-Fica calma, claro que vai.
-Não tem hospital nenhum aqui perto!
Kate andava desesperada de um lado para o outro. Pensou em sair correndo, mas sua consciência não a deixava abandonar aquela mulher sozinha em inicio de trabalho de parto.
-Qual é o seu nome?
-Claire. E o seu?
-Kate.

Claire começou a gritar de dor. As contrações eram cada vez mais intensas e com pouco intervalo de tempo. A moça pegou firmemente na mão de Kate. Estava gemendo e suando e implorava por ajuda. Kate estava desesperada, nunca tinha feito um parto na vida. Um medo intenso percorria o seu corpo, mas depois de muito negar, se deu conta de que só estavam as duas em um local deserto e provavelmente ninguém iria aparecer para ajudá-las. Foi até o carro, pegou todos os panos que tinha a disposição e a garrafa d’água e lavou as mãos.

Claire involuntariamente já fazia força, o bebê queria nascer de qualquer jeito. Kate pedia para que ela empurrasse, Claire gritava de dor.
-Eu não vou conseguir, não vou.
-Você tem que tentar, por favor, Claire! Escuta, eu também nunca fiz isso na vida, por favor, que tal nós duas colaborarmos?

Claire chorava de medo, as mãos de Kate tremiam de nervoso. Depois de alguns minutos, Claire se esforçou intensamente e Kate finalmente pode ver a cabeça do bebê.
-Isso garota, falta pouco. Empurra! Eu já estou vendo, vamos Claire!
Claire gritou e Kate pode puxar o bebê, que foi lentamente saindo. Kate pegou uma flanela molhada e limpou a região do nariz e boca do recém nascido, cortando com um estilete o cordão umbilical. O bebê começou a chorar, ambas se emocionaram com a cena.
-Oh, meu Deus, veja seu filho. É um menino!

Claire pegou o bebê no colo e o envolveu. As lágrimas escorriam do seu rosto. Kate estava encantada, não acreditava no que tinha acabado de realizar. Ela dera vida a um bebê, nunca pensou que pudesse participar de algo tão sagrado. Sentia que aquela experiência marcaria sua vida para sempre.
CONTINUA...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Cap 2: It was not all misery

1977
Jack molha um pedaço de pano na água. Torce e dispõe sobre a testa de Sayid.
-E então, dude, como ele está? – Hurley se aproxima e pergunta.
-Nada bem, Hurley. Sayid está com febre alta, perdeu muito sangue e a bala está alojada em seu corpo. E o pior é que não posso fazer nada, preciso de instrumentos para operá-lo, o que é praticamente impossível diante dessas circunstâncias.
-E se fôssemos até a vila da Dharma para ver se achamos alguns medicamentos? - Miles sugere.
-Ficou louco, cara? Você não viu, tipo, que eles tentaram nos matar? – Hurley estava assustado com a proposta.
-Eu digo, e se fôssemos escondidos? Não deve ter quase ninguém lá, muitas pessoas evacuaram com o submarino.
-É muito arriscado, mas na atual situação...
-Jack, você não está pensando...
-É a nossa única saída, Hurley. Temos algumas armas que recolhemos no local da bomba, vamos esperar escurecer para nos camuflarmos melhor e vamos até a vila.
-Na boa, nós podemos fazer isso. Mas acho melhor você ficar aqui, Jack, caso o Sayid piore.
-Não, eu vou com vocês. O Hurley pode ficar e tomar conta do Sayid.
-Sozinho? Sinto muito, mas e se ele começar a agonizar? E tem todo esse sangue, você sabe que não aguento ver sangue, não Jack, não vou ficar aqui sozinho no mato a noite nem ferrando cara!
-Eu e o Jin podemos fazer isso, nós passamos 3 anos convivendo naquele local, conhecemos tudo de cor e salteado. Fica com o Hurley, Jack.

Jack mesmo meio contrariado resolveu acatar a ideia de Miles. Realmente Hurley ali não poderia fazer nada, além do mais, o estado de Sayid era crítico, ele poderia morrer a qualquer instante.
Assim, Jin e Miles pegaram umas armas e partiram.

Enquanto isso, na vila Dharma...

-Eu sabia que tinha alguma coisa errada com aquele La Fleur! Bem que o Phil desconfiava e tinha me alertado! Foi realmente muito estranho ver aquele grupo aparecer aqui do nada, dizendo que eram cientistas. No fim, eles eram hostis disfarçados! - Radizinsky bradava com raiva sobre os últimos acontecimentos.
-Como não percebi nada? Eles me pareceram boas pessoas, viveram conosco durante 3 anos, Juliet fez o parto do meu filho!
-A mesma Juliet que entregou meu filho para os hostis! – Roger Linus falava com jeito meio mole já bêbado com poucas latas de cerveja.
-Não adianta ficarmos discutindo quem eram aquelas pessoas. O que me preocupa é o que aconteceu lá no local da estação. Eu te disse para não cavar muito profundamente!
-Dr Chang, o senhor está me acusando de alguma coisa?
-O que aconteceu, o incidente, já está feito. Precisamos neutralizar o gás que reside no subsolo, altamente perigoso. Essa ilha foi contaminada, precisamos urgente começar a construir a nossa estação. Depois do que vimos, o eletromagnetismo. Nunca previ uma força tão grande! Vou recomeçar os cálculos urgentemente, temos que traçar um plano para aquele local.
-Eu não previ que as perfurações atingissem um nível tão profundo. Dr Chang, permita-me ajudá-lo a reconstruir a estação.
-Ok, Radizinsky. Amanhã cedo iremos até lá checar o que pode ser feito.
-Dr Chang, só uma coisa. O Sr foi um dos últimos a chegar aqui de volta. Por um acaso, saberia dizer para onde eles foram?
-Não sei dizer, Horace. Assim que feri meu braço, corri imediatamente dali, sem olhar para trás.
Dr Chang estava desconfortável com a pergunta. Ele sabia que eles tinham sobrevivido, mas não quis entregar o próprio filho para os companheiros da Dharma.

Jin e Miles chegam ao local e observam escondidos perto do parquinho das crianças. Os integrantes da Dharma faziam sua reunião na casa de Horace. Sem levantar suspeitas, cada um foi para suas antigas residências pegar o máximo de coisas que achassem úteis para ajudar Sayid.

Jack e Hurley estão sentados cada um em um tronco, diante da fogueira. O cansaço chegou para Hurley, que começara a pescar de sono. Jack, por sua vez, não parava de pensar em tudo o que tinha acontecido. Sua mente ia a 1000, sua culpa era extrema.

Hurley decidiu ir dormir, enquanto Jack velava por Sayid. Estava tão longe em seus pensamentos que nem viu Kate se aproximar.
-Hei!
Jack levantou a cabeça, meio assustado.
-Me desculpe, te assustei?
-Um pouco...é que minha cabeça não para nunca de pensar.
Kate se sentou próxima a ele.
-E o Sawyer?
-Decidiu ficar lá no píer. Ele ta precisando de um tempo sozinho para processar tudo o que se passou.
Jack tinha um olhar triste e distante. Olhava para as labaredas, seus olhos pesavam, a culpa o corroia por dentro.
-Eu sinto muito, Kate. Eu disse que tinha certeza absoluta de que o plano de Faraday ia dar certo, que tudo iria recomeçar, em 2004, todos estariam vivos. Eu não entendo, por que deu errado?
-Eu não sei, Jack. Faraday...sempre achei Daniel meio louco das idéias, mas o pior foi ver você acreditando nele.
-Eu estava desesperado querendo consertar tudo e acabei acreditando nele.
-Talvez fosse porque, como você mesmo disse, era o nosso destino. Você estava agindo igual ao Locke e veja só no que deu! Locke está morto e você quase nos matou com esse plano maluco!
-Kate...
-Jack! Não fale nada. Eu é que preciso falar. Não terminamos nossa conversa naquele dia, na tenda da Eloise.
-Como assim, o que você quer dizer?
-Você quis apagar o passado, tudo o que vivemos, o que passamos juntos. Mas não levou em consideração se eu queria o mesmo.
-Desde que voltamos para a ilha, você tem estado tão distante. Eu vi o seu rosto com uma expressão de tristeza estampada. Você teve que deixar o Aaron e isso foi muito doloroso. E só de pensar em tudo o que eu te fiz passar... Tudo o que sofremos, toda a miséria...
-Jack! Vou ter de repetir? Não foi tudo miséria! E o nosso noivado, o tempo que vivemos juntos, isso conta? Como você se atreve a dizer que tudo foi sofrimento? Aqueles momentos foram os melhores em toda a minha vida! Pela 1ª vez tive uma casa, um filho e alguém de verdade para compartilhar minha felicidade, encontrei um homem que eu estava disposta a passar o resto da vida junto.
Jack a olhava surpreso. Era a 1ª vez que ouvia Kate dizer que foi feliz ao seu lado. Na sua cabeça, ela só tinha ficado com ele porque estava sozinha, ou talvez porque Sawyer não estava lá com ela. Esse pensamento tinha se reforçado quando eles voltaram para a ilha e ele viu que ela tinha ficado um pouco mexida ao rever Sawyer.
-Jack, você precisa confiar em mim! Você não me perdeu e não vai me perder nunca! Desde que te conheci, eu fiquei do seu lado e jamais deixei de estar, mesmo quando estávamos separados, em momento algum deixei de acreditar em você.

Kate colocou suas mãos no rosto de Jack e o olhava com seus olhos verdes cheios d’água. Jack a olhava de volta igualmente emocionado. Instantaneamente, coloram os lábios em um beijo apaixonado, urgente. Estavam desesperados por afeto e ansiavam por perdão. Desde que retornaram a ilha, não tiveram um minuto de sossego e eles precisavam se entender. E aquela era a hora.

Trocaram repetidos beijos que os deixavam sem fôlego, porém mal se desgrudavam e já estavam novamente com as línguas enroscadas, sugando os lábios um do outro. Kate o pegou pela mão e os dois caminharam um pouco longe dali. Saíram de fininho para que Hurley não acordasse. Entraram na caverna que estava mais próxima, queriam privacidade.

Jack a encostou em uma pedra e a beijou intensamente. Depois, começou a beijar o seu pescoço, Kate estremeceu. Então, olhou para ele, tocou o seu rosto e mordiscou a orelha dele. Jack sorriu, como ela gostava de provocá-lo!

Ela arrancou a camiseta dele e continuou a beijá-lo. Enquanto isso, suas mãos deslizaram até o cós e então, Kate baixou lentamente as calças dele. Jack, por sua vez, a tocou por debaixo da blusinha e foi levantando-a aos poucos, ela livrou-se da peça, ficando somente de sutiã.

Os dois se abraçaram, os seios dela se arrepiaram ao entrar em contato com o peito nu dele. Sem demora, ele desabotoou a lingerie, deixando os seios livres para serem acariciados. A boca dele alcançou os mamilos, ele lambeu deliciosamente com sua língua macia e úmida.

Enquanto sugava os seios dela, seu membro começou a ficar enrijecido. Rapidamente, livraram-se das peças íntimas que lhe restavam. Agora estavam nus. Começaram a se esfregar, o membro dele roçava nos pelos pubianos dela.

Ele a deitou. Dos seios, Jack desceu a cabeça até o abdome, deu a volta com a língua em seu umbigo. Traçou o caminho de volta, deslizando a língua até chegar novamente em sua boca, dando-lhe ardentes beijos. Depois, moveu a mão em direção a sua cintura e abriu as pernas dela.

Ela já estava ficando úmida, ele começou a massageá-la como um mestre, seus dedos longos a estimulavam, tirando-lhe gemidos e sussurros. Kate sentia uma dormência por todo o corpo, os joelhos tremiam e os seios estavam arrepiados. Ela apertava ainda mais a mão dele contra o seu sexo, pedia para aumentar os movimentos e com a boca entreaberta, gemia e pedia mais, até que a certa altura, apenas balbuciava.

Vendo que ela já se encontrava devidamente entregue, ele alojou o seu membro entre suas coxas e a penetrou. Ela o envolveu entre as pernas, o agarrando com o corpo estremecido, quase desfalecendo de prazer. Com os corpos grudados e transformados em um só, se mexiam, embriagados por um êxtase profundo. Com os movimentos de vaivém cada vez mais rápidos, os dois chegaram ao ápice quase que simultaneamente. Alheios a tudo e a todos, se entregavam um ao outro e permaneceram envolvidos por uns instantes.

A noite corria tranqüila. Jin e Miles tinham conseguido cumprir o seu propósito e retornavam silenciosamente, percorrendo a trilha em direção aos seus amigos.

Jack e Kate dormiam abraçados. Estavam exaustos, porém pareciam entorpecidos. Finalmente tinham se acertado, pelo menos assim poderiam juntos enfrentar todo aquele clima pesado e os problemas que se sucediam ao plano mal realizado de Faraday.
De repente, um barulho irrompeu na calada da noite. Meio sonolento, Jack despertou com a voz de Hurley gritando ao longe. Desvencilhou-se dos braços de Kate, que acabou acordando, mas resmungou de olhos fechados:
-O que foi Jack?
-Parece que ouvi o Hurley me chamando.

Jack apanhou as roupas e se vestiu. Kate sentou-se, esfregando os olhos e tentando ouvir alguma coisa. Vendo a expressão preocupada de Jack, ela resolveu também se vestir. Os dois rumaram para o local onde Hurley e Sayid estavam. No meio do caminho, viram flechas com fogo nas pontas caírem por perto. Os dois correram, procurando se desviar do alvo. Se esconderam entre os bambus. Jack olhava para todos os lados procurando pelos amigos, até que encontrou Hurley escondido do outro lado. Tudo então ficou calmo. Kate partiu para perto de Hurley, Jack foi logo em seguida.
-O que foi isso? – Kate arregalou os olhos assustada.
-Eu não sei. Hurley, cadê o Sayid?
-Assim que vi uma flecha cair perto de mim, só tive tempo de sair correndo. Ele deve estar no mesmo lugar.

Os 3 foram rapidamente para o local, Sayid tinha desaparecido.

2004
Após o velório de Christian, Jack se aproximou de Margo. Os convidados já tinham acabado de ir embora. Jack colocou as mãos sobre os ombros de sua mãe, procurando confortá-la. Margo estava ainda sentada no banco da igreja. Ela permanecia em silêncio.
-Mãe, vamos embora?
-Por que, Jack?
-Todo o mundo se foi, precisamos ir.
-Não foi isso que eu te perguntei. Eu quero dizer, por que você foi duro com ele?
-O que?
-Seu pai tinha chances de se recuperar. Ele até tinha entrado para o AA...
-Ele só entrou, mas até parece que ia seguir o tratamento! A vida inteira dele foi regada a álcool.
-Tudo o que ele precisava era de apoio. Custava para você tê-lo ajudado?
-Eu o ajudei. Eu não permiti que ele matasse mais gente por causa do vício.
-Como você pode ser tão frio? Seu pai sempre esteve do seu lado, te dando conselhos, conseguindo uma vaga para você lá no hospital...
-Papai não me incentivava, ele me desafiava. A vida inteira tive que provar para ele que eu era tão bom quanto ele. Nunca tive um elogio de graça, ele dava com uma mão para logo em seguida, tirar com a outra. Tudo o que eu tive dele foram cobranças! Ele nunca foi um pai normal, nunca fizemos atividades comuns entre pai e filho. Ou ele estava ausente, ou quando estava conosco, não estava sóbrio.
-Você está errado! Você só está querendo se justificar, mas na verdade, você tem culpa no que aconteceu com ele! Você sabe que tem. Você tirou dele a coisa que ele mais amava na vida, a medicina! Como ele ia ter um incentivo para largar a bebida? Se o único filho fez isso com ele?
Margo levantou-se num gesto brusco e foi embora da igreja, deixando Jack sozinho. Ele foi nervoso para a casa. Tinha sido um dia tenso demais. Entrou no apartamento, jogou as chaves em cima do balcão da cozinha e foi direto abrir o armário. Pegou uma garrafa, abriu e tomou no gargalo mesmo. Sentou no sofá, segurando a garrafa e fechou os olhos. A voz de sua mãe invadiu-lhe os pensamentos. “Foi sua culpa”. E assim foi bebendo em longos goles todo o conteúdo da garrafa.
Amanheceu. Jack acordou com o barulho do telefone. Ele tinha o corpo todo remoído, tinha dormido no sofá mesmo. Ao levantar-se, sua cabeça girou. Foi com esforço que chegou até o telefone:
-Dr Jack, eu sei que o Sr está de folga hoje, mas é que temos uma emergência.
Após desligar o telefone, decidiu tomar um banho frio para tentar melhorar o aspecto. A cabeça doía muito, tomou um comprimido e pegou uma garrafa d’água para ir tomando no caminho do hospital, para acabar com a ressaca.
Chegando lá, foi diretamente se inteirar do caso.
-Dois jovens irmãos, um rapaz e uma moça, sofreram um grave acidente de jatinho. A irmã está em estado de choque, mas sofreu apenas ferimentos leves. Já o irmão está muito ferido. Ele bateu a cabeça, provavelmente tem um quadro de traumatismo craniano...
Jack ouvia prontamente o relato de seus assistentes internos. Checou alguns exames já realizados e imediatamente foi se preparando para a cirurgia.
-O caso é muito grave, vou fazer o possível. Qual o nome dele mesmo?
-Boone.
CONTINUA...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados- Cap 1: O recomeço

Titulo: Destinos Cruzados
Autora: Polly
Shipp: Jate
Categoria: 6ª temporada, AU
Capítulos: 15 previstos
Advertências: Contém cenas de sexo, referência a drogas.
Classificação: NC-17
Completa: [ ] Yes [x] No
Resumo: Em universos paralelos, acompanhamos a vida dos losties e descobrimos como seus destinos estão relacionados.

Capítulo 1: O recomeço

2007
“Se este é o verdadeiro Locke, então, quem é aquele lá dentro?”
Todos estavam surpresos com o que acabaram de ver. Locke estava realmente morto. Dead is dead, Ben havia mencionado anteriormente. Richard estava certo: ele já tinha visto de tudo naquela ilha, menos alguém retornar à vida.
-Então, o que faremos? – Illana indagou a Richard.
Ele não teve tempo de responder. Neste instante, Ben e o fake Locke saíram da estátua. Locke ia se dirigir aos outros para discursar, quando o povo se manifestou, o indagando, falando todos ao mesmo tempo. Richard pediu ordem e se aproximando de Locke, perguntou:
-O que Jacob te disse?
-Jacob não existe. Não mais.
Richard, indignado, adentrou na estátua. Era verdade: Jacob estava morto, queimando na fogueira.
Locke começou a discursar:
-A vida toda vocês foram comandados por um homem, Jacob, que nem sequer apareceu pessoalmente para nenhum de vocês. Ninguém nunca o viu. Ninguém teve permissão para vê-lo. No entanto, ele ditava as regras, mandava em todos. E vocês o obedeceram. Pois agora lhes pergunto: por que confiar em alguém que você nunca viu? Muitos morreram nesta ilha, muitos perderam pessoas queridas. A troco de que? De uma obediência cega? Mas agora tudo isso vai mudar, Jacob não está mais no comando.

Sun tomou coragem e resolveu confrontar o fake Locke:
-Se Jacob não está mais no comando, então quem está? Você?
-Essa ilha é livre, todos são livres.
-E quem é você?
Fake Locke deu um riso sarcástico e respondeu:
-Ora Sun, como assim? Sou eu, Locke. Eu sei que pode parecer um absurdo para você e para todos, mas continuo sendo eu mesmo.
-Se é assim, então quem é o cara dentro da caixa? – Illana se intromete na conversa. Ela encara o fake Locke, apontando em direção ao corpo do verdadeiro Locke.

O fake Locke se surpreende: ele não imaginava que seu disfarce havia sido descoberto. Ben, ao ver o corpo, arregalou os olhos incrédulo ao se dar conta de que assim como todos, tinha sido enganado.

Neste instante, um clarão branco se estendeu por toda a superfície da ilha. Após o clarão, todos olharam ao redor e se deram conta de que o fake Locke havia desaparecido. Ben também.

1977
Após o imenso clarão, Sawyer, Kate e Jack se encontravam no mesmo local destruído de outrora. Kate e Jack seguravam Sawyer pelo braço. Ele chorava compulsivamente.
-Me soltem, me soltem – ele gritava.
-Sawyer...eu...eu sinto muito, não sei por que não deu certo.
-Sente muito? Seu desgraçado!
Sawyer partiu para cima de Jack, Kate se enfiou no meio tentando apartar a briga. Neste momento, Hurley, Miles e Jin chegaram ao local e correram para separar os dois.
Sawyer se soltou e olhando com puro ódio para Jack, saiu desvairado perante a mata e caminhou longe dali.
-Sawyer!
Kate o chamou e resolveu seguí-lo. Mas antes, avisou para Jack:
-Eu vou atrás dele antes que ele faça uma besteira.
Jack acenou com a cabeça. Estava meio zonzo da pancada que tinha tomado da caixa de ferramentas minutos antes.
-Dude, o que aconteceu aqui? – Hurley olhava assustado para o lugar.
-Eu não sei. Eu joguei a bomba no local certo, mas ela não explodiu. Quer dizer, só houve um clarão, vocês viram?
-Sim, foi por isso que viemos imediatamente para cá – Miles afirma.
-Jack? É o Sayid. Ele não está nada bem. – Jin aponta para a Kombi.
Jack vai em direção ao carro. Sayid agoniza de dor.
-Sayid? Hei, pode me ouvir?
-Jack. Não deu certo, não foi? Eu...eu vou morrer.
-Sayid, escute, eu vou dar um jeito.
-Jack, não precisa prometer nada se não vai conseguir cumprir.

Jack começou a revirar tudo o que via pela frente dentro da Kombi, mas não conseguia achar nada de tão promissor que pudesse servir de improviso, até que pegou uma lata de cerveja Dharma e abriu. Despejou o líquido em um pano e procurou limpar a ferida. Sayid perdera muito sangue por causa do ferimento à bala.

Jack apertou a região, procurando verificar onde a bala estava alojada.
-O certo seria retirar a bala, mas isso requer uma cirurgia porque não está superficial. Mas como fazer isso aqui?
Jack levantou-se e caminhou um pouco mais adiante para pegar um ar e pensar no que poderia fazer. Depois, voltou-se para os demais e ordenou:
-Vamos sair daqui, é melhor pegarmos água do riacho, acharmos um local para que eu possa tratar o Sayid. Antes, é melhor juntar todas as armas que estão por aí e levarmos.
-E os caras da Dharma? Para onde foram?
-Não sei Hurley, é por isso que precisamos estar preparados. Se eles nos encontrarem, você sabe.

Eles recolheram as armas e todos entraram na Kombi, procurando algum lugar para se hospedarem.


-Sawyer? Sawyer? Espere, aonde você vai? Sawyer!
Sawyer andava depressa, seus passos eram largos, ele parecia querer bater-se contra o vento. Sentia um misto de ódio e tristeza profunda que lhe doía na alma. Chegou no deck de onde partia o submarino e ali sentou. Kate o alcançou, sentando-se perto dele.
-Hei!
Ele permanecia em silêncio, olhando para o horizonte. Após um longo tempo calado, ele finalmente falou:
-Ela queria ir embora. Queria tentar a vida lá fora há 3 anos. E eu não deixei. Disse que precisava de alguém que cuidasse de mim. Não podia me deixar aqui com Jin, Miles e esse bando de babacas. E ela ficou. Primeiramente disse que ficaria somente algumas semanas, mas essas semanas se passaram e ela acabou ficando 3 anos! Depois, novamente, quando vocês voltaram e inventaram essa maluquice de explodir bomba, nós íamos embora. Nós estávamos indo quando você Kate, apareceu e falou um monte de bobagens. Não sei por que raios ela concordou e lá fomos nós ajudarmos vocês!
-Sawyer, por favor, me escute. Eu não era a favor desse plano louco do Daniel, mas o Jack, não sei o que se passa na cabeça dele! Eu não o reconheço mais, não consegui impedi-lo! Ele não me escuta mais, tá parecendo o Locke. Primeiro foi o fato de não salvar o Ben, depois a bomba...
-E por causa do problema de vocês dois, eu e Juliet que não tínhamos nada a vê com isso, sofremos as conseqüências?
-Do que você está falando?
-Da conversa que tivemos, eu e o doc. Sabe o que ele me confessou, sardenta? Quando eu perguntei por que ele estava fazendo tudo aquilo, ele me veio com essa: “eu a tive e eu a perdi”. Ele quis jogar essa maldita bomba por sua causa, para que tudo o que vocês passaram não pudesse acontecer...ou talvez pudesse, se fosse para acontecer.
-O que? Ele te disse isso? Meu Deus, ele está louco!
-Ela se foi, Kate! Ela se foi e eu nem ao menos tive um momento para dizer o quanto ela significava para mim! Nós vivemos 3 anos juntos e eu estava acomodado e nem sequer disse “eu te amo” sem que ela tivesse me dito antes. Sempre “eu te amo também”, “eu te amo de volta”. Mas nunca cheguei do nada para ela e disse. Agora eu a perdi para sempre.
-Sawyer...
Ele chorava desesperado. Kate olhava com pesar, não agüentava vê-lo sofrer daquele jeito e se sentia culpada por ter atrapalhado os dois e convencido ambos a sair do submarino e ajudá-la.
-Não faça o que eu fiz, sardenta. Se tiver que dizer alguma coisa, diga. Não espere perdê-lo para se dar conta do que sente.

Kate sentiu um aperto no coração. O que Sawyer lhe dissera tocou fundo na alma. Ela se deu conta de que nunca tinha se declarado para Jack. Não explicitamente. Não com todas as palavras. Ela pensava que bastava o fato de ter estado ao lado dele, de ter sempre o apoiado, de ter aceito o seu pedido de casamento, bastavam para que ele se sentisse amado. Mas pelo que ele tinha dito a Sawyer, isso não bastava. Como ele poderia pensar que a tinha perdido? Kate, pensativa, levantou-se num impulso e colocando as mãos firmemente nos ombros de Sawyer, disse:
-Preciso ir. Você vem?
-No momento preciso ficar sozinho. Se eu ver a cara do Jackass agora, vou querer matá-lo.
-Se cuida, Sawyer.

Kate foi embora apressada. Ela precisava urgente tirar essa história a limpo. Dessa vez, Jack ia ter que escutar, sem interrupções por parte de ninguém. Da última vez que estavam discutindo foram interrompidos por Eloise. E ela nunca teve a chance e nem tempo de convencê-lo de que não queria apagar o que eles viveram. Mas onde estariam agora? No local da bomba não estavam, provavelmente foram para algum lugar onde estivessem seguros, pensava ela. E assim foi caminhando e tentando procurá-los.

2004
Vôo 815

Após uma intensa turbulência, o avião conseguiu restabelecer-se. Jack abriu os olhos subitamente. Ele tinha apagado durante o caos no vôo, tinha horror de andar de avião, ficava tenso toda a vez, por isso acabava sempre bebendo alguma coisa bem forte para se acalmar.
-O senhor está bem? – Cindy, a comissária, chacoalhava o seu ombro no intuito de acordá-lo.
-Sim, eu...só me assustei um pouco, é que odeio voar, fico nervoso e sempre tenho a impressão de que o avião vai cair a qualquer momento.
-Foi apenas uma turbulência, está tudo sob controle agora senhor. Deseja alguma coisa?
-Será que poderia me arranjar mais uma dessas? - Jack apontou para a garrafinha de bebida que tinha terminado há pouco.
-Temos um limite por pessoa. Mas, vou ver o que eu posso fazer. Cindy deu uma piscada para Jack, que retribuiu com um sorriso discreto.

A comissária andou pelo corredor, indo em direção aos banheiros. Uma colega a chamava. Um passageiro estava trancado dentro do banheiro e não saia. Após baterem insistentemente na porta, um transtornado Charlie saiu. Os olhos estavam fundos, ele coçava o nariz nervosamente.
-Está tudo bem? – as moças perguntaram.
-Ok. Ótimo. - Charlie chacoalhava as mãos de forma elétrica. Voltou para a poltrona, mas não parava quieto. As drogas que acabara de ingerir estavam fazendo efeito.

Não muito distante, há algumas poltronas:
-Tem certeza que não vai querer mais suco?
Kate olhou para o agente com ódio. Aquele vôo parecia interminável. Ela permanecia calada, enquanto Ed Mars não parava de provocá-la, até que resolveu quebrar o silencio:
-Mudei de ideia, pensando bem, eu quero mais.
Kate levantou o copo cuidadosamente por entre as mãos algemadas. Não sabia como ainda, mas começara a planejar uma maneira de fugir assim que desembarcasse.

-Querido, estava ficando preocupada com sua demora.
-Me desculpe, Rose. É que tinha um rapaz que estava no banheiro e demorou para sair. Fiquei apavorado quando o avião tremeu e eu não estava por perto.
-Eu também, Bernard, só conseguia pensar em você.
Os dois envolveram as mãos em um gesto de carinho.

-Aqui está. Mas essa é a última que eu vou te arranjar. Não conte para ninguém.
-Ok, muito obrigado.
Assim que conseguiu a bebida, Jack se levantou e foi em direção ao fundo do avião.
Ana Lucia estava olhando para o outro lado quando Jack a chamou.
-Conforme combinado...
-Jack, não é mesmo? Pensei que estivesse se esquecido.
-Trouxe a bebida.
-Você conseguiu me achar aqui no fundão...
-Pois é.
-Pensei que fosse morrer quando o avião chacoalhou, ainda mais nesta poltrona horrível!
-Sinto muito. Mas agora podemos terminar nosso drink. Saúde!
Os dois brindaram e conversaram assuntos triviais. Ana estava gostando da companhia, se o lugar era ruim, pelo menos tinha encontrado alguém interessante para passar o restante das horas. Ele lhe lembrava alguém conhecido. Mas ela nem suspeitou que se tratava do filho de Christian, o mesmo para o qual tinha trabalhado como segurança na Austrália.

Um par de olhos azuis se abriu e não acreditou no que viu: todos estavam vivos! Mas como? Onde ele estava? Locke tentou se mover, mas reparou que não se mexia da cintura para baixo. Sua cabeça estava confusa, ele não estava entendendo mais nada. Sua última lembrança era de estar sendo enforcado por Ben Linus. E agora ele acordou ali? Pegou desesperadamente o jornal que estava no suporte da poltrona da frente, a data indicava 22 de setembro de 2004. Então era isso, eles estavam no vôo 815 novamente! Estaria sonhando? Estariam todos mortos? Olhou ao redor e ao encarar rostos conhecidos da ilha, ninguém parecia reconhecê-lo.
Em um gesto desesperado, acabou esbarrando os braços em um transeunte, que quase derrubou o copo d’água que segurava:
-Filho da puta, será que você não me viu, ô Kojak?
-Hein? Me desculpa.
Locke olhou diretamente para o rosto de Sawyer, que continuou a andar aborrecido, resmungando. Mas ele não reconheceu o careca.
Locke ficou intrigado, pelo visto somente ele se lembrava de tudo o que aconteceu! Só não entendia o porquê disso.

Algumas horas depois, o vôo chegou em LAX. Charlie desembarcou, suando e correu para o banheiro do aeroporto para se abastecer com outra dose de cocaína. Jack e Ana se despediram, mas a morena deu o nº de telefone para o doutor. Jack então foi para o balcão do aeroporto resolver as questões burocráticas relacionadas à liberação do caixão de seu pai.

Após todos descerem do avião, Ed puxava Kate pelo braço. Kate olhava freneticamente para todos os lados, observando atentamente todas as saídas do local. Virou-se para o agente e disse;
-Preciso ir ao banheiro.
-Tá brincando Austen? Você acha mesmo que eu tenho cara de idiota?
-É sério, aquele suco todo fez efeito. Estou apertada e já eu vou direto para a audiência, não quer que eu me apresente toda molhada, quer?
-Se você pensa que vai fugir, tá muito enganada, bonitinha.
-Você vai me esperar na porta, eu sei. Não tem como eu fugir.
-Bom mesmo que você saiba.

O agente deu um sorriso sarcástico para ela. Kate entrou no banheiro. Olhou nervosa para o espelho, tinha que fugir de alguma maneira. Olhou para o vitrô, mas este era muito pequeno, mesmo que ela quebrasse o vidro, não conseguiria passar. Uma faxineira entrou com um carrinho de limpeza. Deu um sorrisinho para ela e depois se virou e começou a limpar um dos banheiros. Em um gesto instintivo, Kate pegou o rodo e aproveitando que a mulher estava de costas, deu um golpe na cabeça dela, fazendo com que a mulher desmaiasse. Puxou o corpo mole da faxineira, fechou a porta de um dos banheiros e rapidamente, trocou de roupa com ela. Dispôs o corpo da mulher sentada na privada.

Ouviu o barulho da porta principal se abrir, uma outra funcionária da limpeza entrou. Kate se encostou na parede para que ninguém visse seus pés dentro do banheiro. A funcionária pensou que não havia ninguém da limpeza por lá e resolveu recolher o carrinho.

Como Kate estava demorando, Ed logo pensou que ela estivesse tramando alguma coisa. Ao ver a faxineira sair do toalete com o carrinho, tratou de barrá-la, querendo revistar a parte de baixo para ver se não tinha ninguém escondida ali dentro.

Kate ouviu a voz dele interrogando a mulher e mais do que depressa, aproveitou que ele estava de costas para a porta, olhando o carrinho, e saiu sorrateiramente, de fininho, a passos largos, quando algumas pessoas passaram perto do banheiro. Assim que se afastou um pouco, se misturou na multidão. Como estava vestida de faxineira, não seria facilmente localizada.

O agente terminou de revistar frustrado o carrinho e diante da demora, entrou no toalete. Viu uma porta fechada e percebeu que alguém estava lá dentro. Bateu com tudo na porta, gritando para Kate sair de lá. Ninguém respondeu. Ele se estressou e chutou a porta, arrobando-a. Para a sua surpresa, não era Kate ali sentada. Imediatamente, Ed saiu furioso dali, correndo desvairado à procura da fugitiva. Contatou os guardas do local, iniciou-se uma comunicação em massa por meio dos rádios. Logo, uma equipe de segurança rondava por todos os cantos do aeroporto. Nem sinal de Kate.

A fugitiva se encontrava há metros de distância, dirigindo um carro recém roubado e sorrindo feliz da vida por ter escapado mais uma vez.
CONTINUA...

domingo, 1 de novembro de 2009

Fic: A Primeira Noite

Titulo: A Primeira Noite
Autora: Polly
Shipp: Sookie e Bill
Categoria: POV, 1ª temporada, Missing Scene dos episódios 6 e 7
Capítulos: 1 (One-shot)
Advertências: Contém cenas de sexo
Classificação: NC-17
Completa: [x] Yes [ ] No
Resumo: Como foi a 1ª vez do casal, sob o ponto de vista de Sookie


Música de Fundo: Cat Power- Half of You
http://www.4shared.com/file/35512721/a979e28/12_-_cat_power_-_half_of_you.html?s=1

Sookie’s POV

A vida inteira me preocupei com o que os outros iriam achar de mim. Leio o pensamento das pessoas e é incrível como por mais que tentamos fazer tudo certo, causar uma boa impressão, fazer o bem, todos mesmo assim acabam nos julgando. Um mau julgamento, na maoria das vezes. Não foi diferente neste dia. Tinha preparado um discurso bonito para a vovó. Foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. Como se despedir de alguém que não queremos ver partir? Ela não era somente minha avó, era minha mãe, minha amiga conselheira e a única pessoa que entendia o que eu sinto. Nem a Tara compreende o que eu sinto por ele.

Vovó sempre procurava não me deixar me sentir diferente dos outros. Mas não importa o que eu faço, eu nunca serei considerada uma pessoa normal aqui em Bon Temps. Todos me olham com um jeito atravessado, talvez por isso eu entenda tanto a situação dos vampiros. Tenho compaixão e me identifico com eles.


Adentrei sozinha em casa. Acabo de me despedir de minha querida vó e me sinto tão estranha por dentro! Era algo tão natural entrar na cozinha, sentar-me na mesa pronta para tomar um café sempre quentinho e provar os doces maravilhosos que ela fazia. Mas hoje foi diferente. Foi a última vez que degustei a torta de chocolate da vovó. Estava em estado de choque. Quando vivenciamos algo tão brutal em nossas vidas, simplesmente não conseguimos esboçar reação alguma. Eu não consegui chorar no velório e nem no enterro. Não na frente deles, daqueles idiotas provincianos de Bon Temps. Eles não mereciam ver meu sofrimento. Não daria essa oportunidade para eles serem a platéia de minha tragédia pessoal.

Porém, ao começar a comer a torta, um sentimento de revolta tomou conta de mim. Uma dor insuportável me dilacerava e não pude fazer mais nada a não ser desabar em lágrimas. Saudades, ódio, incapacidade de fazer justiça, abandono, todos esses sentimentos se misturavam no meu interior. Um vazio cortante, um buraco me envolvia e senti vontade de fugir daqui.

Quando me dei conta, já tinha devorado por completo a torta de vovó. Reparei que começava a escurecer. Tudo o que eu queria era tê-lo por perto. Bill não somente tomara o meu coração, mas minha essência. Não conseguia mais me sentir plena, precisava de sua presença para me sentir segura.

Subi para o meu quarto, vesti minha mais bela camisola branca. Diante do espelho, minha voz interior soava em meus ouvidos: eu quero ser dele, eu preciso ser dele! Chegou a hora. A partir de agora, pensei, vou dar voz aos meus sentimentos e impulsos. Chega de me preocupar com a opinião alheia! Vovó sempre me aconselhou a seguir o meu coração e assim vou fazê-lo.

Um frio na espinha me invadiu, mas em um gesto desesperado, desatei a correr pelos jardins que nos separam. Me senti fugindo de um pesadelo, escapando do abismo em que se tornara a minha vida. Ao correr, minha camisola se rebelava freneticamente contra o vento, eu parecia um vulto branco a deslizar perante o manto negro da noite. Foi então que eu o avistei, correndo na mesma velocidade em minha direção.

Meu coração disparou, sentia a pulsação vibrante querendo saltar pelas minhas veias. Eu corri para ele até me abandonar em seus braços. Ele me apertou forte, beijando-me com paixão. Depois, me ergueu, me carregando para dentro de casa. No conforto de seus braços, me senti protegida, foi como se ele me resgatasse daquele vale de tristeza e me salvasse, me levando para a morada dos deuses do Olimpo.
Ficamos na sala, Bill acendeu a lareira e paramos diante do fogo ardente com suas labaredas. Um estremecimento e um calor febril percorreram meu corpo quando ele retirou delicadamente minha camisola. Ele me fitava com um olhar de desejo latente. Naquele momento senti um pouco de medo porque afinal de contas, apaixonar-se por um vampiro é uma viagem rumo ao desconhecido. Eu estava prestes a me entregar para um homem, não um homem comum, mas um imortal. Ao mesmo tempo, eu sentia uma paixão indomável, que tornava o medo coisa pouca naquela hora.
Assim, me deixei embalar pelos meus sentidos, decidi me entregar para ele, para o meu amor. Bill me beijava e suas mãos enroscavam nos meus cabelos. Estávamos completamente nus e nos deitamos ali mesmo. Os beijos tornaram-se mais intensos, senti um arrepio quando ele deitou-se sobre mim. A temperatura de seu corpo era um pouco fria, claro, ele é um vampiro! Mas como o meu corpo queimava de desejo, foi até reconfortante entrar em contato com o dele, pelo menos assim continha um pouco o fogo que emanava de dentro de mim e da lareira.

De repente, Bill num gesto rápido desvincilhou-se de meus lábios. Com um olhar meio frustrado, dava para perceber que ele estava se segurando para não dar vazão a seus instintos de vampiro. Mesmo assim, suas presas desobedeceram-lhe o comando e teimaram em aparecer. Foi então que sem parar para pensar, ofereci o meu pescoço para ele. Decidi que já que eu estava ali, pronta para ser dele, eu tinha que me entregar por completo. Não podendo mais resistir, ele cravou seus dentes pontudos no meu pescoço e me mordeu.

Enquanto Bill sugava meu sangue, eu temporariamente desfaleci em seus braços. Me sentia entorpecida, era um misto indescritível de medo e entrega. Quando eu ainda estava meio zonza por causa da perda de sangue, ele se encaixou entre minhas pernas e me invadiu, enquanto eu empurrei os quadris, me colando nele.

Como eu estava um tanto nervosa e tensa, devo confessar que senti um pouco de dor, mas na medida em que ele me acariciava, fui me sentindo mais relaxada e a dor deu lugar a arrepios irresistíveis. Sua mão roçou meu peito nu e então ele me olhou. Olhei para ele e entendi que naquele momento eu não respondia mais por mim. Bill me dominava. Nos olhamos e nos beijamos enquanto nossos corpos se aderiram um ao outro. Ele deslizava dentro de mim e eu o apertava, dispondo minhas mãos o abraçando, dobrando delicadamente minhas pernas.

Suspiramos, nossos corpos se mexiam entrelaçados. Bill sussurou em meu ouvido, com voz rouca e me perguntou de quem eu era:
-Sou sua, completamente sua. Agora te pertenço.
Ele me olhou radiante, sorri para ele em resposta. Nossos corpos eram um só, se fundiram em uma onda de prazer intenso até que me entreguei de tal forma que pareci perder os sentidos. O tempo parou, o mundo se resumia somente a nós dois.

Nunca senti algo tão forte, nunca um homem me provocou tamanha paixão e encantamento. Todos me diziam que estar com um vampiro era um lance meio brutal, mas Bill fora um cavalheiro comigo. Eu me senti uma verdadeira dama, tratada com gentileza, respeito, esmero e acima de tudo muito amor. Mesmo o fato dele ter me dito dias antes que não era um humano, portanto, não sentia como tal, ele demonstrara nobres sentimentos que muitos mortais jamais seriam capazes de expressar.

Tomamos um banho morno em sua banheira, fizemos confidências, Bill me acomodou em seus braços e me acolheu, eu me senti a mais protegida das criaturas, foi como se todo o mal que eu presenciei nos últimos dias tivesse se dissipado.

As horas se passaram e logo o primeiro raiar de sol da manhã se instaurou. Bill se recolheu em seu abrigo, dando-me antes um beijo doce de adeus. Parti vestindo sua camisa (seria uma forma de mantê-lo comigo por mais umas horas) e com minhas vestes nas mãos, corri de volta para casa. Mas desta vez, eu corria com um sorriso estampado no rosto. Me senti tão alegre que não conseguia conter a felicidade dentro de mim. Eu não queria saber de mais nada, estava me lixando para o que o povo de Bon Temps iria pensar. A única coisa que tenho em mente no momento é torcer para que as horas do dia passem depressa para que eu possa reencontrá-lo.

FIM.