quinta-feira, 21 de junho de 2012

Medo

* Texto escrito em 18 de junho de 2012

Faz um tempão que não acesso o meu blog, daqui a pouco faz aniversário (agosto) e simplesmente não tive mais inspiração para escrever nem fanfics e nem crônicas.


A razão deste post é que não tenho comigo no trabalho o meu novo diário (está em casa). E preciso urgentemente me expressar!


Confesso que sempre tive problemas com mudanças. Sou convervadora, até mesmo móveis que mudam de lugar no quarto são motivo de desconforto e nostalgia de minha parte. Sinto saudades de como as coisas estavam antes, no local de antes.


Passei 6 meses esperando uma mudança em minha vida, a mudança de emprego. Desde dezembro, tenho mandado curriculos, me candidatado para vagas, ido em seleções, mas nunca deram em nada. Até ultimamente. Primeiro veio um ok do processo para trabalhar em uma faculdade, mas mudaram os planos e não iriam me chamar para a unidade perto de casa, sem contar que não iria aprender nada que fosse relevante para a minha carreira. Quase aceitei, mas só de pensar em ir embora, comecei a ficar triste. Olhei para cada cantinho das ruas que percorro até o metrô, prestei atenção nas conversas dos meus colegas com um ar distante, como se fosse mera espectadora. Encarei tudo como uma despedida e tive vontade de chorar ao pensar que tudo aquilo iria pelos ares, de repente.


Agora acabo de ter a resposta de um processo o qual eu tinha intuição de que iria dar certo. E deu. Mas simplesmente não estou com coragem de pedir demissão hoje. Não hoje. Não agora. Tenho essa mania de postergar para amanhã, preciso de tempo para processar as coisas, para respirar. Apego-me demais aos lugares, aos hábitos, à rotina. Vai ser ainda mais doloroso porque desde semana passada não estou no meu setor e justamente amanhã eu iria voltar para ele. Seria mais um dia, um último dia, onde teria a oportunidade de trabalhar pela última vez com os meus colegas. De rir com as piadas, de jogar papo furado. De reclamar da scanner e jogar praga para as pessoas que entregam documentos no guichê, inclusive torcer para o carteiro ser atropelado (é só brincadeira). Agora caiu a ficha, não vou ter esse tempo de compartilhar pela última vez. Meu final aqui vai ser em outro departamento, fui cobrir outra pessoa na pior das horas.


Como vou conseguir reunir coragem para falar com a chefe logo cedo? Como sentar-me naquela cadeira e pedir as contas? Odeio despedidas, é tão heartbreaking! Não quero chorar, mas estou com vontade. Creio que vou fazer isso quando estiver sozinha de noite em casa. Nem sei se vou conseguir dormir, só de pensar no amanhã, nem fome tenho.


O dia que tanto esperei (e rezei) chegou e estou apavorada. Estou com muito medo, como sempre, das mudanças. Medo de errar, medo de falhar, medo de ser precipitada como já fui antes. Sei que a vida existe para ser vivida, para se arriscar. Mas sair da zona de conforto e encarar uma mudança radical é como um salto do penhasco.


Pode até ser que a despedida seja fria. Pode até ser que as pessoas não sintam a minha falta. Mas conviver por quase um ano, todos os dias, me fez considerá-los como irmãos. É incrível como o ser humano se acostuma com as coisas, por mais dura que elas sejam. Aposto que aquele que ficou muito tempo internado ou mesmo preso, apesar do lugar horrível, lá em seu íntimo sente saudades de pelo menos uma coisa, principalmente dos seus companheiros de sofrimento.


Nunca fui demitida, sempre pedi demissão. Não pense que é fácil porque não é. Detesto ter esse tipo de conversa séria. É como se deixasse as pessoas na mão. Porém, é a minha vida e tenho que tomar as rédeas e ter coragem para seguir em frente. Nada é eterno, um dia, todos também vão sair daqui rumo a um emprego melhor. Só queria ter um pouquinho a mais de tempo.