sábado, 24 de dezembro de 2011

Fic: O presente de Natal

Ship: Jate
Classificação: G
Categoria: 4ª temporada, AI
Completa: Yes (x) No ( )
Capítulos: one-shot
Advertência: Escrevi uma ingênua fic de Natal, sem me preocupar muito com a linha do tempo, mas devo informar que a estória se passa antes do SNBH.
Resumo: Aaron descobre que um presente não precisa ser necessariamente algo material


Aaron, assim como a maioria das crianças, estava aguardando a chegada do Natal ansiosamente. No alto de seus três anos de idade recém-completados, ele mal se recordava dos Natais anteriores, porém desta vez iria aproveitar mais, visto que entendia melhor o que se passava nesta época singular: as luzes piscavam nas casas vizinhas com seus enfeites imponentes, as árvores estavam devidamente decoradas e havia todo um clima de celebração pairando pelo ar. O menino também havia gostado do Halloween, no qual ganhara uma porção de doces usando a fantasia do seu super-herói preferido. Mas o Natal era diferente, ele ganharia presentes.

Aaron passava boa parte do tempo pensando no que iria pedir de presente ao Papai Noel, frequentemente ficava em dúvida se escolheria um boneco, um super carrinho ou um avião que girava e acendia uma luz vermelha. Kate esperava que ele se decidisse logo para que pudesse ter tempo hábil para comprar seja qual fosse a escolha dele.
Certa tarde de dezembro, Aaron se encontrava sob os cuidados de Veronica, a mulher que Kate havia contratado para ser o seu braço direito, ajudando-a nos serviços domésticos e auxiliando-a principalmente em relação à criação do menino. Fazia muito frio neste dia, mesmo assim Kate havia se ausentado de casa e Aaron estava na sala acompanhado da empregada. Entretido com seus brinquedos espalhados pelo sofá e tapete, por um instante o garoto ficou quieto, sem fazer o costumeiro balbucio de sons quando simulava uma conversa entre seus bonecos ou deslizava a coleção de carrinhos, um de cada cor, pelo chão, imitando o barulho do motor dos mesmos. Veronica achou estranho vê-lo tão calado e decidiu sentar-se perto.

-Hei bebê, o que foi? Por que está tão quietinho?

-Estou pensando...

-Pensando? É mesmo? Posso saber o que está se passando dentro dessa cabecinha?

Veronica alisava os cabelos loiros, sorrindo para aquela linda criança cujos olhos azuis a olhavam com atenção.

-Não sei o que vou pedir ao Papai Noel, nanny.

-Ah sei, entendo. Mas você tem ideia de alguma coisa?

-Eu quero um monte de coisas, mas mamãe disse que não posso pedir tudo, o Papai Noel precisa dar presente para as outras crianças também.

-É verdade. Que tal escolher o mais legal? Qual o brinquedo que você gostaria muito, mas muito mesmo de ter?

-Hum... eu não sei. O que o Elliot pediu, você sabe?

Elliot era o filho de Veronica que às vezes vinha brincar com Aaron. Nos últimos meses ele esteve doente por conta de uma pneumonia, assim, fazia tempo que os meninos não se viam.

-Você ainda se lembra dele?

-Claro, ele é meu amigo.

Os olhos da mulher se emocionaram com a maneira graciosa de Aaron ao se referir a seu filho.

-Não sei o que ele pediu, pequenino, mas do jeito que ele andava dodói e ainda não recuperado totalmente, creio que a única coisa que ele tem pensado ultimamente foi em ter saúde.

-Mas como? E o papai Noel pode dar isso, saúde?

-Papai Noel pode dar tudo, desde que seja alguma coisa boa, que faça o bem para quem pede.

Aaron escutava as palavras de Veronica atentamente, parecendo hesitar um momento antes de continuar com suas perguntas.

-Então não precisa ser brinquedo?

-A maioria das crianças pede brinquedo porque é o que elas mais querem. Você não acabou de me dizer a pouco que queria um monte de coisas?

-Hã-hã.

-É só pensar, querido, no que você mais deseja. Faça o seguinte, toda a noite antes de dormir, feche os olhinhos e pense, mas é para pensar em algo bom, de coração. Tenho certeza de que ele irá ouvir os seus pensamentos.

-Verdade, nanny? Vou fazer isso então...

À noite, fazia um frio de lascar, demonstrando que provavelmente o Natal teria neve. Aaron estava deitado na cama enquanto Kate ajeitava os cobertores, de modo que o garoto ficou bastante aquecido.

-Está cansado, baby?

-Um pouquinho...

-Veronica me disse que você brincou a tarde toda.

-Sim.

Aaron falou entre um gostoso bocejo.

-Mamãe?

-O que?

-Cadê o Jack? Por que ele não está aqui hoje?

-Ele está trabalhando no hospital.

-E amanhã, ele vai vir?

-Não sei, querido, talvez ele também tenha que trabalhar.

-De novo? Ele nunca descansa?

Kate riu diante da observação perspicaz da criança. “Não, definitivamente descanso não é uma palavra que faz parte do vocabulário dele” – ela pensou.

-Jack é médico e você sabe que não escolhemos a época do ano para ficarmos doentes. Mas nada de reclamar, garotinho, sempre que ele tem folga, ele fica aqui conosco.

-É mesmo. É que... estou com saudades.

-Já? Vimos o Jack antes de ontem.

-Eu sei, bem que ele podia vir todos os dias.

Aaron disse de um jeito dengoso, o sono estava começando a deixá-lo aborrecido. Kate não sabia se era bom ou ruim o fato de ele ter se apegado tanto a Jack. O mesmo medo a afligia; era isso o que ela temia em relação ao amor, precisar tanto de alguém, depender emocionalmente de outra pessoa. No entanto, era inevitável. Ela tinha fugido de todas as maneiras possíveis desse sentimento, porém não somente teve suas tentativas frustradas como também se encontrava cada vez mais apaixonada por ele a tal ponto de chegar à conclusão de que o queria sempre por perto, assim como Aaron lhe dissera há poucos minutos: todos os dias. Não foi uma decisão pensada exaustivamente, foi um processo natural, visto que ele passava mais tempo na casa dela que no apartamento dele. Seria até mais prático e vantajoso para todas as partes que ele se mudasse para lá.

Kate passou a mão suavemente nos cabelos de Aaron, afastando a franja que teimava em cair sobre seus olhos. Depois, deu um beijo em sua bochecha macia e saiu de mansinho do quarto, deixando o abajur ligado para que ele não ficasse no escuro.

Embora meio adormecido, antes que fosse vencido completamente pelo sono, Aaron pensou em Jack. Lembrou-se do dia agradável em que brincaram no parquinho, nos passeios que fizeram em família, nas estórias que ele lhe contava antes de dormir... E então, de repente, se decidiu: era isso que ele queria de presente de Natal, um pai, ou melhor, que Jack fosse seu pai. Será que o Papai Noel iria poder ajudá-lo? Aaron não sabia, mesmo assim, fechou os olhos, apertando-os com força e mentalizando o seu pedido.

Véspera de Natal…

Kate foi jantar na casa de Cassidy. A amiga não tinha contato com a família igual à Kate, logo ambas decidiram passar a ceia juntas. Aaron se distraía brincando com Clementine enquanto as mulheres conversavam e arrumavam a mesa.

-Pensei que você fosse estar com Jack hoje.

-Bem que eu gostaria.

-Já sei, ele está no hospital.

Cassidy disse com certo desdém na voz e Kate não gostou nada do tom sarcástico dela.

-É o trabalho dele, oras!

-Não acha que isso acaba sendo uma desculpa bem conveniente?

-O que você quer dizer?

-Que ele se ocupa demais com o trabalho e acaba deixando vocês de lado.

-Jack tem sido bastante dedicado, principalmente em relação ao Aaron. Sabe, é difícil para ele, fico feliz por ele ter mudado de ideia e ter aceitado conviver conosco.

-Bem, se assim você diz não vou discordar, além do mais, é Natal, não é tempo de discussão.

As duas continuaram com os seus afazeres. Kate ficou calada, envolta em seus pensamentos. Por mais que não permitisse, Cassidy sempre plantava dúvidas em sua cabeça. Agora Kate se questionava se o seu relacionamento com Jack estaria com problemas, se ele estaria usando o trabalho como válvula de escape. Talvez não fosse o momento certo para ela propor a ele que eles morassem juntos, ela não queria pressioná-lo. Essa constatação acabou por deixa-la um tanto triste apesar de conseguir disfarçar o seu desconforto perante as pessoas. Kate não quis permanecer na casa de Cassidy por muito tempo, aquela conversa de outrora, com o acréscimo de algumas taças de vinho a deixaram com dor de cabeça. Portanto, resolveu apanhar o garoto após jantarem e então eles foram embora.

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Um breve ranger da cama e um movimento de cobertas a fez despertar. Jack tinha acabado de se sentar na cama e estava ajeitando suas pernas, pronto para se cobrir e deitar. De olhos fechados, ela apenas resmungou:

-Hei.

-Hei.

Jack respondeu com uma voz tão baixa quanto um suspiro.

-Desculpe-me, não queria te acordar.

-Tudo bem, você nem vez tanto barulho, eu é que tenho um sono leve.

Ele se inclinou para depositar um suave beijo no topo da cabeça dela.

-Você está ok?

-Sim, por quê?

-Nada, é que... você me pareceu um pouco… ah, deixa para lá.

-Pareci o que?

-Sei lá, meio chateada. Kate, eu sei que devia estar com vocês hoje e...

-Eu entendo, Jack. É o seu trabalho.

Ela não deixou que ele lhe desse explicações.

-Apenas me abrace, por favor. Estava com saudades.

Jack prontamente envolveu os braços ao redor da cintura de Kate; ela continuava de costas para ele, mas seu corpo estava colado ao dele. Ao sentir o perfume floral de seus cabelos, ele finalmente conseguiu relaxar após um dia tenso no hospital. O corpo dela estava contraído por conta dos aborrecimentos de horas atrás e ele, notando que ela não estava bem, não quis insistir, embora em seu interior residisse a necessidade de que ela lhe contasse o que estava a incomodando tanto. Mas ele conhecia o jeito dela, sabia que Kate, quando queria, se mantinha fechada e era melhor não exigir que ela falasse, com o risco de ela se afastar. Portanto, em silêncio, Jack somente afagou as costas dela e depois passou a mão carinhosamente em seus cabelos. Com o seu gesto amoroso, ela naturalmente girou o corpo, aninhando-se a ele, ajeitando sua cabeça sobre o peito de Jack.

-Jack?

-Sim?

-Você vai trabalhar amanhã também?

-Não, amanhã vou estar de folga. Por quê?

-Porque eu quero que você fique.

-Ok.

-Não somente amanhã, mas todos os dias.

Com um olhar confuso, ele não estava entendendo direito aonde ela queria chegar.

-Espere, Kate. Você quer dizer que...

-Eu quero que fique sempre conosco. Quero que se mude para cá, que venha morar comigo.

A proposta de Kate o pegou de surpresa, ele nunca pensou que ela estaria disposta a deixá-lo entrar em sua vida por completo. Kate realmente tinha mudado, ela não mais fugia dele, pelo contrário, havia derrubado o muro que erguia ao redor de si mesma e lhe permitido acesso. Jack soltou um profundo suspiro e nem se deu conta de que estava sorrindo. Diante da falta de resposta dele, Kate levantou a cabeça e, mesmo o quarto estando pouco iluminado, procurou olhar para Jack para checar a sua reação.

-É claro que não estou impondo nada, não quero que se sinta pressionado. Apenas acho que facilitaria as coisas, assim você não precisaria ir toda a hora ao seu apartamento para pegar mais roupas.

-Seria uma ótima ideia. Se bem que tecnicamente já estou morando aqui, visto que mal durmo no meu apartamento. Tem certeza, Kate?

-Tenho. Estou muito feliz que você esteja aqui… Eu sei que foi um grande passo aceitar o Aaron, imagino o quão duro deve ser para você. Enfim, quero que saiba que sinto orgulho pelo o que você fez. Aaron gosta tanto da sua companhia! Vive me perguntando “quando o Jack vai vir?”

-É mesmo? Ele é um bom garoto.

Uma pausa de silêncio se seguiu e a testa de Jack repentinamente se enrugou em preocupação.

-Kate, acha realmente que essa aproximação com Aaron é a coisa certa a fazer? Não sei se sou bom nisso.

-Claro que é. Ele te adora. Você está se saindo muito bem.

Kate tinha o poder de tranqüilizá-lo e Jack, apesar de receoso, resolveu aceitar a proposta dela. Ele já estava cansado de boicotar a sua própria felicidade, além do mais, ele tinha certeza de que ela era a única mulher que ocupava o seu coração. Ontem, hoje e sempre.

Manhã de Natal...

Assim que Aaron abriu os olhos e recuperou a consciência, deu um pulo da cama e desceu as escadas. Era manhã e a casa estava quieta. Seus olhinhos ainda estavam inchados de sono, porém a ansiedade em abrir os presentes era tanta que seu olhar brilhava em antecipação ao observar os pacotes embaixo da árvore de Natal.

-Hei bebê, já está acordado?

Kate terminava de vestir um penoir por cima do pijama enquanto descia os degraus.

-O que a mamãe te falou? Não é para descer a escada sozinho e correndo! Por que não me chamou?

-Eu desci devagarzinho, mamãe, fui segurando na parede. Papai Noel trouxe presentes! Posso abrir?

-Pode, mas antes, rapazinho, vamos lavar esse rosto e escovar os dentes.

Kate pegou o menino no colo, fazendo cócegas na barriga dele enquanto rumavam em direção ao banheiro. Quando voltaram à sala, se depararam com Jack sentado no sofá.

-Jaaaack!!!

Ao vê-lo, o garoto saiu em disparada, se agarrando em seu pescoço com um forte abraço.

-Hei garotão, bom dia! E feliz Natal!

-Feliz Natal!

Depois de se desvencilhar dos braços de Jack, Aaron se postou diante de Kate, olhando para cima com um jeito pedinte.

-Agora posso abrir os presentes?

-Sim, querido!

Kate sentou-se no chão ao lado de Aaron, entregando os pacotes que lhe eram destinados. O menino rasgava o papel apressadamente, sorrindo cada vez que desembrulhava um presente. Como era uma criança adorável, recebeu brinquedos de todas as pessoas que o conheciam. Aaron vibrava de alegria e o casal, por sua vez, também sorria ao ver tanta felicidade irradiada por aquela criança no ambiente.

-Então, meu amor, gostou dos presentes?

-Muito. Eu adorei!

Aaron não sabia a qual brinquedo ele daria mais atenção. Mesmo concentrado, ele levantou o olhar e perguntou:

-Jack, quando você chegou?

-Era bem tarde da noite.

-E o papai Noel estava aqui? Você o viu?

-Huh...

Meio sem jeito, Jack olhou para Kate e depois olhou para aqueles pequenos olhos azuis que o fitavam, embarcando na fantasia:

-Bem, eu... Infelizmente eu não o vi, acho que ele passou por aqui antes de eu chegar.

-Ah, que pena! Eu queria saber como ele é!

Kate sorriu diante da maneira graciosa com que Aaron conduzia a conversa.

-Jack?

-Diga Aaron.

-Se ficar aqui hoje, pode brincar comigo?

-Claro! Temos o dia inteiro livre.

-Yupiee!

Kate sentou-se no sofá e chamou o filho:

-Aaron, vem aqui. Sente-se no meu colo. Tenho uma notícia para te contar.

Segurando um dos bonecos na mão, Aaron imediatamente obedeceu, aproximando-se quieto e olhando atentamente para Kate.

-Lembra-se quando você me disse que queria ver o Jack todos os dias?

Aaron meneou a cabeça afirmativamente.

-Pois é. Então... A partir de hoje o Jack vai vir morar aqui conosco.

-Jura mamãe? Eba!!!

Aaron conseguiu ficar ainda mais contente que minutos antes, quando abria os presentes. Pulando serelepe, ele correu novamente para dar um abraço em Jack, indo parar em seu colo e permanecendo ali por um bom tempo. Depois, soltou as palavras de forma perplexa:

-Papai Noel existe mesmo!

Kate e Jack riram, porém pensaram que o garoto se referia aos inúmeros presentes que tinha ganhado. No entanto, em sua mente, Aaron estava se referindo ao seu desejo realizado: ele havia acabado de ganhar um pai. E esse foi de longe o seu melhor presente.

FIM

domingo, 16 de outubro de 2011

Fic: O barbeador

Ship: Jate
Classificação: NC-17
Categoria: 4ª temporada, Smut
Completa: Yes (x) No ( )
Capítulos: one-shot
Advertência: contém cena de sexo
Resumo: Uma simples ação como o ato de barbear pode resultar em algo mais intenso



Com os braços esticados e as mãos apoiadas contra o azulejo úmido, Jack manteve a cabeça baixa enquanto deixou escorrer pelo corpo o último jato de água quente do chuveiro. “Nada como começar o dia com um bom banho para despertar”, ele pensava. Devagar, resolveu desligar a ducha e, com o corpo pingando, puxou a toalha que estava pendurada próxima ao box.

 
Jack secou primeiramente o rosto e depois deslizou a toalha pelo restante, enrolando-a na cintura antes de dar um passo a frente e sair do local, rumo à torneira da pia. Ao avistar o espelho levemente embaçado pelo vapor quente do banho, ele fechou a mão e passou o punho apressadamente pela superfície do vidro, permitindo que o seu reflexo através do mesmo se tornasse mais nítido.

 
Jack detestava fazer a barba, seu pelo do rosto era grosso e às vezes a pele da região ficava irritada com o atrito da lâmina. No entanto, mesmo contrariado, ele decidiu espantar a preguiça e enfim tomou ânimo para se depilar. Ele faria esse esforço, afinal, Kate havia até lhe comprado um barbeador melhor para substituir aquele que ele usava regularmente e que não era muito eficaz. Agora ele não teria mais a desculpa de não se barbear. Embora ela também apreciasse e achasse sexy quando ele deixava a barba por fazer por uns dias, Kate o preferia com o rosto liso entrando em contato com a sua pele macia e delicada enquanto eles faziam amor, em vez de um rosto áspero, provocando uma fricção que lhe causava cócegas e uma leve vermelhidão por onde deslizasse.

 
Sexo. Ultimamente eles estavam praticando com uma alta frequência. Há alguns meses moravam juntos, mas ainda viviam em ritmo de lua de mel, apesar de não serem oficialmente casados e de Jack por sua vez não ter tido coragem de fazer o pedido.

 
Jack abriu o armário e apanhou a embalagem contendo a loção para passar no rosto. Despejou uma quantidade certa na palma da mão e espalhou o creme pela face.

 
Imerso em seus pensamentos, ele nem viu que não estava mais sozinho no banheiro. Jack somente percebeu quando sentiu alguém o abraçar por trás. As mãos aveludadas de Kate o envolveram, ao passo em que ela, nas pontas dos pés, depositou um suave beijo em suas costas desnudas. Com uma voz rouca, ela disse:

-Hei.

-Hei. Já estou usando…

Ele gesticulou com a mão direita, chacoalhando o novo barbeador;

-Ótimo, isso é muito bom.

Kate sorriu para ele e com isso, suas covinhas marcaram a bochecha parcialmente corada. Eles trocaram olhares, havia um brilho reluzindo do fundo dos olhos de ambos, irradiando a felicidade que abrigavam em seus interiores.

 
Jack virou-se de costas novamente e continuou o que estava fazendo; segundos depois, quase se cortou ao sentir a boca dela mordiscando a sua orelha, enquanto as mãos de fada alisavam o peito dele. Sem interromper suas ações, Kate falou:

-Passei no quarto de Aaron para checar se ele ainda estava dormindo.

-E então?

-Como um anjo! Já te disse, quando ele apaga, apaga de verdade.

Kate agora beijava os ombros de Jack, em seguida, seus lábios fizeram uma trilha rumo ao pescoço dele, provocando um calafrio gostoso em sua espinha.

-Kate, desse jeito eu não vou conseguir...

-Deixa que eu faço.

 
Ela o impedira de completar a sentença, tomando em um movimento rápido o barbeador das mãos dele. Kate o fitava de um jeito sedutor. Então, seus olhos se desviaram dos dele, tentando se concentrar a cada instante em alguma parte do rosto de Jack. Cuidadosamente ela retirava o excesso do creme com a lâmina, acompanhando o sentido em que os pelos cresciam.

 
Uma tarefa tão rotineira e natural como essa estava se transformando em algo muito prazeroso para os dois. Na verdade, qualquer coisa era pretexto para eles passarem mais tempo juntos, não importando se fosse algo simples e banal, mesmo porque a vida profissional dele já o mantinha bastante ocupado, portanto nenhuma oportunidade poderia ser desperdiçada, ainda mais quando provavelmente Aaron não os interromperia.

 
Após finalizar o processo, Jack enxaguou a face e mal levantou a cabeça para pegar a toalha, Kate prontamente se dispôs a secá-lo. Envolvendo o rosto dele, ela o puxou de encontro a si, dando-lhe um beijo caloroso. O sangue fervia pelas suas veias no momento em que aprofundaram o beijo, a língua dele mergulhava na boca dela enquanto as mãos de Kate sorrateiramente soltavam a toalha de Jack.

 
Olhando para ele maliciosamente, ela queria tocá-lo e ele permitiu que as mãos dela segurassem o seu membro, alisando-o em um movimento compassado. Mas ela queria mais, queria leva-lo à loucura, logo, decidiu se abaixar e substituir as mãos pela boca. Kate começou a passear com a língua ao redor do membro, dando pequenas chupadas na glande, para depois correr os lábios por toda a extensão, tocando nos testículos até que por fim levou o pênis por completo à boca.

 
Seus lábios deslizavam para cima e para baixo, fazendo com que ele apertasse os olhos em puro êxtase e sussurrasse o seu nome:

-Kate...

Ela adorava fazer isso, tirá-lo do controle, torná-lo indefeso diante de si. Só pela sensação de estar no comando e de saber o poder que ela exercia sobre ele, Kate começou a ficar bastante excitada e automaticamente sua calcinha molhou em antecipação. Mas ele não a deixou ir até o fim, não queria chegar lá antes de enterrar-se dentro dela. Por isso, fez menção para que ela se levantasse e assim que ela estava em pé novamente, ele desatou o nó do roupão branco que ela usava e escorregou a peça pelos ombros dela, enquanto sua boca quente se ocupava em beijar-lhe o pescoço. Kate fechou os olhos e logo em seguida ouviu o barulho do seu roupão caindo ao chão.

 
Nesta hora, Jack se concentrava em seus seios, abrigando-os alternadamente em seus lábios, ora um, ora outro, deixando os mamilos duros por conta de suas sugadas. Ele se surpreendeu ao colocar a mão por entre as pernas dela e notar que ela já estava muito estimulada.

-Nossa, você já está molhada e eu nem te toquei.

-Eu te quero agora...

 
A voz dela saiu tão fraca quanto um suspiro, o desejo a consumia de tal forma que ela não mais se aguentava. Obedecendo a sua súplica, ele a colocou apoiada sobre o gabinete e enganchada em sua cintura. Ele esfregou a ponta do pênis nos lábios vaginais para que ela se preparasse para recebê-lo. Quando começou a introduzir o membro bem lentamente, ele sentiu um aperto. Com cuidado, Jack insistiu de forma mais devagar porém firme, até que ela se acostumasse com ele entrando. Então, quando ela menos esperava, Jack empurrou de uma vez com força. Com a estocada, o pênis desapareceu dentro da fenda e Kate gemeu ao senti-lo por inteiro.

 
Enquanto eles se mexiam, ela lutava para não gritar pelo prazer que estava sentindo, não queria acordar Aaron, mas estava sendo difícil se conter.

 
Os movimentos eram intensos e sincronizados, seus corpos se encaixavam perfeitamente como se tivessem sido moldados um para o outro. Ele metia nela freneticamente e quando aumentou o ritmo, percebeu que os murmúrios dela outrora bastante sonoros, agora falhavam, saindo entrecortados. No momento em que ela apertou as costas dele com mais força, quase cravando as unhas em sua pele, ele percebeu que a tinha levado ao orgasmo. Ela parecia entorpecida em seus braços, ele mais que depressa a acompanhou, se entregando ao gozo, despejando jatos fortes e quentes nas entranhas dela.

 
Ainda conectados, eles se sentaram no chão sobre o tapete e esperaram até que seus corpos se acalmassem e o coração desacelerasse. Com uma respiração ofegante, eles se desvencilharam, com as pernas bambas e os corpos doloridos, porém saciados.

 
Alguns minutos depois, após terem se recomposto, uma voz de criança ressoou pelo corredor.

-Mamãe?

Jack e Kate entreolharam-se e respiraram aliviados; o garoto havia acabado de acordar e por sorte não interrompera a transa matinal deles.

-Ufa, essa foi por pouco.

Kate apresentava um ar relaxado em seu rosto.

-É melhor eu ir, ele está me chamando para preparar o leite dele.

-Preciso me apressar, mais uma vez estou atrasado e a Jane vai ficar uma fera porque ela já me ligou de manhã informando os meus horários.

-Sinto muito por isso.

-Está tudo bem, foi por uma boa causa.

 
Jack sorriu timidamente e a olhou de uma forma tão encantadora que foi impossível para ela não beijá-lo.

-Espero-te lá embaixo.

Kate disse antes de abrir a porta do banheiro e sair. Jack ajeitava as bagunças que eles haviam feito no recinto e ao se deparar com a lâmina de barbear largada na pia, ele se deteve por uns instantes, segurando a peça e a observando com o pensamento longe, sorrindo ao se lembrar da loucura daquela manhã que começara a partir daquele objeto tão simples.



FIM

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fic: O jantar

Ship: Jate
Classificação: NC-17
Categoria: 4ª temporada, Smut
Completa: Yes (x) No ( )
Capítulos: one-shot
Advertência: contém cena de sexo
Resumo: Como foi a primeira noite em que Jack se mudou para a casa de Kate
N/A: Escrevi essa fic no trabalho, logo não está muito elaborada porque tive que escrever um pouco a cada dia e sem muita concentração.


Lá estava ela. Parada na sala de sua casa, seu pensamento vagava para longe. Nem ela mesma parecia acreditar na reviravolta que sua vida dera nos últimos meses. Depois de tanta luta para se livrar dos problemas com a justiça, Kate finalmente enfrentara tudo de cabeça erguida, sem mais fugir. E isso incluía a sua vida amorosa. Agora ela tinha um lar, a casa dos seus sonhos como ela nunca pensou que fosse possível. E ela não estaria sozinha. Além da companhia de Aaron, Jack se mudaria para lá, “de mala e cuia”.

Kate repassava em sua mente o dia em que ela, cansada de vê-lo partir pela manhã e passar no apartamento dele para apanhar uma muda de roupa, resolveu lhe propor que eles morassem juntos. As palavras saíram tão naturalmente de seus lábios que ela nem se deu conta do grande passo que eles dariam no relacionamento. Para a sua surpresa, Jack, que sempre hesitava antes de tomar uma decisão importante, apenas baixou a cabeça um tanto sério para em seguida simplesmente dizer um “ok”, concordando com a decisão dela. Era verdade que no fundo ambos estavam receosos por terem de se comprometer em uma nova relação, logo eles, cujas vidas amorosas haviam sido tão conturbadas no passado. Porém haviam enfrentado tantos obstáculos juntos que estavam cansados de manterem as inúmeras barreiras entre eles.

Ele era um homem muito diferente dos outros que já conhecera em sua vida e despertara em seu íntimo um amor avassalador nunca vivido. Kate não sabia explicar ao certo, apenas sentia que era mais forte que tudo o que havia experimentado na vida. Claro que ela já se apaixonou diversas vezes, mas até então o que ela havia vivenciado era breve, raso, conturbado e desprovido de alegrias genuínas.

Ela sabia que era um jogo perigoso, entregar-se de tal maneira a alguém, mas era inevitável. Por mais que tivesse construído um muro ao redor de si mesma no passado, temendo tornar-se vulnerável a ponto de depender de outra pessoa e não conseguir respirar sem ela, quanto mais Kate evitava esse tipo de situação, para mais perto dela o destino o levava. Então ela se rendeu. Simplesmente iria parar de resistir, de fugir. Kate decidiu que estava mais que na hora de dar uma chance para eles dois.

O seu devaneio foi interrompido pelo barulho da porta se abrindo.

-Hei.

Jack trouxe malas e mais alguns pertences. Acomodou tudo em um canto, perto da entrada, quando ela lhe respondeu:

-Hei.

Kate instantaneamente sorriu, aproximando-se para dar um suave beijo na boca dele. Jack estava um tanto sem jeito, como se estivesse temeroso ao estar literalmente invadindo o território dela e com medo de que ela tivesse mudado de ideia.

-Onde está o Aaron?

Ele perguntou, tentando se livrar da tensão do momento.

-Aaron foi dormir na casa de um amiguinho.

Jack meneou a cabeça e franziu levemente a testa. Kate continuou a falar:

-Bem, eu... vou voltar à cozinha, daqui a pouco o jantar vai estar quase pronto. Fique à vontade, a casa agora também é sua.

Dando uma piscadela, Kate rumou para o outro cômodo. Ela havia passado a manhã planejando preparar algo especial para ele, com o intuito de comemorarem a nova vida que iriam compartilhar.

Enquanto estava ocupada, ajeitando as louças na pia e checando as horas para ver se já tinha dado o tempo certo de retirar o assado do forno, Jack surgiu na cozinha, encostando-se à porta e apoiando a mão no batente, sem retirar a vista dela.

-O cheiro está muito bom.

Seu olhar era tão doce que ele parecia sorrir com os olhos.

-Obrigada. Espero que o gosto também esteja bom, estou testando uma receita nova.

Kate sorria timidamente. Ela ainda não se garantia no papel de dona de casa, não estava acostumada a cozinhar para outra pessoa além dela própria, apenas fazia pratos simples para Aaron e o básico para ela. Mas nesta noite ela fez questão de se esforçar, afinal, se tratava de uma ocasião singular.

Kate sentiu um calafrio percorrer a sua espinha quando Jack se aproximou. De costas para ele, ela podia sentir a respiração dele contra a sua nuca. Jack começou a acariciar suavemente os cabelos dela. Kate sentia o seu toque macio, mas procurava disfarçar a perturbação, continuando os seus afazeres.

-Como foi o seu dia?

Ela iniciou uma conversa trivial com o objetivo de ganhar tempo de ao menos terminar de preparar o jantar.

-Foi ok. De certa forma foi tranquilo. Não tive nenhuma emergência grave, apenas consultas de rotina.

Sem querer prolongar a conversa, ele prosseguiu com o carinho, chegando ainda mais perto, suas mãos largas agora desciam pelo pescoço de Kate, afastando umas mechas onduladas que cobriam a região. Com o contato dos dedos dele em sua pele, ela soltou um suspiro involuntário e nem percebeu que havia fechado os olhos, relaxando a musculatura e deixando escapulir um murmúrio:

-Deus, como isso é bom...

Notando que ela estava sucumbindo aos seus estímulos, Jack depositou um beijo em seu pescoço e passou a ponta dos dedos por debaixo da alça do vestido. Ele aproveitou para beijar o ombro à mostra e suas mãos decidiram deslizar pelo dorso dela, massageando a região, em um movimento para baixo e para cima. Jack então a envolveu pela cintura; Kate ainda estava de costas para ele. Jack encostou o seu corpo no dela, quase se encaixando nos seus quadris. Ela resolveu render-se, não dava mais para segurar o tesão. Kate parou de se ocupar com os seus afazeres e virou o rosto, oferecendo sua boca para um beijo. Imediatamente ele a beijou e enquanto seus lábios procuravam sorver a energia daquela boca convidativa, as mãos rápidas dele se moveram da cintura dela para a barriga e logo em seguida, escorregaram para baixo, levantando furtivamente a barra do vestido.

O corpo de Kate tremia, ela já sentia a calcinha molhar-se toda, em estado de excitação. Sua respiração passou a ficar ofegante, logo eles tiveram que quebrar os beijos ardentes por um instante para poderem recuperar o ar. Os dedos de Jack alcançaram a calcinha, cujo tecido fino mal cobria o seu objeto de desejo. Ele deslizou a mão para dentro da pequena peça rendada e sentiu a umidade:

-Nossa, você já está molhada e eu nem te toquei.

Em um gesto ágil, ela o calou com um beijo, girando o corpo e ficando de frente para ele. Ela parou para olhar profundamente nos olhos de Jack, suas mãos envolveram o rosto dele e o puxaram para outro beijo. Primeiramente Kate começou devagar, pincelando levemente os lábios contra os dele para então intensificar o beijo, tornando-o gostoso, forte e com as línguas se encontrando.

Segundos depois, repentinamente ele a ergueu em seus braços, ajeitando-a em seu colo, ao passo em que ela riu; tomada pelo movimento surpresa dele.

-Acho que o jantar vai ter que ficar para mais tarde – ele disse com um tom de malícia.

-Definitivamente – ela respondeu com uma voz rouca e muito sexy.

Kate dispôs o braço ao redor do pescoço de Jack, com a intenção de se segurar melhor enquanto ele a conduzia pela sala, rumo às escadas. Ele andava tão apressadamente que, de forma desastrada, nem se lembrou das próprias malas que havia colocado perto da porta principal, tropeçando nas mesmas pelo caminho.

-Merda!

Ele lutou para se equilibrar com ela no colo e por sorte ele conseguiu, evitando caírem ambos juntos ao chão. Kate gargalhava e mal pôde responder quando ele a perguntou se ela estava ok.

Uma vez no quarto, eles se entreolharam e Kate novamente o fitava com avidez, apanhando a gravata de Jack, livrando-o do nó e consequentemente do adorno. Jack a estreitou contra si, encostando o corpo dela na parede enquanto a beijava. No mesmo momento em que eles se beijavam, Kate começou a desabotoar velozmente a camisa branca que ele usava, arrancando-a.

-Hei, desse jeito não vai sobrar botão... – ele disse divertidamente entre beijos.

-Não tem problema, agora você trouxe todas as suas camisas para cá.

Ela percorria o peito nu dele com as mãos, mais precisamente roçando a região de leve com as unhas, mordiscando os próprios lábios em deleite com a visão diante de si.

Demorou apenas alguns instantes para reascender nele a chama do desejo, que foi largamente despertada quando as mãos dela começaram a passear por locais em que lhe causavam arrepios por conta da sensibilidade ao serem tocados. Kate baixou o zíper e em um trabalho rápido, o livrou da calça e roupa íntima, prontamente acariciando o membro para que ficasse duro.

-Kate...

Ela adorava ouvir o som de seu nome escapar dos lábios dele, com aquela voz enrouquecida pelas sensações que ela estava lhe causando. Mas ele sentia urgência em tocá-la, querendo desnudar aquele corpo imediatamente. Então, ele a impediu que continuasse e as mãos dele trataram de desatar os laços do vestido, fazendo a leve peça cair ao chão. Logo em seguida, ela mesma se livrou do lingerie, retirando ambas as partes de forma sensual, seduzindo-o ainda mais. Os olhos de Jack percorreram aquelas curvas de cima a baixo, inundados de luxúria e de vontade de se apoderar daquele corpo.

Ele a deitou na cama e foi beijando-a por todas as partes. Jack afastou um cacho de cabelo que se enroscava frouxamente sobre um dos seios firmes, inclinando-se para capturar com os lábios um dos mamilos. Depois, sua boca foi preenchida pelo outro, de maneira que ele passou a chupar cada um dos seios, um por um, com volúpia.

Com pressa, ele foi descendo a cabeça e traçando uma trilha de beijos pela barriga dela, até percorrer mais adiante. Quando chegou onde queria, enlouqueceu ao se deparar com o centro molhado. Com os dedos, ele abriu delicadamente os lábios espessos e macios da fenda rosada e úmida dela, metendo a língua na região. O clitóris vibrou a cada toque de língua. Ele começou a lamber, circulando-o e com as chupadas, Kate puxava os cabelos dele e se contorcia, gemendo alto e se mexendo bastante, arqueando a bacia de encontro a ele, deixando o rosto de Jack totalmente molhado pelas suas secreções.

-Jack, eu... não vou agüentar...

Mesmo balbuciando as palavras, ele entendeu o que ela queria dizer e resolveu parar com os estímulos. Estava mais que na hora de eles partirem para o que interessava. Antes que ele tivesse a chance de cobrir o corpo dela com o dele, Kate, em um movimento repentino, ficou em seu topo, por cima. Ela se sentou sobre ele, pegou o membro e o direcionou em sua entrada. Quando encostou o sexo na cabeça do pênis, ele pôde sentir os grandes lábios se abrirem vagarosamente. Kate soltou o corpo, deslizando-se e um grito escapuliu de sua garganta quando ela sentiu o membro a preencher por inteiro.

Kate começou com cavalgadas leves, até conseguir manter um ritmo cadenciado. Eles não perderam o contato visual enquanto seus corpos se consumiam de forma cada vez mais intensa. Ela adorava olhar para ele, avistar o seu rosto contorcido de prazer e saber que ela era a responsável por isso a deixava ainda mais excitada. Kate aumentou os seus movimentos e em certo momento, inclinou o corpo e abaixou a cabeça para alcançar os lábios dele, dando-lhe um beijo ardente porém curto, por conta da falta de fôlego causada pelo ato que estavam praticando.

Ela aproveitou para mordiscar o pescoço dele, ao que ele respondeu com um murmúrio; Kate realmente estava o levando à loucura, em breve ele não mais resistiria. Kate se empenhou em um vaivém frenético, sucumbindo enfim ao êxtase absoluto, alcançando o orgasmo. Seu corpo entrou em colapso e ela desfaleceu sobre ele. Ele a acompanhou, permitindo-se gozar livremente, sentindo-se exausto como se lhe tivessem sugado toda a força vital que possuía. Completamente saciados, eles se estenderam pela cama, abraçados.

Tudo o que se podia ouvir no quarto era o som de suas respirações ofegantes. Debruçada no peito de Jack, Kate levantou levemente a cabeça para olhar diretamente nos olhos dele, enquanto ele acariciava as suas costas.

-Jack?

-Huh?

-Agora que provamos o “aperitivo”, que tal irmos jantar?

-Jantar? Oh sim, claro... o jantar.

Ele a puxou para dar-lhe um beijo, que foi seguido de outro e mais outro, até que quando deu por si, Kate se encontrava debaixo do corpo dele e os dois começaram tudo de novo. E quanto ao jantar... bem, esse havia sido o verdadeiro jantar, onde ambos se consumiram na cama em um pleno banquete, saciando a fome que sentiam um pelo outro.



FIM


domingo, 4 de setembro de 2011

Fic: The mess I made

Ship: Jate
Classificação: G
Categoria: Multi temporada (3ª e 4ª), Missing scene, Songfic
Completa: Yes (x) No ( )
Capítulos: one-shot
Advertência: angst
Resumo: A fic é apenas uma descrição mais detalhada das cenas do FF do aeroporto, ao final da season 3 e sua respectiva continuação, ao final da season 4.
N/A: Música utilizada é “The mess I made” do Parachute. Como existem alguns vídeos jates utilizando essa música (inclusive eu tive a ideia da fic ao encontrar os vídeos), vou colocar duas opções para quem quiser conhecer a música e aproveitar para ver cenas jates (há spoilers nos vídeos para quem não assistiu a season 5)



Jack estava sentado no chão da sala. O local estava uma completa bagunça, havia mapas espalhados por toda a parte, réguas, papéis jogados desordenadamente, uma passagem da Oceanic Airlines, um vidro vazio de remédios e no meio do caos, ele apresentava um ar desolado. Na pia da cozinha havia louças misturadas a restos de comida na pia e a torneira gotejava sem parar. O apartamento parecia abandonado, como se um fantasma residisse ali e não uma pessoa. Jack apanhou uma garrafa e bebeu do próprio gargalo um generoso gole de álcool. Em um gesto letárgico, ele pegou o celular. Abriu os olhos outrora fechados em um movimento vagaroso e ergueu o flip do aparelho com o polegar. Como se quisesse tomar coragem, ele aproveitou para dar mais um gole da bebida.


I should've called you out
I should've said your name

Eu deveria ter te ligado
Eu deveria ter dito o seu nome

Logo em seguida, após seus dedos discarem automaticamente as teclas certeiras, Jack aguardou a chamada com o telefone ao longe do rosto. Somente quando uma voz atendeu, ele aproximou o celular do ouvido.
-Alô?
Uma voz feminina do outro lado da linha o saldava.
-Alô. Sou eu. Uooooo! Uoooo! Espere! Não, não desligue, por favor.
Embora falasse em um tom urgente, ele não gritava. Sua voz soava mais como um sussurro desesperado. Jack olhava para cima, por sorte alguém havia atendido a sua súplica e continuava na ligação. Ele prosseguiu:
-Eu sei o que você disse. Eu só…Eu apenas preciso te ver.... por favor?
Jack ouviu a resposta com atenção e emendou prontamente:
-Sim, sim, do lado de fora do aeroporto. Você sabe onde. Obrigado.

Ele baixou o olhar. Tímidas lágrimas pipocavam nos seus olhos, mas não se atreviam a cair. Era como se ele próprio não se permitisse chorar, não por orgulho, mas por não se achar no direito de ter compaixão por si mesmo. Ele merecia sofrer, afinal de contas, era o culpado pelo o que havia acontecido. Ele havia prometido retirar todo o mundo da ilha, no entanto, tudo o que conseguiu foi salvar a própria pele e a de pouquíssimos amigos. Nem a sua irmã ele conseguiu salvar. Locke estava certo, a culpa estava corroendo-o de dentro para fora de uma maneira tão insuportável que a única coisa que ele poderia fazer para se redimir era voltar à ilha e tentar consertar o seu erro.

Jack tinha marcado o encontro dali a meia hora. Seria o tempo que levava para percorrer a distância de seu apartamento até o aeroporto, com folga de alguns minutos. A única coisa que fez antes de sair de casa foi pegar a jaqueta jeans e o recorte de jornal noticiando a morte de Jeremy Bentham, o qual ele amassou no bolso da mesma, juntamente com suas chaves. Despido de vaidade, ele nem sequer se deu ao trabalho de olhar para o espelho ou mesmo se importou em se arrumar, o que não significava que estivesse indiferente. Pelo contrário, ele estava um pouco nervoso. Jack parecia estar se afogando em alto mar e a esperança em revê-la representava a corda com a boia que lhe estendiam no resgate. Ela havia aceitado se encontrar com ele. Depois de tantos telefonemas não atendidos, ela finalmente resolveu dar uma chance a ele. Ao menos, uma oportunidade de escutá-lo, visto que na maioria das vezes em que Jack tentara entrar em contato com ela, ele não estava sóbrio, ligando tarde da noite e lhe dizendo coisas incompreensíveis, alterado pelo efeito de drogas ou da bebida. Mas essa noite ele iria tentar convencê-la de que eles precisavam fazer a coisa certa: voltar à ilha.

Jack dirigiu até o aeroporto e estacionou. Desligou o motor e tirou a chave do contato, avistando o céu escuro sob si e respirando fundo. Estava suando frio, ele se questionava se ela iria realmente comparecer. Jack rapidamente visualizou o seu próprio rosto no espelho dianteiro do carro. E então, com a mão no volante, ele se manteve cabisbaixo, apenas aguardando a chegada dela.

Após alguns minutos, um carro surgiu. Jack desceu de imediato, com uma expressão séria estampada em seu rosto. Parado diante do seu Bronco, ele a esperava com o músculo do ombro contraído pela tensão. Não contendo a sua ansiedade, ele decidiu caminhar em direção ao carro, dando cautelosos passos. A sombra encobria o rosto dela até que o seu semblante se destacou em meio ao manto negro da noite.

Com a mão esquerda na cintura, Jack aguardava a aproximação de Kate. Ele não sabia lidar com as mãos, o nervosismo simplesmente o tomou em cheio. Somado à abstinência de suas pílulas, o medo fez com que o tremor nas mesmas voltasse a assombrá-lo.

Kate o olhava de um jeito observador, como se quisesse identificar se era mesmo Jack que estava diante de si. Um segundo de silêncio se passou enquanto ela o analisava. Kate buscava resquícios do homem que amava, mas o que ela via era oco. O corpo dele estava presente, porém sua alma se fora faz tempo, de modo que ela não mais o reconhecia. Com a voz abafada e rouca, ela finalmente falou:
-Ei.
-Ei.
-Vi você no noticiário. Ainda salvando pessoas de incêndios, huh?
-Velhos hábitos.

Jack ensaiou um sorriso debaixo do rosto barbudo. Kate olhou para baixo, um tanto desconcertada. Ela mal conseguia encará-lo. De cabelos lisos e blusa regata azul, ela estava maquiada. Apesar de estar vestida em seus jeans de uma forma casual, ela não lembrava aquela Kate que se embrenhava pela mata de maneira destemida, com cabelos rebeldes e soltos lutando contra o vento ou mesmo quando usava um rabo de cavalo desleixado, amarrado por um pedaço de pano improvisadamente fazendo às vezes de prendedor. A Kate de agora não era uma moleca, era uma mulher. Não somente sua aparência se modificara, a sua postura era outra, mais amadurecida. A maternidade aliada ao senso de responsabilidade lhe caíra bem, nem de longe ela lembrava aquela fugitiva insegura dos tempos anteriores à queda do avião da Oceanic. A expressão na face de Kate era gélida, ela falava enfaticamente enquanto arqueava a sobrancelha:
-Você está péssimo.
-Obrigado.

Jack riu diante da franqueza de suas palavras. Ele respirou profundamente e olhou para o chão, com uma feição um tanto surpresa por conta do comentário dela. Em silêncio, Jack se manteve cabisbaixo. Quando ele levantou o olhar, Kate desviou o dela para então colocar os olhos glaciais e distantes novamente em Jack, de canto de olho. Usando uma entonação ríspida, ela continuou:
-Por que você me ligou, Jack?

Ele a olhava agitadamente, revirando o bolso da jaqueta para mostrar-lhe o pedaço de jornal amassado que foi o estopim para ele tomar a coragem de procurá-la. Com um olhar intrigante, Kate pegou o pequenino papel de imediato e correu os olhos na informação.
-Esperava que você tivesse ouvido falar. Que talvez fosse ao funeral.
-Por que eu iria ao funeral?
Piscando intensamente, ela o devolveu a ele, não se mostrando nem um pouco afetada pela notícia.

Jack olhou para o lado, balançando a cabeça e pegando o jornal de volta, diante da indiferença de Kate. Ele se sentiu completamente desconfortável por conta da situação embaraçosa em que estava. Como ele poderia convencê-la a voltar se ela não se importava? De repente, um barulho de avião ressoou e Jack resolveu tentar combater a atitude hostil e irredutível de Kate, iniciando uma nova conversa, ainda desviando o olhar:
-Eu tenho viajado bastante de avião.
-O que?
-Sim, aquele passe livre que eles nos deram. Eu... eu tenho o utilizado. Toda sexta à noite eu viajo de LA para Tóquio ou Singapura ou Sydney.
Jack forjou uma risada irônica.
-E então eu, eu aterrisso, tomo um drink e volto para casa.
-Por quê?

Kate, que estava de cabeça baixa até o momento, voltou a fitá-lo. Ela simplesmente parecia não acreditar no relato estranho dele. Jack continuava a falar, olhando para o nada, para o alto, chacoalhando os ombros tensos sem encará-la.
-Porque eu quero cair novamente, Kate. Não ligo para ninguém a bordo. A cada pequeno tranco ou turbulência em que nos sacudimos, eu quero... na verdade, eu fecho meus olhos e rezo para que eu consiga voltar.

Perante o desespero em sua voz, os olhos dele lacrimejaram, demonstrando o quão perturbado ele se sentia por dentro. No fundo do olhar, um homem desesperado gritava por socorro. Então, Jack finalmente deitou os olhos em Kate. Ela estreitou o olhar, franzindo a sobrancelha e com os ouvidos atentos, ela tentava captar o que ele dizia. Jack proferia as palavras de um modo atormentado. Com o olhar perdido, ele piscava os olhos, mirando o chão enquanto levava a mão direita à cabeça em um gesto aflito, tentando enfatizar o seu discurso como se censurasse a si mesmo, ciente de sua loucura.

Should've held my ground
I could've been redeemed
For every second chance
That changed its mind on me

Deveria ter me agarrado ao chão
Eu poderia ter sido redimido
Por toda a segunda chance
Que mudasse a maneira de pensar a meu respeito

Kate fechou os olhos pesadamente. Em seguida, olhou de volta para ele. Então, seus olhares se cruzaram. Jack demonstrava uma tormenta profunda em seus olhos, Kate por sua vez, estreitou os dela, tentando argumentar:
-Isso não vai mudar...
Jack a interrompeu, indignado. Até aquele instante ele tinha usado um tom de voz contido, mas como se estivesse prestes a explodir, soltou com uma voz alterada:
-Não, eu estou cansado de mentir! Nós cometemos um erro!

I should've spoken up
I should've proudly claimed
That oh my head's to blame
For all my heart's mistakes

Eu deveria ter falado
Eu deveria ter orgulhosamente reivindicado
Que minha cabeça se culpa
Por todos os erros do meu coração

Uma avalanche de sentimentos invadiu Kate por dentro. Um misto de desprezo por aquele homem arrasado diante de si, ódio e pena. Ela sentiu raiva por ele ter arruinado o relacionamento deles. Eles tinham tudo para serem felizes, mas os problemas existenciais dele os quais ela não entendia direito, somados a um excesso de culpa pelos amigos que eles deixaram para trás acabaram por destruir o homem que ela tanto amava e admirava.

Kate acabou convertendo a angústia em pranto. Não era um choro rasgado, eram lágrimas solitárias que aos poucos foram escorrendo pela sua bochecha rosada. Jack, por sua vez, também tinha os olhos marejados. Sentindo a proximidade dele cada vez maior, para não fraquejar, ela decidiu atender ao seu instinto mais puro e costumeiro: fugir.
-Eu tenho que ir. Ele vai ficar procurando onde eu estou.
-Não!

Jack mais do que depressa a pegou pelo braço, puxando-a em direção ao seu corpo. Neste momento, ele percebeu a maneira como ela o repelia, mas por um instante as coisas pareceram como no passado. Seus corpos quase se chocaram, as respirações estavam tão próximas que Kate fechou os olhos a fim de evitá-lo e não perder a cabeça. Jack estava muito perto, era extremamente difícil para ela resistir. Apesar do seu desprezo por ele, quando Jack a olhava desse jeito e a tomava em seus braços, Kate basicamente perdia os sentidos e a noção de realidade. Por uma fração de segundo o mundo pareceu parar de girar. As batidas do coração dispararam, um calor percorreu o seu corpo e a pele dela se arrepiou por conta do atrito causado pelos toques firmes dos dedos dele em seu braço. Ela mostrou um pouco de humildade, como se a velha Kate quisesse emergir das profundezas e assumir a dianteira.
-Nós não deveríamos ter saído.
Jack proferiu com convicção. Seus olhos se cruzaram novamente, os narizes quase se tocando quando ela despertou do seu transe e ainda tremendo, decidiu rebater:
-Sim, nós devíamos.

A voz de Kate falhou devido ao choro que estava prestes a desabar. Ela se livrou do aperto de Jack, recuando e recuperando a severidade em sua atitude.
-Adeus, Jack.

Should've kissed you there
I should've held your face
I should've watched those eyes
Instead of run in place

Deveria ter te beijado lá
Eu deveria ter segurado seu rosto
Eu deveria ter visto aqueles olhos
Em vez de correr para outro lugar

Jack tinha os olhos cheios d’água. Ele implorava com o olhar para que ela acreditasse nele e o apoiasse como ela sempre fazia. Mas agora era diferente. Desta vez, ela jogou um olhar duro para ele, embora suas lágrimas teimassem em cair, denunciando toda a emoção que ela tentava bravamente sufocar. Em seguida, Kate se afastou definitivamente de Jack, mais irritada que antes. O sangue fervilhava em suas veias, por mais que ela se convencesse de que havia o superado, encontros como esse lhe mostravam o contrário.

Ele ainda mexia com ela. Mais do que ela imaginava e mais que ela queria. Por isso, seu ódio somente aumentava. Por mais que não quisesse e que escondesse seus sentimentos, ela continuava a se importar com ele. Contudo, não iria atender ao seu apelo. Era demasiadamente um absurdo, Jack estava completamente insano por ter sugerido essa proposta para ela depois de tudo o que eles haviam passado dentro e fora da ilha. Portanto, mais do que depressa, ela deu-lhe as costas. Kate estava irredutível, queria que ele a deixasse em paz de uma vez por todas.

Ao vê-la indo embora, Jack ficou inquieto, lágrimas corriam livremente pelo rosto dele enquanto Kate se afastava. Quando ela abriu a porta do carro, ele gritou, recorrendo a uma última tentativa em convencê-la:
-Nós temos que voltar, Kate!

Kate, que estava cabisbaixa, parou por um instante e levantou o olhar, com uma expressão indignada a ponto de lhe enrugar a têmpora. Em um gesto natural, balançou a cabeça afirmativamente e resolveu encará-lo uma última vez. No entanto, ela nada respondeu, entrando no carro e batendo a porta com força, sem olhar para trás, tentando sair dali o mais rápido possível, pois ela sabia que se demorasse, corria o risco de sentir tamanha pena dele que sucumbiria a sua súplica.

I should've turned around
I should've looked again

Eu deveria ter me virado
Eu deveria ter olhado de novo

Assim que ouviu o som do motor e, percebendo que ela havia dado a partida, ignorando o seu pedido, o desespero de Jack aumentou, fazendo com que ele gritasse ainda mais alto e firme:
-Nós temos que voltar!

And it's you, and it's you
And it's you, and it's you
And it's falling down, as you walk away
And it's on me now, as you go

E é você, é você
E é você, é você
E tudo está caindo enquanto você vai embora
E está tudo em cima de mim, enquanto você se vai

Em plena desolação, ele se permitiu chorar, até que avistou o carro de Kate em marcha ré. Ela freou o veículo de uma maneira brusca. Jack levantou o olhar, mas pelo o que ele conhecia do temperamento de Kate, prontamente sabia que ela iria retornar furiosa. Ele encolheu os ombros e a aguardou, já formulando em sua mente como lidaria com ela. Jack tentaria falar com Kate de modo mais calmo, visto que seus argumentos anteriores não conseguiram convencê-la do importante propósito que eles deveriam cumprir caso quisessem viver em paz e sem culpas. Todavia, ele mal teve tempo de pensar direito, Kate desceu do carro em disparada, sem ao menos fechar a porta.

Ela gritava, suas palavras soaram rudes como um estrondo, como se ela quisesse feri-lo pela perturbação que ele causara em sua vida. Seu cabelo outrora arrumado pareceu se rebelar, dançando contra o vento enquanto ela marchava em direção a Jack, gesticulando e falando ao mesmo tempo:
-Nós temos que voltar? Nós temos que voltar?
Ela parou diante dele, ficando cara a cara com Jack. Ele queria se justificar, mas sua voz saiu trêmula:
-Espere...
Kate não lhe permitiu dizer uma palavra, voltando a gritar descontroladamente:
-Quem você pensa que é? Você me liga toda a hora por dois dias seguidos, chapado com suas pílulas! E então você aparece aqui com um obituário para Jeremy Bentham?

Jack a olhava calado, movimentando o corpo discretamente. Kate estava com tanta raiva que lágrimas involuntárias deslizaram pelo seu rosto de modo que ela chorava ao mesmo tempo em que proferia o seu discurso aos berros. Jack abaixou a cabeça, deixando que ela descontasse todo o seu ódio sobre ele. Ela chacoalhava as mãos, seus braços adquiriam vida própria, mexendo-se sem parar, tentando controlar o jeito impetuoso com que ela falava. Jack a olhava quieto até que tentou inutilmente dizer alguma coisa, sendo interrompido imediatamente por ela. Mas desta vez ela mantinha um tom de voz mais baixo, após cultivar uma pequena pausa para respirar.
-Quando ele me procurou e eu ouvi o que ele tinha a dizer, soube que ele estava louco. Mas você... você acreditou nele.
Jack apenas meneou a cabeça positivamente, concordando com a afirmação.
-Sim.
-Ele, de todas as pessoas.

Kate declarava cinicamente, estreitando e apertando o olho como se quisesse demonstrar o quanto repudiava a atitude dele. Pelo fato de ter sido impedido anteriormente de argumentar, Jack decidiu contestar apressadamente, tentando se explicar:
-Sim Kate, eu o fiz porque ele disse que era a única maneira que eu poderia te manter a salvo... você e o Aaron.

As lágrimas que haviam escorrido pelo rosto de Kate agora deixavam um rastro molhado em sua bochecha, que refletia a luz do luar. Em um gesto abrupto, ela deu um tapa na cara de Jack. Ela queria acordá-lo de seu delírio e chamá-lo à razão. “Como ele tinha a audácia de dar uma desculpa esfarrapada daquelas, envolvendo o nome de Aaron ainda por cima, para manipular e fazer com que ela atendesse ao seu capricho? Com coisa que ele se importava com o menino” – ela pensou. O vento soprava ruidosamente contra os seus cabelos alisados. Jack baixou a cabeça e não a encarou.
-Não diga o nome dele – Kate deu uma pausa antes de continuar – Eu ainda tenho que explicar por que você não está lá para ler para ele, então não diga o nome dele!

Jack voltou a fitá-la, ele queria se justificar, mas não conseguiu, então simplesmente desviou o olhar, mirando ao redor para depois encará-la novamente. Ele suspirou:
-Desculpe-me.
Seus olhares se cruzaram, por um momento nenhum dos dois disse qualquer coisa. Um silêncio desconfortável invadiu a atmosfera, quando Kate enfim resolveu quebrá-lo:
-Passei os últimos três anos tentando esquecer todas as coisas horríveis que aconteceram no dia em que saímos da ilha. Como você se atreve a me pedir para voltar?

Kate estava de cabeça erguida e portava uma postura altiva enquanto discursava. Quem não a conhecesse diria que ela era uma mulher fria por conta de seu jeito glacial e arredio. Seus olhos mediram Jack dos pés à cabeça; Kate o enfrentava com um olhar ameaçador que transmitiu mais uma vez o recado de que era para ele manter distância definitivamente dela e de Aaron. Jack nada respondeu, mesmo com o juízo comprometido pelo seu estado de entorpecimento pelas drogas, ele havia entendido a mensagem: ela nunca o perdoaria. No momento em que ele saiu da casa dela, naquela noite após a discussão acalorada sobre a promessa que ela fez a Sawyer, Jack sabia que tinha ultrapassado o limite quando, por causa do seu ciúmes paranoico e de suas palavras ferozes, ele demonstrara que não era capaz de confiar nela. Às vezes palavras machucavam mais que qualquer outra atitude e com a conversa do “Você nem sequer é parente dele”, ele atingiu o ponto fraco de Kate: o relacionamento com Aaron.

Logo, ele preferiu não rebater, de nada adiantaria, ele perdera o direito de exigir qualquer coisa por parte dela. Além disso, Jack havia se diminuído tanto nos últimos meses que passou a permitir que as pessoas o ferissem, pois ele acreditava que deveria mesmo ser punido por todo o mal que infringiu aos seus amigos. Parado diante dela de forma estática, ele piscava nervosamente e a olhava calado. Parecia inerte, mas no fundo de seu olhar ainda residia uma fraca esperança de que, apesar dos protestos e do sermão por parte dela, ela recuaria e finalmente pensaria racionalmente no assunto de voltar à ilha.

Mas Kate estava mudada. Agora ela não era mais uma mulher perdida como a fugitiva que ele conheceu. Ela era mãe, possuía uma residência fixa e havia resolvido seus problemas com a justiça. Ela não abandonaria o patamar em que estava para simplesmente apoiar uma ideia maluca dele como sempre fizera, ainda mais em se tratando do ato insano de regressar a um lugar em que eles lutaram tão intensamente para sair.

Kate deu-lhe as costas, ignorando-o solenemente. Voltou para o carro, fechou a porta bruscamente e partiu. Seu veículo desapareceu na escuridão da noite. Jack continuou ali, como se seus pés tivessem criado raízes junto ao chão. Seus olhos estavam olhando para o horizonte, porém não se focavam em nada.

But oh, I'm staring at the mess I made
I 'm staring at the mess I made
I 'm staring at the mess I made
As you turn, you take your heart and walk away

Mas oh, eu estou olhando para a bagunça que fiz
Eu estou olhando para a bagunça que fiz
Eu estou olhando para a bagunça que fiz
Enquanto você se vira de costas, pega seu coração e vai embora

O vento gelado soprou agressivamente contra o seu rosto e ele decidiu mais uma vez regressar à funerária. Quem sabe se ao rever Locke ele teria alguma ideia de como poderia voltar à ilha. Locke. No fundo, apesar das divergências de crenças e opiniões, eles representavam lados opostos da mesma moeda. E morreriam sozinhos. Ninguém compareceu ao velório de John e provavelmente Jack sentia que teria o mesmo destino do careca. A diferença residia no fato de que ele faria o possível e o impossível para consertar o seu erro antes de acabar desse jeito e coroar a sua ruína. Seria difícil sem ela por perto, por hora ele não conseguia nem imaginar. Enquanto dirigia, sua mente fervilhava e ele se questionava se Kate havia algum dia o amado de verdade. Ele realmente não sabia. A única certeza que ele tinha no momento era que ele a havia perdido. Definitivamente.


Fim.







quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fic: Her heart was in the right place - Cap 8 (final)

Capítulo 8 (final)

A audiência judicial de Kate durou dois dias. No primeiro dia, o juiz ouviu os depoimentos de metade das testemunhas, fazendo um recesso até o dia seguinte, em que compareceram as demais pessoas envolvidas no caso. Foram longos e exaustivos dias para Kate. Nervosa pelo destino incerto, ela não parava quieta, deixando Jack extremamente preocupado. Ele tentava a todo custo acalmá-la, o que era uma tarefa impossível.

Todos os amigos que saíram da ilha vieram depor: Miles, Sawyer, Lapidus, Richard e Claire. Desmond também prestou depoimento, assim como Jack. Duncan trabalhou duro na defesa de Kate, pesquisando brechas na lei e tentando acordos que minimizassem a pena de sua cliente. Ele conseguiu livrar Kate de cumprir a pena em regime fechado, mas o fato de ela ter violado a condicional não pôde passar incólume.

-Kate, eu tentei de tudo, mas o máximo que lhe foi permitido é cumprir prisão domiciliar, sujeita a usar um dispositivo eletrônico com sensor no tornozelo.

-Quer dizer que não vou poder sair de casa?

-Mais ou menos isso. Eles determinam o perímetro, caso você ultrapasse os metros permitidos, o sensor apita e aí não há escapatória, vai direto para a prisão.

-No estado em que estou, e se precisar ir ao médico?

-É necessário avisar com antecedência o oficial da polícia para obter autorização, assim como na condicional, em que eles te monitoravam.

-Ok, Duncan. Vai ser difícil, mas estou disposta a aceitar. Desta vez, prometo que vou cumprir a ordem direito. Obrigada!

Uma semana depois...

Kate preparava o jantar quando Jack abriu a porta.

-Hei.

-Hei.

Ela o observava, Jack estava sério.

-E então, como foi?

De repente, ele abriu um lindo sorriso para ela, se aproximando e envolvendo os braços ao redor de sua cintura.

-Eu consegui. O emprego é meu.

Kate o puxou para um abraço apertado e na ponta dos pés, alcançou os seus lábios e lhe deu um beijo delicioso.

-Que bom, Jack, eu sabia que tudo daria certo, estava torcendo por você!

Jack acabara de chegar de uma entrevista em um hospital de prestígio. Embora ele tenha ficado afastado da medicina por alguns meses, o seu histórico profissional era excelente, apesar de ele te sido suspenso do San Sebastian por conta do seu vicio no passado. Conversou com o diretor, que se simpatizou com ele e ficou impressionado com o seu currículo conceituado. O homem decidiu contratá-lo.

Após tomar um banho, Jack entrou no quarto e viu Kate deitada na cama. Ele caminhou vagarosamente para não incomodá-la.

-Eu não estou dormindo, Jack. – Kate sussurrou no escuro com um sorriso, estendendo-lhe os braços.

Jack veio em sua direção e sentou-se na cama ao seu lado, com um olhar zeloso.

-Você está se sentindo bem?

-Estou sim, exceto por uma dor nas pernas que está me atazanando. Deitei aqui para esticá-las um pouco enquanto te espero para jantar.

-Quer que eu te faça uma massagem?

-Adoraria...

Jack despejou uma quantidade de creme nas mãos e começou a espalhar inicialmente no tornozelo esquerdo e no peito do pé. Acariciava lentamente, tocando sua pele alva e macia, comprimindo a palma da mão sobre a região. Fez o mesmo com o outro pé, mas pulou o dispositivo eletrônico colocado no tornozelo direito. Jack subiu a mão e chegou à batata da perna. Kate fechava os olhos somente sentindo o frescor do toque aveludado dele. Jack deslizava as mãos e apertava carinhosamente a carne, seus dedos agora se concentravam na parte interna do joelho.

Kate começou a estremecer e se mostrar impaciente, aquela massagem estava lhe despertando desejos eróticos. A visão daquelas pernas torneadas era tentadora para Jack. Com a mão aberta, ele se dirigiu para as coxas e alisou a pele bem devagar, acariciando cada centímetro.

-Jack... – Kate sussurrava.

-Sim?

-Estou com desejo.

-Desejo? O que você quer?

-Você.

Ela mordiscava os próprios lábios e olhava para ele sensualmente, o verde de seus olhos brilhava com uma cor ainda mais vibrante. A gravidez a deixava com a libido aguçada, Jack prontamente resolveu atender ao seu olhar pedinte, ajudando-a a retirar a roupa. Ele também ansiava por ela e com delicadeza, começou a tocar os seus seios que estavam mais fartos por conta de seu estado. Em seguida, Jack substituiu as mãos pela boca, sua língua desenvolta passeava pelo bico intumescido, a língua titilando nos mamilos em movimentos circulares.

Depois, seus lábios alcançaram o espaço entre os seios, deslizando por suas curvas até voltarem para os mamilos rosados, sugando-os velozmente. Segundos depois, suas mãos voltaram a se ocupar, descendo pelos quadris até onde as pernas se juntavam, quando seus dedos atingiram o centro dela, massageando-o habilmente. Ela estava de olhos fechados, apenas sentindo o prazer que ele lhe proporcionava.

Mais tarde, Kate também quis tocá-lo, percorrendo o corpo dele com suas mãos de fada, envolvendo o membro de Jack e alisando-o gentilmente. Após as carícias, ambos estavam mais que prontos; dessa forma, Jack a cobriu com o seu corpo, penetrando-a com todo o cuidado que conseguiu reunir, sempre se certificando se ela estava se sentindo confortável naquela posição.

Eles se entregaram ao calor da paixão e depois de concluírem o sexo, ficaram na cama deitados por uns instantes, até decidirem finalmente jantar.

Aquela foi uma noite muito agradável. Jantaram, conversaram, ajeitaram as louças na cozinha, descansaram e então, voltaram a namorar. Jack e Kate fizeram amor até o amanhecer, até jazerem na cama com o apetite sexual saciado até a alma. Completamente em paz e com pernas e braços entrelaçados, eles caíram em sono profundo.

Meses depois...

A barriga de Kate estava volumosa, indicando que a sua gravidez estava na reta final. Apesar das reclamações dela por ter que ficar limitada à região do condomínio por conta de sua prisão domiciliar, eles estavam muito felizes e ocupados com a chegada próxima do primeiro filho.

Claire foi fazer uma visita à Kate e por tabela, ajudá-la a ajeitar as coisas em casa, pois a sardenta não estava mais conseguindo nem se abaixar direito de tanto incômodo. Claire tinha voltado da lavanderia e trazia uma pilha de roupas, quando procurou por Kate dentro do apartamento. Não estava na sala, nem na cozinha. Claire foi para o quarto do casal e encontrou Kate deitada na cama, com uma expressão de dor.

-Kate, o que foi?

-Ai Claire, estou sentindo muita dor. Umas pontadas...

-Santo Deus, será que está na hora?

-Não sei... Só sei que a bolsa estourou há alguns minutos.

-Vou ligar para o meu irmão para vir correndo aqui.

-Isso, Claire, faça esse favor para mim. Ah, ligue também para o oficial da polícia, tenho que pedir autorização para ir ao hospital.

-Pode deixar.

Claire avisou os interessados e ficou ao lado de Kate. As contrações surgiam de tempos em tempos. As horas se passavam e nada dos homens chegarem.

-Nossa, como estão demorando!

-Acalme-se, Kate, eles vão chegar.

Justamente era a hora que havia mais trânsito em LA. Para piorar, ventos fortes atingiam a cidade, deixando a população em estado de alerta.

As contrações se tornaram intensas, Claire estava nervosa, pois percebeu que se ninguém conseguisse chegar, ela mesma teria que fazer o parto.

-Por favor, Claire, tente localizar o Jack!

-Estou ligando para ele, Kate, mas o telefone só cai na caixa postal. Ele deve estar a caminho, por isso não atende.

-Droga!

Kate rangia os dentes e apertava o travesseiro com as unhas, a dor era constante. Claire insistiu até que finalmente Jack atendeu.

-Jack? Onde você está?

-Estou chegando. O trânsito está um inferno porque eles fecharam as avenidas principais de acesso, bloquearam tudo por causa da ameaça de tornado. Como está a Kate?

-Sofrendo, as contrações estão fortes.

-Claire, preste atenção no intervalo das contrações. Se elas vierem regularmente a cada dois minutos, o parto terá início. Por favor, diga a Kate que estou indo.

Claire colocou travesseiros nas costas de Kate para que ela ficasse mais confortável.

-Cadê o Jack?

-Ele está a caminho, Kate, fique calma.

Jack se apressou o máximo que pôde, abrindo a porta do apartamento correndo e indo em direção ao quarto, mas quando entrou no recinto, notou que as contrações apresentavam intervalo mínimo, realmente o bebê iria nascer e não daria tempo de ir ao hospital, ainda mais com o caos da cidade. Acrescente-se a isso o fato de que o oficial da polícia não ter conseguido chegar ainda, não sendo permitido que ela saísse sem autorização.

-Kate? Hei, como você está?

-Jack, graças a Deus, você está aqui! As contrações... elas não param de vir... e são horríveis!

Ela estava deitada na cama, banhada de suor enquanto respirava com dificuldade e gemia quando ele se aproximou:

-Está tudo bem, querida. Faremos isso juntos.

Lavou as mãos e apanhou várias toalhas. Claire segurava a mão de Kate, que se contorcia de dor.

-Faça parar...por favor...Ai Deus...oh...sinto que está vindo!

Jack preparou-se às pressas e tomou a sua posição.

-Vamos nessa.

Ele não quis demonstrar, mas estava nervoso. Não era uma paciente qualquer, era Kate. Ele iria fazer o parto de seu próprio filho. Para espantar o desespero, Jack contou até cinco mentalmente.

Kate dobrou os joelhos e abriu bem as pernas para facilitar a saída do bebê, dava para ver somente um pouquinho da cabeça, coberta de sangue e cabelo escuro.

-Empurre, vá em frente...posso ver...empurre!

Ele a encorajava; parecia que com os movimentos, a coisa havia evoluído para depois recuar. Ela fez um esforço e a parte que se podia ver era mais notável. Kate gritava desesperada a cada nova contração, Jack posicionou as pernas dela de um jeito que ela pudesse fazer mais força. As dores que sentia não lhe davam trégua, ela descansava uns segundos para tomar fôlego e continuar empurrando.

-Não dá, não consigo!

Ele percebeu que ela estava ficando apavorada e descontrolada, por isso, segurou as pernas dela e falou de maneira incentivadora:

-Vamos, Kate, está quase...vamos, agora! Empurre!

A cabeça avançou mais um pouco.

-Você precisa fazer mais força, o máximo que puder!

Quando vinham as contrações, ele colocava a mão em sua barriga, fazendo leve pressão, apertando e apertando, comprimindo para ajudar a liberar o bebê.

-Vamos, querida. Empurre de novo. Claire, pode me ajudar? Segure-a de um jeito firme.

Claire inclinava-se sobre ela, imobilizando-a com todo o seu peso e força.

-Isso mesmo, devagar, devagar... – Jack instruía.

Ele forçava mais as pernas dela para que comprimissem a barriga. Então, a cabeça do bebê avançou lentamente e enquanto ele a apoiava em suas mãos, um choro alto invadiu o quarto.

-Já nasceu? – Kate balbuciava.

-Empurre de novo! Só mais um pouco.

Quando o bebê mudou de posição, um dos braços ficou preso, mas a força que Kate empregou fez com que ele conseguisse soltá-lo. No momento seguinte, Jack apanhou o resto do corpo, amparando o bebê com uma toalha limpa. Jack limpou a boca e o nariz do recém nascido, segurando-o com zelo, examinando-o e observando-o atentamente. Era um lindo menino que chorava assustado. Jack agora podia sentir o próprio suor misturado a lágrimas, ele estava tão tenso que nem percebera que estava chorando de emoção.

Jack cuidadosamente cortou o cordão umbilical e a placenta saíra cerca de vinte minutos depois, a partir de mais algumas contrações. Claire estava segurando o bebê, enquanto Jack se ocupava em voltar a sua atenção à Kate. Ele apertava a barriga dela para que ela parasse de sangrar. Kate gemia de dor, ele massageava a sua região abdominal até que o sangramento diminuiu e foi cessando.

Claire entregou o bebê a Kate para que ela o visse. Apesar da fraqueza, ela sorriu, quase não acreditando no que acabou de acontecer. Kate ergueu os olhos para Jack agradecidamente e depois voltou a olhar o recém nascido.

-Ele é tão lindo!

Jack secava a testa dela delicadamente com a toalha, em seguida, depositou um beijo no topo de sua cabeça e ambos ficaram admirando o bebê que acabaram de trazer ao mundo. Lágrimas emocionadas escorriam pela face de Kate e Jack olhava para o filho de forma orgulhosa.

Após todo o transtorno da situação do parto de emergência, o interfone tocou: finalmente o oficial chegou, liberando Kate para ir ao hospital. Chegando ao local, fizeram os exames necessários e estava tudo ok com o bebê e com a mãe.

Kate repousava no leito do hospital enquanto Jack segurava o bebê, apoiando a sua cabecinha na palma da mão, observando de um jeito todo “coruja” o filho, com os olhos brilhando e com um sorriso bobo na face.

-Agora me lembrei de uma conversa que tive com o meu pai anos atrás. Ele tinha acabado de me dar um relógio que foi do meu avô e me aconselhou do nada que se algum dia eu tivesse um filho, deveria ser mais presente na vida dele, um pai melhor que ele foi para mim.

-E o que você respondeu?

-Eu não levei muito a sério, falei que não era para ele me pressionar. No fundo, não acreditava que seria pai um dia e veja só...agora estou segurando esse garotão nos meus braços. Kate?

-O que?

-Obrigado. Acho que com a correria que vivemos nos últimos meses, nunca cheguei a te agradecer com todas as palavras. Obrigado. Por ter me salvado, por ter me apoiado durante todos esses anos e por ter voltado à ilha por mim, embora eu continue achando que foi uma enorme loucura e risco.

Sentando-se ao lado dela na beirada da cama, Jack a fitou com o seu olhar terno e carinhoso de costume, continuando a dizer:

-Obrigado por ser a minha mulher. Aliás, precisamos oficializar a nossa união de uma vez por todas!

-Depois de tantos empecilhos, Jack, tudo o que quero é ficar junto a ti, para sempre, independentemente de qualquer formalidade.

-Mas...você ainda quer se casar comigo, não quer?

-Sim, claro que quero, sim!

-Kate... Mais uma coisa... Precisamos dar um nome para ele.

-David.

-David? Decidiu agora ou já faz um tempo?

-Não sei, esse nome me veio à cabeça... Você não gosta?

-Gosto sim. David Austen Shephard. É, soa bonito.

Os dois riram diante das brincadeiras. Eles nem acreditavam que depois de passarem por tantos obstáculos, experimentavam no momento uma paz como nunca haviam vivenciado em suas vidas conturbadas. Jack entregou o bebê para os braços de Kate, ele teria que resolver algumas burocracias no hospital, mas antes de sair do quarto, deu-lhe um beijo apaixonado e disse:

-Kate?

-Jack?

-Eu te amo!

Kate olhou para Jack com um sorriso largo no rosto, envolvendo a mãozinha do bebê entre os dedos e balançando-a como se fosse gesticular um tchau para ele, respondendo:

-Eu te amo! Nós te amamos!

FIM