terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fic: No verbal copulation

Ship: Jate
Categoria: 4ª temporada, AI, Smut
Advertência: Contém cena de sexo
Capítulos: one-shot
Classificação: NC-17
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Descrição de um jex
N/A: O título da fic é um trocadilho. “No verbal” porque não usei verbos, somente substantivos, adjetivos, etc, para descrever as ações. Tentem, por meio das palavras soltas, imaginar as características, gestos e ações de cada um. Fic faz parte do projeto “Os 5 sentidos”


Olhos verdes. Olhos castanho-esverdeados. Brilho. Pupilas saltitantes. Desejo. Boca rosada. Lábios rachados. Língua. Saliva. Hálito. Gosto. Mordidas. Lábio inferior.

Sofá. Mãos. Rosto. Dedos. Cachos. Beijo. Orelha. Pescoço. Fungada. Botões. Camisa. Gravata e paletó. Mãos macias. Zíper. Calça social. Boxer. Peças masculinas de vestuário ao chão.

Mãos fortes. Pernas. Bainha do vestido. Calcinha de renda. Calcinha na altura do joelho e depois, nos pés. Calcinha sob a mesa de centro. Zíper nas costas. Dedos. Alças. Ombros. Peça de roupa no tapete. Olhos de cobiça. Beijo molhado. Calor.

Bojo. Armação de arame. Seios levantados. Beijos no vão entre os seios. Colchetes. Alças. Ombros. Peito livre. Apertos. Sucção. Lambidas. Olhos fechados. Mordiscadas. Língua. Barriga. Interrupção.

Dois. Em pé. Mãos entrelaçadas. Pausa. Parede. Pressão. Corpo a corpo. Mão sobre mão. Mãos acima da cabeça. Beijos intensos. Braços ao redor do pescoço. Colo. Mãos na polpa do bunda. Contato visual.

Degraus. Gargalhadas. Corredor. Corridinha. Porta. Chute. Estrondo. Risos. Cama.

Beijos. Mais beijos. Corpo sobre corpo. Mãos delicadas. Músculos torneados. Tatuagens. Dorso. Bumbum. Aperto. Risadinhas. Olhos tímidos. Olhos de luxúria. Pernas misturadas. Carícias. Mãos entre coxas. Púbis. Um dedo longo. Um suspiro. Pequenos lábios. Contorno. Clitóris. Bacia arqueada. Calcanhares acima e abaixo, no colchão. Mais um dedo. Gemidos. Umidade.

Pausa. Reclamação. Mãos agora na parte superior. Mamilos. Pêlos eriçados. Pinceladas. Bicos duros.

Esfregação. Membro enrijecido. Súplicas. Pernas dobradas. Corpo no meio das pernas. Posição. Abertura. Vulva. Entrada. Ponta do pênis. Estocada. Metade. Grito. Tremor. Outra estocada. Inteiro. Púbis contra púbis. Murmúrios de excitação.

Ritmo. Sincronia. Unhas pintadas de vermelho. Dorso. Arranhões. Beijos lânguidos. Boca no pescoço. Chupão. Um abraço com as pernas. Aperto.

Velocidade frenética. Sussurros. Suor. Lençóis bagunçados. Tesão. Barulho do ferro da cama. Prazer. Gemidos de mulher. Grunhidos masculinos. Fluidos. Peles grudadas. Cabelos desgrenhados. Ápice. Êxtase. Orgasmo. Dormência. Percepção. Sêmen. Gozo. Alívio.

Respiração sôfrega. Peito ofegante. Silhuetas lado a lado. Olhos verdes. Olhos castanho-esverdeados. Olho no olho. Risos. Silêncio.

Aconchego. Abraço. Braço esquerdo dele ao redor do ombro dela. Cabeça encostada. Mãos de veludo sob o peito nu.

Conversas triviais. Palavras espaçadas. Pálpebras pesadas. Quietude. Sono. Olhos verdes fechados. Olhos castanho-esverdeados no teto escuro. Calmaria. Sorriso satisfeito. Bocejo. Paz. Amor. Olhos relutantes, porém, finalmente fechados.

Fim.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fic: Visita de Família

Ship: Jate
Categoria: 4ª temporada, na época do ep 4x10 (SNBH), AI
Advertência: Contém cena ousada, mas não chega a ser explícita
Capítulos: one-shot
Classificação: PG-13
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Jack leva Kate para visitar e conhecer o seu avô
N/A: O avô do Jack aparece somente na 5ª temporada, mas ele cita que Jack o visitou na companhia de Kate antes, ou seja, na época em que estavam juntos.


Jack estava de folga. Depois de uma semana bastante conturbada no hospital, com plantões intermináveis e cirurgias que duravam longas horas, ele finalmente estaria em casa. E o melhor: ao lado dela.

Ele amava a sua profissão e sempre foi workaholic, antes não se importava em passar a maior parte de sua vida concentrado ao máximo em seus pacientes. Mas agora era diferente, ele tinha vontade de ir para casa. Ele tinha para quem voltar.

Enquanto esteve casado com Sarah, ele não sentia essa ânsia em ter uma família. A medicina era mais importante que o seu casamento. No entanto, com Kate era diferente. Claro que ele continuava sendo um médico obstinado, mas tinha baixado consideravelmente o seu ritmo de trabalho para poder se dedicar a ela, a eles.

Eles tinham atingido um grande passo no relacionamento deles, estavam noivos. A cabeça de Jack estava cheia, além do compromisso com Kate e dos problemas do hospital, aquela visita que fez a Hurley o deixou preocupado. O que ele quis dizer com “Alguém irá te visitar em breve”? Jack ficou intrigado com o jeito sombrio do amigo. Porém, justamente agora que estava feliz, não queria pensar muito nisso, Hurley estava internado em um hospital psiquiátrico, com certeza as medicações que tomava o deixavam com alucinações. Ele não deveria levar tão a sério aquilo. Contudo, a sua insegurança, ainda mais no que se refere a ser um bom pai ao cuidar de Aaron, martela no seu interior, o perturbando por alguns momentos.

Kate já estava reclamando de que ele andava muito ocupado e sem tempo para ela. Quando soube que Jack iria ter um dia livre, tratou logo em arranjar alguém para cuidar de Aaron durante algumas horas. Não que o menino fosse um estorvo, pelo contrário, ela o amava demais como se fosse realmente a sua mãe. Porém, queria passar um período a sós com Jack, estava com saudades e eles precisavam namorar um pouquinho.

Eles estavam na sala. A TV estava ligada para as paredes, Jack e Kate não conseguiam prestar atenção em nada a não ser neles mesmos. Pareciam dois adolescentes, tamanho fogo que corria pelas veias enquanto se amassavam no sofá. Nem fizeram planos direito para o dia, a única coisa que interessava é que estivessem na companhia um do outro.

Sem quebrar o beijo, as mãos de Jack pareciam ter vida própria ao tatear a pele por debaixo da blusa de Kate. Ela, por sua vez, já subia a camiseta dele. Jack retirou a peça pela cabeça e ficou com o peito desnudo. Kate o observava, era incrível como vê-lo sem camisa a deixava louca de desejo. Jack aprofundou o beijo, passeando com a língua afoita dentro da boca dela. Kate também se livrou da blusinha, ficando somente de sutiã. As carícias mútuas se intensificavam, Jack beijava o pescoço de Kate, depois foi descendo os lábios e roçando por entre os seios. Quando estava prestes a retirar a lingerie, o celular dele tocou.
-Merda!
-Não atenda Jack. Por favor...
Kate suplicava e continuava a beijá-lo. Jack correspondia o beijo, mas o seu senso de responsabilidade falou mais alto.
-E se for importante? Uma emergência?
-Eu sou a sua emergência por hoje, vou ter um ataque cardíaco se não fizermos amor agora mesmo!
-Kate...
Eles voltaram a se beijar ainda mais intensamente. Depois de tocar durante um tempo, o telefone parou. Porém, segundos mais tarde, o barulho irritante voltou a soar.
-Ai, não acredito, de novo?
Kate se estressou com tanta interrupção bem naquela hora H.
-Sinto muito, amor, vou ter que atender.
Os dois se desvencilharam e Jack atendeu a ligação.
-Alô?

Ele ouvia com atenção. Levantou-se do sofá e andava pela sala, até que passou a mão pelo cabelo. Por causa do gesto, Kate deduziu que era alguma coisa séria, Jack costumava ter esse tique quando uma situação o preocupava.
-Sim, eu entendo. Pode deixar, vou até aí agora mesmo.
Kate não gostou nada da conversa. Mas será possível que nunca teriam um tempo para eles? Sempre alguém tinha que interrompê-los?

Jack desligou o telefone bastante aborrecido.
-O que foi?
-Ligaram da casa de repouso. É o meu avô.
-Aconteceu alguma coisa com ele?
-Mais uma vez tentou fugir de lá. O velho Ray não tem jeito, é pior que criança. Parece que ele deu um trabalhão para os enfermeiros, você acredita que ele escalou o muro e pulou?
-Ai meu Deus, e aí?
-Como ele não tem mais idade para tal travessura, se espatifou no chão. Por sorte, não bateu a cabeça, apenas fraturou o braço e machucou a perna. Kate, me desculpa, mas vou ter que dar um pulo por lá para vê-lo.
-Tudo bem, eu compreendo. Posso ir junto?
Ele se surpreendeu com a disposição dela.
-Você não precisa ir se não quiser. Não é agradável, você sabe, pessoa idosa tem as suas manias, vive reclamando de tudo e todos, meu avô não é diferente. Se você não quiser se aborrecer, fique aqui em casa.
-Não, eu vou com você.
-Sinto muito mesmo, Kate, isso não estava nos planos.
-O que importa é que eu esteja ao seu lado. Pelo menos, te acompanhando, vamos poder passar o dia juntos.
-Embora o passeio não seja nada divertido...
-Jack, ele é da sua família. E tudo o que diz respeito a você me interessa.

Ela depositou um beijo suave em seus lábios. Depois, ambos se recomporam e se aprontaram para sair.

Após alguns minutos, chegaram ao asilo. Era um lugar espaçoso, com um vasto jardim na entrada. Alguns velhinhos tomavam sol nos bancos espalhados, outros conversavam perto da entrada principal.

Kate e Jack andavam de mãos dadas em direção a sede, para saber informações sobre Ray.
-Só espero que ele goste de mim.
-Claro que vai gostar, quem é que não gosta de uma mulher encantadora como você?
-A sua mãe. Ela não vai com a minha cara.
-Kate, isso é bobagem.
-Não, é verdade. Quando você nos apresentou logo que voltamos ao “mundo real”, ela foi bastante educada. Mas da outra vez em que nos encontramos, quando já estávamos juntos, ela não fez uma cara muito amigável. Com certeza, ela acha que o filho merece alguém melhor que uma ex-fugitiva em liberdade condicional.
-Kate, ela não me disse nada disso. É coisa de sogra e nora, as mães costumam sentir ciúmes dos filhos. Se te serve de consolo, minha mãe nunca gostou muito das minhas namoradas, nem mesmo da minha ex-mulher.
-Se nem com as outras ela simpatizou-se, imagine comigo?
Jack parou de andar e olhou para ela bem nos olhos. Deu um sorriso tímido e depois respondeu:
-Você não tem que se preocupar com ninguém da minha família. Quem tem que te aceitar sou eu, afinal, quem é que vai se casar com você?

Kate se desmanchou com essas palavras. Era incrível como Jack procurava sempre protegê-la das outras pessoas. Por conta disso, ela se sentia tão segura ao lado dele e era algo reconfortante. Definitivamente esse era o homem com o qual ela queria passar o resto da vida junto. A sua nobreza, o seu caráter e humanidade eram características que a fascinaram desde o dia em que ela o conheceu, anos atrás, naquela ilha maluca. Agradecia todos os dias por não ter fugido na praia, quando ele pediu para que ela o costurasse. Talvez fosse seu instinto. Ela não sabia explicar como ele tinha conseguido convencê-la de imediato. A sua reação natural seria tentar se livrar do problema, correndo e arranjando alguém para ajudá-lo. Mas não, sem hesitar muito, ela prontamente se dispôs a costurá-lo. E por mais que ela tentasse não concordar com ele em alguma coisa, no final, sempre acabava cedendo e ficando ao lado dele. Era típico de Jack, ele lhe inspirava confiança.

Jack falava com o médico de plantão do local, que lhe contava sobre o estado de saúde de seu avô. Após se inteirar da situação, ele perguntou sobre o paradeiro do velho. Ray estava no auditório, assistindo a uma palestra. Jack se aproximou devagar e chamou o nome dele baixinho.
-Ray?
-Hei garoto!
O rosto do velho se iluminou ao ver o neto. Jack ajudou o avô a se levantar da cadeira. Ray mancava um pouco por causa da queda e tinha o braço esquerdo enfaixado. Eles se abraçaram e Jack deu um tapinha nas costas de Ray.
-Tudo bem se sairmos daqui um instante para conversar?
-Sem problemas, essa apresentação está um porre de tão chata! Não aguento mais ficar aqui neste lugar, toda a semana tem essas palestras maçantes ou então números de mágica idiotas. Já decorei todo o repertório.

O velho falava sem parar enquanto os dois saíam do auditório. Só parou quando viu Kate se aproximar.
-Hum, quem é a moça?
-Vovô, quero te apresentar. Essa é a Kate.
Kate estendeu a mão para cumprimentá-lo, sorrindo para ele.
-Muito prazer, Kate.
Voltando-se para Jack, ele falou:
-Ela é muito bonita.
-É, é sim.
-Muito obrigada, é um prazer conhecer o avô do Jack. Tudo bem com o senhor?
-Melhor agora. Não é todo o dia que vejo uma moça tão graciosa neste lugar horrível!
-Vovô! Não é tão ruim assim.
-Ah é, experimenta passar uns dias por aqui. Aposto que vai mudar de ideia rapidinho.
-Está certo, Ray, não vamos discutir.
Enquanto caminhavam em direção ao quarto dele, Ray fazia uma expressão confusa. Jack percebeu a inquietação do velho e perguntou:
-O senhor está se sentindo bem?
-Sim, somente um pouco machucado.
Aproximando-se de Jack, cochichou em seu ouvido:
-Explica uma coisa, criança. Pensei que a sua namorada fosse loira.
-Vovô, aquela era a Sarah, minha ex-mulher.
-Ex-mulher? Você se casou?
-Não se lembra? O senhor foi até no casamento.
-Fui? Ah, é mesmo, agora me lembrei. Foi naquele hotel chique. Desculpa o seu avô, a minha memória às vezes falha por conta da idade.

Apesar de falarem baixinho, Kate ouviu boa parte da conversa. Ela achou engraçado o jeito todo embaraçoso de Ray. No fundo era boa pessoa.

Jack observava as acomodações do quarto. Era adequado e adaptado para pessoas de idade. A mala de Ray se encontrava em uma cadeira, Jack tratou logo de retirar os pertences e colocá-los de volta no armário.
-O senhor não tem jeito mesmo, hein? Sempre aprontando. Mas que teimosia!
-Olha só quem fala!
Kate gracejava.
-Agora sei da onde vem a teimosia do Jack. Ele então puxou isso do senhor?
-Isso está intrínseco na família Shephard. É herança, passa de pai para filho, está no sangue. O meu filho Christian também era, o Jack é. Provavelmente o filho de vocês também será.

Jack corou a face ao ouvir a observação indiscreta do seu avô. Ele se sentia sem graça quando o velho soltava essa conversa sobre família. Esse era um assunto desconfortável para Jack. Seu pai era reservado e frio, acabou criando o filho da mesma maneira, de modo que eles em casa não costumavam compartilhar lembranças do passado ou falar sobre momentos familiares. Porém, ao contrário de Christian, Ray se empolgava contando fatos da infância do neto.

Kate dava risada, estava adorando o clima familiar. Como há tempos não se dava bem com a mãe e odiava o verdadeiro pai (não à toa, o mandou pelos ares, explodindo a própria casa deles), pela primeira vez se sentia incluída. Ray a conhecia há apenas algumas horas e já a tratava como um membro da família Shephard. Não bastasse a vergonha por ouvir o relato de suas peripécias quando pequeno, Jack ficou mais vermelho quando Ray acrescentou:
-Quando você vai me dar um bisneto? Estou bastante velho e não vou durar muito tempo.
Olhando para Kate, ele continuou:
-Nossa, que crianças lindas vocês terão!
-Vovô!
-Traga-os para me visitar, garoto. Até imagino um menino de cabelo pretinho, olhos esverdeados e cheio de sardas. Ou uma lindinha com os cachinhos soltos, como ela!
Os olhos de Kate se iluminaram somente por ouvir o futuro que Ray desejava para eles. Lá no fundo de seu coração, ela realmente sonhava construir uma família com Jack. Sorria encantada, a tarde estava sendo bem agradável, mas Kate não via a hora de voltar para a casa e se empenhar para que esse sonho se transformasse em realidade.
-Não deixe-o te enrolar, minha filha. Exija casamento.
-Na verdade, ele já me propôs. Estamos noivos.
-Meus parabéns!
Ray deu um abraço sincero em Kate e Jack.
-Eu quero ir a esse casamento.
-Pode deixar, faço questão de convidar o senhor.
-Está ficando tarde, o horário de visitas está quase acabando. Vou até o banheiro e depois já vamos, ok?
Jack se retirou por um momento do quarto. Enquanto isso, Ray aproveitou para trocar umas palavras com Kate.
-Ele é assim mesmo, fica tímido, não gosta que fale muito sobre a vida dele. Estou muito feliz em te conhecer. Não pude deixar de notar o quanto meu neto está bem. Jack está radiante e creio que é você a responsável por isso. Ele tem um brilho no olhar, nunca o vi tão feliz quanto agora.
-Eu também estou muito feliz. Não tenho nem palavras para descrever tudo o que Jack representa para mim. Desde que o conheci, minha vida mudou totalmente. Para melhor, é claro!

Jack voltou para o quarto e se despediu do avô:
-Bem, vovô, está na hora. Temos que ir, mas prometo ao senhor que voltarei mais vezes para te visitar. E vê se toma juízo, hein, por favor! Pare de querer fugir.
-Isso, menino, volte mais, não me deixe aqui jogado às traças neste lugar. E você, volte também querida.
Kate deu um beijo em sua bochecha.
-Foi um prazer conhecer o senhor. Fique bonzinho, é bom que esteja aqui, caso contrário, como iremos encontrar o senhor para convidá-lo para o nosso casamento?
Ray sorriu de forma serena. A visita dos dois o deixou bem mais calmo e menos entediado. Ele tinha ficado muito contente em rever o neto, ainda mais pelo fato de Jack estar tão alegre.

Jack e Kate voltaram para a casa. Ao chegarem, descansaram uns minutos, aproveitando esse tempo para conversarem.
-Kate, me desculpa pelo meu avô, ele...não mede as palavras, vai falando um monte de besteiras que lhe vêm ao pensamento.
-Está brincando? Eu o adorei! Achei-o tão espontâneo! Ele sente um enorme carinho por você.
-Eu o amo, apesar da trabalheira que ele me dá.
-Jack?
-Sim?
-Ainda temos tempo. Que tal aproveitarmos o resto do dia e retomarmos o que estávamos fazendo antes de sairmos?
-Excelente ideia.

Eles se beijaram com volúpia, famintos para se consumirem com voracidade, estavam com saudade imensa um do outro, apesar de estarem morando juntos, não era sempre que Jack estava de folga e Aaron não estava na casa, fazendo com que corressem o risco do garoto atrapalhar a transa com o seu choro em horas impróprias. Portanto, mais do que depressa, se despiram, largando as roupas pelo caminho enquanto subiam os degraus em direção ao quarto, sem pararem os beijos.

Só que desta vez, Jack desligou o celular e o jogou ao longe. Não queriam ser interrompidos por nada deste mundo. Quem sabe o sonho do velho pudesse se concretizar? Jack achava que não seria um bom pai, mas mesmo não admitindo, no fundo ele bem que almejava esse sonho. Ao lado de Kate, sentia que tudo poderia ser possível.

FIM.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Fic: Por detrás das frestas

Ship: Mevi
Categoria: Actor fic, AU, Smut
Advertência: Contém cena de sexo
Capítulos: one-shot
Classificação: NC-17
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Um escândalo acontece na vida de Matt e Evi, após serem filmados praticando atos nada inocentes.


Evi dorme tranquilamente debaixo do cobertor quentinho, quando de repente acorda com o barulho do toque de seu celular. Com voz sonolenta, atende:
-Alô?
-Evi?
-Matt? O que foi, já está com saudades?
-Foi você que fez isso?
Ele estava bravo, seu tom de voz era enérgico, havia um nervosismo enquanto ele falava.
-Fiz o que?
-Vai me dizer que não sabe?
-Sabe do que? Matt, o que está acontecendo?
Um breve silêncio se fez do outro lado da linha, até que ele respondeu:
-O vídeo
-Que vídeo? Matt, você bebeu?
-You Tube. Acesse e veja.
Evi quase o mandou para aquele lugar. Ele liga todo estressado, tarde da noite, falando coisas desconexas e ainda mandando-a ver um vídeo? Mas que merda era aquela? Mesmo contrariada, resolveu pegar o laptop e entrar no site. Então, ela viu. O seu queixo caiu e seu olho ficou dilatado. Evi tapou a boca com as mãos, estupefata com as imagens.
-Mas...como? Matt, o que é isso?
-Eu é que te pergunto, Evi.

Horas antes...

Era o meio da tarde, mas o expediente de Evangeline nas filmagens estava acabado. Ela tinha começado cedo, lá pelas cinco horas da manhã já estava gravando. Até que foi um dia mais leve, não teve que repetir tantas tomadas e tudo tinha corrido bem. Ela se despediu dos colegas de elenco, pegou seus pertences e rumou em direção ao estacionamento. No caminho, seu celular tocou. O coração dela saltitou quando leu o nome dele no identificador de chamada.
-Hei!
-Hei!
-Nossa, que milagre é esse, stupid, você me ligando?
-Por quê?
-Ora essa, você nunca mais me ligou, seu desnaturado insensível!
-Crazy, eu respondi todos os seus recadinhos.
-Pois então, respondeu. Mas porque eu te mandei, sempre a iniciativa é minha.
-Veja só, coitadinha! Pare de reclamar porque...bem...era para ser uma surpresa, só que o problema é que não sei onde você está hospedada.
-Para que você quer saber disso?
-Porque estou de passagem em Michigan.
-Espere um minuto, você? Você está aqui?
-Estou. Precisava ver uma pessoa a qual estou morrendo de saudades.
-Ah!
Evi deu um pulinho de alegria, estava quase roendo as unhas de ansiedade em revê-lo. Ela imediatamente lhe contou em que hotel estava e ele disse que iria fazer uma visita naquele momento. Ninguém sabia que ele tinha ido para lá. Matt decidiu repentinamente, seu coração estava apertado, ele não agüentava mais ficar tão longe de Evi, queria vê-la, queria tocá-la, queria passar um tempo com ela.

Assim que os dois botaram os olhos um no outro, Evi correu para os braços dele, se atirando em seu colo em um abraço bem apertado.
-Ficou maluca? Alguém pode nos ver!
-Não estou nem aí. Ai que saudades!
Evi tinha os olhos reluzentes, estava transbordando de felicidade em encontrá-lo. Ambos foram tomar um drink no bar do hotel em que ela estava hospedada.

Enquanto isso, no setor de empregados...

Mais uma troca de turnos se iniciara. A supervisora tratava de distribuir as tarefas entre o grupo de camareiras responsáveis pela arrumação dos quartos de cada andar. Uma delas, Dolores, abriu um enorme sorriso ao verificar que em um dos quartos que iria limpar estava uma hóspede ilustre: Evangeline Lilly. Não era uma fã propriamente dita, acompanhou alguns episódios de Lost, porém não tinha visto ainda a série toda. Mas tinha o sonho de se tornar atriz. Quem sabe se conhecesse alguém no ramo, poderia arranjar pelo menos um papel de figurante?

Dolores entrou no quarto de Evi. Antes de limpar, queria dar uma olhadinha nas coisas dela. Cheirou o frasco de perfume que estava no criado-mudo, o aroma era delicioso, era de grife famosa. Deitou-se rapidamente na cama e fechou os olhos, sonhando que um dia seria uma estrela de cinema ou de TV. Pegou um par de sandálias de salto alto que estava no chão, ao lado da cama e observava admirada. Calçou um pé e se sentiu uma diva. Abriu o closet e parecia uma criança no parque de diversões. Apanhou um casaco chique e pôs nas costas, olhando-se no espelho e fazendo pose de artista mandando beijos para os fãs em alguma première da vida.

O seu devaneio foi interrompido por um burburinho de vozes no corredor. Dolores iria retirar o casaco e pendurar de volta no cabide, mas percebeu que a porta estava sendo destravada, não daria tempo de guardar o casaco e como era proibido as camareiras mexerem nos objetos pessoais dos hóspedes, em um rompante, abriu a porta do closet e entrou correndo, escondendo-se.

Foi uma coisa estúpida, mas foi a primeira ideia que lhe veio na cabeça. Era um armário espaçoso, tinha umas frestas largas na frente de modo que ela conseguia ver o quarto, mas como era escuro lá dentro, quem estava do outro lado (de fora) não conseguia ver o interior do mesmo. Ainda bem, imaginava, assim Evi não poderia vê-la.

Dolores avistou pelas frestas que Evangeline não estava sozinha, uma companhia masculina adentrou o quarto com ela.
-Eu posso agora?
-O que?
-Beijar-te. Você nem me deixa te dar um selinho em público.
-Para que eu vou querer receber um selinho na frente de todo o mundo, se eu posso receber muito mais em particular?
-Safado!
Eles estavam perto da porta, Dolores ainda não tinha reparado direito quem era. Depois de observar atentamente, ela reconheceu: era o ator que fazia o Jack em Lost! “Não sabia que eles tinham alguma coisa”, pensava intrigada. “Tomara que fiquem por pouco tempo e saiam logo do quarto”.

Ela tinha se esquecido de colocar a plaquinha na porta, de que o quarto estava sendo arrumado. A empolgação e pressa em fuçar o quarto de uma celebridade eram tamanhas que nem se lembrou de fazer essa tarefa tão corriqueira em seu trabalho. Agora tinha que esperar. Fez a besteira de provar as roupas de Evi e para não ser pega em flagrante, se escondeu dentro do closet. Tinha que esperar os dois saírem do ambiente para ela também ir embora dali.

O problema é que Evi e Matt começaram a se beijar. E tão cedo não iriam parar, vide que as carícias estavam começando a se tornarem mais maliciosas.

“Ai meu Deus, será que eles vão?” Dolores pensava aflita, começou a tremer de nervoso só de pensar na ideia de assistir um casal fazendo sexo diante dela.

Evi e Matt se beijavam sem parar. Não quebraram o beijo nem mesmo enquanto andavam pelo quarto, a caminho da cama, o fogo que lhes ia ao íntimo era demais de intenso, a vontade louca de terem um ao outro, somada a saudade e a falta que sentiam por estar há dias sem se verem, tornava os seus amassos ainda mais calorosos.

Aquela cena provocou um arrepio gostoso em Dolores, despertando o seu lado voyeur. Então, a camareira teve uma ideia: sacou o celular do bolso e decidiu filmar. Não sabia o que iria fazer com o conteúdo depois, se o usaria para apimentar as coisas com o namorado ou mesmo o assistiria em uma noite solitária de carência. Sem pensar, em um segundo apertou o botão e começou a gravar.

Matt bolinava Evi, apertando-lhe os seios por cima da roupa enquanto ela o beijava com ímpeto, invadindo sua boca com a língua ávida ao mesmo tempo em que retribuía as carícias dele, palmeando o seu membro por meio da abertura do zíper da calça jeans. Ele desabotoou a camisa dela, deslizando cada tira das alças do sutiã pelos seus ombros, até que desceu o bojo, revelando os seus seios perfeitos, durinhos e com os bicos empinados, só pelo fato de ela perceber o olhar de desejo queimando nos olhos dele ao contemplá-la. Matt abriu o fecho e jogou a lingerie ao chão.

Ele puxou Evi novamente para si, com vontade, beijando-lhe a boca demoradamente. Suas mãos foram para baixo, percorrendo cada pedacinho ao longo das curvas do corpo dela, até que alcançaram a barra de sua saia. Com as mãos espalmadas, ele foi subindo vagarosamente a roupa, percorrendo a superfície da pele da perna, chegando à lateral da calcinha para retirá-la por completo. Evi o ajudou, deslizando a peça para baixo e chutando-a com os pés. Aproveitou para se livrar da saia também, ficando totalmente nua.

Mesmo hétero, Dolores não pode deixar de admirar a beleza de Evi, ela era perfeita, uma mulher capaz de levar qualquer um à loucura e despertar desejos obscuros até mesmo nela.

Matthew agora brincava com os dedos em seus mamilos, tateando suavemente a pele rosada em movimentos circulares, para logo depois sugar cada monte, colocando-os em sua boca quase que por inteiro. Mamava gostosamente, como se fosse um adolescente faminto e doido por sexo.

Evi estava em pé e Matt se abaixava cada vez mais, dos seios foi beijando a barriga, o umbigo, até ficar de joelhos diante dela. Enquanto ele fazia uma trilha de beijos, Evi enroscava as mãos no cabelo ralinho dele, para depois puxar de leve uma mecha, fazendo-o olhar para cima e parar o que estava fazendo.

Sem quebrar o contato visual, ela se deitou na beirada da cama, apoiada nos cotovelos, fazendo questão de estar com as pernas abertas para ele. Matt se sentou no chão e com as mãos nos joelhos dela, posicionou a cabeça por entre suas pernas. Ele começou a beijar a vulva, tocando com a ponta da língua os grandes lábios, chupando-os delicadamente. Então, abriu mais a boca e encaixou com exatidão a língua aveludada no interior de seu centro, atingindo o clitóris. Evi não resistiu, gemeu alto, se balançou e arqueou a bacia em sua direção.
-Ai, ui, oh Matt...

A camareira estava suando dentro do armário. Esforçava-se para ver tudo sem piscar, por entre as frestas, sua mão estava paralisada, registrando como podia aquela transa quente. Estava morrendo de inveja, louca para estar no lugar de Evi e ser provada por aquele macho.

Evi tinha os olhos semicerrados, estava extremamente úmida e implorava para tê-lo logo. Matt parou os estímulos e retirou a calça, em seguida, se livrou da peça íntima, ficando completamente nu. Ele já se encontrava com o membro ereto só de tanto saborear cada pedacinho daquele corpo escultural de Evi.

Dolores, ao ver aquele homem másculo e excitado nu, mordeu os lábios “vai ser gostoso assim lá na minha cama”, pensava, babando e admirando cada músculo, ficando molhada só de observar as tatuagens, o bumbum e o membro duro. “Bem que ele mesmo falou naquela entrevista que essa era a parte do corpo que ele mais gostava, ele tem razão”. Seu pensamento flutuava só de analisar a anatomia de Matt.

Evi tinha os olhos vibrantes, tremia por antecipação ao avistar aquele mastro todo empolgado para ela. Sem demora, flexinou as pernas e as abriu o máximo que pode para recebê-lo. Ele posicionou-se sobre ela, apontou o pênis para a região e a invadiu. Evi apertou os lençóis e soltou gemidos quando sentiu a ponta entrar. Ele meteu mais um pouco e entrou até a metade. Ela choramingava, Matt então forçou com firmeza e entrou com tudo, enterrando-se dentro dela.
-Oh, ah, oh.
Os dois soltavam sussurros e exclamações de prazer, enquanto faziam os movimentos de vaivém.

Só de observá-los, Dolores molhou totalmente a calcinha. Se ao ver filmes eróticos, ela já ficava “acesa”, ver o ato sexual bem diante de seus olhos, ao vivo, era coisa de enlouquecer de tesão. O quarto parecia ter 40 graus de temperatura, eles suavam por conta da transa e ela suava por estar os assistindo.

Evi gritava alto a cada estocada, Matt aumentou os movimentos até que ela confessou que estava chegando lá. Evi o apertava contra ela, Matt continuava metendo avidamente, sem parar. Segundos depois, ela atingiu o orgasmo e ele também gozou, derramando o seu sêmen quente dentro dela. Matt permaneceu inerte por um tempo, então seus corpos se descolaram e ele caiu esgotado ao lado dela na cama.

A camareira estava estática. Nunca tinha ficado tão excitada sem ao menos se tocar ou ser tocada por alguém. Quase se esqueceu de parar a gravação. Passada a euforia, começou a ter medo “E se eles resolverem abrir o armário?”, pensou desesperada. Ela tinha que escapar dali, mas de que jeito? Começou a rezar para que ambos caíssem no sono e ela pudesse finalmente sair do esconderijo.

Matt e Evi conversavam deitados, abraçados. Ele passava a mão carinhosamente pelo dorso dela, enquanto ela tagarelava debruçada em seu peito. Ele por vezes lhe dava beijinhos nos cabelos, na testa e então, Dolores arregalou os olhos.

“Ah não, não vão me dizer que vocês vão começar tudo de novo!” Agitava-se com o momento que antevia diante dos olhos. Ela espremeu a vista, tentando se acalmar e se convencer de que estava enganada, mas ao abrir os olhos, se deparou com Evi vindo devagarzinho para cima de Matt.
-Evi, ainda está disposta?
-Claro, simplesmente não resisto, estou com saudades demais de você, quero aproveitar todos os minutos possíveis ao seu lado.
Evi distribuía beijos por todo o rosto de Matt, seus cachos teimavam em cair sobre a testa, e ele os desviava com as mãos.
-Eu também sinto muito a sua falta, por isso não agüentei e tive que te fazer uma visita.
Evi acariciava a face de Matt com carinho, realmente era impossível ficar longe dele, ela não agüentaria, nem ele. Porém, as chances de que eles se vissem com freqüência eram poucas, não podiam despertar suspeitas. Uma hora esses encontros fortuitos teriam que acabar, mas só de pensar nisso, ela tinha vontade de aproveitar o máximo do tempo que ainda lhes restava.

Por essa razão, seu desejo começou a aflorar novamente, ela beijou-lhe a boca com volúpia e descia a língua ao longo de seu rosto, da barba por fazer até o pescoço, depois para o peito, a barriga. O membro dele voltou a crescer, indicando que ele estava disposto para mais um round.

Dolores voltou a filmar na hora, pelo visto, aquilo iria render, os amantes eram fogosos demais para se contentarem com uma vez. Ela colocou um dedo na boca enquanto viu Evi engolir o membro de Matt, sugando-o com vontade. Evi chupava deliciosamente e quando o sentiu bastante duro, decidiu sentar-se sobre ele, afundando-o por inteiro em sua abertura. Ela começou a cavalgar, primeiro em um ritmo cadenciado, para aos poucos ir aumentando a velocidade, esfregando-se nele cada vez mais intensamente.

A camareira teve que limpar com o braço o suor que escorria de sua testa, estava ficando sem ar pelo ambiente enclausurado e pelo tesão que lhe invadia a alma. Apertava as pernas, esfregando uma coxa na outra, excitada.

Evi cavalgava enloquecida e, quase chegando ao orgasmo, acelerou os movimentos. Matt a segurava pela cintura, enquanto ela jogava a cabeça para trás, em transe de tanto prazer. Seus cabelos caiam bagunçadamente sobre sua face, grudando na pele suada. Ela gemia, soluçava. Ele estava hipnotizado pela imagem daquela femme fatale por cima dele, o arrasando e o deixando completamente maluco.

Evi deitou-se sobre ele e atingiu o clímax, remexendo-se freneticamente contra o seu corpo. Vendo que ela chegou ao êxtase, ele se permitiu gozar aliviado.

Os dois caíram inertes na cama, esparramados e respirando com dificuldade. Dolores parou a gravação e lutava para que eles não ouvissem a sua respiração sôfrega de dentro do armário. Por sorte, pouco tempo de conversa depois, eles finalmente caíram no sono profundo e a camareira vagarosamente abriu a porta do closet, tomando todo o cuidado possível para não esbarrar em nada e nem fazer barulho.

Saiu do quarto nas pontas dos pés e deu um suspiro profundo assim que fechou a porta. Ela estava pingando, toda melada. Olhou para o relógio e deu um pulo “meu Deus, é muito tarde, a minha supervisora deve estar atrás de mim!”

Correu para a sala da chefe, devia-lhe explicações. Mas como dizer o que tinha acontecido? Como falar para a chefe que ficou trancada escondida em um quarto de hóspede do hotel assistindo sexo ao vivo? Tinha que inventar uma desculpa urgentemente, porém nem deu tempo para formular, a supervisora se encontrava bem na frente dela.
-Posso saber onde a senhorita se meteu?
-Eu? Ah...é...eu...
-Fale logo, Dolores!
-Eu...eu não estou me sentindo bem.
-Estou vendo, você está suando. Mas onde é que você estava durante todo esse tempo?
-Desculpe-me, eu passei mal e me deitei um pouco em um dos quartos e acabei dormindo. É...foi isso o que aconteceu.
-Dormindo? Em horário de expediente? Você trabalha por hora, portanto, não tem o direito de receber se você não trabalhou.
-Está certo, mais uma vez, me desculpa.
-Que isso não se repita! Pode ir embora agora, só apareça por aqui amanhã se estiver se sentindo bem.

Dolores foi para o vestiário trocar de roupa. Encontrou duas colegas por lá.
-Você está bem? O que foi?
-Sei que não posso, mas tenho que contar para alguém, prometem não espalhar por aí?
-Claro!
As duas arregalaram os olhos, curiosas. A camareira fechou a porta e mostrou o conteúdo do seu celular.
-O meu Deus!
As colegas exclamavam eufóricas.
-O que é isso? Sua safadinha, por isso que você sumiu essa tarde? Gravando vídeo pornô?
-Espere, essa não é? É ela? E...é ele?
-Ela quem, ele quem?
A outra colega perguntou.
-A atriz famosa, a Evangeline Lilly. E esse cara é o que contracenava com ela em Lost, o Matthew Fox!
-Mas ele não é casado?
-Pois é! Mas pelo visto, pula a cerca, grande novidade, esses artistas...
As três ficaram assistindo a gravação sem piscar, completamente atentas.
-E agora, o que você vai fazer com o vídeo?
-Como assim, não vou mostrar para quase ninguém, isso é segredo.
-Que segredo que nada, eles não te viram, não foi?
-Claro que não.
-Então, para que esconder? Você pode ganhar uma grana com isso!
-E um belo processo judicial. Não, muito obrigada!
Dolores pegou o aparelho e desligou. Apanhou as suas coisas e foi embora para casa. Chegando lá, não agüentou e mostrou o vídeo para o namorado.
-Amor, o que é isso? Nós temos que vender para algum lugar!
-Até você?
-Claro querida! Imagine só quanto podemos faturar vendendo para alguma revista de fofoca ou site?
-Sabia que é proibido ficar filmando a intimidade dos outros sem o consentimento dos mesmos? Isso pode gerar processo e cadeia, ainda mais quando se trata de duas pessoas famosas envolvidas. Além do que, somos imigrantes ilegais, podemos ser deportados a qualquer momento caso ganharmos notoriedade com o vídeo.
-É, pensando bem, você tem razão. Mas é mercadoria boa demais para ficar guardada! Já sei o que podemos fazer. Vamos jogar no You Tube!
-Ficou maluco?
-Quem é maluca é você em descobrir um furo desses e não publicar para o mundo!

Horas depois...

Um rebuliço imenso foi causado. A Internet parou para ver o vídeo. Minutos depois de postado no You Tube, os acessos foram aumentando vertiginosamente. De uma vista, passou para milhares de vistas, em efeito dominó. O vídeo se tornou o campeão de acessos naquela noite. Fãs do mundo inteiro congestionaram o site, fóruns travaram de tanta repercussão, fãs de Matt e Evi surtaram, até os non shippers e shippers da fã base oposta discutiram e comentaram sobre a fofoca do momento.

Matthew estava a caminho do aeroporto, iria embora de Michigan, só tinha dado uma passada relâmpago para rever Evi e se encontrava alheio aos fatos. Ele percebeu algumas risadinhas e olhares estranhos enquanto andava pelo saguão do hotel em que estava hospedado e acabara de fechar a conta, mas não sabia o porquê, talvez fossem apenas pessoas o reconhecendo pelo fato dele ser famoso. Somente foi tomar conhecimento da situação quando resolveu ligar o celular, o qual tinha esquecido desligado desde que esteve em companhia de Evi e não queria ser incomodado.

Ao ligar o aparelho, viu várias ligações não atendidas de seu assessor. Preocupado, decidiu retornar as ligações, deveria ser algo muito importante.
-Hei, sou eu. O que foi que aconteceu de tão urgente para você me ligar tantas vezes?
-Você está brincando? Não sabe o que está acontecendo?
-Não.
-É mesmo, claro, creio que não saiba, passou a tarde inteira se divertindo!
Matt franziu a testa confuso, como o seu assessor sabia o que ele tinha feito?
-Espere, me explica, do que você está falando?
-Você é que me deve explicações! Apronta uma coisa dessas e nem para me avisar? Simplesmente não sei o que responder para a imprensa!
-Imprensa? O que...
-O vídeo, Matt!
-Que vídeo?
-Sexo. Você e Evangeline fazendo sexo.
Matt ficou branco na hora. Coçava a cabeça e andava de um lado a outro, apavorado.
-Como?
-Por que você não me avisou que iria para Michigan dar uma trepadinha? Ou ao menos, se vai aprontar, por que não esconde a sua escapada? A não ser que...é isso, você quer estar na mídia, por isso provocou esse escândalo?
-Espere aí, que vídeo é esse? Não filmei nada!
-Ah, mas alguém filmou e postou no You Tube!

Matt imediatamente sentou-se no sofá do saguão e pegou o seu notebook, o site estava totalmente congestionado, mas ele pode ver na página principal: Matthew Fox and Evangeline Lilly sex vídeo. Ele ficou estático. Não, aquilo na podia estar acontecendo!
-E agora?
-Você é que me diga, e agora? Você está ferrado!
-Eu ligo mais tarde.
Matthew desligou o telefone e resolveu ligar na hora para Evi. Precisava tirar essa história a limpo.

-Matt, eu nem sei o que dizer. Meu Deus, como? Quem fez isso?
-Não sei, Evi, esperava que você soubesse a resposta.
-Como vou saber? Eu não premeditei nada, você me acusa injustamente! Nem sabia que você viria aqui, para começo de conversa! E outra, estive com você o tempo todo, chegamos ao hotel juntos, como é que eu iria arranjar uma câmera para nos filmar?
Matt pensou no que ela acabara de lhe dizer, realmente, ela não tinha nada a ver com aquilo, estava tão surpresa e assustada quanto ele.
-E agora, o que faremos?
-Vou ligar para o meu advogado e aconselho que você ligue para o seu. Alguma coisa precisa ser feita, eles com certeza vão conseguir uma liminar para retirar o vídeo do ar imediatamente!
-Vou sair agora mesmo deste hotel, não posso ficar mais nenhum minuto aqui depois de tudo. É fato que vou processar essa espelunca! Matt...e...você já falou com a Margheritta?
-Não, ainda não tive coragem. Não sei o que fazer. Ia voltar hoje mesmo para casa, mas depois de toda essa fofoca...Temo pelo que esteja acontecendo com ela e meus filhos.
Matt estava quase chorando de desespero só de pensar na família.
-Sinto muito, Matt. De verdade. Não queria provocar essa confusão.
-Você não teve culpa...quer dizer...se tem culpado nessa história, somos nós dois que não conseguimos parar com tudo isso.
-Aconteça o que acontecer, saiba que estarei sempre do seu lado.

Matt ligou de volta para o seu assessor, que iria se encarregar de acionar o advogado. Evi também tomou todas as providências. O hotel quis fazer de tudo para se desculpar, mas o estrago foi grande demais para ela aceitar, iria de qualquer jeito processar o local.

Matt ligava para casa, mas ninguém atendia. Resolveu telefonar para o irmão, que lhe deu as notícias: infelizmente Margh já sabia de tudo, a família estava envergonhada com todo o escândalo. Matt insistiu para que ele entrasse em contato com ela para lhe dar algumas explicações antes dele chegar, mas a esposa estava irredutível, nem queria dar uma palavra com ele e mandou recado, avisando que somente o aguardaria em Oregon para que eles acertassem o divórcio e conversassem sobre a guarda dos filhos.

Era impressionante. Em questão de horas, sua vida estava virada de cabeça para baixo. O mundo tinha desmoronado em cima dele. Tudo estava arruinado. Seu casamento, sua reputação. Reputação. Leva-se uma vida inteira para construí-la e apenas segundos para destruí-la. Agora ele tinha entrado para o rol de celebridades como Pamela Anderson, Colin Farrel, Eric Dane e Paris Hilton, cujos vídeos sexuais tinham parado na Internet. A fofoca lhe marcaria para sempre, poderia ficar adormecida, mas jornalistas vez ou outra, mesmo depois de anos, trariam o assunto à tona.

Olhava pela janela do avião e temia pelo seu futuro. Era oficial. Seu casamento de mais de vinte anos chegara ao fim.

Talvez fosse castigo, pensava ele, por todos os anos em que escondera o seu caso secreto com Evi. Todo segredo acaba sendo descoberto, mais cedo ou mais tarde. Ele foi covarde, não teve coragem de tomar uma decisão, de escolher entre as duas, quis manter ambas. Agora, o destino tinha escolhido para ele. E não lhe restava alternativa a não ser aceitar.

FIM.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Fic: O Presente de Aniversário

Ship: Mevi
Categoria: Actor fic, AU, Smut
Advertência: Contém cena de sexo
Capítulos: 2 (Nomeei como Parte 1 e Parte 2)
Classificação: NC-17
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Evi faz uma visita a Matt no Oregon, com segundas intenções.

Parte 1

-Você está brincando comigo, Matthew?
Margheritta falava com voz alterada. Estava muito irritada após ouvir o que o marido acabara de lhe dizer. Seus olhos estavam alargados, as veias do seu pescoço saltavam salientes, o rosto pálido contrastava ainda mais com o seu cabelo negro.
-Não sei por que esse escândalo todo, você mesma estava lá quando eu os convidei.
-Ah, mas não imaginava que eles realmente tivessem levado a sério!
-Eles são meus amigos.
-Amigos? Sei. O Jorge eu entendo, mas ela? O que aquela magricela enxerida vem fazer aqui?
-A Evi...er...Evangeline? Margh, já discutimos isso um milhão de vezes, não vou ficar aqui batendo na mesma tecla com esse assunto. Pare de ser ciumenta, não temos nada além de amizade!
-A-ham. Seu mentiroso! Pensei que me mudando com você para este fim de mundo, iríamos ficar longe de certos tipos de problemas, mas vejo que estava enganada! 3 meses! Somente passaram-se 3 meses e você não pára de se reunir com eles? Não já chega a festa do Emmy? Já não deu para matar as saudades?
-Nesses últimos meses, eles me ouviram o tempo todo dizer que iria me mudar para o Oregon, que esse lugar é muito tranqüilo, que o ar daqui é puro, o clima é agradável, ótimo para descansar, etc e etc. E sempre me diziam que viriam me visitar um dia.
-Um dia. E precisava ser tão rápido assim?
A discussão é interrompida por uma batida na porta do quarto.
-Pai?
-O que foi, Kyle?
-O vovô está te chamando.
-Já vou.
Olhando para a cara emburrada da esposa, Matt se aproximou, colocando a mão em seu ombro:
-Você não tem motivo para se preocupar. Eu estou aqui, não estou? Ao seu lado, continuamos casados, estamos construindo uma casa juntos, deixe de besteira! Vamos, arrume-se, quero te ver bem bonita para receber meus convidados.
-E eu tenho escolha?
Matt saiu do quarto e foi ao encontro de seu pai. Margh continuava indignada, o nervosismo só aumentava ao se lembrar que, dali a algumas horas, estaria diante dela. Tão linda, tão majestosa e encantadora...Será que agüentaria a presença de Evi na fazenda de seus sogros? Eles estavam morando em uma parte da propriedade da família, enquanto a futura casa arquitetada e decorada não ficava pronta. Mesmo nunca tendo uma prova concreta, Margh sentia no fundo de seu coração de que Evi era o perigo em pessoa, sua rival, uma ameaça ao seu casamento duradouro.

Não muito longe dali...

Evi estava dirigindo. Cantava feliz da vida uma canção tocando em seu carro. Não sabia por que estava tão radiante, ou melhor, até sabia, mas procurava se controlar. O esforço era em vão, não conseguia conter o sorriso largo e emocionado só de pensar que, há algumas horas, iria revê-lo.

Saudades! Como dói ter saudade de quem se ama! Sentia falta do sorriso dele, dos abraços apertados, do toque macio de suas mãos, do seu perfume, de suas brincadeiras e até de suas broncas! Não havia palavras para descrever o que ele significava para ela. Um professor, um mentor, um irmão mais velho, um grande amigo, tudo isso em conjunto e adicionando-se um fator crucial: um grande amante!

O pensamento de Evi flutuava ao se lembrar dos vários momentos íntimos que tiveram. Os beijos apaixonantes que a faziam estremecer só de sentir o toque intenso de seus lábios. A atração louca de seus corpos, a química que transbordava entre eles só de um olhar para o outro, o calor que arrepiava o seu corpo todo antes, durante e depois de fazerem amor. Não era somente sexo, era muito mais do que físico.

A ligação entre eles era profunda, ele a protegia embaixo de suas asas, lhe dava apoio incondicional em sua carreira e em seus projetos de vida, era um ombro amigo ao qual sempre pedia socorro, em todas as suas burradas, desde suas bebedeiras até seus rompimentos com namorados errados. E tudo isso não podia estar acabado. Ela não queria que eles se afastassem, não podia perder o seu elo com ele, mesmo os dois vivendo há quilômetros de distância.

As placas indicavam que ela tinha chegado em Oregon. Evi combinou com Jorge de ambos fazerem uma visita a Matt. Na verdade, estava morrendo de vontade de vê-lo, mas não queria aparecer sozinha por lá e dar bandeira, seria muito descaramento, Margh iria querer recebê-la a tiros. Fazia 3 meses, mas para ela parecia 3 anos, estava tão habituada à presença diária de Matt em sua vida nos últimos 6 anos, que era demais doloroso estar tão longe dele agora. Encontrar-se-ia com Jorge em algum lugar para chegarem juntos na fazenda.

Evi aproveitou que estava no centrinho da cidade e resolveu parar para descansar um pouco e abastecer o combustível. Ao mexer na mochila, colocou a mão na testa:
-Merda, esqueci!
Tinha se esquecido de trazer o shampoo, tudo porque tomou um banho tarde da noite anterior e acabou não colocando o frasco em sua bagagem.
Evi olhou ao redor e avistou uma farmácia perto do posto. Resolveu ir até lá para comprar o que tinha esquecido. Ao entrar no local, um atendente a olhou e ficou pasmo. Deu uma cotovelada no colega que estava ao lado, o alertando sobre a ilustre cliente. Eram dois rapazes recém saídos da adolescência.
-Ei, olha só quem está aqui!
Falou baixinho.
-Quem?
O outro rapaz perguntou alheio.
-É ela, a atriz que fazia a Kate em Lost.
-Fala sério? Cadê?
-Ali.
-Caramba, é ela mesma, não acredito! Psiu, disfarça, senão a gente vai espantá-la.
Evi aproveitou para comprar outros itens de perfumaria e chegando perto do caixa, hesitou, mas resolveu pegar um certo pacote.

Os garotos ficaram vermelhos e agitados, mas nada disseram. Agiram como se tivessem atendendo um cliente comum, deram o troco e agradeceram com um obrigado. Pouco depois que ela saiu, deram risadinhas maliciosas.
-Você viu o que ela comprou?
-Claro que sim, tive que me conter para não rir!
-Cara, isso tem que ir para o twitter!
O rapaz alto foi correndo postar a cena que acabou de presenciar.

# Evangeline Lilly acabou de estar na farmácia onde trabalho! LOL! Comprou alguns itens de higiene e...camisinha! Parece que tem gente que vai se dar bem no Oregon #

Ao voltar para o carro, o celular tocou.
-Evi, onde você está?
-Eu já cheguei, estou na cidade.
Evi deu as coordenadas de sua localização e Jorge rumou para o local, para que ambos se encontrassem. Um tempo depois, ele finalmente chegou.
-Desculpa o atraso, querida. Meio que me perdi.
-Tudo bem, foi bom porque aproveitei para comer e descansar da viagem.
Os dois se cumprimentaram, dando um abraço carinhoso.
-Estou morrendo de fome, o que você comeu?
-Só umas besteiras para beliscar, batatas...Sobrou um pouco, você quer?
-Eu aceito.
Eles entraram no carro dela para conversar um tempinho antes de dirigirem novamente. Evi abriu o porta-luvas e pegou o pacote de salgadinho. A sacola da farmácia estava ao lado e o shampoo acabou tombando.
-Opa!
Jorge pegou a embalagem que tinha caído e ajeitou de volta na sacola. No processo, acabou notando o que tinha dentro da mesma.
-Hum hum.
-O que?
-Evi!
Evi ficou um tanto sem graça e levemente corada, mas por pouco tempo. Com o seu jeito moleca e brincalhona, abriu um sorriso maroto.
-Jorge, nunca se sabe o que pode acontecer...
-Evi! Olha lá a confusão em que você está me metendo...Espere, vocês ainda estão?
-Não sei do que você está falando...
-Evi, ficou doida? Vamos a casa dele. A família vai estar lá, a mulher dele vai estar. Não seja atrevida!
-Eu? Imagina. Sei que não vou ter a menor chance, mas...ah, e se por um acaso, tivemos uma remota possibilidade e acabar acontecendo?
-Sabe o que eu acho? Que quem é o louco da história sou eu! Que ideia a minha de te acompanhar nesse rolo!
-Não, não fique se culpando, você foi muito fofo em querer vir comigo! Adoro-te, sabia?
Evi fazia um biquinho e apertava as bochechas rechonchudas de Jorge.
-Sei não, Evi.
-Larga de besteira, não vai acontecer nada demais!
-Eu conheço você. E o conheço. Sei como vocês dois são. Sei que vocês quando estão perto um do outro, não conseguem segurar a onda.
-Tomara, Jorge, que você esteja certo!

Matthew estava inquieto. A cada hora que passava, o seu coração batia mais acelerado. Tinha fumado quase um maço de cigarro de tanto nervoso. Não parava de andar, checava para ver se tudo estava correndo bem. A família estava fazendo um churrasco, todos estavam presentes: sua mãe Lori, o pai Frances, os irmãos Francis Jr e Bayard, os sobrinhos, além de alguns amigos de seu pai e empregados da fazenda. Kyle e Byron estavam com os primos e Margh estava atenta aos movimentos do marido.

Claro que ela percebeu a agitação de Matt. E também viu que ele ficava conferindo o celular de tempos em tempos, provavelmente esperando ligação dos seus convidados.

Margh torcia para que eles não viessem. Por mais que isso fosse magoar profundamente o seu esposo, preferia que ele se decepcionasse a vê-lo todo feliz ao lado da outra. No entanto, o seu pensamento de agouro foi arruinado: eles chegaram.

Matt parecia uma criança recebendo visita. Correu para abraçar Jorge calorosamente, até que ele a avistou. Os olhos de Matt brilharam, sua face se iluminou de uma hora para outra, assim que ele estava diante dela. Era incrível o efeito que Evi lhe causava, Matt ia do completo estado de apatia para a absoluta euforia. Os dois deram um abraço apertado e um tanto longo, a saudade era tamanha que seus corpos não queriam mais se desgrudar.

Margh odiava isso. Seu olhar parecia cuspir fogo, Matt nem conseguia disfarçar o quanto Evi lhe deixava radiante.
-Senti tanto a sua falta!
Matt e Evi se entreolharam e instantaneamente se lembraram de seus personagens.
-Acho que agora é para eu fazer uma cara séria de quem está tendo uns flashes.
Os dois caíram na risada. Os meses tinham se passado, mas a espontaneidade que tinham um com o outro não tinha ido embora, continuava lá, intacta. Matt apresentou os amigos para os familiares que eles não conheciam. Jorge e Evi cumprimentaram alegremente a todos. Margh deu um sorriso amarelo e trocou beijos na bochecha com a rival. Ambas pensavam internamente:
“Olá piranha”
“Olá bruxa”
Mas sorriam e fingiam simpatia uma diante da outra. O que deixava Margh mais irritada era que todos se afeiçoavam à Evi. Era impressionante como ela conseguia cativar a atenção de todo o mundo ao seu redor. Até seus filhos adoravam a “tia Evi.”

Jorge e Evangeline ficariam hospedados do outro lado da casa. Aproveitariam a festa, dormiriam e iriam embora no dia seguinte. Evi tinha que continuar trabalhando nas filmagens de seu novo projeto cinematográfico, era apenas uma visita rápida. Até queria ficar mais tempo, porém sentia que pisava em território inimigo e seria impossível passar dias ao lado de Matt sem que nada acontecesse entre eles.

Matt resolveu mostrar a fazenda para os seus amigos, logo mais iriam até o terreno ao lado onde estava construindo sua casa dos sonhos. Foram até a plantação de cevada, observaram os inúmeros outros cultivos que Francis mantinha em suas terras. O velho se empolgava falando de sua propriedade. Evi o observava pensativa, conseguia imaginar Matt dali a alguns anos, ele tinha muitos traços parecidos com o pai. Viram o gado correndo pelo pasto e se sentiram em um filme de vaqueiros.

Depois, foram observar os cavalos. Enquanto Jorge engatava uma conversa com o pai de Matt e um dos irmãos, Evi se debruçou no cercado. Olhava admirada os animais, quando Matt parou ao seu lado. Sem tirar os olhos do horizonte, Evi foi escorregando a mão até tocar de leve com o dedinho a mão dele. Matt deu um sobressalto, um arrepio lhe percorreu a espinha. Olhou para a direita, olhou para a esquerda e então, quem ficou surpresa foi Evi, ao sentir a mão dele cobrindo a dela inteiramente.
-Você não imagina como estou com saudades! Pensei que não fosse mais te ver. Não apareceu no Emmy, aliás, nunca me senti tão frustrado como naquela noite. Eu sabia que não ia ganhar o prêmio, só fui para rever todo o mundo. Tinha esperanças de que você fosse.
-Não podia, estava filmando.
-Como estão indo as gravações? Tudo ok?
-Sim. Estamos quase terminando, só faltam algumas cenas. Bem que você me disse, é outra coisa fazer cinema!
-É...Estou muito feliz por você. Torço para que tudo dê certo, de verdade. E pensar que você estava querendo desistir da carreira...
-Ah, mas é porque estava muito cansada, só queria dormir. Esse último ano não foi fácil.
-Eu sei, e como sei!
-Se para mim foi estressante, para você foi muito mais. Olha só, com 3 meses aqui no campo, como o seu rosto está até mais cheinho que antes! Não sei se é por causa do seu cabelo que está bem raspado que tenho essa impressão.
Evi deslizava a mão sobre a cabeça de Matt, apalpando a penugem rala.
-Preferi deixar bem curto porque os fios brancos não param de proliferar.
-Está ficando velho...
-Pois é, sou um senhor ancião já.
-Um velhote bem gostoso.
Evi olhava para ele, mordendo os lábios com malícia.
-Evi, não começa.
Matt sorria de um jeito tímido, olhava para o lado meio encabulado. Ah, como ele tinha vontade de beijá-la naquele instante! Quase fez uma loucura, mas o se senso de razão falou mais alto.

Os demais se aproximaram e todos voltaram para o local do churrasco.

Margh não largava o copo da mão, estava tão brava que começou a encher a cara. Um peão tocava na viola umas canções country, Evi estava se divertindo e aceitou o convite para dançar com um convidado. Matt não conseguia tirar os olhos dela, Evi parecia ter um magnetismo tão forte que lhe roubava toda a atenção. Nem percebeu quando seu irmão chegou por perto.
-Agora entendo.
-O que?
-Sei por que você veio para cá.
Matt franziu a testa em interrogação. Jr continuou:
-Você sempre foi assim, acho que é coisa de irmão do meio, esse lance de ficar dividido, não saber direito qual o seu lugar, ficar em cima do muro.
-Não estou te entendendo.
-É ela, não é? No fundo, não foi porque você estava com saudades daqui, ou de nós. Você está fugindo. Sempre foi apegado à família, o seu alicerce, sua força. E não quer perder isso. Mas ao mesmo tempo, você não resiste. Há dias que te vejo em um canto, calado, com uma expressão séria na face, com um jeito entediado. Você tenta disfarçar, mas te conheço, meu irmão. Desde pequeno você é desse jeito. Nem dormir você tem conseguido, repare só nas suas olheiras.
-Agradeço a sua preocupação de irmão mais velho, mas estou bem. Sou feliz, estou construindo finalmente uma casa com a Margh, as crianças estão se adaptando aqui...
-Está certo, se me diz que está bem, então está. Mas caso precise conversar...

Francis Jr deu um tapinha nas costas de Matt e se afastou. Matt foi conversar com Jorge. Era sempre bom poder contar com a presença querida do seu amigo. Aproveitaram para pôr a conversa em dia. Evi dava suas olhadelas ao longe, Matt por vezes encontrava com o seu olhar e era difícil ter de desviar, ela estava fascinante demais para ele resistir.
-Cara, disfarça, tome cuidado.
-Obrigado, Jorge, por alertar. Preciso me conter.
Matt procurou pela festa até que encontrou Margh jogada em um canto.
-Margh, tudo bem?
-Estou zonza, acho que bebi demais.
-Hei, vem cá, não é melhor você entrar um pouco para descansar?
-Tem razão, me ajuda?
-Claro.
Margh se apoiou no marido e foi meio cambaleando para dentro de casa. Matt pegou um copo d’água para ela.
-Por que você faz isso comigo? Por que permitiu que ela viesse para cá?
-Ela não te fez nada, Margh, é coisa da sua cabeça.
-Eu vi o efeito que ela causa em você! Você a ama! Eu sei!
-Margh, procure descansar, você está bêbada.

Ela estava tão “alta” que acabou apagando, caindo em sono profundo. Matt ficou perturbado. Primeiro o seu irmão, depois Jorge, agora Margh. Era tão óbvio assim? Começou a se sentir culpado pelos seus sentimentos. Ele pensou que morando distante, pudesse esquecê-la. O caso deles tinha ido longe demais. Ele não queria perder sua família, por isso foi viver no campo, livre das tentações, afastado dela. Mas quem disse que conseguiu tirá-la do pensamento? A cada dia que passava, mais forte o sentimento crescia dentro dele. Estava melancólico, infeliz, vazio, parecia que tinham lhe tirado a luz interior. Mas com ela por perto, ele parecia renovado, vivo.

Jorge interrompeu seus pensamentos.
-Hei Matt, estou cansado da viagem. Será que posso dormir um pouco em algum canto?
-Claro! O seu quarto já está preparado, a sua disposição.
-Acho que a Evi também vai querer descansar, vou lá chamá-la.
Jorge saiu e retornou momentos depois, acompanhado de Evi.
-Ela está bem?
Evi perguntou sobre Margh, mas nem estava preocupada com o estado dela.
-Margh bebeu um bocado, agora está dormindo. Gente, se quiserem, os quartos estão arrumados.
-Estou exausta, vou esticar um pouco as pernas, odeio dirigir por muito tempo.
Evi deu um sorrisinho, tocando os próprios ombros, massageando o pescoço tenso pela viagem e pela situação, estar tão perto e ao mesmo tempo, tão longe de Matt. Eles se retiraram e foram para os seus aposentos de hóspedes relaxar. Matt voltou para a festa, mas ficou por pouco tempo. Sua cabeça estava longe, perdido em seus pensamentos, teve vontade de fazer aquilo que sempre o deixava mais calmo: andar a cavalo.

Escolheu o animal de sua preferência e foi cavalgar pela fazenda. Sentia-se tão livre tendo o vento batendo no rosto, a brisa refrescava-lhe e lhe causava uma sensação de alívio. Ele também estava tenso. Evi ali, no mesmo lugar que ele, e tão jovial e espirituosa era algo muito, mas muito tentador. Matt procurava pensar nos filhos, na importância de seu casamento, nos planos que tinha traçado há tanto tempo. Evi não se encaixava em sua vida. O certo era ele viver no seio de sua família, envelhecer no campo e atuar quando encontrasse papéis interessantes. Ele precisava dessa estabilidade. Evi tinha toda uma vida pela frente, profissional e pessoal. Ela tinha que trilhar o seu próprio caminho, construir uma família só dela, ter os filhos e marido a que tinha todo o direito, enfim, ser feliz. Não funcionaria ser a outra, Evi era muito mais que isso. Era uma mulher extraordinária, uma pessoa incrível. Merecia mais, merecia um homem a sua altura, melhor que ele. Ele não teria condições de lhe oferecer tudo o que ela precisava.

Parte 2

O sol começou a se pôr, logo iria anoitecer. O churrasco havia terminado e as pessoas tinham ido embora. Matt se deu conta de que estava ficando escuro e precisava voltar à casa principal. Só que iria demorar porque, sem perceber, tinha percorrido uma grande extensão a cavalo.

Evi tinha tirado uma gostosa soneca. Acordou descansada e com preguiça, desejava urgentemente tomar um banho para despertar. Olhou pela janela e viu que era noite. Abriu a mochila para pegar a toalha e uma muda de roupa limpa. Então se lembrou:
“Droga, esqueci a sacola do shampoo dentro do carro.”

Vestia uma camisola branca e resolveu apenas colocar um casacão por cima, afinal, iria dar um pulo rápido até o carro para apanhar a sacola e logo voltaria. Calçou suas botas, abotoou o sobretudo e abriu a porta do quarto. Caminhou em direção ao local onde tinha estacionado o carro. Ainda bem que não viu ninguém pelo caminho, seu vestuário não estava lá adequado, por sorte o povo estaria ajeitando as bagunças da festa do outro lado da casa. Pegou os pertences do carro e regressava.

O problema é que já era noite e Evi era tão distraída que nem tinha prestado muita atenção no caminho, de modo que estava um tanto perdida pela fazenda. Não bastasse, ventava forte e de repente, começou a chover.
-Não acredito, que droga!
Falou sozinha, resmungando. Olhava para um lado, para o outro e realmente não sabia se iria para a esquerda ou direita, até que avistou o celeiro.
-Ah, é para lá mesmo que eu vou, pelo menos até esse pé d’água cessar.
Evi correu para o abrigo dos cavalos, querendo se proteger da chuva torrencial. Mal pôs os pés dentro do lugar e se assustou ao ouvir alguém dizer o seu nome:
-Evi?
-Matt?
-O que você faz aqui?
Ambos falaram ao mesmo tempo.
-Passei o resto da tarde cavalgando e quando estava quase chegando aqui para guardar o cavalo, caiu essa chuva toda.
-Bem, eu...Ok, isso é ridículo, aposto que você vai rir da minha cara! Estava descansando no quarto, acordei e quis tomar um banho. Só que a “cabeçona” aqui se esqueceu de pegar a sacola com o shampoo dentro do carro. Fui buscar e quem disse que me lembro do caminho de volta para o casarão?
Matt já estava morrendo de rir.
-Ai Evi, tem que ser com você mesmo!
-O que? Já é difícil eu guardar caminho de dia, de noite então...chovendo? Piorou!
-Mas o que...
Matt nem terminou de perguntar. Estava rindo mais ainda ao observar a maneira peculiar com que ela estava vestida.
-Que figurino é esse?
-Ah...Pensei que fosse ser rápido e então só coloquei um casaco por cima.
-Espere! Você? Tem alguma coisa embaixo disso aí, não tem?
-Claro que sim, estou de camisola, seu safadinho! Pensou que estivesse nua?
-Não sei, do jeito que você é louca. Crazy!
-Stupid! Mas as botas são lindas, vai!
Evi levantou o pé mostrando o calçado.
-Camisola e bota?
Matt meneava a cabeça e gesticulava com as mãos, fazendo sinal de que ela era doida. Só Evi mesmo para fazê-lo rir daquela maneira tão espontânea.
-E agora, Matt?
-Agora esperamos um pouco essa chuva passar.

Enquanto ele olhava para fora, Evi o observava atentamente. Como ele ficava ainda mais gostoso todo molhado! A camiseta era a mesma azul turquesa com a famosa estampa com símbolo branco, a qual Matt parecia o garoto propaganda da marca de tanto que a usava. O tecido estava grudado a sua pele, de modo que lhe marcava claramente os contornos de seu peito. O cabelo ralo encharcado a fazia lembrar-se das cenas das primeiras temporadas de Lost, aquelas em que Jack ficava debaixo da chuva na mata.

Matt estava quieto, parte dele temia aquele momento, o fato de estarem os dois sozinhos, distantes de todos e presos pelo mal tempo em um local afastado. Nem queria olhar direito para ela porque, com certeza, pelo pouco que viu, já estava internamente em pensamento desejando aquele corpo molhado.

Mas Evi o conhecia. Depois de anos de convivência diária, ela conseguia identificar quando ele estava nervoso. Semblante sério, braços cruzados, olhar distante. Quem não o conhecia diria que ele era antipático por conta desses gestos. No entanto, eram sinais de que ele estava desconfortável com a situação.

Evangeline até tentou se conter, mas não dava, era a oportunidade perfeita para os dois matarem as saudades e extravasarem toda a tensão sexual que os preencheu durante o dia inteiro. Ela se aproximou e lhe deu um abraço por trás.
-Evi, por favor, não começa...
-O que, não estou fazendo nada! Só estou com frio porque estou toda molhada.
-Mas eu também estou molhado.
-Então, nunca ouviu falar em calor humano?
-Não podemos, Evi, não mais. Sinto-me tão culpado. Hoje mesmo Margh me pediu para não fazer mais isso.
-Isso o que?
-Permitir que você venha me visitar.
-O que, ela te proibiu?
-Não exatamente porque não sou criança para isso, mas, você sabe, ela desconfia de nós. Antes, tínhamos a desculpa das gravações para estarmos sempre juntos, mas agora...como explicar?
-O que ela disse?
-Que eu me transformo quando estou ao seu lado, que te amo.
-E é verdade? Você me ama?

Evi começou a beijar as costas dele, acariciando a sua nuca e então o virou, puxando-o em sua direção, fitando-o com seus olhos verdes brilhantes.
-É Matt?
Ele nada respondeu. Ela envolveu o seu rosto com as mãos e alcançou os seus lábios com um beijo. Aproveitou para dar uma leve mordida na parte inferior e abriu a boca o máximo possível para literalmente abocanhá-lo com ímpeto.
-Evi...hum...nós não...hum...eu não posso.
Ela não o deixava falar. Evi o sufocava com beijos cada vez mais intensos, seus lábios queimavam, ardendo de desejo. Ela introduzia sem pudor sua língua encontrando-se com a dele no processo. Por mais que ele tentasse, suas mãos o desobedeciam de modo que ele já estava agarrando os cachos molhados dela por entre seus dedos. Ele a encostou contra um pilar de madeira próximo e sem parar de beijá-la, pressionava o seu corpo no dela. Depois, fez uma trilha de beijos, do seu queixo foi para o pescoço, lambendo as gotículas de chuva que umedeciam a pele de Evi, até encontrar a barreira da gola do sobretudo. E então se afastou, ofegante:
-Espere, Evi, não podemos, é loucura demais!
-Temos que esperar a chuva passar, temos tempo, estamos sozinhos e ninguém sabe que estamos aqui. Por favor, Matt, vai dizer que não sente saudades?
-Você sabe que sinto, mas é errado. Já falamos sobre isso, não dá mais para continuarmos, Evi.
-Ok, está certo.
Ela deu uma pausa, mas depois de um minuto, voltou a argumentar.
-Você fez aniversário em julho e eu estava tão ocupada com as filmagens que nem te liguei.
-Eu sei. Até procurei uma mensagem sua no celular, mas não encontrei nada. Logo pensei que não faria mesmo sentido mantermos contato depois de tudo o que aconteceu, depois de termos terminado.
-Sabia que fiz de propósito?
Ele a olhava um tanto confuso.
-Não te liguei porque não quis. Porque queria vir pessoalmente lhe dar os parabéns e o seu presente, mesmo que atrasado.
-É mesmo? E cadê o meu presente?
-Está aqui.

Ela o olhava de forma exuberante. Evi mordeu os lábios com luxúria e desabotoou vagarosamente cada botão de seu casaco, deixando a mostra o fino tecido de sua camisola por baixo.
-Evi...
-Shiuuu, Matt. Sua mãe não te ensinou que é feio recusar um presente?
Matt até abriu a boca para responder, mas a visão diante dele era demais hipnotizante para que pudesse ao menos formular uma palavra.

Evi jogou ao chão o sobretudo, ficando somente com a camisola colada ao seu monumental corpo molhado. Era uma peça branca, o que a tornava ainda mais transparente, marcando os seus seios, sendo que os bicos estavam salientes pelo frio e pelo tesão que emanava de seu corpo. Dava para ver até a calcinha cavada, da mesma cor.

Ele estava imóvel, somente admirando aquelas formas perfeitas diante de si, totalmente embasbacado. Evi novamente chegou mais perto, mas desta vez, ele a puxou, a beijando com paixão, louco de vontade de usufruir o presente. Ela retirou a camiseta encharcada dele e aproveitou para logo em seguida abrir o zírper de sua calça. Ele se livrou da peça, ficando somente em seu traje íntimo. Antes que ela o despisse mais, os dois se deitaram nas folhagens de chão.
-Até que é fofinho esse capim. Está aí um bom lugar para se aprontar coisas nada inocentes.
Matt a calou com outro beijo caliente, enquanto deslizou as mãos pelas pernas de Evi, subindo a barra da camisola grudada até alcançar a calcinha. Colocou a mão por dentro da lingerie para entrar em contato com aquela região. Retirou a peça com pressa, quase rasgando a costura, não queria pensar em mais nada além de possuí-la por completo.
-Vai com calma, baby.
-Você me deixa louco.
-Você ainda não viu nada.

Evi foi deslizando a peça pelas pernas, embolando-a até que lhe chegasse aos pés, atirando-a ao lado. Agora ela estava livre e ele pode finalmente massagear o local, introduzindo um dedo e pouco depois, outro, em movimentos circulares, fazendo-a arquear e mexer a bacia, de encontro a ele. Só de ver a expressão de prazer em seu rosto já o deixava excitado. O calor estava crescendo dentro dela, Evi estava totalmente encharcada com os estímulos, mas ela queria mais, estava louca para tê-lo logo invadindo-lhe a carne.

Ele percebeu a grande excitação nela, mas antes que ela enlouquecesse de vez, decidiu se concentrar mais acima, em seus seios. Subiu o restante da camisola e a passou por cima da cabeça dela, libertando-a. Neste instante, Evi estava completamente pelada. Com um gesto delicado, apalpou cada um dos seus pequeninos seios e começou a beijá-los. Depois apanhou um de cada vez e colocou na boca. Matt era terno e se dedicava calmamente em cada carícia que fazia em Evi.

Totalmente arrepiada e ardendo em brasa, ela sentia as mãos dele percorrerem as suas curvas até chegarem novamente em seu clitóris, que a esta altura já estava bastante intumescido e quase explodindo de gozo. Por isso, resolveu pedir para que ele parasse com as preliminares e partisse para o ato em si. Mas antes, aproveitou para alcançar a sacola que trouxera.
-O que você está fazendo?
-Ai ai, como eu adoro ser uma mulher precavida!
Evi deu graças a Deus por ter comprado o item indispensável na farmácia junto com o shampoo. Pegou o pacote e abriu, retirando o preservativo.
-Você premeditou tudo, hein?
-Não, apenas tinha uma esperança de que acontecesse.

Evi riu, lembrando-se da conversa que teve com Jorge no carro. Ela ficou de joelhos e baixou a cueca de Matt, mordendo os lábios ao encarar todo aquele mastro rijo que apontava para ela. Não bastasse, ela não resistiu e deu uma beliscadinha nas nádegas dele, olhando para cima e sorrindo de forma sapeca para ele. Antes de colocar a camisinha em Matt, Evi aproveitou para acariciar a região com suas mãos aveludadas. Tocou os testículos e passou a mão em toda a extremidade do membro, fazendo movimentos compassados e ritmados, para cima e para baixo.

Matt, que já estava excitado, intensificou ainda mais o seu tesão com todos esses estímulos. Então ela pegou o preservativo e foi deslizando devagar pela extensão do pênis, pressionando levemente com os dedos cada pedacinho de pele que estava sendo coberta.

Depois de devidamente agasalhado, Matt deitou-se sobre Evi. Ela pode sentir o vigor de seu membro enorme e quente, encostando-se entre suas coxas. Ele começou a esfregar a glande macia em sua entrada. Com alguns movimentos sensuais, ela sentiu o seu pênis separando os lábios de sua vagina e então Matt a invadiu, Evi gemeu alto ao recebê-lo. Seu corpo todo entrou em convulsão, fazendo-a sentir um prazer indescritível. Os movimentos de vaivém causaram ondas de excitação cada vez maiores enquanto ela sentia aquele membro duro dentro dela.

Eles esfregavam seus corpos e podiam sentir a luz dos raios da tempestade refletirem no contorno dos seus corpos nus. Eles suavam cada vez mais à medida que Matt metia o seu membro com força e mais profundamente nela. Evi abriu o máximo que pode suas pernas para facilitar e o apertava em direção a si, abraçando-o e cravando as unhas em seus ombros e costas. Os púbis se encontraram, indicando que ele estava por inteiro dentro dela.

Ambos tremiam, ofegantes, um ardor intenso percorria-lhes o interior, um fogo que não se apagava se alastrava por dentro, atingindo-os dos pés a cabeça. Aceleraram os movimentos, mexiam-se freneticamente e os seus sussurros se misturavam aos gemidos.

O cheiro de sexo parecia emanar pelo local, alguns cavalos se mexiam um tanto alvoroçados, como se percebessem o que estava acontecendo por perto.

Evi chegou ao seu ápice, não estava agüentando aqueles movimentos fantásticos em suas entranhas e se entregou por completo ao orgasmo. Matt não demorou em acompanhá-la e, por sua vez, também gozou. Ele ficou um tempo sobre ela e ambos permaneceram trêmulos por alguns minutos até que recuperassem as suas forças e então ele caísse ao lado, totalmente exausto.

Ao voltarem para a casa principal, não entraram juntos, Evi foi pelos fundos e Matt foi por outra porta. Porém, não esperavam que estavam sendo observados da janela por Margh, que os avistou se aproximando da casa e se separando há poucos metros da varanda.

Margh tinha acordado com uma dor de cabeça insuportável por causa da bebedeira e tinha ido à cozinha buscar um remédio. Procurou pelo marido por todos os cantos da casa e não encontrou. Teve ganas de ir até o quarto de Evi, mas pensou “Não, ele não seria tão abusado a esse ponto”. Cruzou com uma das empregadas pelo corredor e perguntou como quem não quer nada pelos hóspedes. Ninguém tinha visto Evi sair naquela hora, a última informação era de que ela e Jorge tinham se retirado da festa para descansarem e não tinham saído do quarto.

Margh suspirou aliviada, Matt deveria estar com um dos irmãos ou com o pai pelas redondezas, quem sabe ele tinha razão quando lhe dissera pela manhã que o ciúmes dela era besteira e sem cabimento. Ela abriu aquele sorrisão seu tão típico, tranqüila, pensando que tudo estava sob controle. Voltou para o quarto para tentar dormir. Notou que o vidro da janela estava todo coberto de respingo de chuva e resolveu fechar. Tal foi a sua surpresa, como se seus olhos tivessem um radar, viu Matt vindo em direção a casa. E ele não estava sozinho, como ainda garoava, Matt compartilhava com alguém um sobretudo sobre a cabeça, como se fizesse um toldo ou cabana para abrigar-se da chuva. E essa pessoa era um vulto vestido de branco, depois, à medida que se aproximavam, ela finalmente pode reconhecer: era Evi.

Margh espremia os olhos, tentando enxergar minuciosamente os dois. Andavam abraçados. Onde eles estavam antes? E naquela chuva? Sozinhos? O sangue começava a ferver por entre as veias e ela quase teve um colapso quando viu Evi ficando nas pontas dos pés e dando um selinho em Matt, antes que se afastassem e fossem cada um para o seu canto.

Margh tratou de se enfiar de volta debaixo das cobertas. Estava perplexa, chocada. Realmente não era uma desconfiança boba, eles eram amantes! Mesmo assim, ela não queria acreditar. Talvez fosse um selinho inocente, Matt tinha dado um em Susan Sarandon na festa do Emmy, Evi tinha dado um em Josh nos bastidores de Lost, quem sabe não era cisma de sua cabeça?

Matt entrou no quarto lentamente, procurando não fazer barulho. Margh fingia que estava dormindo, mas seus sentidos estavam em alerta. Enquanto ele se despia da roupa molhada, ela não pode deixar de sentir o perfume. Não, não era loucura. Ele tinha o perfume dela no corpo. Não tinha sido um simples selinho. O problema era o que tinha acontecido antes, certamente eles tinham acabado de fazer sexo!

Ele foi tomar banho e enquanto isso, Margh tinha vontade de gritar, de ir até o quarto de hóspede e fazer um escândalo. Arrancar os cabelos da outra e expulsá-la da casa imediatamente! Chorava, sapecava os travesseiros ao longe, bagunçava os lençóis. Mas então, a euforia passou. Ela lembrou-se dos filhos, dos sogros, do restante da família. No fundo, naquele momento só teve a confirmação de algo que ela sabia há anos, mas não tinha coragem de admitir, ele a traia com Evangeline.

Os mais de vinte anos de união a tornaram perita em saber do comportamento do marido. Ele não era mais o mesmo com ela. Eram casados, mas pareciam amigos, ele não mais a procurava como antes, desde que Evi entrou em sua vida. Mas uma coisa era verdade: ele sempre voltava. Não teria coragem de abandonar a família, que era o seu bem mais precioso. E por essa certeza, ela engoliu o orgulho e o choro e decidiu que não iria dizer nada. Iria fazer o que sempre fez, fingir que não sabia de nada. Pelo menos, ela o tinha de dia e de noite, ao passo que a outra só o tinha por algumas horas. E iria embora no dia seguinte. Agora que Lost acabou, não iriam se ver com freqüência, logo a relação esfriaria e Matthew a esqueceria, assim Margh esperava.

Logo cedo, Jorge e Evi se arrumaram para partir. Despediram-se de todos e foram para o local em que os carros estavam estacionados. Matt deu um forte abraço no amigo. Então ele e Evi trocaram olhares, mas não podiam se despedir como queriam, Margh estava um pouco mais adiante, olhando para eles.
-Adeus, Matt, boa sorte com a construção da casa nova.
-Tchau, Evi.
Ao abraçá-la, ele sussurrou discretamente em seu ouvido.
-Sim, é verdade, eu te amo. Espero-te em Londres.
Evi queria sorrir, mas tinha que disfarçar, então procurou ficar séria, mas Matt pode ver uma faísca em seu olhar, um vislumbre de que muito em breve eles dariam um jeito de se encontrarem. Matt iria fazer uma peça de teatro na Inglaterra e certamente Margh não poderia acompanhá-lo a temporada inteira por causa dos filhos. Seria uma grande oportunidade de ele e Evi passarem um longo período de tempo juntos.

Evi parou o carro no posto, Jorge também queria dar uma pausa. Eles resolveram tomar um lanche no Seven-Eleven do local. Evi aproveitou para comprar umas balas e outras coisas para seguir a viagem de volta. Enquanto comiam, Jorge brincou:
-Quando estávamos no caixa, por um momento, pensei que você fosse comprar...er...um certo pacote muito útil.
-Camisinha? Não, não, já comprei na ida.
Olhando de forma sapeca, ela acrescentou:
-Se bem que...vou precisar repor o estoque.
Jorge tossiu ao ouvir a frase.
-Não, você está brincando? Vocês não...?
-Você não disse que nos conhecia? Pois é, vamos dizer que, ainda bem que sou uma mulher prevenida.
Ela dava gargalhadas com o jeito perplexo com que Jorge a encarava.
-Mas não vou comprar agora, deixa para comprar em Londres.
-Evi!
-O que? Nunca se sabe o que poderá acontecer...
Ela deu uma piscadela e entrou no carro, mandando-lhe beijos ao longe.

Evi dirigia feliz da vida. Mal saíra de uma aventura e já estava pensando na próxima. E não via a hora de vê-lo novamente, em Londres. Margh poderia estar certa, Evi o tinha por algumas horas, mas essas horas eram tão plenas e intensas que lhes valiam por toda uma vida.

FIM.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fic: I can't live without you - Epílogo

Epílogo: Paraíso

Depois que a luz branca envolveu a todos, eles se encontraram em um local bem peculiar: uma ilha. Olharam-se surpresos até que Jacob apareceu explicando que aquilo era apenas uma recriação do ambiente em que eles se conheceram e viveram a parte mais importante de suas vidas. Só que desta vez, viveriam em paz, sem ter de lidar com os perigos e mistérios rondando. Assim como eles foram para a luz, MIB foi para a escuridão e não mais os incomodaria. Jack contou a Kate que a última imagem que viu em vida foi do avião partindo. Ele morreu com um sorriso estampado na face e com a sensação de dever cumprido. Pode ter feito muitas coisas erradas, mas pelo menos ele a tinha salvado. Kate revela que na verdade, ele a salvou a partir do momento em que ela o conheceu e lhe deu a chance de ser uma pessoa melhor e de amar como ela nunca tinha sentido antes.

No local, assim como na ilha original, havia também uma vila, parecida com aquela da Dharma. Sawyer e Juliet souberam, assim que avistaram uma casa amarela com um jardim harmonioso na frente, que aquela era a casa deles, visto que era uma cópia do lugar onde eles tinham sido felizes. Jack e Kate também encontraram, ruas mais adiante, a sua futura casa: um sobrado vistoso, idêntico aquele em que formavam uma família nos tempos de Oceanic 6.
-Sei que já te perguntei antes, mas vou reforçar o meu pedido: se casaria comigo?
-Sim, claro que me casaria, sim!

Sun ajeita o meu cabelo, dando os últimos retoques. Ela tinha feito um arranjo de flores, o qual prendi entre os meus cachos, em um meio rabo, deixando alguns fios soltos na frente, para que ficasse um look mais natural.
-Então, como estou?
-Perfeita. Vamos, está na hora. Jack deve estar impaciente te esperando.
Dei um suspiro profundo, minhas mãos estavam tremendo. Porém, era um nervosismo gostoso, mais por conta da minha ansiedade de noiva. Eu já me casei uma vez, há muito tempo, não como Kate, como Mônica, minha identidade falsa. Mas agora era diferente, era com Jack, o homem da minha vida, o meu destino, meu grande amor.
-Estou pronta.
Abri um sorriso largo ao avistar todos os nossos amigos a minha espera. E lá estava ele, ao final do corredor decorado com flores: Jack. Seus olhos reluziam, cintilavam de uma forma tão radiante como nunca tinha visto antes. Mas ainda assim eram os mesmos olhos castanho-esverdeados a me espreitar, zelosos, carinhosos, doces e por tudo isso, encantadores. Retribuí, olhando fixamente para ele. Não acreditava no que estava acontecendo, finalmente estávamos nos casando!

Depois de tanto sofrimento, tanta dor, mágoa, obstáculos, neste momento, nada nos impede, podemos ficar juntos, nada poderá nos separar. Vou poder ser eternamente dele e ele, ser eternamente meu. Vamos nos amar com toda a intensidade possível.

Cheguei até ele e me postei ao seu lado. O casamento era na praia, uma representação do mesmo lugar em que nos conhecemos em vida. Mr Eko, auxiliado por seu irmão, celebrava a nossa união eterna.

Não pude conter as lágrimas que escapavam de meus olhos, mas neste momento, eram de pura alegria. Notei que Jack também tinha os olhos marejados, dava para perceber que ele também estava profundamente emocionado. Pegamos as mãos um do outro, ficamos frente a frente e fizemos nossas juras de amor.

É fim de tarde, mas o sol ainda não se pôs, de forma que alguns raios iluminam timidamente o céu.

Após a cerimônia, a festa corre solta. Charlie toca as suas canções e todos dançam e conversam animadamente. Jack pisca para mim, dando aquele sorrisinho típico dele, indicando que era hora da gente sair de fininho para a nossa noite de núpcias. Não hesito em acatar a sua sugestão. Juntos, de mãos dadas, rumamos em direção a nossa casa.
-Vamos realmente para casa?
-Sim, estamos realmente indo para casa. Para a nossa casa.
-Touchè.
Dei um grito quando ele me pegou no colo. Dava gargalhadas enquanto ele me carregava para dentro de casa. Assim que Jack fechou a porta, agarrei o seu rosto e o beijei com vontade. Ainda em seu colo, Jack me levou para o quarto, sem que parássemos de nos beijar. Quando chegamos, ele me pôs no chão e sem quebrar o contato visual, o empurrei para a cama. Jack ficou deitado, se apoiando nos cotovelos e me observando. Mordi meus lábios, meus olhos ardiam de desejo. Mas antes que começássemos a fazer o que estávamos prestes a fazer, me declarei:
-Eu te amo.
-Eu amo você.

Sem mais demora, me atirei em seus braços. Iríamos recompensar todo o tempo perdido. Estávamos casados. Seriamos um do outro para sempre. Era oficial. Desta vez, a união é eterna. It’s meant to be. É o nosso destino.

FIM.

Fic: I can't live without you - Cap 4

Capítulo 4: Our very own Adam and Eve

Abro vagarosamente os olhos. Finalmente consigo despertar das brumas da inconsciência. Ainda estou no hospital. É estranho, mas não me sinto melhor. Estou fraca, sem força até para pensar. Tudo o que consigo fazer é dormir. Meu coração bate lento, meus braços estão perfurados por tubos que injetam alguma substância, soro, remédio talvez. Minha respiração é sôfrega, estou muito cansada. Cansada de lutar, cansada de viver. Não consigo me manter acordada na maior parte do tempo.

-Então, doutor, como ela está?
-O seu estado é crítico, ela está muito debilitada. Ela precisa reagir, mas não sei se terá força o suficiente.
Claire estava arrasada. Às vezes, sentia-se um estorvo por ter sido, indiretamente, uma pedra no caminho de Kate e Jack. Por isso, foi até o quarto tentar falar com Kate.
-Kate, pode me ouvir? Não sei se pode, mas vou dizer mesmo assim. Costumava visitar minha mãe em coma quando estava grávida do Aaron e sempre lhe contava como as coisas estavam indo. Pois bem, aqui estou.
Ela se aproximou da cama e sentou-se na beira, ao lado do corpo de Kate.
-Eu sinto muito. Sinto por ter feito você voltar para cá. Acho que no fundo você queria ficar na ilha até...você sabe, não deixar o meu irmão morrer sozinho...
Claire começou a chorar.
-Eu preciso de você, Kate. Como vou criar Aaron sozinha? Sei que nós dois tivemos um grande progresso, mas ainda não me sinto segura o bastante para cuidar dele sem a sua ajuda. Ainda não estou cem por cento normal, acordo à noite com pesadelos daquele lugar. Tenho medo de enlouquecer igual aquela mulher francesa, a Rousseau. Por favor, Kate, lute!

Uma lágrima solitária caiu de meu olho. Senti compaixão por Claire naquele momento, porém, o que ela não podia compreender é que, por mais que eu tentasse, não iria tão longe. Eu simplesmente não consigo. Não consigo viver sem Jack. A cada dia que passa, o amo ainda mais. Não posso seguir em frente, nem deixá-lo para trás. Pensei que pudesse, quando embarquei ao lado de Claire e Sawyer no vôo de volta para casa. Mas agora que estou aqui, tudo faz lembrar-me de Jack. E não quero abandonar as minhas recordações. Seria o certo, libertá-lo de meus pensamentos para que ele alcance a paz esteja onde estiver o seu espírito. Mas não sou capaz de fazer isso, não contenho a tentação de pedir para que ele fique. Odiei a luz branca que nos afastou e me trouxe para esse hospital!

À medida que o tempo passa, Jack vai se afastando de mim, um dia a mais é uma distância a mais que nos separa. Nunca quero esquecer o seu rosto. Fico brava comigo mesma se não me lembro de imediato alguma coisa importante que ele tenha me dito. Por enquanto, as lembranças estão frescas, mas e daqui a 5, 10 anos?

O sono mais uma vez me vence e caio em um breu profundo. Horas depois, creio eu, ouço uma voz familiar:
-Sardenta?
Sawyer está de pé ao lado do leito. Passa a mão pela minha testa e me olha compadecido.
-Eu sei o que está acontecendo, você quer desistir. Foi exatamente o que pensei quando perdi Juliet. Claro que foi por pouco tempo, no minuto seguinte, o que me alimentava era o ódio eu senti pelo doc...Mas isso são águas passadas, eu o perdoei. Perdoei porque vi a nobreza dos seus sentimentos, a sua atitude de se sacrificar para nos salvar, salvar a ilha e acima de tudo, te salvar. Acredito que esse foi o pensamento final do doc, a satisfação em saber que ele não estava morrendo em vão e que você estava viva. Foi o que Juliet me disse pouco antes de ir, ela explodiu a bomba para que eu tivesse uma chance de me salvar. O doc fez o mesmo. Portanto, não desperdice, lute!

Lutar. Todos agora vêm até aqui para me passar sermão. Eu lutei a vida inteira. Sempre nadando contra a correnteza, fugindo, ficando na corda bamba. E no momento em que senti que a batalha valeu a pena, quando conheci Jack e ele me fez ser uma pessoa melhor, alguém especial, comecei a perder a luta. Perdi a guerra. Perdi Jack. Então, ninguém pode me dizer que não lutei. Fui uma guerreira, um soldado, mas a morte o tomou de mim, vencendo-me cruelmente. E se não bastasse, agora ela quer me arrastar e não tenho mais forças para impedir que ela me leve.

Não ouço mais voz alguma. Uma quietude acomete o lugar, tudo está calmo. De repente, vejo novamente a luz branca. Devo dizer que estou sorrindo, não tenho mais medo. Caminho em direção à claridade, algo me dizia que chegara a minha hora. A hora de partir, o momento do adeus. Ando de maneira altiva, de cabeça erguida, uma certeza me acompanha, a de que finalmente cumpri o meu destino.

Dois dias depois...

A campainha toca e Claire vai até a porta atender. Um sorriso tímido se forma em sua face.
-Hei Hurley.
-Hei Claire.
Os dois se abraçam.
-Entre, por favor.
Hurley adentra a sala, seguindo-a.
-Eu soube de tudo, vim o mais rápido que pude. Dude, tipo, estou muito triste, mas não foi uma surpresa isso o que aconteceu. Eles estiveram juntos o tempo todo, quer dizer, eles tinham se separado, mas você sabe...Eu vi, estava lá na despedida dos dois na ilha, no penhasco. Logo pensei que não iria acabar bem.
-Ela era uma mulher tão forte, Hurley.
-Sim, mas todo o mundo tem o seu ponto de fraqueza. O dela era esse amor pelo Jack. Gozado dude, estranho...mas de certa forma, talvez ele fosse as duas coisas ao mesmo tempo, o seu alicerce e sua ruína. E ela era também isso pra ele. Deixa para lá, esquece...Já tomei todas as providências necessárias. Levá-la-ei de volta hoje mesmo.
-Obrigada Hurley. Não sei onde ela gostaria de descansar e como não tinha nenhum parente, achei que seria mais lógico ela estar ao lado dele.
-Também acho. E você?
-Estou desolada, mas tenho que segurar a onda por causa de Aaron. Achei melhor não contar a verdade para ele, pelo menos por enquanto, ele é muito pequeno para entender esse tipo de coisa. Apenas disse que a tia Kate foi viajar para bem longe, ao encontro do tio Jack.
-Você não está mentindo, pelo menos é o que acho que deve ter acontecido. Jack nunca veio me visitar, até queria, sinto muito a falta dele, éramos, você sabe, amigos de verdade.
Claire franziu a testa, o jeito com que Hurley dizia com naturalidade sobre falar com mortos a deixava um tanto encabulada. Percebendo, ele tratou logo de lhe dar um abraço de despedida.
-Pode deixar, Claire, está tudo certo. Bem, adeus.
-Tchau, Hurley. Mais uma vez, obrigada por tudo.

Mais tarde na ilha...

Hurley estava triste. Ele tinha se segurado até aquele instante, mas agora tinha caído a ficha. Kate estava morta. Ele se lembrou de todos os enterros que já participou na ilha. E se recordou dos discursos de Jack, a cada um que partia. E neste momento, lá estava Hurley novamente diante do túmulo de Jack. Enterrá-lo foi a coisa mais difícil que já fez na vida. Quem fez o serviço propriamente dito foram Desmond e Ben, porque Hugo na ocasião somente chorava. Naquele dia, Vincent o chamou, Hurley seguiu a sua trilha até que localizou o bambuzal. Quando avistou o corpo de Jack caído perto dos bambus, ao longe, ele correu até o local, com esperança de que o amigo ainda estivesse vivo. Mas ele não estava.

Hurley tocou o ombro de Jack, tentando fazer um ritual doido, já que era o novo Jacob, quem sabe não tivesse poderes? Sua tentativa foi frustrada, Jack não ressuscitou.

As lembranças do dia terrível da morte de Jack povoavam a sua mente. Agora era o corpo de Kate que tinha de ser enterrado. Hugo trouxera o caixão com ele, para a ilha. O túmulo de Jack ficava próximo às cavernas. Era um lugar lindo e ele decidiu sepultá-lo ali por ter sido descoberto por Jack. Kate repousaria em uma cova ao lado.
-Dude, eu sei que deveria dizer umas palavras bonitas, mas...eu não consigo. Jack e Kate eram “o casal” desta ilha. O primeiro que vi nascer neste lugar. Nunca te disse, Ben, mas sabe que fui o primeiro a notar o clima de romance entre eles? Pois é...perguntei para o Jack se ele iria levar Kate para morar com ele nas cavernas...E olhe só que ironia! Soube que quando encontraram os esqueletos lá dentro, Locke disse que eram o nosso próprio Adão e Eva. Creio que a metáfora também se aplica aos dois. Pensei que fossem se casar e ter uma dúzia de filhos.
As lágrimas caem em seu rosto sem parar, de modo que Hurley não consegue dizer mais nada.
-Tudo bem, Hugo...Foi muito bom o discurso.
Ben tenta consolar o novo protetor da ilha, não sem dizer a frase de forma lacônica e um tanto sarcástica.
Hurley coloca algumas flores sob a terra recém mexida e profere suas últimas palavras diante dos dois túmulos.
-Eles não puderam viver juntos em vida, mas vão poder estar unidos para sempre, na eternidade.

Continua...