segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fic: I can't live without you - Cap 3

Capítulo 3: Ele está aqui

-Alguma novidade?
-Não, nada. Estou muito preocupada.
-Sinto muito, Claire, por ter sido portador de tão tristes notícias. Mas, você sabe, não tem como ser agradável ao dizer que alguém como Jack se foi. Eu realmente sinto muito.
-Está certo, Desmond. Nem eu mesma acredito ainda. Nem tive a oportunidade de passar mais tempo com meu irmão, somente convivemos antes, quando desconhecíamos esse fato.
-Por favor, mantenha-me informado. A qualquer hora, me ligue, ok?
-Tudo bem. Tchau.
Claire desligou o telefone. Na manhã seguinte à escapada de Kate, levou um susto quando subiu as escadas e se deparou com a porta do quarto de Kate aberta. Procurou-a por todos os cantos da casa e nada. Uma coisa a tranqüilizava, Kate não tinha esvaziado o guardaroupa, ou seja, não tinha ido embora, talvez tivesse saído para esfriar a cabeça um pouco. O problema é que ela não tinha se alimentado e estava transtornada. Além do que, ela sequer tinha avisado que iria sair. Acrescente-se a constatação de que ela desaparecera há dias e não tinha mandado notícias. Isso deixava a loirinha apreensiva.

Sawyer ainda estava por lá para ajudar, mas tanto ele como ela não conheciam direito os hábitos de Kate fora da ilha. Quais seriam os lugares freqüentados por ela? A quem recorria em momentos de desespero como esse?

Claire lembrou-se de Cassidy. Kate havia comentado vagamente sobre ela certa vez, quando contou que precisou de suas dicas para aprender a cuidar de um bebê. Sawyer não se sentiu nada confortável com a ideia de precisar de ajuda da ex. Ele tinha prontamente se encontrado com ela, pouco depois de ter voltado ao mundo real. Porém, as coisas não eram nada amistosas entre eles. Sawyer procurava ter o mínimo contato com Cassidy, o relacionamento deles se resumia apenas a Clementine. Ele conheceu a menina, mas eles não eram próximos, ainda eram praticamente estranhos tentando criar um pouco de intimidade por conta da relação de parentesco.

Embora contrariado, Sawyer concordou com Claire, talvez Cassidy fosse de alguma utilidade, eles tinham que se concentrar em Kate, não era hora de deixar que questões particulares interferissem.
-Bem, não sei se posso ajudar, nossas conversas eram bastante focadas nas crianças, em Aaron e Clementine ou então, em você.
O olhar de Cassidy parecia querer ferir Sawyer, tamanho rancor que aquela mulher carregava dentro de si.
-Sinto-me lisonjeado ao ser o centro das conversas das damas.
-Não se orgulhe, meu caro, não éramos nada elogiosas com a sua pessoa. Eu, pelo menos.
Claire, que acompanhava Sawyer, já estava começando a ficar irritada com aquela troca de farpas entre os ex-amantes.
-Mas você não tem uma ideia vaga de onde ela possa estar?
Cassidy hesitou por um momento. Depois, disse:
-Talvez estamos pensando de maneira errada. Não é melhor levarmos em consideração o foco principal de tudo isso, que certamente não é a Kate, é o Jack?
-Como assim, o doc?
-Algum lugar importante para o casal, sei lá.
-E como é que eu vou saber disso?
Sawyer se mostrava estressado.
-Já procuraram no apartamento dele?
Como eles não tinham pensando nisso? A questão era saber onde ficava. Claire teve a ideia de obter a informação entrando em contato com o hospital onde Jack trabalhava. Com o endereço a mão, eles se dirigiram ao local.
* * *

Eu abri os olhos. Não me lembro quando peguei no sono. Não faço ideia de quanto tempo estou aqui. Apenas sei que tem horas que o quarto está mais claro e em outras, está mais escuro, mas nem me dou ao trabalho de olhar as horas, não interessa.

Só sei que estou sonolenta. Quando minhas pálpebras estão prestes a se fecharem novamente, eu sinto um arrepio. No segundo seguinte, sinto uma respiração próxima a minha nuca. Sei que é ele, não preciso nem tentar adivinhar.
-Jack?
-Kate.
Ao ouvir sua voz rouca, uma lágrima teima em cair. Não quero me virar, com medo de ser somente minha imaginação. Ele passa suas mãos macias em meus cabelos, aperto os olhos ainda de costas para ele.
-Jack, esteja onde estiver, não vá embora, não me deixe, por favor!
Eu falava baixinho, minha voz quase não saía devido a minha fraqueza.
-Eu estou aqui, Kate. Estou com você.
-Não, não está, eu sei que não está. Você se foi, preferiu morrer naquela ilha maldita a ir embora comigo.
Disse-lhe com raiva. As palavras saíram naturalmente. Estava guardando tudo dentro de mim e não agüentava mais aquela dor me atormentando, me corroendo.
-Você desistiu, Jack. Desistiu de nós, considerou o seu destino mais importante que o nosso amor.
Um silêncio preencheu o momento. Totalmente temerosa de tê-lo espantado com minhas declarações ressentidas, resolvi virar-me para encarar a verdade e tal foi a minha surpresa, ele realmente está aqui.
-Jack? Você...como? É você mesmo, não posso acreditar!
Uma corrente de lágrimas despenca dos meus olhos e escorrem pelo meu rosto. Jack, o meu Jack, me olha com aquele seu jeito peculiar, com olhar direto, atencioso, com seus olhos castanho-esverdeados que não param de se mexer, saltitando de um canto ao outro, querendo me mapear por completo.

Ele me deposita um beijo, tocando meus lábios com delicadeza. E como é bom sentir o seu toque, o seu hálito quente, a sua língua a passear por dentro de minha boca, o seu gosto! Isso era algo que eu fazia questão de rememorar todos os dias, como era a sensação de beijar Jack Shephard! O medo de esquecer como era o seu beijo me assombrava. Forçava todos os meus sentidos para que eles não se esquecessem, não queria jamais me libertar dessa lembrança. Eu sei que com o tempo, nossa memória nos trai, sempre tenho esse pavor, de não me lembrar de seus traços, dos pequenos detalhes do seu rosto.

Mas agora, posso sentir com clareza, ele está aqui! Dirijo minhas mãos para a sua nuca, deslizando meus dedos pelo seu cabelo para depois tocar-lhe a bochecha. Não quero me soltar, mas preciso retomar o fôlego. Então, nos desvencilhamos. Eu não contenho o meu sorriso, como é bom vê-lo de novo! Meus olhos estão fixos nele, quero redecorar cada característica, cada expressão de sua face.
-Sinto tanto a sua falta! Diga-me que você voltou, que vamos ficar juntos.
Jack sorri e me contempla com o seu olhar. Ele me faz carinho, suas mãos escorregam em meus ombros e não resisto à tentação de me aninhar em seus braços largos.
-Estou tão cansada...Não quero dormir, quero estar com você.
-Fique tranqüila, durma Kate.
Eu lutava contra o meu esgotamento, não queria fechar os olhos temendo abri-los e Jack não estar mais por perto. Meu coração estava calmo, senti uma paz tão reconfortante!

Pisco o olho, mas rapidamente o abro e por sorte, Jack ainda está aqui. Ouço um burburinho de vozes ao longe, deve ser do apartamento vizinho ou do corredor.
-Kate? Kate?
Uma luz branca parece invadir o quarto. Mal consigo manter os olhos abertos, não entendo o que está acontecendo.
-Jack? O que foi isso?
-Eu não sei.
-Jack? Jack?
Desespero-me porque a claridade ofusca a minha visão, de modo que não consigo enxergar mais os moveis do quarto e nem Jack.
-Jack?
Para o meu alívio, consigo avistá-lo e ele ainda está ao meu lado. Trocamos um olhar confuso, sem entender o que se passava. Demos as mãos e então a luz ficou mais forte, por mais que nos esforçávamos para continuar de mãos dadas, uma força estranha parecia me puxar para longe dele, até que não mais o vi.
-Jack? Jack? Cadê você? Jack?
O meu olho pesa. Eu me esforço para abri-lo, mas por incrível que pareça, não consigo. Apago.
-Ela voltou. Sinais vitais estão de volta.
Barulho. Algum aparelho faz um pam pam esquisito. Vozes estranhas. Apago novamente. Tempo depois, sinto minha mão formigando. Alguém está com a mão sobre a minha. Abro o olho e reconheço Claire.
-Kate? Consegue me ver?
Quero falar, mas a voz não sai, então pisco afirmativamente.
-Que bom, você está viva, me reconheceu! Vai ficar tudo bem, procure descansar.

Minha mente, apesar da fraqueza, começa a tomar conhecimento do que estava ocorrendo. Olho ao redor e noto que estou em um hospital. Ao perceber meu olhar de indagação, Claire procura explicar:
-Você nos assustou. Saiu sem avisar, procuramos por toda a parte, até que te encontramos no apartamento de Jack, desacordada. O médico disse que você está muito fraca, provavelmente porque não se alimenta há dias. Mas tudo vai dar certo, te achamos e vamos cuidar de você.

Apenas avisto o seu rosto luminoso, mas tenho duvida se quero ser cuidada. Então não era verdade. Jack não estava aqui. Parecia tão real! Prefiro acreditar que foi um encontro verdadeiro, talvez Desmond esteja certo, talvez ele esteja me esperando em algum lugar, o qual eu quase alcancei porque estive à beira da morte. Pode parecer loucura, mas mal posso esperar para chegar neste lugar especial, onde encontramos com todos que amamos e somos felizes para sempre. Mal posso esperar para vê-lo novamente.

Continua...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Fic: I can't live without you - Cap 2

Capítulo 2: A última noite

-Kate? Kate? Por favor, responda! Está me ouvindo? Kate!
Ouço a voz de Claire do outro lado, pedindo para que eu respondesse, mas como, de que jeito? Nenhum som consegue escapar de minha boca, estou paralisada. Não ligo, não me importo, não quero me mexer.
-Hei...Kate? Lembra-se do que te disse? Por favor, acredite, é possível, você vai reencontrá-lo um dia.
-O que você está falando para ela?
-Eu sei, Claire, acredite em mim, não sou louco. Um dia, todos nós nos veremos em outra vida, estou certo disso.
-É, mas parece que ela não está. Kate!
Batidas na porta, pedidos, sermões...Chegou um momento em que eu não escuto mais nada, nem distingo as vozes que se alternam do lado de fora do quarto. Um grande silêncio se fez presente e depois de um longo período de tempo, outra pessoa intenta em me convencer a sair.
-Hei, sardenta? Kate!
Eles deviam estar muito desesperados mesmo para chamar Sawyer. Desde quando ele iria me convencer? Ele nunca conseguiu isso durante todos os meses que passamos na ilha, olha que ele argumentou e ressaltou muitos pontos a serem considerados, como quando tentou me convencer a ficar na ilha com ele no acampamento do Locke porque não haveria nada me esperando fora da ilha além de cadeia. Com coisa que fosse possível eu estar em um lugar em que Jack não estava! Preferi arriscar tudo, mesmo com todas as circunstancias desfavoráveis, correndo o risco de ser presa, ou mesmo de Jack nem querer saber de mim, ainda assim, era melhor tentar a sorte com ele do que deixá-lo escapar. A verdade é que o meu coração já estava nas mãos dele, por isso toda essa insanidade e teimosia minha em querer ir embora daquele lugar. Eu queria estar onde Jack estava, não importando se era certo ou errado.

-Entendo o que você está sentindo, passei por tudo isso quando a minha Jules partiu. E se me lembro bem, quando eu estava destruído, você foi até mim tentar me ajudar. Aqui estou tentando fazer o mesmo por você. Agora pare com isso, sardenta, abra essa porta e vamos conversar!
Eu escuto, mas não ouço. Não quero ouvir, nada do que dizem vai me tirar de minha tristeza, de meu luto. Então, um pensamento ocupa a minha mente: o rosto de Jack. O seu olhar, derradeiro, a me implorar para que colocasse Claire no avião. Eu sei que tinha que fazer isso, era o meu propósito, voltei para a ilha por essa causa. Mas o meu coração está esmagado, em pedaços. Um arrependimento absurdo se alastra em meu interior. Não deveria tê-lo deixado. Por que não insisti? Jack era muito teimoso, mas eu deveria tê-lo convencido a permitir que a ilha se afundasse. Ok, eu sei que ele era responsável demais, mas por que não o impedi e cumprir aquelas loucuras todas que o Jacob lhe impôs?

Durante todo o nosso regresso à ilha, eu fiz questão de mantê-lo afastado de mim. Estava com ódio, queria puni-lo por ter me feito sofrer, por ter deixado a mim e Aaron, por não ter honrado o compromisso de se casar comigo. Estávamos noivos, éramos felizes, mas então, ele tinha que trazer à tona o seu sentimento de culpa e pior, tinha que me acordar do meu sonho perfeito de ser uma mulher perfeita com uma família perfeita.

Burra, estou me corroendo neste instante! Custava demonstrar-lhe o meu amor? Quem sabe se ele tivesse provas de que eu ainda o amava, não teria se metido até o pescoço nessa confusão toda de ser o protetor da ilha? Ele iria ter uma razão para ir embora. Claro, idiota que eu sou! Somente agora entendo o porquê daquelas palavras dele, de que ele arruinou tudo. Deveria ter roubado um minuto de sua atenção e lhe dito que nós não éramos irreversíveis, nós podíamos passar uma borracha em tudo e recomeçar do zero, uma vida juntos. Deveria ter deixado Jack tomar conhecimento de que ainda tinha todas as chances de se reconciliar comigo. Mas não, o meu orgulho estúpido me cegou e acabei como sempre, não dizendo nada!

Lágrimas escorrem da minha face, uma após outra, meus olhos estão inchados, minha cabeça dói, mas não consigo conter o meu pranto. Meu choro é sentido, começo a soluçar, quero gritar, quero arrancar do peito toda a minha dor.
-Kate? Sardenta? Por favor, me deixe entrar!
Finalmente junto força o suficiente para dizer:
-Vai embora, por favor, me deixe! Todos vocês, me deixem em paz...
Torno a deitar a cabeça no chão, minhas unhas arranham o assoalho, meu cabelo gruda em parte do rosto, emaranhado às lágrimas que não cessam jamais.

Horas se passam, sei que é noite novamente por conta da escuridão que ocupa o cômodo. As vozes se calaram desde a minha súplica, então, finalmente consigo me levantar. A cabeça está zonza, apoio o meu corpo com as mãos na parede, sinto-me fraca porque nada comi e nada bebi no decorrer do dia.

Giro lentamente a maçaneta, saio do quarto sem fazer barulho. Vou até o quarto de Aaron. Ele dorme feito um anjo, observo seu rostinho com bochechas rosadas e seu cabelo louro. Sento-me na ponta da cama e passo a mão cuidadosamente sobre uma mecha e repouso um beijo leve em sua testa. Ele se mexe um pouco, mas seu sono é tão pesado que ele não chega a acordar.
-Eu te amo, meu pequeno.
Digo baixinho, coloco a mão na boca para sufocar mais uma onda de choro que está por vir. Fico parada contemplando-o por mais um instante e depois me levanto, sem olhar para trás.

Posso avistar do corredor que Claire está dormindo no sofá da sala, Sawyer em uma poltrona corre a sono alto, com um livro repousando sobre o peito. Desço as escadas e pego a minha bolsa, abrindo a porta principal sem ser notada.

Sinto-me sufocada, quero sair por aí sem rumo certo, quero correr, quero fugir. Paro diante do carro para respirar, sinto tontura, mas a minha ânsia em escapar é tão grande que nem me importo com isso. Coloco a chave no contato e saio em disparada.

Não presto atenção em nada ao redor, estou entorpecida. Depois de um tempo, como uma sonâmbula, paro o carro e desço. Então me dou conta de onde estou: no apartamento de Jack. Ele me deu as chaves no tempo em que estávamos namorando, quando ainda não morava conosco. Mantenho-as no meu molho de chaves, mesmo depois que nos separamos, nunca me lembrei (talvez de propósito) de retirá-las dali.

Coloco a chave na fechadura e destranco a porta. Hesito antes de entrar, por um instante, tenho ímpeto de ir embora, no entanto, aquele local me atraía como um imã, era o meu norte, a minha Meca, o meu solo sagrado para onde eu me dirigia em momentos de desespero.

Está escuro. Acendo a luz da cozinha e observo o recinto. Tudo estava ajeitado, em seu devido lugar. Não havia bagunça espalhada, dentro do armário residiam guardadas as xícaras que tomamos café antes de retornarmos à ilha. Um lampejo de memória me traz o seu sorriso daquela manhã. Jack estava todo carinhoso e eu estava gélida, procurando não demonstrar qualquer emoção porque estava devastada por ter deixado Aaron.

Dirijo-me à sala. Começo a rir ao avistar o dia em que resolvi assistir ao jogo na TV do Red Sox junto com ele. E mais uma vez, o time perdeu. Não entendo como alguém possa torcer tanto por um time que sempre perde, talvez Jack sentisse compaixão pelos perdedores, por ele mesmo se sentir um perdedor.

Reluto em continuar a minha peregrinação, porque falta visitar o cômodo principal: o quarto dele. Fico parada diante da porta, o choro antecipa-se e nem me espera entrar para que as lágrimas se libertassem.

Respirando com dificuldade, dou um passo à frente. Passo os olhos por todos os cantos, até que lá estava ela. Foi nessa cama que nos amamos pela última vez. Foi aqui que senti sua boca aveludada subindo pelas minhas pernas, detendo-se em alguns pontos, sua língua deslizava pela parte interna de minhas coxas, até alcançar a barriga e mais adiante, encontrar os meus seios. Ele os lambia com voracidade, colocando cada monte quase que inteiramente em sua boca, chupando até que os deixava completamente duros.

Enquanto ele fazia isso, eu aproveitava para agarrar o seu cabelo, puxando-o ainda para mais perto de mim. Como eu adorava descer minha mão pelo seu dorso, pressionando com as pontas dos dedos cada pedacinho de sua pele, apertando os músculos de seus braços fortes, mordiscando levemente o seu pescoço e claro, me dedicando a olhar cada detalhe das suas tatuagens, as mesmas que eu lhe disse anos atrás que não se ajustavam ao jeito dele.

Neste quarto, senti suas mãos percorrerem todo o meu contorno, adentrando sorrateiramente minha calcinha, sentindo o meu sexo molhado, quente e inchado. As mesmas mãos que mais tarde, quando já estando despida, apalparam-me os seios e escorregaram pelo meu ventre e entraram no meio de minhas pernas, massageando a região cuidadosamente para depois iniciarem um movimento em torno do meu clitóris. Então, eu me arqueava toda ao sentir o seu toque, seu longo dedo encaixado dentro de mim.

Sob esses lençóis, nos esfregamos, minhas coxas nuas roçaram nas dele e mesmo não querendo mostrar-me apaixonada, eu o olhava fixamente com meus olhos verdes que inevitavelmente brilhavam, tomados de desejo em tê-lo. E assim que eu o encarava, não conseguia evitar de procurar a boca dele. Eu atacava seus lábios e literalmente queria devorá-lo, um misto de sentimentos me invadia. Ao mesmo tempo em que tinha raiva dele, por ele ter me procurado para que eu voltasse para aquela ilha e não para que eu voltasse para ele, sentia um tesão incontrolável, meu corpo ansiava pelo dele, queimando de vontade, louca para saciar a falta que sentia, as saudades que ele me provocava. Saudades do gosto de seu beijo, da sua pele, do seu cheiro, da sua presença.

Foi debaixo da luz que emanava da lua e irradiava pelo quarto, pelas frestas da janela, que meus seios firmes foram apertados contra o corpo suado de Jack sob o meu e uma volúpia cega que nos deixava alheios a tudo nos atingia, quando nossos corpos se tornaram um só. Com movimentos vigorosos, gemidos que se intercalavam com sussurros, nossa excitação crescia cada vez mais e eu ardia como se estivesse com febre. Meu corpo tremia e eu sentia uma necessidade de abraçá-lo, pressionando aquele corpo viril entre minhas pernas, aspirando pelo seu calor, sua intensidade, seu cheiro.

Deitada neste mesmo colchão, Jack me preencheu e pela última vez, me senti completa, entregue, viva, quando a euforia e o gozo tomaram conta de nós.

Agora está muito frio. Encolho-me, abraço meus joelhos e apenas sinto a brisa fria da madrugada a atravessar o meu corpo. Agora, Jack não costuma mais me cobrir, como ele fazia antes de acordar para ir ao trabalho e se deparava comigo toda miúda de frio no cantinho da cama. Ou mesmo, quando após uma noite de amor em que dormíamos nus, ele me envolvia em seus braços, emanando calor só pelo contato de seu corpo junto ao meu.

Ele não está mais aqui. E não é temporariamente, como eu procurava pensar no tempo em que estávamos separados. Desta vez, é por toda a vida.

Continua...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fic: I can't live without you - Cap 1

Ship: Jate
Categoria: 6ª temporada, pós-finale, POV
Advertência: Contém cena de sexo e spoiler para quem não viu o final de Lost
Capítulos: 4 + 1 epílogo
Classificação: NC-17
Completa: [ ] Yes [x ] No
Resumo: O que acontece quando o amor é tão forte que não consegue superar a perda?
N/A: As partes em itálico referem-se aos dialogos e narrador, as partes em letra normal referem-se ao POV da Kate.
Capítulo 1: Uma visita inesperada

Ele está perfeitamente bem. Fico admirada com isso, com essa capacidade que as crianças têm de se adaptarem facilmente a qualquer tipo de situação. Quando o deixei com sua avó materna para retornar à ilha, tive medo que ele fosse sofrer demais e não agüentasse de saudades. Pensei que revê-lo fosse confundir a sua cabecinha e ele corresse diretamente para os meus braços. Ele veio sim, em minha direção, me abraçando de um jeito apertado e desajeitado, porém, ele logo se acostumou a me chamar de tia. Claro que no início foi difícil e não digo somente para ele, mas para mim também. Às vezes, me pegava chamando-o de filho e ele por sua vez, me chamando de mamãe, mas quando isso acontecia, percebíamos rapidamente o equívoco e nos autocorrigíamos.

Quando Aaron viu Claire pela primeira vez, ele ficou acanhado em um canto, olhando-a fixamente, encabulado. Durante as semanas em que passamos na ilha, a sra Littleton tratou de preparar Aaron para as novidades, explicando para ele de um jeito que ele pudesse entender, que eu não era a mãe dele, mas apenas estava cuidando dele porque a mãe real estava doente, porém em breve, retornaria junto comigo para conhecê-lo. O garoto a encheu de perguntas, chorou muito, me queria de volta. Mas os dias correram e aos poucos, a avó foi ganhando a confiança do neto, de modo que agora eles pareciam ser os melhores amigos do mundo.

Claire não foi até ele de imediato. Ela estava temerosa de que o filho não fosse aceitá-la, no entanto, fiquei uma semana trabalhando nisso com ela, tentando recuperar-lhe sua autoestima, contando-lhe tudo o que ela precisava saber sobre Aaron, seus gostos, suas manias, a sua personalidade...Claire aproveitou esse tempo para se readaptar à vida real. Ela se sentia um lixo, uma estranha neste mundo, depois de anos vivendo naquela ilha como uma selvagem. Arrumamos o seu cabelo, compramos novas roupas, ela teve que recuperar muitos hábitos e modos de antes. Claire me olhava como um bichinho assustado.
-Kate, eu não vou conseguir. Eu nem me lembro direito quem eu era.
-Tente se esforçar, Claire. É claro que você se lembra. Você apenas bloqueou esse tipo de recordação para não sofrer e enlouquecer naquele lugar inóspito, mas agora você já pode se permitir lembrar.

Claire chorava em meus ombros, desesperada. O trauma que sofreu na ilha foi muito brutal. O reencontro dela com a mãe foi emocionante. Apesar de todos os problemas de divergências do passado, mãe e filha se abraçaram em lágrimas, talvez era isso o que Claire precisava, do apoio de sua mãe para se sentir mais segura.

Ao vê-las tão ligadas, senti um aperto no coração. Eu jamais tive e jamais terei esse tipo de afeto por Diane, minha mãe.

Claire olhou para Aaron e se aproximou devagar do menino. Ele lhe deu um abraço e um beijo, mas apenas porque sua avó lhe recomendara fazer isso; ele costumava ficar tímido com quem não conhecia. Foi assim também com Jack. Somente depois de algumas horas, Aaron vai se soltando de modo que no final da noite, ele já considera o outrora estranho como o seu melhor amigo. E se a pessoa lhe dá atenção, perguntando-lhe sobre os seus bonecos e naves, ou mesmo contando-lhe estórias infantis, aí que ele se torna um verdadeiro grude. Foi o que aconteceu com ele e Jack e está acontecendo agora com ele e Claire.

Confesso que sinto ciúmes. Aaron me fez ver que era possível me tornar mãe e mais, uma boa mãe. Ele continua a me amar incondicionalmente, mas sinto que está se afastando aos poucos. De certa forma, eu acabei contribuindo para isso, não estando tão presente no dia a dia dele, para que ele se desapegasse de mim e então, se aproximasse mais da sua mãe. Seguimos recomendações da terapeuta de Claire. Segundo ela, isso iria ajudar no tratamento de Claire, em sua ressocialização e também ajudaria Aaron, fazendo com que ele criasse um vínculo afetivo mais forte e definitivo com sua mãe. E parece que está funcionando. Claire está bem melhor, voltou a ser aquela garota doce que eu conheci, embora bem mais adulta e corajosa. Aaron já não me chama mais de mamãe e nem me procura tarde da noite aos prantos depois de ter pesadelos. É a ela quem ele primeiro recorre. É assim que tem que ser. Mas dói.

-Kate, Kate?
Meus pensamentos são interrompidos pelo chamado de Claire.
-Ah, desculpe-me, estava distraída. O que foi?
Ela me olhou de um jeito sério.
-Tem visita lá na sala.
-Quem é? Não estou me sentindo muito bem hoje, é importante?
-Creio que é muito importante.
Meu coração disparou. Minha mente maluca e desesperada, ansiando por notícias de Jack, estava a mil. Saí correndo do quarto e disparei escada abaixo. Será que poderia ser verdade? E se fosse Jack lá a me esperar? Um quase sorriso se formava em meu rosto, quando avistei a figura de um homem de costas. Ao me aproximar, minha testa franziu.
-Desmond? O que, o que faz aqui? Como...
-Olá Kate. Posso?
-Sim, claro, sente-se.
-Eu cheguei há pouco tempo, fui imediatamente procurar Penny e meu filho. Somente hoje deu para vir aqui falar com você.

Podia dizer que o seu tom de voz era sereno. Desmond me olhava de uma maneira um tanto enigmática, de modo que eu não sabia se ele me trazia boas ou más notícias.
-O que aconteceu? E Jack?
-Sabe como eu voltei para a ilha? Widmore me levou até lá desacordado. Eu estava internado em um minuto e no outro, estava de volta àquela maldita ilha. Ele me usou como cobaia em um experimento com eletromagnetismo. Pensei que fosse morrer, mas o que aconteceu foi algo mágico. Eu vi tudo. Não devemos ter medo.
-Desculpe-me, mas não estou entendendo o que você quer dizer...
-É possível, Kate, eu vi.
-O que você viu? Desmond, que raios você está me dizendo?
-Um lugar onde podemos ficar todos juntos, encontrar quem amamos e vivermos felizes para sempre. Eu disse a ele antes de descer pela corda e destampar o buraco, mas ele não acreditou na hora. Creio que agora ele deve acreditar.
-Ele quem, Jack? Você disse “agora”, por que, onde ele está? Ele está vivo? Diga-me!
Eu estava sentada diante dele com os olhos suplicantes, minhas mãos tremiam e suavam.
-Está nesse lugar em que te falei.
-Onde? Onde é esse lugar?
-Isso eu ainda não sei, não chegou a hora de eu saber.
Desmond me irritava com aquela conversa totalmente sem pé nem cabeça.
-Você está brincando comigo? O que, por que veio até aqui me dizer essas coisas?
-Porque é verdade, Kate, porque assim vai ser mais fácil você aceitar. Não sei lhe explicar em detalhes porque eu estava meio desacordado quando aconteceu, Hurley com certeza poderá contar tudo de fato. O que sei é que ele me salvou. Jack me deu a chance de voltar para a minha Penny e meu Charlie.
-Aceitar? Quer dizer que...

Não consegui terminar a frase. Minha voz falhou, um bolo se formou em minha garganta e lágrimas começaram a cair em meu rosto sem parar. Esperei dias e mais dias por notícias, eu sabia que ele iria morrer, li isso em seus olhos quando nos despedimos no penhasco. Por mais que eu não queira aceitar, sei que aquele ferimento fora profundo, Jack estava sangrando e não resistiria por muito tempo. Mas o coração de quem ama não enxerga nada, não entende explicações racionais e sempre, sempre guarda esperanças dentro de si. Desmond proferiu algumas palavras de consolo, mas não sei dizer quais foram porque não ouvi mais nada. Tudo ficou negro, sem cor, sem som, sem vida. O que sei é que corri de volta ao meu quarto e tranquei a porta. Nunca mais queria sair dali. Não tive forças nem de chegar até a cama. Encostei-me junto à porta e lá fiquei, caída ao chão, estática, em estado de choque. Minha primeira hora sem ele. Esperei tanto, quis tanto saber sobre o que aconteceu exatamente com ele, mas desejava, naquele momento, nunca ter ouvido tal notícia. Quero morrer. Meu pranto me sufoca, o nariz entope e eu prendo ainda mais a respiração, desejando ir embora desse mundo neste instante. Antes eu tinha uma vaga esperança de que ele voltasse. As chances eram remotas, quase nulas, mas eu me agarrava a essa ilusão para conseguir levantar todas as manhãs.

Por não saber de nada, se ele estava vivo ou morto, pelo menos eu tinha o poder da dúvida e me alimentava disso. Agora não quero mais acordar, não existe amanhã, não existe mais vida. Não sem Jack.

Continua...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fic: Foi real...nós dois?

Ship: Mevi
Categoria: Actor fic, AU
Advertência: Contém insinuação leve a sexo
Capítulos: 1 (One-shot)
Classificação: PG-13
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Evi e Matt estão distantes e sentem falta um do outro


Evi estava no set do seu mais novo projeto para o cinema: um filme estrelado por Hugh Jackman. Apesar de ter dito em entrevistas que após o término de Lost ela iria abandonar a carreira de atriz, os roteiros foram chegando em suas mãos e sem que ela percebesse, já estava lendo e imaginando como interpretaria a personagem. Ela queria descanso, tinha vontade de encarar um novo desafio, tornar-se escritora. Iniciou algumas histórias, mas não chegou a mostrar para nenhum editor. No entanto, boas propostas surgiram de modo que seria impossível recusá-las, só se ela fosse doida.

O ritmo de trabalho estava puxado. Rodaram cenas fora da ordem cronológica, a previsão era que não durasse mais que um mês e meio ou dois meses. Evi chegava cansada no hotel, praticamente não tirou férias, mal se despediu de Kate e já estava na pele de outra personagem.

O elenco era bastante profissional, o clima era agradável apesar de que não tiveram tanto tempo para se entrosarem. Conheceram-se durante os ensaios e depois partiram para a ação. Por mais que ela se sentisse bem recebida no set, ainda se sentia desconfortável. Faltava alguma coisa essencial: Matt. Era triste chegar ao trabalho e não começar o dia com um abraço apertado e acolhedor, que somente ele conseguia lhe proporcionar. Evi não tinha vontade de abrir aquele sorriso como ela fazia assim que o avistava, logo pela manhã.

Hugh era lindo, engraçado, simpático e também casado com uma mulher que, digamos, não chegava nem aos pés no quesito beleza. A dinâmica entre ele e Evangeline era promissora, embora ela se sentisse como se tivesse “traindo” Matt, depois de seis anos interpretando o par romântico com ele.

Com o ritmo alucinado das filmagens, Evi mal pode ter tempo de telefonar para ele, dando-lhe os parabéns pela indicação do Emmy Awards. Somente lhe mandara um recado pelo celular, simples e cordial. No fundo, havia tantas coisas que gostaria de dizer a ele, mas talvez não fosse apropriado, Margh poderia fuçar nas mensagens de Matt e ler algo mais comprometedor. Além do que, as coisas entre os dois tinham ficado estranhas desde a despedida particular. Evi não sabia definir afinal o que eles eram. Amigos coloridos? Amantes? Colegas de cama? Há tempos eles tinham deixado de serem somente ótimos amigos, ultrapassando o limite do bom senso. Matt aparentava ter o casamento correto, mas o que não sabiam era que não conseguia evitar a tentação quando se tratava de Evi. Ele já tinha contracenado com outras mulheres belas, mas não foram ameaça para a sua fidelidade. E então, ele a conheceu. E tudo mudou.

Matt resistiu no começo, mas havia algo entre eles tão forte e inexplicável; a atração foi crescendo a cada dia até ficar fora de controle e ele não mais se conteve. Evi odiava o rótulo de “destruidora de lares”, jamais quisera acabar com uma família estruturada, porém essa era um tipo de situação que ninguém poderia prever: se apaixonar pela pessoa certa na hora errada. Eles eram perfeitos um para o outro, só que ela chegou tarde demais no caminho dele, ele já tinha toda uma história de vida com outra mulher e filhos inocentes que nada tinham a ver com essa confusão sentimental em que os dois se meteram.

Evi sabia que o amor deles não tinha futuro, tudo era demais complicado, com muitas pessoas envolvidas que não mereciam serem magoadas. Mas e quanto a eles? Valeria a pena sacrificar toda a felicidade de ambos em prol das outras pessoas?
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Matt estava em seu escritório. Realmente não esperava ser nomeado na categoria de melhor ator drama. Foram seis anos de trabalho árduo e pouco reconhecimento por parte dos prêmios mais importantes de TV. Por isso, foi com surpresa que checou as inúmeras mensagens em seu celular, o parabenizando pelo feito.

Estava há pouco em sua fazenda no Oregon. Nem teve muito tempo de ajeitar direito a mobília ainda. Aquilo era tudo o que sonhara durante os últimos estressantes meses: voltar para um lugar mais calmo, perto de seu pai e seus irmãos, criar os filhos na companhia dos seus parentes, sentir o ar fresco e puro da região, retornar a um lugar com temperaturas frias e principalmente, fugir da agitação que a fama de seu personagem Jack lhe deu. Ele queria paz, sossego.

Matt relutava em admitir, mas a verdade é que em poucos dias, ele já se sentiu entediado. Havia uma inquietação em seu interior que já começava a perturbá-lo. “O que está acontecendo comigo? Tudo o que almejei era isso, mas por que sinto esse vazio?” pensava.

Nos últimos meses de Lost, ele já não agüentava mais a carga emocional de Jack. Chegava em casa morto, “carregado”, pelo fato de botar toda a sua energia, sua alma, no personagem. Matt estava exausto, magro, não via a hora de aquilo terminar, as brigas com o diretor Jack Bender eram constantes, os roteiros cada vez mais malucos, com instruções de cenas que eles não conseguiam visualizar e entender direito como seriam. No inicio era um desafio não saber sobre o rumo da história, mas depois de anos de TV, o que ele desejava agora eram projetos de cinema, onde as coisas eram mais definidas, o cronograma seguido à risca, o papel já formado e o ator sabia exatamente onde tudo começava e acabava.

Neste momento, sentado ali na poltrona, ele sentiu-se gratificado pelo seu trabalho. Tinha valido a pena. Arriscaria em dizer que sentia a falta de Jack, mais do que ele imaginava. Jack foi um presente para ele, proporcionou vivências maravilhosas não somente levando-se em consideração o aspecto profissional. Ele lhe deu a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, amigos. Ele lhe deu a chance de conhecer Evi.

Evangeline. Só de balbuciar o seu nome já era melodia para seus ouvidos. Uma ansiedade o invadiu, começou a apertar a tecla do celular para avançar e procurar uma mensagem dela. Com certeza, ela se lembraria dele! Depois de pular vários nomes, eis que ele encontra o recado de Evi.

Ao ler, seu olhar se torna um tanto caído; ela estava distante, não só fisicamente falando, mas pelo teor de sua escrita, Matt notou um afastamento. Evi jamais fora tão formal. Nos primeiros dias de gravações de Lost, ela já tinha pulado em seu colo e andado de cavalinho nele, dormido em seus braços, o tocava e abraçava o tempo todo. Deixava recadinhos com post-it grudado na parede do trailer que servia de camarim, ou mesmo, escrito com batom vermelho no espelho, sempre o chamando por um apelido diferente, Matt, Mattie, Stupid, My husband (fazendo questão de grifar o my). Na primeira vez que escreveu este, Matt a alertou, com medo de que Margh o visitasse nas locações e visse o recado, ela simplesmente disse “ah, mas se isso acontecer, digo que foi uma referência ao fato da Kate considerar o Jack ainda como o seu marido."

Era impressionante como Evi tinha resposta pra tudo! E ele sentia falta dessa espontaneidade dela. E da sua vivacidade. Por isso, era esquisito ler aquela mensagem em seu celular, tão fria, tão não-Evi.
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Alguns dias depois...

Ele não tinha retornado o seu recado. Será que tinha lido? Evi estava pensativa. Está certo que ela tinha sido um tanto direta e seca, mas custava ele responder, nem que fosse com um singelo obrigado?

Acabou de retirar a maquiagem com um algodão e um produto de limpeza de pele fornecido pela L’oreal por conta de suas propagandas. Queria relaxar e nada melhor que um banho. Mas antes, Evi estava inquieta andando de um lado a outro dentro do quarto. Em um ato impulsivo, pegou o telefone e mandou um torpedo para ele:

“Foi real...nós dois?”

Ela sabia que estava tudo terminado entre eles a partir do instante em que ele se mudou para bem longe no meio do mato com sua família no Oregon. Ele fez a escolha, preferiu manter o casamento e se afastar. Mas e quanto ao passado? Teria ela amado sozinha? Será possível que ele sequer tenha sentido nem que fosse uma paixonite por ela?

A sua cabeça fervilhava em dúvidas. Queria respostas, queria saber da verdade. O que tinha acontecido realmente entre os dois? Segundos depois de ter enviado, se arrependeu amargamente. “Oh meu Deus, por que fiz isso? Burra, idiota, ele nem leu o outro recado! E se a bruxa ver?” pensava, se martirizando e bagunçando o cabelo nervosamente.

Depois do estrago, ela decidiu de vez botar a cabeça debaixo do chuveiro. Após o banho, Evi se sentia um pouco mais leve, mas a preocupação franzia-lhe a testa. Penteou os cabelos e estava de toalha procurando alguma roupa para vestir quando o celular tocou. Seu coração bateu acelerado, era ele.

-Matt?
-Se foi real? Não, não foi.
Um silêncio se abateu por ambos os lados da linha. As mãos de Evi tremeram, ela sentou-se na cama e esperou ouvir o pior, até que ele falou:
-Não foi real. É real.

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Ela não sabia se tinha escutado direito, quando alguém bateu na porta. Evi achou estranho, não tinha pedido serviço de quarto e não esperava ninguém.
-Um momento...
Evi abriu a porta e não acreditou no que viu: lá estava ele, Matt, segurando o telefone na mão e olhando fixamente para ela.
-Você? Mas...como?
-Bem, acho que não precisamos mais disso.
Matt desligou o aparelho e no segundo seguinte, a tomou em seus braços, beijando-a com ímpeto, apertando-a contra o peito. Evi abandonou-se aquele momento, se entregando com emoção ao beijo dele, ah, quantas saudades sentiram daquilo! Seu coração vibrava e batia descompassado, seus lábios pegavam fogo ao serem chocados contra os lábios dele, sua boca era violada com urgência pela língua inquieta de Matt. Ela sugava a parte inferior, investia sua língua duelando de encontro com a dele. Alternavam suaves e intensos beijos, pausando para recuperarem o fôlego que lhes era roubado por causa do tesão que aflorava os seus sentidos. Após beijarem-se repetidas vezes, ele soltou-a a custo.

-O que faz por aqui?
-Vim para cumprir uns compromissos do Emmy, festas, reuniões, etc e tal. Aproveitei a viagem para te ver. Aliás, minto, fiz questão de comparecer a essas formalidades as quais nem gosto, só para ter uma desculpa para te ver. Sinto demais a sua falta! Quase morri de saudades!
-Eu também.
-Pensei que tivesse se esquecido de nós e me abandonado, agora que tem uma nova turma de amigos.
-Está com ciúmes?
-Não quero nem pensar na ideia de ver você beijando outro homem em cena que não seja eu.
-Qual é, está preocupado porque agora tenho outro moreno gostosão como meu par romântico?
-Mais ou menos...quer dizer...sim.

Matt estava sério quando a fitou com aquele olhar triste de cachorro largado, as pupilas saltitando de um lado a outro.
-Eu sei que não tenho direto de ter ciúmes. Não tenho direito de exigir nada de você. Não sei de muita coisa. A única coisa que sei é que te amo. Não deveria, sou comprometido, tenho obrigações. Mas não posso mentir, te amo. E te quero.
Ele iria continuar a se explicar, mas Evi tapou delicadamente os lábios dele com as mãos.
-Psiu, não diga mais nada, eu entendo. Não tem um só dia em que não pense em você. Estar no set sem você ao meu lado é devastador! Sinto falta até das trivialidades, de nossas brincadeiras, do seu carinho e amizade, do seu toque, dos seus beijos...
Desta vez, ele que não a deixou terminar de dizer, calando-a com um beijo apaixonado. Os dois foram, entre beijos, se conduzindo em direção ao leito, deixando ao chão as roupas que ele rapidamente se livrou e a toalha dela, que, obviamente, foi a primeira peça que foi retirada.

Procuraram viver aquele momento em sua plenitude. Mataram as saudades que sentiam um do outro, fundindo-se em um só corpo, se consumindo com intensidade, como se não houvesse amanhã. No fundo, sabiam que o amanhã era incerto e que provavelmente teriam que se separar, mas por hora, desejavam esquecer-se de tudo e aproveitar ao máximo possível o ardor da paixão enquanto ele não se apagava.

FIM.