segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 10: Escutando o coração

1977

Kate acabara de estender as roupas no sol. Resolveu ir descansar um pouco. Ao sentar-se na pedra, avistou Jin parado em um canto, de cabeça baixa. Foi falar com ele.
-Algum problema, Jin?
-Problema? Não, estou bem.
-É tão estranho, poder falar com você. Quando saí da ilha, você mal falava umas palavras em Inglês, agora está praticamente fluente.
-Tive que aprender na marra depois de 3 anos aqui sem a...
-Sun. Nem posso imaginar como você se sente, depois de tantos anos longe dela! Eu admiro sua força, não quero nem pensar se o mesmo acontecesse comigo. Quando o Jack decidiu sair da ilha, nem hesitei, tive que segui-lo. Não conseguiria mais ficar longe dele. Naquela época, eu estava meio confusa emocionalmente, mas mesmo que de forma inconsciente, acabei escutando o meu coração.
-Eu ainda tenho esperanças. Meu pai sempre me dizia para eu ter paciência, com serenidade, eu conseguiria alcançar os meus sonhos. Ele era pescador, talvez por isso tinha tanta paciência, podia ficar o dia todo esperando pelo peixe perfeito. Eu estou igual a ele, esperando, esperando, mas um dia vou conseguir reencontrá-la.
-A Sun se tornou uma mulher tão forte. O fato de você não estar por perto fez com que ela lutasse bravamente para sobreviver. Ela pensou que você estivesse morto, todos nós pensamos quando vimos o cargueiro explodir. Depois de 3 anos aquele crápula do Ben contou a verdade. Não conheci sua filha pessoalmente, mas ela me mostrou a foto.
Jin ficou emocionado. Seus olhos se encheram de lágrimas.
-E como ela é?
-Ela é uma garotinha linda.
-Hurley me contou que a segurou no colo e que ele se lembrou de mim quando a viu.
-Jin, se Deus quiser, algum dia vocês vão se conhecer! Não sei como, mas assim espero.
Kate também se emocionou ao ver o sofrimento do coreano. Naquele momento, ela entendeu a razão de Jack se sentir tão perturbado por eles estarem presos no tempo. O desconforto começava a lhe afligir também.

2004

No dia seguinte à visita a casa de Faraday, Locke se sentia angustiado. Aquelas palavras martelavam na sua cabeça, de que eles iam morrer novamente, não importa o que fizessem para impedir. Pegou a lista de acontecimentos e mortes da ilha que ele tinha feito no outro dia e leu cada nome. John começou a chorar, se deu conta de que depois de tanto sacrifício, de tanto ter se doado para a ilha, ele no fim das contas morreu. Esse era o preço de ser tão dedicado? Destino. Lembrou-se de suas palavras para Jack: “este é o nosso destino”, “a ilha exigiu esse sacrifício”.

John lembrou-se do dia em que Matthew Abbadom o levou ao cemitério, para visitar Helen. Recordou-se de seus momentos ao lado dela e tomou uma decisão: já que ela iria morrer e ele também, por que não aproveitar os últimos dias que lhes restassem juntos?

Locke encheu-se de coragem e foi atrás da amada. Ele contou para ela sobre o safári na Austrália, que ela deveria ter ido com ele de tão boa que a viagem tinha sido. John lhe pediu uma chance, prometeu que seria tudo diferente, que o histórico que ele tinha com o pai não mais iria atrapalhar a vida dele. Depois de muito argumentar, Helen acabou o aceitando de volta. John não contou nada sobre a ilha, a morte eminente, etc. Não queria que ela o achasse louco. Pelo contrário, não queria trazer problemas, apenas a faria feliz o máximo que pudesse, enquanto o destino não lhes alcançasse.

Daniel pesquisou o paradeiro de Charlotte. Foi até a casa dela, mas uma pessoa da família lhe informou que ela tinha se internado em uma clínica. Ele foi visitá-la no lugar.
-Olá, meu nome é Daniel e eu preciso muito conversar com você.
-Ora, Dan, eu sei quem você é, não precisa se apresentar.
-Você sabe? Você me conhece?
-Vamos dizer que um dia irei te conhecer. Ah, deixa para lá, agora você sabe por que eu resolvi me internar aqui, acho que estou enlouquecendo.
-Você se lembra de tudo?
-Espera um minuto, você se lembra de mim?
-Digamos que você não está louca. Eu também achava isso, que eu tinha pirado até que recebi a visita de John Locke em minha casa há alguns dias.
-Locke também se lembra?
-Sim, eu, você e ele. Os demais não se lembram de nada.
-Mas por que isso, Dan? Por que só nós?
-Eu tenho uma teoria. Nós 3 morremos. Eu e você morremos em uma época que não era a nossa de origem. John também morreu e de uma forma trágica, não natural, ele foi assassinado. E somos os únicos que morreram, até onde eu saiba, depois que começaram os clarões na ilha.
-Preciso sair daqui, não estou louca! Isso é muito bom, fico muito feliz em saber!
Charlotte colocou as mãos em Daniel e lhe deu um beijo no rosto. O físico ficou todo sem jeito, mas era muito bom rever a ruiva, ainda mais depois da forma triste em que ela morreu.

À noite...

Após um gostoso banho, Kate secava o corpo relaxada. Vestiu uma blusa regata e shorts, não ia sair mesmo e queria ficar à vontade. Penteou os cabelos e estendeu a toalha quando a campainha tocou.
Assustada, pegou rapidamente a arma e olhou pelo olho mágico da porta para ver quem era. Ao avistá-lo, hesitou por uns segundos. O que estaria fazendo lá? Pensou em não atender, se sentia envergonhada depois dos beijos trocados o outro dia. Mas e se ele trouxesse notícias de sua mãe? A dúvida a atormentava, quando Jack se virou para ir embora, Kate abriu a porta em um impulso.
-Hei!
-Hei. Pensei que não estivesse.
-Eu estava me estrocando, acabei de tomar um banho.
-Me desculpa, te atrapalho?
-Não, entre.
Jack entrou no quarto.
-Aconteceu alguma coisa com minha mãe?
-Kate, não vim falar de sua mãe, não hoje. Vim falar sobre nós.
-Nós? Não existe essa coisa de “nós”. Jack, sinto muito por ter te beijado aquele dia, te peço desculpas.
-Eu não sinto.
-Jack, por favor. Eu não sou uma boa pessoa, você deve saber, depois de ver o cerco policial que me perseguiu naquele dia. Sou uma fugitiva, cometi um crime, minha mãe me odeia e já me denunciou para a polícia, causei um estrago na vida de todos os homens com os quais me envolvi. Portanto, quanto mais longe você ficar de mim, melhor será.
-Aquele beijo mexeu comigo e pelo que eu pude perceber, também mexeu com você.
-Jack, é melhor você ir embora, por favor!
-Kate, diga na minha cara que o beijo não significou nada para você.
-Jack!
-Diga! Se você o fizer, eu prometo que vou embora para sempre.
Ele a pegou pelo braço, puxando-a para mais perto. Os dois trocaram olhares, Kate baixou os olhos, não conseguia encará-lo, seu rosto estava perto demais, ela podia sentir a respiração dele.
-Me solta!
-Só depois que você me disser.
-Não significou nada.
-Olhe para mim.
-Jack, o beijo não...
Ela não conseguiu terminar a frase. No momento em que olhou nos olhos dele, não podia mentir. Os olhos eram o espelho da alma e Kate por mais que tentasse falar uma coisa, seu corpo dizia tudo ao contrario. Seu coração batia disparado, sua pele estava arrepiada com o contato das mãos dele em seu braço e seus olhos diziam a verdade, refletiam o que se passava no seu coração. O beijo tinha significado muito para ela, Kate se deu conta de que estava apaixonada por ele e tinha fugido desesperada tentando se livrar do seu sentimento.

Os dois estavam tão próximos que foi inevitável trocar um outro beijo. Jack segurou o seu rosto com as mãos, seus dedos se enroscavam nas ondas do cabelo dela, seus lábios tocavam os dela delicadamente, sem pressa, saboreando cada movimento. Kate deixou-se levar pelos beijos, naquela altura do campeonato não conseguia conter mais o seu desejo. Eles estavam loucos um pelo outro, uma paixão avassaladora os queimava por dentro.

Kate tirou o paletó de Jack, retirando urgentemente a gravata e desabotoando a camisa dele. Começou a beijar o tórax, deu uma mordidinha de leve no mamilo dele, Jack mordeu os lábios de satisfação. Ele arrancou a regata dela, jogando ao longe a peça e beijou o seu pescoço. Kate sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Jack desabotoou o sutiã, saboreando seus seios, contornando com a língua o mamilo. Depois, foi descendo até alcançar a região do umbigo.

Jack desceu o shorts dela e logo após, tirou a calcinha, deslizando-a vagarosamente pelas suas pernas. Agora ela estava nua por completo. Os dois se beijavam da forma mais intensa, suas línguas se enroscavam, lábios se sugavam com força e paixão. Kate o olhava de forma sedutora, ela deitou-se na cama. Jack passou a mão por entre suas coxas, depois fez uma trilha de beijos dos pés até a virilha, abriu as pernas dela e quis prová-la. Os joelhos de Kate tremeram, seus seios se arrepiaram, os lábios incharam ao serem saboreados em seu ponto mais sensível. Ela apertava os olhos, gemia e agarrava os lençóis, uma onda de prazer a invadia.

Querendo retribuir, ela também quis prová-lo, estava louca por aquele homem, queria experimentar cada ponto de seu corpo. Sentou-se na ponta da cama, ele estava de pé. Kate começou a acariciá-lo, com os estímulos, ele ficou com o membro muito rígido. Ela passou a sorver suavemente a extremidade, depois contornava-o com a língua até que o colocou na boca. Começou a sugá-lo e fazia de todas as maneiras, de cima para baixo, pelos lados, ela empurrava o corpo dele para ela. Os olhos dele estavam fechados, bem apertados e sua boca entreaberta pedindo mais.

A esta altura, eles não se agüentavam mais de tanto tesão. Jack deitou-se por cima dela, Kate implorava que o queria inteiro dentro dela e ele atendeu o seu pedido, penetrando-a profundamente. Seus corpos se aderiram perfeitamente um ao outro, pele com pele se encaixavam, tornando-se um só corpo. Eles se olharam enquanto ele deslizava dentro dela. Kate o apertava contra si, com as pernas. Seus suspiros se juntaram, seus dedos se entrelaçaram, seus gemidos se confundiam e se intercalavam.

Os dois estavam em completo delírio, seus corpos transpiravam, queimavam, ardiam. Depois de se consumirem, caíram exaustos um ao lado do outro. Jack a olhava de um jeito todo apaixonado, Kate adormeceu sorrindo, em cima de seu peito.
CONTINUA...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 9: Se tiver que ser, será

1977

Ben olha pela janela entediado. Ele foi a única criança Dharma que permaneceu na ilha durante o incidente. Isso porque na época da ocorrência, ele ainda estava com os outros se recuperando do ferimento à bala que sofreu por conta do tiro de Sayid. Quando o mesmo foi capturado pelos outros, Ben já se encontrava de volta em sua casa.

Seu pai lhe recebeu com um abraço, até chorou ao ver o filho de volta. Mas a felicidade durou pouco. Passado alguns dias, Roger voltou a ser o mesmo de antes, bêbado e agressivo com o menino. Ben definitivamente não queria voltar para a casa, tinha gostado muito da convivência com os outros. Lá no acampamento, ele era bem tratado, ao contrario de sua casa. Richard o convenceu a voltar e esperar até que crescesse mais um pouco para que pudesse escolher entre ficar na Dharma ou ser um outro. Para ele, essa decisão já estava mais do que certa, claro que escolheria a 2ª opção.

A Dharma lhe aborrecia, a sua melhor amiga foi embora, somente anos mais tarde, Ethan retornaria e seria o seu fiel escudeiro. Mas por hora, tudo era sofrimento. Não mais suportava viver com o pai, desde essa época planejava maneiras diferentes de como matá-lo. Ben contava os dias para que seu sonho se tornasse realidade.

À noite, no acampamento dos outros...

Sayid estava bem melhor. Já conseguia levantar-se e andar um pouco. Embora fraco, se esforçava para se movimentar, não agüentava ficar parado dentro da barraca, era agitado demais para tal feito.
-Então é isso, agora eles são nossos amigos?
-Entendo você, Sayid. A sua desconfiança é a minha também. Toda a vez que eu perguntava como eles tinham te curado, Richard nunca me deu uma resposta consistente. Não sei por que ele nos permitiu ficar aqui, sendo que no futuro, eles fizeram o que fizeram contra o nosso pessoal.

A conversa de Sayid e Jack é cortada por um barulho. Jack ouviu alguém tossir e o som vinha da tenda de Juliet. Foi imediatamente até lá. Juliet havia aberto os olhos há pouco. Ela estava zonza, completamente confusa.
-Juliet?
-Jack, o que aconteceu, onde estou? Eu morri, nós morremos?
-Não. Mais é um bom sinal você ter recuperado a consciência. Tudo bem, o que está sentindo?
-Minha cabeça está oca, estou meio tonta. A última coisa que me lembro foi de estar dilacerada por dentro ao lado daquela bomba maldita que você jogou. Eu tive que bater para que ela funcionasse. É só o que me lembro, não me recordo de nada.
-Nós estamos no acampamento dos outros. Uns homens te trouxeram para cá, não sei onde te acharam, nem como te curaram. Richard não quis me explicar.
-Richard, como sempre, enigmático. Ai.
-Cuidado, você não deve se mexer. Preciso chamar a pessoa que está te tratando.
-Hei, Jack, espere. Quem mais está aqui? O James, onde ele está?
-Juliet. Antes de mais nada, gostaria de te pedir desculpas. Você não sabe o alívio que foi para mim quando te trouxeram, me senti responsável pela sua morte, não conseguia dormir pensando nisso. Sinto muito pelo plano não ter saído como o combinado. E quanto ao Sawyer...Ele...ele sofreu demais com a sua morte, ele simplesmente não agüentava mais esse lugar e por isso resolveu sair da ilha.
-Como assim, de que jeito?
-Ele esperou o submarino retornar e provavelmente forçou os caras a levarem-no para o exterior. Acho que ele conseguiu, não tivemos mais notícias dele desde então.
-Ó meu Deus! Que loucura, como será que ele vai sobreviver lá fora? Ainda estamos em 1977?
-Infelizmente sim. Mas de uma coisa eu tenho certeza, se tem alguém que saberia se virar lá fora, esse alguém é ele. Sawyer é esperto, se adapta em qualquer situação. Vocês sobreviveram aqui na ilha durante 3 anos, conquistaram espaço e confiança daqueles malucos da Dharma, quer maior exemplo que isso?
-Tem razão, aquele filho da mãe é danado!
Juliet põe a mão no rosto e começa a chorar. Ela queria que ele tivesse ali, ao lado dela. Tinha medo de ficar presa na ilha para sempre e nunca mais reencontrá-lo.

2004

Sayid e Nadia pararam o carro no posto de gasolina. Eles decidiram sair de LA e ir para uma outra cidade, mais distante, para que pudessem se esconder melhor. Não queriam saber de agentes perseguindo, tanto americanos como iraquianos. Enquanto ele abastecia o carro, Nadia foi até a loja de conveniência comprar algumas garrafas de água e besteiras para comer na viagem.

Pegou o que queria e se dirigia ao caixa, quando um homem de feições árabes entrou no estabelecimento. Ele deu alguns passos e a avistou. Sem dizer palavra, apertou um botão em sua cintura e literalmente explodiu. Tratava-se de um homem-bomba terrorista. A loja se foi pelos ares, com o fogo, Sayid e algumas pessoas lá fora foram arremessadas longe. Com sangue escorrendo pela testa, ele gritava o nome dela alto, caindo em um choro desesperado de dor.

Hospital San Sebastian...

Durante uma pausa entre as consultas, Jack pegou o celular e ligou para Kate. Ele marcou um encontro para mais tarde, após o expediente, em um local mais afastado para que ela estivesse em segurança. O estado de Diane era crítico, ele precisava dar-lhe pessoalmente a notícia.

Kate chegou ao local na hora marcada. Estava ansiosa em revê-lo, mas temia o que ele tinha para lhe contar sobre sua mãe.
-Hei.
-Hei. Então Jack, como ela está?
-As notícias não são boas, Kate. Sua mãe piorou consideravelmente. O tumor se espalhou rapidamente e está comprometendo o funcionamento dos órgãos vitais. Cada hora é uma coisa, o coração dela está muito fraco e se houver falha no pulmão ou nos rins, não sei se poderemos operá-la com o risco do coração não agüentar a cirurgia.
-Meu Deus! Eu sei que ela tá muito doente, é terminal, mas pode parecer loucura, Jack, eu não consigo deixar de ter esperança que ela melhore, embora eu saiba que isso é impossível! Não quero que ela sofra, mas ao mesmo tempo, não quero que ela se vá. E só de pensar que eu contribuí para isso, lhe causando tanto desgosto na vida e preocupações, me sinto tão culpada, me sinto um monstro!

Kate começou a chorar desesperada. Jack a envolveu em seus braços, a abraçando com cuidado. Ele passava a mão em suas costas, a confortando. Kate desabou em lágrimas, seu choro era sentido. Ela não queria largá-lo, sentia-se tão protegida e amada que tinha vontade de ter o poder de parar o relógio para que ela pudesse ficar ali abraçada com ele por mais tempo.

Após o abraço, ela olhou para ele. Jack a fitava com todo o carinho do mundo, ele sentia uma imensa compaixão por vê-la naquele estado de tristeza. Em um gesto impulsivo, Kate o puxou para um beijo. Tocou os seus lábios de forma urgente. Os dois separaram as bocas em um segundo para no outro, colarem novamente os lábios, se encaixando um ao outro, abrindo suavemente a boca para que as línguas se encontrassem e se consumissem. Intercalaram beijos curtos com outros mais longos, com pequenas pausas para recuperarem o fôlego até que ela se deu conta do que estava fazendo.

Kate se sentiu muito estranha e confusa, o que ela estava fazendo? Ela não tinha direito de estragar mais nada, bastava ter acabado com a vida de todos aqueles a quem amou. Não podia fazer isso com o Jack, ele era bom demais para ela, não tinha o direito de se envolver com ele. Kate nada disse, apenas se afastou e saiu correndo. Jack queria ir atrás dela, mas percebeu sua fragilidade e decidiu dar-lhe um tempo. Sabia que ela passava por um momento difícil e tinha uma vida complicada. Ele mesmo precisava avaliar a situação, no fundo, tinha medo de se apaixonar por uma mulher tão imprevisível e diferente dele.

Mais tarde...

Locke toca a campainha e aguarda uns segundos.
-Pois não, senhor?
-Estou procurando Daniel Faraday, ele mora aqui?
-Sim, entre por favor.
Locke parou perto da porta, enquanto a mulher foi para a sala. Ele viu de longe ela se abaixar para falar com alguém sentado no sofá. Sua voz era suave, parecia que ela falava com uma criança ou alguém doente. Ela fez um sinal com as mãos, chamando John até lá.

O Daniel que ele conheceu na ilha era bem diferente desse que estava diante dele. Faraday estava sentado, olhando para a TV, mas seu pensamento parecia distante.
-Daniel, pode me ouvir?
-Hã...quem é você?
-Você não me conhece ainda, mas um dia vai conhecer, pelo menos eu acho. Não quero que pense que sou um lunático, mas o que tenho a dizer é muito importante e creio que só você poderá me entender.

Faraday continuava olhando para o horizonte, mesmo assim Locke prosseguiu:
-Não sei nem por onde começar, é tão complicado! Pois bem, lá vai: em 22 de setembro de 2004 eu estava no vôo 815 da Oceanic quando de repente o avião sofreu turbulências e caímos em uma ilha. 48 pessoas sobreviveram, passamos uns meses por lá até que um cargueiro aportou na ilha, mas não era para nos resgatar, mas sim porque estavam a procura de um homem. Nesse cargueiro, vieram uns homens e mais alguns cientistas, você era um deles. Acontece que 6 pessoas conseguiram sair da ilha, o resto permaneceu lá, eu e você inclusive. Foi então que começaram uns clarões terríveis e nos deslocamos no tempo e no espaço.

Daniel finalmente se mexeu no sofá. Olhou para John com os olhos amedontrados.

-Consegui sair da ilha, girando uma roda. Me disseram que o único jeito das viagens pararem seria trazer de volta todos que partiram. Tentei convencê-los a voltar, mas fracassei. Já tinham se passado 3 anos. Um homem chamado Ben Linus me matou. De repente, abri os olhos e lá estava eu novamente no vôo 815 na mesma data, só que desta vez o avião não caiu. Acontece que eu sou o único que se lembra de tudo. Cheguei a pensar que foi sonho, imaginação ou eu estivesse louco. Foi aí que as coisas começaram a acontecer. Aqueles que morreram no passado ou futuro se considerarmos o ano em que estamos, estão morrendo outra vez.
-Você não é o único! Então, eu não estou louco, não estou!!!

Daniel levantou-se do sofá eufórico, andando de um lado ao outro.
-Como assim, você quer dizer que...
-Eu também me lembro de tudo. As imagens vem na minha cabeça como flashes, mas pensei que estivesse louco por causa das minhas experiências. Mas você, você é a prova viva de que eu não estou pirando!
-Qual foi a última coisa que você se lembra, Daniel?
-Deixe me ver, eu estava na ilha, em 77. Você não estava lá. Jack, Kate e eu fomos até uma vila, eu procurava minha mãe para que ela nos ajudasse a avançar no tempo. Foi então que ela me deu um tiro.
-Meu Deus, sinto muito. Espere. Você disse Jack e Kate? Eles estavam com você?
-Sim eles chegaram em 77 também.
John soltou um sorriso.
-Isso quer dizer que no fim eu consegui convencê-los a voltar para a ilha, de certa forma! Mas e agora, Daniel, afinal de contas, o que está acontecendo?
Daniel foi para um quartinho que ficava no fundo do quintal. Acendeu a luz e pegou o giz. Escreveu cálculos e mais cálculos incompreensíveis na lousa.
-Então não deu certo. Eu elaborei um plano para realinhar o tempo, mas pelo visto, as coisas não saíram como eu pensei, vide que estamos em 2004. O certo era estarmos em 2007.
-Daniel, por que só nós dois lembramos do que aconteceu?
-Boa pergunta, John. Espere...você disse que morreu e eu também morri. Só pode ser isso.
-Mas se for pensar assim, e o Boone, a Shannon, Eko, Ana, eles também morreram e nenhum deles me reconheceu no vôo.
-Eles morreram na época certa, antes da confusão toda, antes da roda girar. Além do que, eu morri em 1977, assassinado pela minha própria mãe, coisa que não deveria ter acontecido e você morreu também assassinado, talvez não era para ter sido desse jeito. Agora me ocorreu um pensamento, será que a Charlotte também se lembra de alguma coisa? Ela morreu em 1977, ou seja, na época errada assim como eu. Preciso urgente procurá-la.
-E o que faremos então? O que são esses cálculos?
-São as constantes e variáveis. Devo ter errado em alguma conta. Você disse que tudo o que aconteceu está acontecendo de novo?
-Cada morte, uma a uma.
-Então é isso, talvez não precisamos fazer nada, a ordem natural das coisas está ajeitando tudo no seu lugar. Quem sabe não seja essa a saída, tudo o que ocorreu no passado tem que ocorrer novamente para realinhar o tempo. Talvez meu plano não estivesse totalmente errado!
-Isso quer dizer que nós dois estaremos nessa lista de mortos de qualquer jeito?
-John, infelizmente não teremos escapatória. Se as coisas estão seguindo o mesmo padrão de antes, vai acontecer, quer a gente queira ou não. Se tiver que ser, será.
CONTINUA...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 8: Corações perturbados

1977

Kate caminha pela mata. Ela procura algumas frutas para levar ao acampamento. Fazia algumas horas que não via Jack por ali. Estava começando a ficar preocupada, quando o viu ao longe, sentado em uma pedra olhando para o horizonte.
-Então foi aí que você se escondeu?
-Eu não estou me escondendo, estava apenas pensando.
-Ultimamente é só que você tem feito.
-E você não? Não estou te reconhecendo, Kate, sempre foi tão agitada, adora se embrenhar pelo mato, me ajudando a realizar meus planos arriscados. Agora você, sei lá, parece que se conformou com esse lugar, com o fato de estarmos presos nesta época.
-Espera um pouco, para começo de conversa eu nem queria voltar para a ilha, minha vida estava muito boa fora dela. Eu só voltei aqui para buscar a Claire, em nome de Aaron. Ele precisa crescer ao lado da mãe, eu prometi a sra Littletown que traria a filha dela de volta.
-Mais um motivo para não se conformar com a nossa estadia nos anos 70.
-E o que você sugere, Jack? Será que não bastou tudo o que aconteceu depois do plano genial de Daniel que você executou?
-Então é isso, você está me culpando? Depois fica me dizendo que não é para pensar nos problemas.
-Eu estou te culpando? Jack, você é o primeiro a se culpar por tudo, não me venha apontar o dedo, sendo que você mesmo se sente culpado!
Kate se afastou zangada, deixando Jack sozinho com suas encanações.

No acampamento, Hurley e Miles comiam o peixe que Jin acabara de limpar.
-Dude, no tempo em que eu estive fora daqui, não pude nem olhar para a cara de carne de porco, peixe, enfim, essas nossas refeições de todo o dia na ilha. Ainda bem que matei toda a saudade do meu cheeseburger. Só de pensar...
-Eu acho que nem me lembro mais o que é comer um sanduíche decente! – Miles reclama, saudoso do tempo fora da ilha.
-Não sei se foi boa ideia ter ficado. Sawyer é que está certo, eu deveria ter ido com ele tentar a vida longe disso aqui. A essas horas, já teria mostrado o meu roteiro de Star Wars.
-O seu roteiro? Ã-hã, sei.
-George Lucas nem teria chance de escrever, quando ele tivesse pensado no esboço, eu já estaria com o roteiro inteirinho pronto.
-Como você é estúpido! George Lucas bolou toda a história, a dos 6 episódios, mas como seria inviável filmar tudo, ele fez apenas os 3 últimos, então anos depois, ele fez a pré-trilogia.
-Cara, é verdade, não tinha me lembrado disso. Mas peraí, como você sabe disso se nem se lembrava do grande embate do Lucke com o Darth Vadder quando eu te contei?
-É porque essa luta acontece na velha trilogia e eu tenho a nova trilogia na cabeça, vi os extras do DVD e...mas que merda de papo idiota é esse? Estou começando a sentir falta do La Fleur.

À noite...

Kate está dentro da barraca, separando algumas roupas sujas que teria que lavar no dia seguinte, quando Jack pede licença e entra.
-Kate, me desculpa pela discussão hoje de manhã, eu ando muito tenso desde que tudo isso aconteceu. Eu admito, não me conformo do plano não te dado certo. Eu estava tão confiante, sinceramente não sei por que ainda estamos presos nesta época!
-Jack. Isso me deixa triste, te ver desse jeito, inquieto, com olhar distante e a cabeça sabe se lá onde. Se quer saber, eu não estou acomodada aqui, eu apenas não sei o que podemos fazer, gostaria de ter respostas só para aliviar o seu coração perturbado, mas não as tenho. E nem sei se um dia ainda vou ter. Sabe, as pessoas sempre me acusaram a vida inteira de fugir, eu confesso que não consigo lidar com alguma coisa complicada sem sair correndo para respirar, esse é um defeito meu, não me sinto confortável quando tenho que me entregar demais para alguém. Mas você, Jack, o seu defeito é estar sempre no futuro. Você não consegue ser feliz com o presente, com o agora, sempre está planejando “o que vamos fazer?”, “o que vai acontecer?”, etc.

Jack escutava tudo com atenção e de cabeça baixa.
-Isso também é um tipo de fuga, pensar no amanhã significa que não preciso estar aqui, lidando com os problemas, encarando fantasmas...E pensar nos outros significa não ter de pensar em si mesmo. Sempre colocando as necessidades dos outros na frente das suas, para não ter que olhar para aí dentro, por medo. Jack, todos nós temos medo, eu também tenho. Mas eu não quero mais afastar as pessoas ao meu redor, quem me quer bem por causa disso.

Jack apenas concordou com a cabeça, ele não tinha palavras depois das verdades que ela lhe dissera. Logo ele, tão acostumado a fazer discursos, mas desta vez, Kate tomou a dianteira.

Kate teve receio de ter sido muito durona com ele e sentiu vontade imediata de abraçá-lo. Ela o acolheu em seus braços, era tudo o que ele precisava no momento, de carinho e segurança. Depois de um longo e reconfortante abraço, ela olhou para ele e se levantou, saiu rapidamente da barraca e voltou em um segundo, fechando a tenda completamente.
-Estava me certificado se todos tinham se recolhido.
-Por que?
Kate o cala com um beijo de tirar o fôlego.
-Porque esta noite eu quero cuidar de você.

Ela o puxou para si, trocando um quente beijo de língua, Kate parecia querer engoli-lo tamanha intensidade com que lhe sugava os lábios. Depois, tratou de retirar a camiseta dele, ao ver aquele tórax que tanto a fascinava nu, teve vontade de agarrá-lo. Mas em vez disso, ela colocou as mãos sob o peito agora depilado, o empurrando até que ele deitasse. Os dois não perderam o contato visual, seus olhos pareciam arder em fogo de tanto desejo que sentiam um pelo outro.

Ele deixou-se cair, deitando-se, ela ficou por cima dele. Kate desceu o zíper e retirou a calça jeans de Jack. Ele então desabotoou a camisa branca que ela vestia, deslizando as mãos cuidadosamente em direção à cintura, apertando de leve a polpa da bunda colada ao jeans. Kate livrou-se da peça, ficando somente de lingerie, o deixando cada vez mais excitado. Trocaram carícias e beijos até que Kate retirou a cueca dele. Logo após, Jack a puxou para si, a beijando ao mesmo tempo em que suas mãos retiravam maliciosamente a minúscula calcinha que ela vestia.

Kate estava por cima, prendendo-o entre suas pernas. Jack a tocava, acariciando primeiramente os seios um a um e depois, toda a lateral de seu corpo. Ela se arrepiava ao sentir o toque das mãos dele. Depois, à medida que ele ia a preenchendo, ela foi sentindo cada vez mais prazer. Kate começou a se mover, rebolar, subia e descia, só sentindo o membro dele dentro dela.

Jack olhava admirando aquela visão, ela parecia uma deusa com sua beleza que lhe era tão natural. Por vezes, alcançava seus seios com a boca, dando-lhe lambidas precisas, ela se contorcia ao sentir o calor da língua dele percorrendo o seu peito, os bicos estavam eriçados com o estimulo. Ela o cavalgava com maestria, enquanto ele assistia o seu compassado ritmo sobre seu corpo. A penetração foi profunda, ela se esforçava pra não gritar de tesão, Kate gemia e resmungava, sussurrando, suplicando por mais. Ambos quase que não conseguiam se conter, mas era necessário, não queriam acordar todo o acampamento.

Kate se debruçou sobre o peito de Jack e ambos colaram as bocas, sufocando com um beijo toda a vontade de gritar de prazer. Ela apresava os movimentos da bacia até que chegou ao ápice total, proporcionando aos dois a saciedade dos seus desejos.

Depois do êxtase, estiraram-se exaustos um ao lado do outro e buscavam o ar, respirando ofegantes. Jack e Kate se olharam e então, ela se aconchegou sob o peito dele, que por sua vez, começou a afagar carinhosamente o seu dorso.
-Agora você tem um motivo para não odiar tanto os anos 70.
-É verdade. Pelo menos, não vai ter sido em vão, se de alguma coisa serviu o fato de ficarmos presos no tempo, foi para que nós dois nos entendêssemos. Acho que você me conhece mais do que eu mesmo.
-Desculpa ter sido tão dura com você.
-Eu precisava disso. Kate, eu prometo que daqui por diante vou tentar me acostumar um pouco com essa nossa condição de perdidos no passado.
Ele sorriu e olhou para ela.
-Ok. Vamos dormir, já está tarde e você me deu muito trabalho hoje.
Os dois permaneceram deitados, juntos e se permitiram finalmente descansar.

2004

Jin está desesperado. Sozinho em um país estrangeiro, sem saber falar uma palavra em Inglês, ele não entende o que aconteceu para que Sun fosse embora. Primeiramente, pensou que as esposa tinha sido levada por alguém em busca de vingança, ainda mais por causa dos negócios sujos de seu sogro. Mas o origami deixado no travesseiro indicava que ela tinha partido por vontade própria, mas por quê?
Jin gesticulava no intuito de pedir ajuda, a funcionaria do hotel não entendia coreano. Ela resolveu chamar um interprete para saber que aquele hóspede desesperado queria. Ele o aconselhou a entrar em contato com a embaixada da Coréia nos EUA, caso a esposa estivesse realmente desaparecida.

Jin decidiu contratá-lo para que pudesse o acompanhar pelas suas andanças à procura da mulher. Eles foram até uma comunidade de coreanos, perguntaram para muitas pessoas se elas a tinham visto, ninguém sabia do paradeiro de Sun.

Os dias se passaram e Jin continuava a sua busca. Ele somente queria explicações, se ela o tinha deixado, gostaria de saber o motivo. Os patrícios o aconselharam a aprender Inglês, depois de resistir a ideia no começo, Jin acabou cedendo e se matriculou em um curso rápido.

Sun estava morando com uma amiga. Estava escondida, não queira aparecer pelas ruas de LA e correr o risco de encontrar o marido.
-Oi Sun, voltei. Disse que ia rapidinho no mercado, mas acabou que peguei uma fila enorme, havia um caixa apenas funcionando. Hei, você não me parece bem, tá tão pálida, o que foi?
-Estou grávida.
-O que? Mas você não me disse que tava brigada com o Jin?
-Estava, mas ele foi muito gentil comigo quando chegamos aqui e acabou acontecendo.
Sun começou a chorar de nervoso, Park-Chan abraçou a amiga e prometeu ajudá-la no que fosse preciso. Mesmo assim, Sun não queria procurar Jin, decidiu que teria o bebê sozinha, sem que ele soubesse.

Em um outro canto da cidade...
Sayid está parado em uma praça, em frente a um prédio comercial. Cada vez que um grupo de pessoas saia, ele procurava ansiosamente com os olhos. A certa hora, finalmente encontrou o que estava aguardando: sua amada Nadia. A moça andava pela calçada, quando uma voz peculiar chamou seu nome. Nadia não podia acreditar no que via, era ele, depois de tanto tempo!
Os dois pararam um diante do outro, Sayid colocou as mãos em seu rosto e os dois trocaram um beijo emocionado.
-Sayid, como você me achou?
-É uma longa história, precisamos conversar, mas não aqui. Podem estar nos vigiando.
Ambos foram para um outro lugar. Sayid olhava para todos os lados e checava se ninguém estava perseguindo os dois.

No centro da cidade...
Charlie conversa com o seu ex-empresário. Tenta convencê-lo de que a Drive Shaft pode voltar a tocar sem Liam.
-Eu conversei com os caras e eles estão dispostos a voltar com a banda. Já compus várias músicas, teremos material novo para começarmos as gravações e...
-Mas e o Liam? Você ao menos tentou falar com ele?
-Eu falei; inclusive, acabei de voltar de viagem. O cara tá todo tranquilão, de boa com a família, em resumo, virou um careta! O Liam de antes acabou, agora só resta um pai todo comportado, com casa, cachorro, tudo certinho.
-É uma pena, ele era a alma da banda.
-Mas hei, Drive Shaft não era só o Liam! Escute, eu trouxe um CD demo com as nossas novas músicas, fique com ele e veja o que achou. Tenho certeza que vamos voltar com tudo!
-Vou fazer o seguinte: vou dar uma olhada no material e se estiver bom, posso mandar para a gravadora avaliar, mas não garanto nada.
-Valeu, valeu mesmo! Fico aguardando.

Alguns dias depois...

Charlie nem dormiu direito esperando a ligação do empresário, até que ouviu o toque do telefone. As notícias não foram nada animadoras, a gravadora recusou o material, dizendo que sem Liam não iam investir um tostão na banda. Charlie saiu descontrolado pelas ruas, precisava urgente de uma dose. Foi até o subúrbio e comprou uns gramas de cocaína. Charlie sentou na calçada e decidiu provar ali mesmo. Pegou um espelho, fez 2 fileiras do pó branco e pegou uma nota de dólar, fez uma espécie de canudinho, enfiou no nariz e cheirou tudo de uma vez.

Voltou para casa, pegou tudo de valor que tinha e resolveu vender para comprar mais drogas. O efeito de euforia tinha passado, logo veio uma depressão profunda, Charlie chorava feito uma criança.

Perambulando pelas ruas, foi abordado por um traficante diferente, que o reconheceu como membro da banda.
-O que você procura?
-Eu quero mais. Meu pó acabou, preciso de mais.
-Pois eu tenho uma outra coisinha para você. É muito melhor e mais forte, veja só que belezura.
O homem abriu um embrulho e ofereceu a Charlie.
-Não cara, isso aí é ir longe demais. Além do que, nem seringa eu tenho.
-Isso não é problema, eu tenho o kit completo para vender. Só que tem um preço e é um tanto mais caro que cocaína. Mas é a droga perfeita para um rock star, os melhores são viciados em heroína.
Charlie hesitou um pouco, mas sua abstinência era absurda, suas mãos tremiam e ele pingava de suor.
-Não tenho mais nada a perder, vamos lá, vou experimentar.

Comprou a droga e entrou no galpão abandonado onde vários viciados curtiam suas viagens. Pegou uma colher e limão emprestados, sentou-se em um canto. Dispôs a heroína na colher, pingou umas gotas de limão e esquentou a mistura com o isqueiro. A droga ficou líquida, ele então despejou na seringa. Retirou o cinto e amarrou o braço fortemente, dando um tapinha na região para achar a veia. Injetou a dose e fechou os olhos.

Charlie sorria, várias imagens de seus shows lhe passavam pela cabeça, fãs alucinadas gritando, os riffs cada vez mais altos, luzes do palco desfocadas. As imagens ficaram mais lentas, depois mais rápidas, silencio e barulho se intercalavam, até que suas pálpebras se fecharam pesadamente. Ele caiu desmaiado no chão, seu corpo sofria convulsões severas, Charlie começou a vomitar ainda se contorcendo até que não agüentou mais.

No dia seguinte, Drive Shaft voltou a tocar nas rádios, mas não por causa do retorno da banda, mas sim por conta da morte de um dos seus integrantes, Charlie.

Jack estava de folga. Assistia ao jogo pela TV e tomava uma cerveja, quando o celular tocou.
-Jack?
Ao ouvir aquela voz ele se ajeitou no sofá. Eles não tinham se falado desde o dia da fuga, ele pensou que ela tivesse desaparecido para sempre.
-Kate, hei, que bom que você ligou. Está tudo bem?
-Estou levando...Jack, desculpa não ter te ligado antes, eu nem ia ligar, mas é que...muito obrigada, obrigada mesmo por ter me ajudado naquele dia. Você se arriscou pra valer, poderia ter me entregado para a polícia mas não o fez, isso foi muito legal de sua parte.
-Não tem que me agradecer, eu fiz o que era certo. Você é uma boa pessoa, Kate.
-Como você sabe se nem me conhece direito?
-Eu não sei, apenas sinto.
Kate se sentiu sem graça, sua mão suava ao ouvir a voz dele do outro lado da linha. Era estranho, mas nos últimos dias que não passou no hospital, sentiu falta dele, já estava virando rotina ir até lá e vê-lo. Ela não queria que o tempo passasse, só para que pudesse ficar na companhia dele por mais horas.
-Er...Jack, e a minha mãe, como ela está?
-Ela não teve nenhum progresso desde a última vez em que a viu. Continua respirando com a ajuda de aparelhos e seu quadro permanece estável. Não sabemos se o coma é reversível.
-Jack, vou te dar o meu nº do celular, qualquer coisa, por favor, me avise. Não vou poder mais ir ao hospital depois de tudo o que aconteceu, então, me mantenha informada.
-Claro, pode ficar tranqüila. Se quiser me ligar, fique à vontade, ok?
-Ok, obrigada. Então, até mais.
-Até. Tchau.

Jack sentiu-se feliz por ela ter ligado, mas triste por ela ter lembrado que não vai mais aparecer no hospital. Era incrível como ela mexia com ele, sentia vontade de revê-la, de conversar com ela. Mas o receio lhe atingiu, talvez nunca mais a veria de novo.
CONTINUA...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 7: A fugitiva

1977

-Kate, acredita nisso?
-Jack, é realmente insano, como é que pode? Eu estava lá, eu a vi caindo no fundo do poço. Foi a cena mais triste que presenciei, tentamos de tudo para puxá-la de volta, mas falhamos.
-E como ela está viva? Primeiro o Sayid, agora Juliet. O que eles fazem para curá-los?
-Somente foram curados porque não era a hora deles morrerem. Eles ainda tem um propósito a cumprir. – Richard entrou dentro da tenda.
-Desculpe-nos por ter vindo até aqui. – Jack tentava ser diplomático.
-Ela ainda não se recuperou totalmente, levará dias.
-Você disse que eles tem um propósito e qual seria?
-Não sei lhe dizer, cada um tem uma missão a cumprir na vida e cabe somente a própria pessoa descobrir qual é a sua.
-Sim, mas quantas pessoas eu já vi morrer nesta ilha, vocês poderiam ter as salvado. Por que eles, como vocês escolhem as pessoas?
-Jacob nos dá permissão.
-Jacob? Quem é Jacob?
-O nosso líder, aquele que nos protege.
-E onde ele está?
-Não devemos fazer perguntas que não possam ser respondidas. No momento, você não está preparado para entender a verdade, Jack.
-Jack, já chega por hoje, vamos nos recolher – Kate o pegou pelo braço e Jack, apesar de querer saber de tudo o que se passava, resolveu atender ao pedido de Kate. Talvez ela estivesse certa, ele tinha ido longe demais com tantas perguntas.

Enquanto isso, na estação Dharma...
As construções estavam adiantadas na estação, Dr Chang e Radizinsky planejaram tudo com muita dedicação. A estação tinha que funcionar perfeitamente, sem falhas. Eles sabiam que estavam lidando com uma energia muito perigosa, todo cuidado era pouco.
Radizinsky estava cada vez mais paranóico. Ele decidiu se instalar ali mesmo, dia e noite. Resolveu construir uma espécie de bunker, com bastante conforto, comida estocada, chuveiro, tudo isso dentro da estação. Por sorte, eles tinham conseguido recuperar o submarino dos outros, por conta disso, Eloise não retornara mais à ilha. Ela teve seu filho, Daniel, fora da ilha e ia criá-lo no mundo exterior.
Quando a estação ficou pronta, Radizinsky e mais um parceiro se prontificaram a ficar responsáveis por controlar o computador, apertando os botões, digitando a famosa senha que mais tarde seriam os números da loteria de Hurley.

2004

É manhã cedo. Jack acorda com o despertador e vai tomar uma ducha para espantar o sono. Após o banho, vai de toalha até a cozinha e liga a cafeteira. Troca de roupa e decide comer uma torrada acompanhada do café. Ao dar um gole, pega o jornal e folheia rapidamente. Pega o caderno de esportes e lê sobre seu time, Red Sox. Após uma leitura dinâmica, uma foto lhe chama a atenção no caderno de notícias sobre a cidade.

Jack ficou surpreso ao vê-la estampada como uma fugitiva. Era a moça do hospital. Um pouco diferente, mas ele não poderia deixar de reconhecê-la, tinha guardado a fisionomia dela em seu pensamento. A nota dizia que ela era perigosa e estava foragida fazia um tempo. Ficou tão chocado com a notícia que de repente se deu conta de que as horas estavam voando e ele já estava atrasado.

Quando chegou no hospital, notou que havia uma movimentação diferente: um carro de polícia estava parado a algumas quadras dali. Jack iniciou seu plantão, mas assim que teve uma pausa, resolveu passar no andar onde Diane Austen estava internada. Com certeza, se Kate aparecesse ali, havia grandes chances de ser presa. Ele ficou apreensivo com esse fato. Mal a conhecia, mas custava-lhe acreditar que ela fosse uma criminosa, sempre pareceu tão humana e boa pessoa!
Jack continuou seu turno,mas olhava sempre que podia pelos corredores, ele sabia mais ou menos a hora que Kate costumava aparecer para as visitas. Como ela não tinha vindo há alguns dias, provavelmente apareceria lá mais cedo ou mais tarde.

Kate estava morando em um quarto barato alugado. Ela se arrumava para sair, iria ao San Sebastian visitar a mãe. Além de dar um jeito no visual para que estivesse disfarçada, queria parecer bonita, afinal, um certo médico lindo e atencioso poderia aparecer por lá, quem sabe. Kate queria que ele estivesse de plantão, não tinha o direito de pensar em nada nessa condição de fugitiva, mas não conseguia evitar a atração e fascínio que ele exercia sobre ela. Sentia-se tão bem ao lado dele, embora sempre procurasse conversar por pouco tempo com ele. Kate não falava muito de si, não queria que ele desconfiasse de nada. Sempre quando ia visitar sua mãe, tentava mostrar o seu lado bom para que ele achasse que ela era uma boa moça.

Não que fosse sua intenção enganá-lo ou mentir, mas não conseguia evitar, queria que ele gostasse da sua verdadeira essência, não daquela pessoa que ela se transformou após ter matado seu pai e se tornado uma fugitiva. Ela sabia que estava se arriscando muito indo visitar a mãe, mesmo que disfarçada. Porém, não queria ficar sem saber notícias, sabia que Diane logo partiria, ela no fundo queria passar os últimos dias de sua mãe do lado dela, para se redimir de todo o estrago que causara em sua vida. Acrescente-se o fato de que visitando a sua mãe, ela geralmente o encontrava pelo hospital. E isso lhe despertava um sentimento novo, que ela não sabia como explicar. Quando estava perto dele, ao mesmo tempo não queria ir embora e tinha vontade de escapar, porque sentia que perdia o controle.

Kate chegou ao hospital. Não viu o carro de polícia porque entrou pela porta lateral. Caminhava pelos corredores quando Jack a viu de longe. Ele saiu em disparada e a brecou.
-Hei, você me assustou.
Kate sorriu para ele, mas Jack tinha uma expressão preocupada estampada no rosto.
-Não fala nada, apenas me acompanhe.
-Jack, eu não estou te entendendo.
-Só faça o que eu estou mandando, por favor.
Kate achou Jack muito estranho, ele falou de um jeito ríspido e parecia agitado. Jack pegou Kate pelo braço e os dois caminharam em sentido oposto do quarto de Diane. Entraram em uma sala de suprimentos médicos vazia, Jack fechou a porta.
-O que você está fazendo?
Kate ficou nervosa, não gostava de ficar encurralada sem saber o porquê daquela atitude.
-Escute. Você não pode ver a sua mãe agora, não é seguro.
-Por que, como assim?
-Eu sei de tudo. Quer dizer, conheço somente uma versão dos fatos, mas me recuso a acreditar no que eu soube. Por favor, só me diga a verdade. Seu verdadeiro nome não é esse que consta na ficha de visitantes.
-O que é isso, você anda me investigando?
-Não. Eu vi sua foto no jornal hoje de manhã. Não adianta negar, eu sei que é você, reconheceria esses olhos nem que se passassem anos sem vê-los.
-Jack...
-A verdade. Para começar, quero saber qual o seu nome.
-Kate.

Diante dele, ela tremeu nas bases. Será possível, ele soube do que ela tinha feito? Tudo estava perdido, sua máscara caiu, justamente aquele que ela não queria magoar, soubera a verdade por meio de terceiros porque ela mesma não tivera a coragem de contá-lo.
-Jack, sinto muito, eu deveria ter te contado desde o começo, mas eu tinha medo de que você me entregasse para a polícia. Além do mais, não planejava aparecer aqui por tanto tempo, infelizmente, não tive coragem de deixá-la, ainda mais com o estado dela, piorando a cada dia. Não queria que ela se fosse sem que eu não estivesse por perto para o adeus. E você tem sido tão gentil comigo que eu simplesmente não tive coragem e não queria te envolver nisso.
Kate chorava de desespero, ela lamentava realmente o ocorrido. Jack se comoveu, ela estava sendo sincera naquele momento.
-Kate, escute. Não precisa me dizer mais nada, eu não quero saber. Não li tudo a seu respeito, não consegui ler a nota por inteiro porque simplesmente não acredito que você seja essa pessoa horrível a quem eles se referem. Você vem aqui e apesar de ser quase uma estranha para mim, me sinto próximo de algum jeito que não sei explicar. Eu conheço você. Eu sei que você quando vem aqui é verdadeira, apesar do disfarce de sua roupa. Você ama sua mãe e seja lá o que tenha feito, tenho certeza que teve seus motivos. Você não me deve mais explicações, eu apenas quero que confie em mim, seja verdadeira comigo, não minta para mim.
Jack a acolheu em um abraço terno, Kate chorava, estava com medo, estava triste por ele ter visto a sua outra face não muito boa, mas por outro lado, era um alívio escutar as palavras dele, de conforto, de compreensão.
-Kate, te trouxe até aqui porque tem polícia lá fora de sentinela. Não tenho certeza, mas acho que colocaram um guarda na porta do quarto de sua mãe, provavelmente eles querem que você apareça para que eles possam te prender.
-Jack, alguém contou para eles que venho aqui, alguém sabe quem eu sou?
-Pelo visto não, porque caso contrário você seria barrada hoje mesmo no saguão. Vamos fazer o seguinte, fica escondida aqui que eu vou verificar o que está acontecendo e se o caminho está livre, ok?

Jack olhou para os 2 lados e saiu da sala. Dobrou o corredor e deu alguns passos. Quando entrou no corredor do quarto de Diane, viu que o guarda ainda estava lá de prontidão e tão cedo não sairia dali. Como quem não quer nada, entrou no quarto e checou os aparelhos, fingindo anotar algumas informações no prontuário de Diane. Ao sair do quarto, puxou conversa como quem não quer nada com o guarda.

Kate o aguardava nervosamente, até que ele retornou.
-E então?
-Eu não tenho boas notícias. O guarda me contou que a polícia montou um esquema de vigilância 24 horas aqui no hospital. Haverá turnos de guardas, de modo que não vai dar para ninguém entrar no quarto sem que eles não saibam.
-O meu Deus! E agora? Como vou sair daqui?
-Calma. Vamos pensar em um jeito.

Jack voltou para a sua sala. Não poderia se ausentar por muito tempo, estava trabalhando e ninguém tinha que saber onde ele estava. Por sorte, o dia no hospital estava calmo, sem nenhum acidente grave que causasse uma cirurgia. Atendeu uma paciente, consulta de rotina, depois parou para pensar. Tinha que salvar Kate, não podia permitir que ela fosse presa. Mas como retirá-la do local sem que os guardas a notassem?

Jack abriu a porta e fechou correndo. Virou-se para Kate e disse:
-Tem polícia lá fora, tem um guarda na porta do quarto de sua mãe, tem outros na porta principal do hospital. Logo, não tem como você sair desse jeito. Tenho um plano, se você concordar...
-Qualquer coisa, só não me entregue a polícia, por favor!
-Tome, vista isso. Eu vou me virar, não se preocupe.
Kate vestiu uma roupa de hospital.
-O que eu faço com as minhas roupas?
-Guarde dentro dessa sacola, junto com a sua bolsa. Eu preciso do seu endereço.
-Para que?
-Confia em mim. Eu vou ter que te dar um sedativo, você não vai se mexer, vou te colocar em uma maca e fingir que você é uma paciente. Vou cobrir seu rosto, por segurança, eles não vão verificar ou mesmo barrar pacientes. Assim, vou pegar o elevador e vamos para o subsolo. É para lá que vão os corpos que... bem, que vão para o incinerador. Eu sei que é horrível, mas escute. Em vez de ir para a sala, vou para o meu carro, vide que a mesma fica localizada perto do estacionamento. Coloco você no carro e invento uma desculpa para sair e te levo até sua casa.
-Jack, é arriscado demais!
-Eu sei, Kate, mas é o único jeito de você sair daqui. Eu sei que você deve estar com medo, mas não se preocupe, não vou te entregar.
-Que escolha eu tenho a não ser te dar um voto de confiança. Tudo bem, vamos fazer isso.
Jack injeta a droga e em poucos minutos, Kate apaga. Ele dispõe seu corpo na maca e o cobre. Tenta caminhar de forma normal, para não levantar suspeitas. Sente um arrepio na espinha ao passar perto do guarda, quando de repente, ele o chama:
-Hei, doutor?
Jack pensou “pronto, agora estou ferrado, vão descobrir tudo”.
-Sim.
-Sabe me dizer se tem uma maquina de café neste andar?
-Café? Claro, segue reto, vire à direita, no final do corredor tem uma.
-Ok, muito obrigado.
Jack mais do que depressa tratou de empurrar a maca e pegar o elevador. Uma enfermeira entrou e perguntou:
-Dr Shephard, o Sr levando uma paciente? Onde estão seus internos?
-Ah..é que, não é mais um paciente. Eu vou pegar uma coisa que esqueci no carro e como estou indo para o estacionamento e o pessoal está ocupado, não me custa nada levar o corpo, já que a sala é do lado mesmo.
-Meu andar chegou, tenha uma boa tarde, dr.
-Boa tarde.

Finalmente, chegou no subsolo. Tratou de caminhar em direção ao seu carro, abriu a porta, pegou Kate no colo e a deitou no banco de trás, jogando a jaqueta e outros objetos em cima para disfarçar. Olhou para os lados, levou a maca de volta para o hospital. Voltou para a sua sala e avisou a assistente que tinha que resolver um problema urgente, mas que depois voltaria para o hospital.

Jack dirigiu até o endereço dado por Kate. Por sorte, era um local afastado e sem recepção, de modo que foi fácil ele entrar com ela no colo. Jack a colocou na cama com todo o cuidado e dispôs a sacola com seus pertences em cima de uma cadeira. Enquanto ele a olhava, pensava o quanto tinha sido louco por ajudar uma fugitiva que mal conhecia. Mas ela era encantadora, como não se ver envolvido? Ele anotou o número de seu celular no bloquinho de notas do criado-mudo, ao lado da cama de Kate, para caso ela quisesse entrar em contato com ele e saber notícias de sua mãe. Resolveu voltar para o hospital antes que houvesse suspeitas.

Do outro lado da cidade...

Era quase o fim do expediente, hora em que todos os funcionários começavam a enrolar até dar o horário. Locke resolveu tomar um café. A máquina ficava próxima a recepção, enquanto ele tomava a bebida, uma reportagem da TV lhe chamou a atenção: uma briga de traficantes na Nigéria resultou em um massacre. A imagem de Mr Eko apareceu como um dos líderes vitimados pelo confronto.

John arregalou os olhos, primeiro foi Boone e desta vez, Eko?
Mais tarde, chegou em casa e decidiu fazer uma lista de fatos e mortes que ocorreram na ilha antes, para ver se iriam se repetir agora.
CONTINUA...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 6: O corpo da tenda

1977

Sawyer está hospedado em um hotel. Ainda estava desnorteado e perdido no mundo fora da ilha. Teria que se virar sozinho, ganhar dinheiro e começar do zero. A sorte é que desde cedo aprendeu a aplicar golpes nas pessoas, teve que se sustentar por conta própria desde que era um adolescente rebelde. Estava um pouco fora de forma nesse quesito, mas uma vez malandro, sempre malandro, era somente uma questão de recuperar a prática.

Tomou um banho e apenas de toalha amarrada na cintura, largou-se na cama e ligou a TV. Por sua sorte, a década de 70 foi um tempo muito inspirado em seriados americanos. Ele começou a ver “As Panteras” e se divertia mudando de canal e vendo o que passava. Um programa chamou-lhe a atenção. Era um game de perguntas, cujo premio era uma bolada em dinheiro. Começou a pensar no que ia fazer da vida, principalmente no tocante a parte financeira. E o jeito mais fácil seria primeiramente apostas e mais tarde, aplicações.

Ele sabia o que ia acontecer no futuro, tinha que tirar vantagem disso. Decidiu ir para Las Vegas, no intuito de ganhar dinheiro fácil em apostas. Depois iria aplicar a quantia em ações de empresas que em breve estariam em alta no mercado. Ele mesmo tinha mencionado o plano para Juliet, citou Microsoft como uma das empresas. Juliet. Seu semblante entristeceu no instante em que varias recordações invadiam-lhe o pensamento.
“Juliet, my sweetheart, eu vou conseguir ficar rico. E vou fazer isso por nós.”

Enquanto isso na ilha...

Jack e seu grupo estavam reunidos diante da fogueira. Estavam mais tranqüilos por causa da boa recuperação de Sayid. Kate repousava a cabeça no ombro de Jack, Hurley e Miles conversavam amenidades. Jin mantinha uma faixa sobre o ferimento na perna. Ele permanecia quieto, pensando em Sun, em como seria a sua filha e onde ambas estariam.

As horas se passaram, Jin, Miles e Hurley resolveram ir dormir.
-Jack, eu também acho que vou me recolher. Você vem?
-Sim, é claro.
Os dois deram as mãos e iam em direção a barraca quando avistaram ao longe um grupo de pessoas. Resolveram ficar atrás de uma árvore, só na espreita. Dois homens seguravam uma espécie de maca rudimentar, com um corpo deitado sobre ela. Não dava para ver direito, mas eles os viram adentrar uma tenda mais distante, próxima ao local onde Sayid estava instalado.
-Quem será que eles trouxeram?
-Não faço a menor ideia, mas pelas características, deve ser alguém doente ou ferido.
Jack e Kate esperaram os outros saírem do local e se afastarem. Estavam curiosos em saber quem era. Caminhavam vagarosamente até lá, se fossem pegos, diriam que estavam indo visitar o Sayid. Chegaram diante da tenda. Kate decidiu ficar lá fora de guarda caso alguém aparecesse. Jack afastou a fenda e entrou. O corpo estava estendido e coberto, Jack se aproximou mais e ao abaixar-se para ver de perto, fez uma cara de espanto.
-Kate!
Kate atendeu o chamado de Jack e ficou paralisada quando viu quem era a pessoa: Juliet.
-Mas como?
-Pois é, como ela está viva? E como veio parar aqui?

2004

Ed está furioso. Kate Austen novamente tinha o feito de palhaço. Ela tinha fugido pela enésima vez, bem debaixo de seu nariz! Mandou a ficha policial com sua foto para todas as delegacias de LA e para os locais de fronteira. Por essa razão, Kate não conseguia sair da cidade.

Kate decidiu mudar um pouco o visual para manter-se disfarçada. Pintou o cabelo para uma cor mais clara, procurou deixá-los mais lisos e presos para se diferenciar da imagem que estampava a sua ficha policial. Queria saber de notícias de sua mãe. Resolveu comparecer novamente no hospital.

Diane continuava internada, seu estado piorava a cada dia. Kate entrou discretamente, porém um guarda a parou, dizendo que ela tinha que se identificar na recepção. Kate mostrou os documentos falsos e conseguiu permissão para visitar sua mãe. Pegou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama. Tocou de leve a mão de sua mãe, que continha um tubo de soro injetado. Seu coração ficou apreensivo quando ouviu a porta do quarto se abrir.

Jack entrou com uma prancheta na mão. Estava fazendo uma vistoria no andar e ao olhar para Kate, lembrou-se de imediato de seu rosto triste e de seu desespero daquele dia.
-Hei, eu me lembro de você. Estava aqui outro dia e me pareceu muito perturbada. Está mais calma hoje?
-Sim, muito obrigada por perguntar, eu estou bem.
-Você é parente dela?
-Não. Eu sou apenas uma amiga.
-Deve gostar muito dela.
-Eu...eu tenho que ir.
-Não, por favor, te peço desculpas. Eu não deveria fazer tantas perguntas, que impertinente!
-Ela não está nada bem, não é mesmo?
-Sinto em lhe dizer mas a sra Austen é uma paciente em estado quase terminal. Estamos mantendo-a em aparelhos para ver se ela consegue reagir, mas infelizmente ela não resistirá por muito tempo.

Ao ouvir o diagnóstico de Jack, Kate começou a chorar. Jack dispôs a mão em seu ombro, procurando confortá-la. Kate se sentiu segura perto dele, eles eram totalmente estranhos, mas pareciam ter uma forte conexão. Jack também sentiu que de alguma forma, a moça lhe despertava um sentimento nobre, mas ele não sabia como e nem por que.
-Preciso ir embora, tenho que trabalhar.
Jack notou que ela era uma pessoa um tanto enigmática e talvez por essa razão, lhe pareceu muito interessante e atraente.

Enquanto isso, no centro da cidade...

Ana Lucia bebia e dirigia descontrolada. Após averiguar o caso da bala perdida, a corregedoria decidiu afastá-la de vez da polícia. Ela sentia-se arrasada. O corpo de Shannon desfalecido sob a calçada não lhe saía da cabeça.

Michael está dirigindo quando o celular toca. É Walt novamente. Desde que regressaram da Austrália, o garoto só lhe dava problemas. Walt ligava o tempo inteiro resmungando para seu pai. Michael não sabia como lidar com o filho, por isso, procurava fazer-lhe todas as vontades. Ele estava parado em um cruzamento, enquanto brigava com Walt pelo telefone. O farol abriu, Michael estava distraído e não viu que um carro ainda atravessava. Ele bateu com tudo no carro. O veículo que estava atrás dele também bateu de forma brutal.

Michael bateu a cabeça no volante e apagou por uns minutos. Quando acordou, o resgate estava atendendo no local. Ao ser colocado na ambulância, ele perguntava sobre o acidente. Somente fica sabendo de tudo quando está no hospital.

Michael foi o único sobrevivente da batida envolvendo 3 carros. Em um dos carros, estava Ana Lucia, que morreu na hora. No outro carro, que estava atrás do dele, estava Libby, que teve perfurações no intestino devido a batida e morreu um pouco depois de chegar ao hospital.
CONTINUA...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados-Cap 5: No acampamento dos outros

1977

Jack está em uma tenda, suturando o ferimento na perna de Jin.
-Eu sinto muito, Jin.
-Tudo bem, não foi tão ruim assim.
-Não estou falando da ferida. Eu te garanti, quando estava a caminho de explodir a bomba, que você veria a Sun muito em breve. Mas as coisas não saíram como planejado.
-Jack, será que vamos ficar presos para sempre nesta época?
-Eu não sei Jin. Realmente não sei o que fazer, pensei que o plano de Daniel fosse dar certo.
A conversa é interrompida por um grito de mulher. Jack saiu imediatamente de dentro da barraca. Eloise chorava de dor, suas mãos estavam sob a barriga. Charles estava próximo e tentava acalmá-la. Jack chegou perto de Kate, que também observava a cena com apreensão:
-Será que...
-Deve ser isso, vou falar com eles.
-Jack! Tenha cuidado ok?
-Hei!
Widmore apontou a arma para Jack quando o viu aproximando-se de Eloise.
-Preciso falar com você.
-Como ousa?
-Charles, por favor, deixe-o! Diga o que você quer.
-É sobre sua gravidez. Eloise, lembra-se de tudo o que te contamos? Do futuro, do fato de sua letra constar no caderno de Daniel? Eu sei que é dificil de entender, mas preciso que me ouça com muita atenção. O que aconteceu nesta ilha, dias atrás, o incidente. Não tenho certeza se foi essa a causa, mas sei que no futuro, as mulheres que aqui vivem não conseguem ter filhos.
-Eloise, ele está te encomodando?
-Não, por favor, continue. O que aconteceu com elas?
-Nenhuma conseguiu completar o 2º trimestre de gestação. Parece que o próprio corpo começa a rejeitar o bebê, a mulher adoece cada vez mais até que...ela morre.
-Desta vez você foi longe demais, se afaste dela!
Widmore empurrou Jack, que continuou falando:
-Escute, Eloise, o melhor a fazer é sair da ilha o quanto antes, ter o seu bebê longe daqui.
-Sem mais uma palavra ou eu atiro!
Jack calou-se, mas mantinha o olhar firme para Eloise. Ela percebeu que ele não estava de brincadeira. Jack resolveu retirar-se antes que a confusão aumentasse.
-Vai ficar tudo bem, querida, esqueça o que esse maluco acabou de dizer.
-Charles, ele me pareceu dizer a verdade.
-Você precisa se acalmar, não pode ficar nervosa no seu estado. Agora, descanse. Tenho certeza que o mal estar vai passar logo.

Todos observaram a cena quietos. Um grupo de homens foi falar com Richard.
-Mandem-os embora imediatamente! Não podemos estar protegidos com esses estranhos no nosso acampamento!
-Não vou mandá-los embora. Eles vão passar um tempo conosco.
-Como é que é? Ficou louco, Richard? Quanto tempo?
-O tempo que for preciso. Ordens de Jacob.

Os homens entreolharam-se contrariados. Após afastarem-se de Richard, pararam em um canto e discutiram:
-Richard está fora de si, onde já se viu, deixar que essas pessoas convivam conosco?
-Mas você ouviu, ele disse que foram recomendações de Jacob.
-Será mesmo? Como podemos confiar?
-Até hoje, Richard sempre nos trouxe as instruções de Jacob e tudo correu perfeitamente bem.
-Pois eu não concordo. Digo mais, não vou ficar aqui enquanto essa gente não ir embora. Não quero correr o risco de ter minha família assassinada!
-Eu também não.
-E então, assim que as horas da noite estiverem altas, peguemos nossos pertences e partiremos.

Jack permanece velando o corpo inerte de Sayid. Ele estava pensativo.
Lá fora, Miles e Hurley estavam diante da fogueira.
-Agora seria a hora de eu levantar a plaquinha “eu te avisei”.
-O que?
-Foi o que eu disse, Hurley. Antes do Jack ir explodir a tal bomba, perguntei para o grupo “será que não ocorreu-lhes a ideia de que tudo o que aconteceu no futuro foi a gente mesmo que provocou? O fato de tentar impedir fez o efeito contrário, nós causamos o incidente porque era para isso acontecer.”
-Dude, na boa, eu tô muito cansado para pensar nessas teorias malucas. Só consigo pensar naquele pedaço de carne que está bem em cima daquela mesa ali.
-Vamos lá pegar.
-Hei, Miles, ficou louco? Espera aí, que eu também quero!
Os dois pareciam mortos de fome, avançaram sobre o prato de comida. Se fosse para morrer, pelo menos não seria por falta de alimento.

Kate entrou na barraca. Trouxe um pouco de comida e um copo de água para Jack.
-Hei, você precisa comer alguma coisa.
-Fiquei tão absorvido em meus pensamentos que até esqueci de comer. Obrigado Kate. Você sempre se lembrado de me trazer comida...
-Eu me preocupo com você, já que você mesmo não se preocupa.
Os dois trocaram olhares. Kate sorriu ternamente, Jack a olhava de um jeito carinhoso. Quando estavam prestes a se beijarem, ouviram Sayid se mexer. O iraquiano finalmente abriu os olhos, parecia meio desnorteado.
-Sayid, pode me ouvir?
-Jack, onde estou?
Jack e Kate ficaram entusiasmados, pelo visto ele recuperara a consciência. Jack explicou tudo que se sucedera desde o clarão, só não soube explicar como os outros o curaram.
-Se lembra de alguma coisa?
-Infelizmente não. A última coisa que me lembro foi de estar dentro da Kombi esperando a maldita bomba explodir. Então é isso, ainda estamos naquela época?
-Sim, sinto muito. Mas não pense nisso agora, tente repousar. Quando estiver se sentindo melhor, conversamos.

No dia seguinte...

Richard estranhou o silencio pela manhã. Foi até a tenda de um dos homens e a encontrou vazia. O mesmo ocorria em outras tendas.
-Eles se foram Sr.
Uma criança o alertou.
-Como assim, se foram?
-Disseram que não poderiam mais ficar aqui, pois temiam por suas vidas. Essas pessoas são más?
-Não se preocupe, eles não vão fazer nada contra nosso povo.

Dias depois...

Eloise piorava a cada dia. Widmore começou a ficar assustado, as palavras de Jack estavam fazendo sentido. E se ele tivesse razão? Esperou um tempo, até que ela ficou febril. Eloise suava e se contorcia de dor na barriga. Não podendo mais vê-la naquele estado, decidiu confiar no que Jack lhe dissera. Verdade ou não, eles não poderiam se arriscar. Iria confiscar o submarino do povo da Dharma para que a mulher pudesse ter o bebê fora da ilha.

2004

-Suspeito entrando na Sunset Boullevard.
Ana dirigia o carro de polícia e falava no rádio. Seu parceiro a acompanhava. Tinha voltado para a policia após um tempo na Austrália. Não conseguia ser outra coisa além de tira. Estava no sangue. Dobraram a esquina e finalmente alcançaram o carro dos suspeitos. Os bandidos notaram o carro da policia e aceleraram, tentando escapar da perseguição. Eram velozes, Ana desviava o carro para não bater nos civis. Uma perseguição alucinante se iniciou, até que eles entraram em um local com passagem barrada. Desceram do carro e fugiam a pé. Ana e o parceiro também desceram, correndo para alcançá-los. Vendo que eles não iriam parar, ela sacou a arma e procurou mirar no alvo. Puxou o gatilho, mas exatamente nesta hora, uma moça passava na calçada, cruzando a trajetória da bala. Tudo foi muito rápido. Ana não teve tempo de avisá-la, a moça caiu no chão, baleada. Ana ficou paralisada, tinha atingido um civil inocente. Seu parceiro continuou a busca, mas acabou por perder de vista os bandidos.

Ana voltou para o carro e contatou o resgate por meio do radio, mas o esforço foi em vão. Quando os paramédicos chegaram, ela havia morrido. Ana abriu a sua bolsa, retirou a carteira para ver a identidade. A moça em questão era Shannon.

Enquanto isso no subúrbio...

-E aí, garota, quanto tempo! Onde você esteve?
-Por aí, pelo mundo. Passei um tempo na Austrália, mas o US Marshall me achou e me prendeu, mas consegui escapar.
Kate foi se encontrar com um antigo comparsa que sempre lhe fornecia identidades falsas, placas de carros, passaportes, armas, enfim, toda a parafernália de uma autentica fugitiva. Os dois tomavam uma bebida enquanto o rapaz lhe arranjava o que ela precisava. Foi quando ele mencionou a mãe dela.
-Soube que ela foi internada novamente e que está muito mal. Sinto muito, Kate.
-Onde ela está?
-Ficou louca? E se o Ed estiver de sentinela lá?
-Eu dou um jeito, vou disfarçada.
Kate pegou os documentos falsos e saiu dali abalada. Por mais raiva que sentisse da mãe, se preocupava com ela.

Hospital San Sebastian...

Kate entra no hospital disfarçada. Está com o cabelo preso, vestida de uma maneira discreta. Olha por todos os lados. Resolve dar uns trocados para um jovem perguntar onde sua mãe estava.

Kate anda apreensiva pelos corredores. Procurava o numero do quarto com rápidas olhadelas, até que achou onde sua mãe estava. Não entrou, passou direto. Queria observar mais atentamente o local. Viu que uma enfermeira tinha acabado de sair do quarto, olhou pela fresta da porta: não havia ninguém no quarto visitando sua mãe. Kate entrou. Fechou a porta e se aproximou lentamente da cama. Sua mãe estava desacordada e ligada no respirador. Ela não pode conter as lágrimas. Não podia suportar ver a mãe naquele estado, se sentia culpada por todos os problemas que afligiu Diane por esses últimos anos.

Kate enxugou as lágrimas e saiu do quarto. Queria fugir, queria correr. Por mais que tentasse não conseguia parar de chorar. Estava tão transtornada e com pressa que de repente, esbarrou em um médico.
-Hei, você está bem?
-Me desculpa.
Kate olhou para ele por um instante. E ao olhar nos seus olhos, começa a se sentir estranhamente mais calma.
-Você está precisando de alguma coisa?
Ela só conseguiu balbuciar um não e negar com a cabeça, saindo em disparada. Ele a seguiu com os olhos, mas foi interrompido por uma enfermeira:
-Dr Shephard, a sala de cirurgia já está pronta.
-Ok, eu já vou.
Jack virou a cabeça, tentando procurar aquela misteriosa moça, mas ela se fora.
CONTINUA...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados- Cap 4: À procura de Sayid

1977

Todos caminhavam em silêncio. O cansaço se abatera devido ao fato de terem andado o dia inteiro. Kate estava atenta, mas as pegadas já tinham desaparecido por causa da chuva que caiu na ilha, apagando os rastros. Andaram rumo ao desconhecido. Jack estava preocupado, os outros sempre representaram uma ameaça para os losties, por mais que ele tenha passado aqueles meses na ilhota em companhia deles, não guardava boas recordações daquele povo.

Pararam para descansar depois das súplicas de Hurley, cuja camiseta pingava de suor.
-E então, o que faremos? – Kate sentou-se em um tronco, próxima a Jack.
-Vamos agir com cuidado. Ter cautela é tudo o que podemos fazer. Você se lembra de como eles reagiram quando Daniel tentou conversar com Eloise?
-Eles atiraram porque viram que ele tava armado.
-Temos que achar Richard ou Eloise, eles sabiam de nosso plano.

Jack toma um longo gole d’água e descansa. Pouco depois, reúne o grupo e todos voltam a caminhar. A certa altura, se encontram em um lugar por demais de calmo. Param um instante e ouvem sussurros por todos os cantos: finalmente estavam no território dos outros.

Era noite na ilha, o acampamento dos outros estava em um vale e consistia em inúmeras barracas dispostas de forma espalhada, parecendo um grande acampamento cigano. Eles ficaram à espreita, somente observando minuciosamente o local. Nem sinal de Sayid.
Kate sussurrou para Jack:
-Acha mesmo que Sayid está sob custodia deles?
-Só pode ser. Os integrantes da Dharma não iriam atacar daquela forma, com flechas de fogo.

Mal terminaram a conversa: ouviram um grito de Miles. Um homem havia pegado o chinês pelo colarinho, várias flechas vinham em direção ao grupo. Eles se afastaram, cada um foi para um canto. Hurley se escondeu atrás de uma pedra, Jack permaneceu agachado, se arrastando pela grama. Kate movia-se encurvada, tentando se desviar dos ataques. Enquanto corria, Jin foi atingido na perna. O coreano gritou de dor, Jack foi em sua direção, arrastando Jin para trás de uma árvore.

Um outro movia-se em direção a Kate, mas ela não o viu porque estava de costas. Ao olhar a cena, Jack correu em disparada, pulando em cima do outro e começou a dar-lhe socos. O outro era bastante forte e trocou socos com Jack, que caiu no chão devido ao murro. Quando ia bater mais, Jack deu um chute e o homem se desequilibrou. Jack então apontou-lhe a arma. Um comparsa estava próximo, Jack fez o homem de refém.
-Eu só quero saber onde está o Sayid!
-Não sei do que você está falando. Se quiser atirar nele, vai em frente!
Jack ficou indignado com a frieza e o jeito nada camarada que os outros tinham de agir. De repente, viu um rosto conhecido sair por detrás da sombra e apontou rapidamente a arma para ele.
-E nele, eu posso atirar também? – Jack gritou.
O sujeito em questão era Widmore. Neste momento, apareceu Richard.
-Por favor, cessar fogo!
Olhando firmemente para Jack, ordenou:
-Não atire. Você deve estar a procura de seu amigo.
-Sim. Ele está aqui?
-Está. Estamos tratando dele. Seu amigo tem um ferimento muito grave, estava a beira da morte.
-Quero vê-lo agora!
-Fique calmo. Pode me seguir.
Jack caminha atrás de Richard, que ordena para seu povo não atacar o grupo de Jack. Eles rumam em direção a tenda grande e mais afastada.
-Ele ainda está muito fraco.
Jack entra na barraca e vê o corpo de Sayid deitado. Se aproxima, checando o amigo como se fizesse um exame.
-A bala, vocês retiraram?
-Ele vai se recuperar. Só precisa de mais uns dias de repouso.
-O que fizeram com ele?
-Nós o curamos.
-Sim, mas como?
-Não importa, nada posso dizer.
-Como assim, não importa? Eu quero saber exatamente como vocês o trataram e...
-Jack, posso falar um instante com você?
Kate o interrompeu, Jack começava a ficar alterado, ela sentiu que precisava controlá-lo antes que os outros mudassem de ideia e resolvessem matá-los de vez. Puxou Jack para um canto e lhe falou:
-Ficou maluco? Gritar com eles aqui? Esse é o território deles, Richard foi bastante razoável em nos deixar entrar. Lembre-se que eles não são nada receptivos.
-Mas Kate, você não se preocupa com o que eles tenham feito ao Sayid?
-Claro que sim, mas me preocupo ainda mais com você! Jack, o que importa é que ele tá vivo! Admita que foi melhor assim você não podia salvá-lo nas condições em que nos encontrávamos.
-Tem razão.
Jack ficou cabisbaixo, suas mãos estavam na cintura. Ele observava Sayid, não acreditando que o amigo estava se curando. Pensava em como os outros tinham conseguido tal proeza.

2004

-Bom dia.
-Ora, ora, quem está de volta, Sr Locke! Como foi de férias?
-Ótimo.
Locke rumava em direção a sua mesa. O escritório era constituído de uma série de cubículos, onde cada funcionário ficava em um dos compartimentos. Procurou não comentar suas férias com Mark, um jovem para lá de arrogante, seu colega de trabalho. Vendo que o careca não deu-lhe atenção, Mark chegou até a mesa de Locke.
-Pera aí, me conta John, o que fez nas férias?
-Nada de tão especial, apenas fui a um safári na Austrália.
Mark desatou a rir.
-Safári? O Sr? Só pode ser brincadeira!
-Não estou brincando.
-Claro que está! Impossível uma pessoa com...er...
-Pode falar Mark, com cadeira de rodas.
-Foi mal cara, não quis te ofender. Mas na boa, é mentira, não é mesmo?
-Acredite no que você quiser. Agora me deixe trabalhar porque minha mesa está nas alturas com tanto papel empilhado.

John esperou que seu desafeto desaparecesse dali. Olhou para os lados, os demais estavam concentrados em suas tarefas. Locke ligou o computador e cuidadosamente começou a pesquisar na Internet o nome de cada companheiro de ilha. O nome de Jack apareceu relacionado a assuntos médicos, vide que ele era considerado um dos melhores neurocirurgiões do país. O de Kate, por causa dos problemas com a polícia.

Foi pesquisando de forma rápida um por um até que uma notícia o deixou estático. Ao pesquisar Boone, ele caiu na homepage da empresa de casamentos da mãe dele e leu inúmeras mensagens de pêsames à família pela morte do rapaz, que comandava praticamente o negócio.
John ficou pensativo, cismado: será possível que tudo irá acontecer de novo?

LA, centro da cidade...

Sun está no quarto de um hotel. Penteia os cabelos e olha para o espelho. Jin tinha saído para entregar um relógio a um cliente de seu pai. Ele queria cortar relações de vez com o sogro, mas por causas da ameaça que recebeu no banheiro do aeroporto, sentiu que jamais poderia escapar da mira do velho. Sabia que o sr Paik era violento e perigoso, não podia por a vida de Sun em risco. Logo, resolveu cumprir mais um negócio em nome do sogro.

Sun respira fundo e pega e telefone.
-Alô? Oi, sou eu. Cheguei. Não, ele veio comigo. Mas estou decidida, vou deixá-lo. Só me diga onde poderei encontrá-la.
Horas depois, Jin retornou com flores. Sun sorriu de forma tensa e resolveu tomar um banho. Precisava tomar coragem, tinha que deixá-lo e seria no dia seguinte. Ao voltar para o quarto, uma mesa estava devidamente posta.
-Pedi o serviço de quarto. Você deve estar com fome.
-Sim, claro.
Não custava nada jantar com seu marido, ela não podia dar bandeira, tinha que disfarçar. Jin a olhava de maneira tão terna que ela se lembrou do tempo em que ele era doce, do começo, de como eles eram felizes. Até o dia em que se casaram e ele começou a trabalhar com seu pai. Aí ele mudou da água para o vinho.

Embalada pelo momento, Sun resolveu baixar a guarda e os dois acabaram se amando. Seria uma despedida em nome dos bons momentos que passaram juntos.
Amanheceu. Sun levantou-se nas pontas dos pés, se vestiu, pegou as malas que havia preparado no dia anterior e foi embora de vez. Jin dormia alheio a tudo. Quando acordou, deparou-se com o lado da cama vazio, restando apenas uma flor de origami no travesseiro.

Dias depois...

Era noite quente de verão. Kate entrou em um bar, estava louca por uma cerveja bem gelada. Sentou-se no banco diante do balcão e pediu a bebida. Um homem não deixou de notar a sua beleza. Ele estava jogando sinuca, mas em breve, terminou a partida e partiu em direção à morena de olhos verdes.
-O que uma mulher linda e interessante como você faz por essas bandas sozinha?
Kate olhou para ele. Tinha um jeito meio cafajeste de falar, mas o sorriso com as covinhas à mostra chamou-lhe a atenção.
-Então, não vai me dizer seu nome?
-Kate. E o seu?
-Sawyer.
Kate sorriu para ele. A vida de fugitiva não era fácil, sempre correndo, tentando escapar da polícia, cada dia em um local. Com tudo isso, ela se lembrou que fazia tempo que não ficava com ninguém. E naquela noite, ela precisava e queria um homem para satisfazer seus desejos. E já que um bonitão estava dando-lhe trela...
-Sozinha? Quem disse que eu estou sozinha?
Ele entendeu o recado, pagou a bebida e os dois saíram juntos do bar.
CONTINUA...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados-Capítulo 3: Vida e morte

1977

Jack olha para todos os lados, nem sinal de Sayid.
-Oh, meu Deus, o que será que aconteceu? Por que o levaram? – Kate estava de queixo caído com a situação.
-Eu não sei, mas devemos descobrir para onde eles o levaram. – Jack mantinha o semblante preocupado.
Kate se agachou, tocando o solo procurando descobrir pistas que pudessem lhes indicar para onde os outros tinham rumado.
-Tem pegadas por aqui e mais adiante. Pode ser que eles tenham ido naquela direção.
Um barulho de folhas se mexendo fez com que os dois sacassem a arma. Jin e Miles acabaram de retornar com remédios, porém chegaram tarde demais. O grupo decidiu seguir as pistas, mas com bastante cautela. Caminhavam silenciosamente pela mata para não chamarem muita atenção. Estava quase amanhecendo de forma que, embora o sol não tivesse surgido com toda a sua força, já era possível caminhar sem o auxílio de tochas.
Alcançaram a região do deck do submarino, Sawyer ainda estava por lá. Ao vê-los, levantou os olhos meio que questionando o que diabos estavam fazendo. A curiosidade foi o suficiente para incentivá-lo a ter com eles:
-Para onde estão indo?
-Sayid. Ele sumiu. Os outros o levaram não sabemos para onde, então estamos tentando seguir as pistas. – Kate parou diante dele, dispondo as mãos na cintura.
-E você, cara, não vai conosco? – Hurley sugeriu prontamente.
-Eu tenho outros planos.
-Como o que?
-Pode ficar tranqüilo, doc, meu plano não é de te matar, pelo menos não por enquanto.
O clima estava tenso entre eles. Sawyer ainda não conseguia encarar Jack, ele o culpava pelo que tinha acontecido com Juliet.
-Está amanhecendo. Se pretende ficar, é melhor se esconder. O povo da Dharma pode vir a qualquer momento.
-Eu sei me defender, eu conheço direitinho cada babaca da Dharma Iniciative.
-Se é assim...
Jack ia caminhando de volta para a mata, quando Sawyer o chamou:
-Hei! Vejo que pegaram todas as armas que estavam lá. Será que ao menos eu não tenho direito de posse de alguma?
Kate escutava apreensiva. Tinha medo do que Sawyer pudesse fazer com uma arma na mão.
-Sawyer!
-Não se preocupe, sardenta, não vou fazer nada contra o seu noivinho. Eu vou é dar o fora daqui! Para mim chega desta ilha maldita! Quando o sub retornar, vou ser o 1º a embarcar. E que se foda esse lugar e todos vocês!
Eles nem se encomodaram de serem xingados por Sawyer, sabiam que por dentro seu coração estava em migalhas por causa de Juliet. Jack se aproximou e entregou-lhe a arma.
-Se cuida, Sawyer.
-Eu vou me virar.

Sawyer deu um sorriso e uma piscadela para Kate, que sentia-se triste por ele ter tomado aquela decisão, se afastar e encarar um mundo totalmente desconhecido lá fora, em 77. O grupo resolveu partir e continuar a jornada, deixando Sawyer no deck.

Enquanto isso...

Radizinsky sai de casa com alguns papéis enrolados embaixo do braço. Bate na porta de Dr Chang. Ambos saem e entram em uma das Kombi estacionada. Logo mais, outros membros da Dharma pegam seus veículos e partem seguindo o mesmo caminho. Começa um trabalho árduo no local da estação, era necessário retirar todos os destroços e fazer uma engenhoca que controlasse o magnetismo. A sorte é que ficaram na ilha os mais importantes cientistas, suas mulheres e filhos tinham partido, mas eles tinham ficado.

Horas se passaram até que começaram a puxar toda a sucata de dentro do poço. Algumas máquinas auxiliavam o serviço pesado. Um homem, com a ajuda de um cabo, desceu no poço e ao chegar no solo, deparou-se com um corpo de mulher estendido: era Juliet. Sua roupa estava toda ensangüentada devido a grave hemorragia que sofrera na região do abdômen. Mesmo assim, o homem embrulhou o seu corpo e o carregou no colo, subindo e volta no cabo.

Após sair do poço, todos olharam até que Radizinsky retirou o pano que cobria o corpo.
-É ela! Bom, pelo menos se eles tentaram nos matar, conseguimos algo precioso, acabar com essa hostil que nos enganou esse tempo todo!
-O que faremos com o corpo? – um deles perguntou.
-Devíamos jogar no meio do mato, assim o povo dela não tem como vir até aqui reclamar o corpo.
-Não acha que devemos entrar em contato com eles para evitar confusão?
-Horace, Horace, sempre bondoso! Eles é que quebraram a trégua, agora eles que agüentem as conseqüências!

Horace custava a acreditar que Le Fleur e Juliet fossem hostis. Durante os anos de convivência, nunca suspeitou da farsa do grupo, pelo contrário, os considerava como amigos próximos. Achava extremamente triste o fim reservado pelo destino a Juliet.
Seguindo as ordens de Radizinsky, colocaram o corpo em um local bem distante de onde estavam, na mata.

A noite caia sobre a ilha. Sawyer estava cochilando, deitado sobre a madeira quando ouviu o barulho na água: era o sub retornando. Rapidamente, procurou se camuflar, se escondendo próximo ao local de embarque. Apenas 2 homens desceram do sub, o piloto e seu ajudante. Tudo estava calmo. Os homens estavam distraídos, se alongando e descansando o corpo moído da viagem, quando um deles sentiu um cano gelado nas costas.
-Quietinho aí meu chapa senão leva bala!
O outro homem tentou avançar, mas Sawyer lhe deu um golpe na cabeça.
-Vocês vão ter que me levar daqui!
-Mas agora Sr? Acabamos de chegar!
-Só o tempo de você arrastar o seu parceiro de volta. Vamos já!
O homem acatou as ordens de Sawyer e os 3 entraram dentro do submarino. Minutos depois, partiram. Sawyer entrou no veículo sem olhar para trás.

Em um outro local da ilha...

Richard estava dentro de sua tenda. Ia apanhar um livro quando alguém chamou o seu nome.
-O que foi, por que me chamam a esta hora?
Dois rapazes colocam no chão um corpo estendido. Alguns fios de cabelo dourado teimam em sair de dentro do pano. Richard se aproxima e descobre a parte superior. Observa sem dar uma palavra. Depois, pede que levem o corpo para dentro de uma outra tenda mais afastada.
Richard se encaminha em direção a fogueira. Widmore está sentado assando um pedaço de carne de coelho.
-Sr, peço permissão para partir. É uma emergência.
-Outra vez? Já não bastou aquele garoto Ben e mais esse rapaz com feições árabes? Richard, isso aqui não é um hospital. Não podemos nos expor desta maneira, daqui a pouco haverá peregrinação de doentes buscando um milagre.
-Eu entendo, me desculpe, mas preciso avisá-lo. Ela parece ser chave importante para o futuro desta ilha.
-Ok Richard. Só permito porque quero evitar aborrecimentos. Dê lembranças ao Jacob.

2004

-O paciente apresentou um grave quadro de traumatismo craniano. Conseguimos retirar o coágulo e a pressão intracraniana se estabilizou.
Jack se encontrava dentro da sala. Vários médicos estavam junto dele tentando solucionar o caso de Boone. De repente, o Pager tocou e a equipe saiu em disparada para atender o paciente. Ao chegar na UTI, se depararam com o rapaz cuspindo sangue descontroladamente.
-Ele está tendo hemorragia interna, rápido, me ajudem aqui!
Jack tentava a todo o custo salvar a vida de Boone, mas o estado dele só piorava. Depois de um tempo, todos viam que o caso era perdido, mas Jack continuava obstinadamente trabalhando no paciente.
-Jack, hei, já chega! Não adianta mais, não temos como salvá-lo!
-Érica, mas e se tentarmos fazer...
A doutora o interrompeu, o puxando para longe da maca.
-Ele está todo sangrando por dentro, não tem como contermos a hemorragia!

Jack retirou-se da sala indignado. Odiava perder pacientes, ainda mais um moço tão jovem. Se sentia impotente. Retirou a toca, as luvas e dispôs as mãos sob a pia. De cabeça baixa, olhava para a água que escorria da torneira aberta. Depois de tanto esforço, horas de cirurgia, ele tinha falhado. Não parava de pensar em todos os procedimentos, se questionava se deveria ter tratado outro local primeiro ou não, se tinha feito tudo certo... Respirou profundamente, se limpou e caminhou em direção a sala de espera. Deu a fatídica notícia para a “irmã” de Boone. Shannon permanecia calada, em estado de choque, mas minutos depois, chorou compulsivamente.

Sentia-se culpada porque mais uma vez o irmão tinha ido buscá-la de madrugada de uma festa dada por más companhias. Chovia intensamente, Shannon como sempre irritava Boone, o provocando de todas as maneiras. Ele foi buscá-la de jatinho, o local era um tanto afastado. A visibilidade estava péssima, por mais que o rapaz soubesse pilotar, por causa do mau tempo, perdeu o controle e o jatinho acabou caindo. Ela sofreu ferimentos mínimos, apenas a perna tinha sido engessada. Já ele não teve a mesma sorte.

Kate estava dirigindo. Ainda não tinha conseguido sair da cidade, as fronteiras tinham sido avisadas pelo agente, sua foto estava espalhada por esses locais. Procurava um lugar barato para passar a noite. Cantarolava animadamente uma canção de Patsy Cline quando de repente, avistou um vulto. Kate freou em cima da hora, quase atropelou uma pessoa. Assustada, desceu do carro para ver se tinha causado algum estrago, quando viu uma moça sentada no chão.
-Hei, me desculpe, eu realmente não te vi! Você está bem?
-Na verdade, eu preciso de ajuda, por favor!

Estava escuro. Kate se aproximou mais da moça e fez uma expressão preocupada ao notar a barriga enorme.
-Eu acho que tá na hora.
-O que?
-Ai...meu bebê, ele vai nascer.
-Espere moça, se acalme. Eu...eu vou te ajudar. Só precisa tentar se levantar para entrar no carro. Vou te levar para um hospital.
-Não vai dar tempo.
-Fica calma, claro que vai.
-Não tem hospital nenhum aqui perto!
Kate andava desesperada de um lado para o outro. Pensou em sair correndo, mas sua consciência não a deixava abandonar aquela mulher sozinha em inicio de trabalho de parto.
-Qual é o seu nome?
-Claire. E o seu?
-Kate.

Claire começou a gritar de dor. As contrações eram cada vez mais intensas e com pouco intervalo de tempo. A moça pegou firmemente na mão de Kate. Estava gemendo e suando e implorava por ajuda. Kate estava desesperada, nunca tinha feito um parto na vida. Um medo intenso percorria o seu corpo, mas depois de muito negar, se deu conta de que só estavam as duas em um local deserto e provavelmente ninguém iria aparecer para ajudá-las. Foi até o carro, pegou todos os panos que tinha a disposição e a garrafa d’água e lavou as mãos.

Claire involuntariamente já fazia força, o bebê queria nascer de qualquer jeito. Kate pedia para que ela empurrasse, Claire gritava de dor.
-Eu não vou conseguir, não vou.
-Você tem que tentar, por favor, Claire! Escuta, eu também nunca fiz isso na vida, por favor, que tal nós duas colaborarmos?

Claire chorava de medo, as mãos de Kate tremiam de nervoso. Depois de alguns minutos, Claire se esforçou intensamente e Kate finalmente pode ver a cabeça do bebê.
-Isso garota, falta pouco. Empurra! Eu já estou vendo, vamos Claire!
Claire gritou e Kate pode puxar o bebê, que foi lentamente saindo. Kate pegou uma flanela molhada e limpou a região do nariz e boca do recém nascido, cortando com um estilete o cordão umbilical. O bebê começou a chorar, ambas se emocionaram com a cena.
-Oh, meu Deus, veja seu filho. É um menino!

Claire pegou o bebê no colo e o envolveu. As lágrimas escorriam do seu rosto. Kate estava encantada, não acreditava no que tinha acabado de realizar. Ela dera vida a um bebê, nunca pensou que pudesse participar de algo tão sagrado. Sentia que aquela experiência marcaria sua vida para sempre.
CONTINUA...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Cap 2: It was not all misery

1977
Jack molha um pedaço de pano na água. Torce e dispõe sobre a testa de Sayid.
-E então, dude, como ele está? – Hurley se aproxima e pergunta.
-Nada bem, Hurley. Sayid está com febre alta, perdeu muito sangue e a bala está alojada em seu corpo. E o pior é que não posso fazer nada, preciso de instrumentos para operá-lo, o que é praticamente impossível diante dessas circunstâncias.
-E se fôssemos até a vila da Dharma para ver se achamos alguns medicamentos? - Miles sugere.
-Ficou louco, cara? Você não viu, tipo, que eles tentaram nos matar? – Hurley estava assustado com a proposta.
-Eu digo, e se fôssemos escondidos? Não deve ter quase ninguém lá, muitas pessoas evacuaram com o submarino.
-É muito arriscado, mas na atual situação...
-Jack, você não está pensando...
-É a nossa única saída, Hurley. Temos algumas armas que recolhemos no local da bomba, vamos esperar escurecer para nos camuflarmos melhor e vamos até a vila.
-Na boa, nós podemos fazer isso. Mas acho melhor você ficar aqui, Jack, caso o Sayid piore.
-Não, eu vou com vocês. O Hurley pode ficar e tomar conta do Sayid.
-Sozinho? Sinto muito, mas e se ele começar a agonizar? E tem todo esse sangue, você sabe que não aguento ver sangue, não Jack, não vou ficar aqui sozinho no mato a noite nem ferrando cara!
-Eu e o Jin podemos fazer isso, nós passamos 3 anos convivendo naquele local, conhecemos tudo de cor e salteado. Fica com o Hurley, Jack.

Jack mesmo meio contrariado resolveu acatar a ideia de Miles. Realmente Hurley ali não poderia fazer nada, além do mais, o estado de Sayid era crítico, ele poderia morrer a qualquer instante.
Assim, Jin e Miles pegaram umas armas e partiram.

Enquanto isso, na vila Dharma...

-Eu sabia que tinha alguma coisa errada com aquele La Fleur! Bem que o Phil desconfiava e tinha me alertado! Foi realmente muito estranho ver aquele grupo aparecer aqui do nada, dizendo que eram cientistas. No fim, eles eram hostis disfarçados! - Radizinsky bradava com raiva sobre os últimos acontecimentos.
-Como não percebi nada? Eles me pareceram boas pessoas, viveram conosco durante 3 anos, Juliet fez o parto do meu filho!
-A mesma Juliet que entregou meu filho para os hostis! – Roger Linus falava com jeito meio mole já bêbado com poucas latas de cerveja.
-Não adianta ficarmos discutindo quem eram aquelas pessoas. O que me preocupa é o que aconteceu lá no local da estação. Eu te disse para não cavar muito profundamente!
-Dr Chang, o senhor está me acusando de alguma coisa?
-O que aconteceu, o incidente, já está feito. Precisamos neutralizar o gás que reside no subsolo, altamente perigoso. Essa ilha foi contaminada, precisamos urgente começar a construir a nossa estação. Depois do que vimos, o eletromagnetismo. Nunca previ uma força tão grande! Vou recomeçar os cálculos urgentemente, temos que traçar um plano para aquele local.
-Eu não previ que as perfurações atingissem um nível tão profundo. Dr Chang, permita-me ajudá-lo a reconstruir a estação.
-Ok, Radizinsky. Amanhã cedo iremos até lá checar o que pode ser feito.
-Dr Chang, só uma coisa. O Sr foi um dos últimos a chegar aqui de volta. Por um acaso, saberia dizer para onde eles foram?
-Não sei dizer, Horace. Assim que feri meu braço, corri imediatamente dali, sem olhar para trás.
Dr Chang estava desconfortável com a pergunta. Ele sabia que eles tinham sobrevivido, mas não quis entregar o próprio filho para os companheiros da Dharma.

Jin e Miles chegam ao local e observam escondidos perto do parquinho das crianças. Os integrantes da Dharma faziam sua reunião na casa de Horace. Sem levantar suspeitas, cada um foi para suas antigas residências pegar o máximo de coisas que achassem úteis para ajudar Sayid.

Jack e Hurley estão sentados cada um em um tronco, diante da fogueira. O cansaço chegou para Hurley, que começara a pescar de sono. Jack, por sua vez, não parava de pensar em tudo o que tinha acontecido. Sua mente ia a 1000, sua culpa era extrema.

Hurley decidiu ir dormir, enquanto Jack velava por Sayid. Estava tão longe em seus pensamentos que nem viu Kate se aproximar.
-Hei!
Jack levantou a cabeça, meio assustado.
-Me desculpe, te assustei?
-Um pouco...é que minha cabeça não para nunca de pensar.
Kate se sentou próxima a ele.
-E o Sawyer?
-Decidiu ficar lá no píer. Ele ta precisando de um tempo sozinho para processar tudo o que se passou.
Jack tinha um olhar triste e distante. Olhava para as labaredas, seus olhos pesavam, a culpa o corroia por dentro.
-Eu sinto muito, Kate. Eu disse que tinha certeza absoluta de que o plano de Faraday ia dar certo, que tudo iria recomeçar, em 2004, todos estariam vivos. Eu não entendo, por que deu errado?
-Eu não sei, Jack. Faraday...sempre achei Daniel meio louco das idéias, mas o pior foi ver você acreditando nele.
-Eu estava desesperado querendo consertar tudo e acabei acreditando nele.
-Talvez fosse porque, como você mesmo disse, era o nosso destino. Você estava agindo igual ao Locke e veja só no que deu! Locke está morto e você quase nos matou com esse plano maluco!
-Kate...
-Jack! Não fale nada. Eu é que preciso falar. Não terminamos nossa conversa naquele dia, na tenda da Eloise.
-Como assim, o que você quer dizer?
-Você quis apagar o passado, tudo o que vivemos, o que passamos juntos. Mas não levou em consideração se eu queria o mesmo.
-Desde que voltamos para a ilha, você tem estado tão distante. Eu vi o seu rosto com uma expressão de tristeza estampada. Você teve que deixar o Aaron e isso foi muito doloroso. E só de pensar em tudo o que eu te fiz passar... Tudo o que sofremos, toda a miséria...
-Jack! Vou ter de repetir? Não foi tudo miséria! E o nosso noivado, o tempo que vivemos juntos, isso conta? Como você se atreve a dizer que tudo foi sofrimento? Aqueles momentos foram os melhores em toda a minha vida! Pela 1ª vez tive uma casa, um filho e alguém de verdade para compartilhar minha felicidade, encontrei um homem que eu estava disposta a passar o resto da vida junto.
Jack a olhava surpreso. Era a 1ª vez que ouvia Kate dizer que foi feliz ao seu lado. Na sua cabeça, ela só tinha ficado com ele porque estava sozinha, ou talvez porque Sawyer não estava lá com ela. Esse pensamento tinha se reforçado quando eles voltaram para a ilha e ele viu que ela tinha ficado um pouco mexida ao rever Sawyer.
-Jack, você precisa confiar em mim! Você não me perdeu e não vai me perder nunca! Desde que te conheci, eu fiquei do seu lado e jamais deixei de estar, mesmo quando estávamos separados, em momento algum deixei de acreditar em você.

Kate colocou suas mãos no rosto de Jack e o olhava com seus olhos verdes cheios d’água. Jack a olhava de volta igualmente emocionado. Instantaneamente, coloram os lábios em um beijo apaixonado, urgente. Estavam desesperados por afeto e ansiavam por perdão. Desde que retornaram a ilha, não tiveram um minuto de sossego e eles precisavam se entender. E aquela era a hora.

Trocaram repetidos beijos que os deixavam sem fôlego, porém mal se desgrudavam e já estavam novamente com as línguas enroscadas, sugando os lábios um do outro. Kate o pegou pela mão e os dois caminharam um pouco longe dali. Saíram de fininho para que Hurley não acordasse. Entraram na caverna que estava mais próxima, queriam privacidade.

Jack a encostou em uma pedra e a beijou intensamente. Depois, começou a beijar o seu pescoço, Kate estremeceu. Então, olhou para ele, tocou o seu rosto e mordiscou a orelha dele. Jack sorriu, como ela gostava de provocá-lo!

Ela arrancou a camiseta dele e continuou a beijá-lo. Enquanto isso, suas mãos deslizaram até o cós e então, Kate baixou lentamente as calças dele. Jack, por sua vez, a tocou por debaixo da blusinha e foi levantando-a aos poucos, ela livrou-se da peça, ficando somente de sutiã.

Os dois se abraçaram, os seios dela se arrepiaram ao entrar em contato com o peito nu dele. Sem demora, ele desabotoou a lingerie, deixando os seios livres para serem acariciados. A boca dele alcançou os mamilos, ele lambeu deliciosamente com sua língua macia e úmida.

Enquanto sugava os seios dela, seu membro começou a ficar enrijecido. Rapidamente, livraram-se das peças íntimas que lhe restavam. Agora estavam nus. Começaram a se esfregar, o membro dele roçava nos pelos pubianos dela.

Ele a deitou. Dos seios, Jack desceu a cabeça até o abdome, deu a volta com a língua em seu umbigo. Traçou o caminho de volta, deslizando a língua até chegar novamente em sua boca, dando-lhe ardentes beijos. Depois, moveu a mão em direção a sua cintura e abriu as pernas dela.

Ela já estava ficando úmida, ele começou a massageá-la como um mestre, seus dedos longos a estimulavam, tirando-lhe gemidos e sussurros. Kate sentia uma dormência por todo o corpo, os joelhos tremiam e os seios estavam arrepiados. Ela apertava ainda mais a mão dele contra o seu sexo, pedia para aumentar os movimentos e com a boca entreaberta, gemia e pedia mais, até que a certa altura, apenas balbuciava.

Vendo que ela já se encontrava devidamente entregue, ele alojou o seu membro entre suas coxas e a penetrou. Ela o envolveu entre as pernas, o agarrando com o corpo estremecido, quase desfalecendo de prazer. Com os corpos grudados e transformados em um só, se mexiam, embriagados por um êxtase profundo. Com os movimentos de vaivém cada vez mais rápidos, os dois chegaram ao ápice quase que simultaneamente. Alheios a tudo e a todos, se entregavam um ao outro e permaneceram envolvidos por uns instantes.

A noite corria tranqüila. Jin e Miles tinham conseguido cumprir o seu propósito e retornavam silenciosamente, percorrendo a trilha em direção aos seus amigos.

Jack e Kate dormiam abraçados. Estavam exaustos, porém pareciam entorpecidos. Finalmente tinham se acertado, pelo menos assim poderiam juntos enfrentar todo aquele clima pesado e os problemas que se sucediam ao plano mal realizado de Faraday.
De repente, um barulho irrompeu na calada da noite. Meio sonolento, Jack despertou com a voz de Hurley gritando ao longe. Desvencilhou-se dos braços de Kate, que acabou acordando, mas resmungou de olhos fechados:
-O que foi Jack?
-Parece que ouvi o Hurley me chamando.

Jack apanhou as roupas e se vestiu. Kate sentou-se, esfregando os olhos e tentando ouvir alguma coisa. Vendo a expressão preocupada de Jack, ela resolveu também se vestir. Os dois rumaram para o local onde Hurley e Sayid estavam. No meio do caminho, viram flechas com fogo nas pontas caírem por perto. Os dois correram, procurando se desviar do alvo. Se esconderam entre os bambus. Jack olhava para todos os lados procurando pelos amigos, até que encontrou Hurley escondido do outro lado. Tudo então ficou calmo. Kate partiu para perto de Hurley, Jack foi logo em seguida.
-O que foi isso? – Kate arregalou os olhos assustada.
-Eu não sei. Hurley, cadê o Sayid?
-Assim que vi uma flecha cair perto de mim, só tive tempo de sair correndo. Ele deve estar no mesmo lugar.

Os 3 foram rapidamente para o local, Sayid tinha desaparecido.

2004
Após o velório de Christian, Jack se aproximou de Margo. Os convidados já tinham acabado de ir embora. Jack colocou as mãos sobre os ombros de sua mãe, procurando confortá-la. Margo estava ainda sentada no banco da igreja. Ela permanecia em silêncio.
-Mãe, vamos embora?
-Por que, Jack?
-Todo o mundo se foi, precisamos ir.
-Não foi isso que eu te perguntei. Eu quero dizer, por que você foi duro com ele?
-O que?
-Seu pai tinha chances de se recuperar. Ele até tinha entrado para o AA...
-Ele só entrou, mas até parece que ia seguir o tratamento! A vida inteira dele foi regada a álcool.
-Tudo o que ele precisava era de apoio. Custava para você tê-lo ajudado?
-Eu o ajudei. Eu não permiti que ele matasse mais gente por causa do vício.
-Como você pode ser tão frio? Seu pai sempre esteve do seu lado, te dando conselhos, conseguindo uma vaga para você lá no hospital...
-Papai não me incentivava, ele me desafiava. A vida inteira tive que provar para ele que eu era tão bom quanto ele. Nunca tive um elogio de graça, ele dava com uma mão para logo em seguida, tirar com a outra. Tudo o que eu tive dele foram cobranças! Ele nunca foi um pai normal, nunca fizemos atividades comuns entre pai e filho. Ou ele estava ausente, ou quando estava conosco, não estava sóbrio.
-Você está errado! Você só está querendo se justificar, mas na verdade, você tem culpa no que aconteceu com ele! Você sabe que tem. Você tirou dele a coisa que ele mais amava na vida, a medicina! Como ele ia ter um incentivo para largar a bebida? Se o único filho fez isso com ele?
Margo levantou-se num gesto brusco e foi embora da igreja, deixando Jack sozinho. Ele foi nervoso para a casa. Tinha sido um dia tenso demais. Entrou no apartamento, jogou as chaves em cima do balcão da cozinha e foi direto abrir o armário. Pegou uma garrafa, abriu e tomou no gargalo mesmo. Sentou no sofá, segurando a garrafa e fechou os olhos. A voz de sua mãe invadiu-lhe os pensamentos. “Foi sua culpa”. E assim foi bebendo em longos goles todo o conteúdo da garrafa.
Amanheceu. Jack acordou com o barulho do telefone. Ele tinha o corpo todo remoído, tinha dormido no sofá mesmo. Ao levantar-se, sua cabeça girou. Foi com esforço que chegou até o telefone:
-Dr Jack, eu sei que o Sr está de folga hoje, mas é que temos uma emergência.
Após desligar o telefone, decidiu tomar um banho frio para tentar melhorar o aspecto. A cabeça doía muito, tomou um comprimido e pegou uma garrafa d’água para ir tomando no caminho do hospital, para acabar com a ressaca.
Chegando lá, foi diretamente se inteirar do caso.
-Dois jovens irmãos, um rapaz e uma moça, sofreram um grave acidente de jatinho. A irmã está em estado de choque, mas sofreu apenas ferimentos leves. Já o irmão está muito ferido. Ele bateu a cabeça, provavelmente tem um quadro de traumatismo craniano...
Jack ouvia prontamente o relato de seus assistentes internos. Checou alguns exames já realizados e imediatamente foi se preparando para a cirurgia.
-O caso é muito grave, vou fazer o possível. Qual o nome dele mesmo?
-Boone.
CONTINUA...