quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Fic: I can't live without you - Cap 2

Capítulo 2: A última noite

-Kate? Kate? Por favor, responda! Está me ouvindo? Kate!
Ouço a voz de Claire do outro lado, pedindo para que eu respondesse, mas como, de que jeito? Nenhum som consegue escapar de minha boca, estou paralisada. Não ligo, não me importo, não quero me mexer.
-Hei...Kate? Lembra-se do que te disse? Por favor, acredite, é possível, você vai reencontrá-lo um dia.
-O que você está falando para ela?
-Eu sei, Claire, acredite em mim, não sou louco. Um dia, todos nós nos veremos em outra vida, estou certo disso.
-É, mas parece que ela não está. Kate!
Batidas na porta, pedidos, sermões...Chegou um momento em que eu não escuto mais nada, nem distingo as vozes que se alternam do lado de fora do quarto. Um grande silêncio se fez presente e depois de um longo período de tempo, outra pessoa intenta em me convencer a sair.
-Hei, sardenta? Kate!
Eles deviam estar muito desesperados mesmo para chamar Sawyer. Desde quando ele iria me convencer? Ele nunca conseguiu isso durante todos os meses que passamos na ilha, olha que ele argumentou e ressaltou muitos pontos a serem considerados, como quando tentou me convencer a ficar na ilha com ele no acampamento do Locke porque não haveria nada me esperando fora da ilha além de cadeia. Com coisa que fosse possível eu estar em um lugar em que Jack não estava! Preferi arriscar tudo, mesmo com todas as circunstancias desfavoráveis, correndo o risco de ser presa, ou mesmo de Jack nem querer saber de mim, ainda assim, era melhor tentar a sorte com ele do que deixá-lo escapar. A verdade é que o meu coração já estava nas mãos dele, por isso toda essa insanidade e teimosia minha em querer ir embora daquele lugar. Eu queria estar onde Jack estava, não importando se era certo ou errado.

-Entendo o que você está sentindo, passei por tudo isso quando a minha Jules partiu. E se me lembro bem, quando eu estava destruído, você foi até mim tentar me ajudar. Aqui estou tentando fazer o mesmo por você. Agora pare com isso, sardenta, abra essa porta e vamos conversar!
Eu escuto, mas não ouço. Não quero ouvir, nada do que dizem vai me tirar de minha tristeza, de meu luto. Então, um pensamento ocupa a minha mente: o rosto de Jack. O seu olhar, derradeiro, a me implorar para que colocasse Claire no avião. Eu sei que tinha que fazer isso, era o meu propósito, voltei para a ilha por essa causa. Mas o meu coração está esmagado, em pedaços. Um arrependimento absurdo se alastra em meu interior. Não deveria tê-lo deixado. Por que não insisti? Jack era muito teimoso, mas eu deveria tê-lo convencido a permitir que a ilha se afundasse. Ok, eu sei que ele era responsável demais, mas por que não o impedi e cumprir aquelas loucuras todas que o Jacob lhe impôs?

Durante todo o nosso regresso à ilha, eu fiz questão de mantê-lo afastado de mim. Estava com ódio, queria puni-lo por ter me feito sofrer, por ter deixado a mim e Aaron, por não ter honrado o compromisso de se casar comigo. Estávamos noivos, éramos felizes, mas então, ele tinha que trazer à tona o seu sentimento de culpa e pior, tinha que me acordar do meu sonho perfeito de ser uma mulher perfeita com uma família perfeita.

Burra, estou me corroendo neste instante! Custava demonstrar-lhe o meu amor? Quem sabe se ele tivesse provas de que eu ainda o amava, não teria se metido até o pescoço nessa confusão toda de ser o protetor da ilha? Ele iria ter uma razão para ir embora. Claro, idiota que eu sou! Somente agora entendo o porquê daquelas palavras dele, de que ele arruinou tudo. Deveria ter roubado um minuto de sua atenção e lhe dito que nós não éramos irreversíveis, nós podíamos passar uma borracha em tudo e recomeçar do zero, uma vida juntos. Deveria ter deixado Jack tomar conhecimento de que ainda tinha todas as chances de se reconciliar comigo. Mas não, o meu orgulho estúpido me cegou e acabei como sempre, não dizendo nada!

Lágrimas escorrem da minha face, uma após outra, meus olhos estão inchados, minha cabeça dói, mas não consigo conter o meu pranto. Meu choro é sentido, começo a soluçar, quero gritar, quero arrancar do peito toda a minha dor.
-Kate? Sardenta? Por favor, me deixe entrar!
Finalmente junto força o suficiente para dizer:
-Vai embora, por favor, me deixe! Todos vocês, me deixem em paz...
Torno a deitar a cabeça no chão, minhas unhas arranham o assoalho, meu cabelo gruda em parte do rosto, emaranhado às lágrimas que não cessam jamais.

Horas se passam, sei que é noite novamente por conta da escuridão que ocupa o cômodo. As vozes se calaram desde a minha súplica, então, finalmente consigo me levantar. A cabeça está zonza, apoio o meu corpo com as mãos na parede, sinto-me fraca porque nada comi e nada bebi no decorrer do dia.

Giro lentamente a maçaneta, saio do quarto sem fazer barulho. Vou até o quarto de Aaron. Ele dorme feito um anjo, observo seu rostinho com bochechas rosadas e seu cabelo louro. Sento-me na ponta da cama e passo a mão cuidadosamente sobre uma mecha e repouso um beijo leve em sua testa. Ele se mexe um pouco, mas seu sono é tão pesado que ele não chega a acordar.
-Eu te amo, meu pequeno.
Digo baixinho, coloco a mão na boca para sufocar mais uma onda de choro que está por vir. Fico parada contemplando-o por mais um instante e depois me levanto, sem olhar para trás.

Posso avistar do corredor que Claire está dormindo no sofá da sala, Sawyer em uma poltrona corre a sono alto, com um livro repousando sobre o peito. Desço as escadas e pego a minha bolsa, abrindo a porta principal sem ser notada.

Sinto-me sufocada, quero sair por aí sem rumo certo, quero correr, quero fugir. Paro diante do carro para respirar, sinto tontura, mas a minha ânsia em escapar é tão grande que nem me importo com isso. Coloco a chave no contato e saio em disparada.

Não presto atenção em nada ao redor, estou entorpecida. Depois de um tempo, como uma sonâmbula, paro o carro e desço. Então me dou conta de onde estou: no apartamento de Jack. Ele me deu as chaves no tempo em que estávamos namorando, quando ainda não morava conosco. Mantenho-as no meu molho de chaves, mesmo depois que nos separamos, nunca me lembrei (talvez de propósito) de retirá-las dali.

Coloco a chave na fechadura e destranco a porta. Hesito antes de entrar, por um instante, tenho ímpeto de ir embora, no entanto, aquele local me atraía como um imã, era o meu norte, a minha Meca, o meu solo sagrado para onde eu me dirigia em momentos de desespero.

Está escuro. Acendo a luz da cozinha e observo o recinto. Tudo estava ajeitado, em seu devido lugar. Não havia bagunça espalhada, dentro do armário residiam guardadas as xícaras que tomamos café antes de retornarmos à ilha. Um lampejo de memória me traz o seu sorriso daquela manhã. Jack estava todo carinhoso e eu estava gélida, procurando não demonstrar qualquer emoção porque estava devastada por ter deixado Aaron.

Dirijo-me à sala. Começo a rir ao avistar o dia em que resolvi assistir ao jogo na TV do Red Sox junto com ele. E mais uma vez, o time perdeu. Não entendo como alguém possa torcer tanto por um time que sempre perde, talvez Jack sentisse compaixão pelos perdedores, por ele mesmo se sentir um perdedor.

Reluto em continuar a minha peregrinação, porque falta visitar o cômodo principal: o quarto dele. Fico parada diante da porta, o choro antecipa-se e nem me espera entrar para que as lágrimas se libertassem.

Respirando com dificuldade, dou um passo à frente. Passo os olhos por todos os cantos, até que lá estava ela. Foi nessa cama que nos amamos pela última vez. Foi aqui que senti sua boca aveludada subindo pelas minhas pernas, detendo-se em alguns pontos, sua língua deslizava pela parte interna de minhas coxas, até alcançar a barriga e mais adiante, encontrar os meus seios. Ele os lambia com voracidade, colocando cada monte quase que inteiramente em sua boca, chupando até que os deixava completamente duros.

Enquanto ele fazia isso, eu aproveitava para agarrar o seu cabelo, puxando-o ainda para mais perto de mim. Como eu adorava descer minha mão pelo seu dorso, pressionando com as pontas dos dedos cada pedacinho de sua pele, apertando os músculos de seus braços fortes, mordiscando levemente o seu pescoço e claro, me dedicando a olhar cada detalhe das suas tatuagens, as mesmas que eu lhe disse anos atrás que não se ajustavam ao jeito dele.

Neste quarto, senti suas mãos percorrerem todo o meu contorno, adentrando sorrateiramente minha calcinha, sentindo o meu sexo molhado, quente e inchado. As mesmas mãos que mais tarde, quando já estando despida, apalparam-me os seios e escorregaram pelo meu ventre e entraram no meio de minhas pernas, massageando a região cuidadosamente para depois iniciarem um movimento em torno do meu clitóris. Então, eu me arqueava toda ao sentir o seu toque, seu longo dedo encaixado dentro de mim.

Sob esses lençóis, nos esfregamos, minhas coxas nuas roçaram nas dele e mesmo não querendo mostrar-me apaixonada, eu o olhava fixamente com meus olhos verdes que inevitavelmente brilhavam, tomados de desejo em tê-lo. E assim que eu o encarava, não conseguia evitar de procurar a boca dele. Eu atacava seus lábios e literalmente queria devorá-lo, um misto de sentimentos me invadia. Ao mesmo tempo em que tinha raiva dele, por ele ter me procurado para que eu voltasse para aquela ilha e não para que eu voltasse para ele, sentia um tesão incontrolável, meu corpo ansiava pelo dele, queimando de vontade, louca para saciar a falta que sentia, as saudades que ele me provocava. Saudades do gosto de seu beijo, da sua pele, do seu cheiro, da sua presença.

Foi debaixo da luz que emanava da lua e irradiava pelo quarto, pelas frestas da janela, que meus seios firmes foram apertados contra o corpo suado de Jack sob o meu e uma volúpia cega que nos deixava alheios a tudo nos atingia, quando nossos corpos se tornaram um só. Com movimentos vigorosos, gemidos que se intercalavam com sussurros, nossa excitação crescia cada vez mais e eu ardia como se estivesse com febre. Meu corpo tremia e eu sentia uma necessidade de abraçá-lo, pressionando aquele corpo viril entre minhas pernas, aspirando pelo seu calor, sua intensidade, seu cheiro.

Deitada neste mesmo colchão, Jack me preencheu e pela última vez, me senti completa, entregue, viva, quando a euforia e o gozo tomaram conta de nós.

Agora está muito frio. Encolho-me, abraço meus joelhos e apenas sinto a brisa fria da madrugada a atravessar o meu corpo. Agora, Jack não costuma mais me cobrir, como ele fazia antes de acordar para ir ao trabalho e se deparava comigo toda miúda de frio no cantinho da cama. Ou mesmo, quando após uma noite de amor em que dormíamos nus, ele me envolvia em seus braços, emanando calor só pelo contato de seu corpo junto ao meu.

Ele não está mais aqui. E não é temporariamente, como eu procurava pensar no tempo em que estávamos separados. Desta vez, é por toda a vida.

Continua...

Nenhum comentário: