sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Fic: Foi real...nós dois?

Ship: Mevi
Categoria: Actor fic, AU
Advertência: Contém insinuação leve a sexo
Capítulos: 1 (One-shot)
Classificação: PG-13
Completa: [x ] Yes [ ] No
Resumo: Evi e Matt estão distantes e sentem falta um do outro


Evi estava no set do seu mais novo projeto para o cinema: um filme estrelado por Hugh Jackman. Apesar de ter dito em entrevistas que após o término de Lost ela iria abandonar a carreira de atriz, os roteiros foram chegando em suas mãos e sem que ela percebesse, já estava lendo e imaginando como interpretaria a personagem. Ela queria descanso, tinha vontade de encarar um novo desafio, tornar-se escritora. Iniciou algumas histórias, mas não chegou a mostrar para nenhum editor. No entanto, boas propostas surgiram de modo que seria impossível recusá-las, só se ela fosse doida.

O ritmo de trabalho estava puxado. Rodaram cenas fora da ordem cronológica, a previsão era que não durasse mais que um mês e meio ou dois meses. Evi chegava cansada no hotel, praticamente não tirou férias, mal se despediu de Kate e já estava na pele de outra personagem.

O elenco era bastante profissional, o clima era agradável apesar de que não tiveram tanto tempo para se entrosarem. Conheceram-se durante os ensaios e depois partiram para a ação. Por mais que ela se sentisse bem recebida no set, ainda se sentia desconfortável. Faltava alguma coisa essencial: Matt. Era triste chegar ao trabalho e não começar o dia com um abraço apertado e acolhedor, que somente ele conseguia lhe proporcionar. Evi não tinha vontade de abrir aquele sorriso como ela fazia assim que o avistava, logo pela manhã.

Hugh era lindo, engraçado, simpático e também casado com uma mulher que, digamos, não chegava nem aos pés no quesito beleza. A dinâmica entre ele e Evangeline era promissora, embora ela se sentisse como se tivesse “traindo” Matt, depois de seis anos interpretando o par romântico com ele.

Com o ritmo alucinado das filmagens, Evi mal pode ter tempo de telefonar para ele, dando-lhe os parabéns pela indicação do Emmy Awards. Somente lhe mandara um recado pelo celular, simples e cordial. No fundo, havia tantas coisas que gostaria de dizer a ele, mas talvez não fosse apropriado, Margh poderia fuçar nas mensagens de Matt e ler algo mais comprometedor. Além do que, as coisas entre os dois tinham ficado estranhas desde a despedida particular. Evi não sabia definir afinal o que eles eram. Amigos coloridos? Amantes? Colegas de cama? Há tempos eles tinham deixado de serem somente ótimos amigos, ultrapassando o limite do bom senso. Matt aparentava ter o casamento correto, mas o que não sabiam era que não conseguia evitar a tentação quando se tratava de Evi. Ele já tinha contracenado com outras mulheres belas, mas não foram ameaça para a sua fidelidade. E então, ele a conheceu. E tudo mudou.

Matt resistiu no começo, mas havia algo entre eles tão forte e inexplicável; a atração foi crescendo a cada dia até ficar fora de controle e ele não mais se conteve. Evi odiava o rótulo de “destruidora de lares”, jamais quisera acabar com uma família estruturada, porém essa era um tipo de situação que ninguém poderia prever: se apaixonar pela pessoa certa na hora errada. Eles eram perfeitos um para o outro, só que ela chegou tarde demais no caminho dele, ele já tinha toda uma história de vida com outra mulher e filhos inocentes que nada tinham a ver com essa confusão sentimental em que os dois se meteram.

Evi sabia que o amor deles não tinha futuro, tudo era demais complicado, com muitas pessoas envolvidas que não mereciam serem magoadas. Mas e quanto a eles? Valeria a pena sacrificar toda a felicidade de ambos em prol das outras pessoas?
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Matt estava em seu escritório. Realmente não esperava ser nomeado na categoria de melhor ator drama. Foram seis anos de trabalho árduo e pouco reconhecimento por parte dos prêmios mais importantes de TV. Por isso, foi com surpresa que checou as inúmeras mensagens em seu celular, o parabenizando pelo feito.

Estava há pouco em sua fazenda no Oregon. Nem teve muito tempo de ajeitar direito a mobília ainda. Aquilo era tudo o que sonhara durante os últimos estressantes meses: voltar para um lugar mais calmo, perto de seu pai e seus irmãos, criar os filhos na companhia dos seus parentes, sentir o ar fresco e puro da região, retornar a um lugar com temperaturas frias e principalmente, fugir da agitação que a fama de seu personagem Jack lhe deu. Ele queria paz, sossego.

Matt relutava em admitir, mas a verdade é que em poucos dias, ele já se sentiu entediado. Havia uma inquietação em seu interior que já começava a perturbá-lo. “O que está acontecendo comigo? Tudo o que almejei era isso, mas por que sinto esse vazio?” pensava.

Nos últimos meses de Lost, ele já não agüentava mais a carga emocional de Jack. Chegava em casa morto, “carregado”, pelo fato de botar toda a sua energia, sua alma, no personagem. Matt estava exausto, magro, não via a hora de aquilo terminar, as brigas com o diretor Jack Bender eram constantes, os roteiros cada vez mais malucos, com instruções de cenas que eles não conseguiam visualizar e entender direito como seriam. No inicio era um desafio não saber sobre o rumo da história, mas depois de anos de TV, o que ele desejava agora eram projetos de cinema, onde as coisas eram mais definidas, o cronograma seguido à risca, o papel já formado e o ator sabia exatamente onde tudo começava e acabava.

Neste momento, sentado ali na poltrona, ele sentiu-se gratificado pelo seu trabalho. Tinha valido a pena. Arriscaria em dizer que sentia a falta de Jack, mais do que ele imaginava. Jack foi um presente para ele, proporcionou vivências maravilhosas não somente levando-se em consideração o aspecto profissional. Ele lhe deu a oportunidade de conhecer pessoas incríveis, amigos. Ele lhe deu a chance de conhecer Evi.

Evangeline. Só de balbuciar o seu nome já era melodia para seus ouvidos. Uma ansiedade o invadiu, começou a apertar a tecla do celular para avançar e procurar uma mensagem dela. Com certeza, ela se lembraria dele! Depois de pular vários nomes, eis que ele encontra o recado de Evi.

Ao ler, seu olhar se torna um tanto caído; ela estava distante, não só fisicamente falando, mas pelo teor de sua escrita, Matt notou um afastamento. Evi jamais fora tão formal. Nos primeiros dias de gravações de Lost, ela já tinha pulado em seu colo e andado de cavalinho nele, dormido em seus braços, o tocava e abraçava o tempo todo. Deixava recadinhos com post-it grudado na parede do trailer que servia de camarim, ou mesmo, escrito com batom vermelho no espelho, sempre o chamando por um apelido diferente, Matt, Mattie, Stupid, My husband (fazendo questão de grifar o my). Na primeira vez que escreveu este, Matt a alertou, com medo de que Margh o visitasse nas locações e visse o recado, ela simplesmente disse “ah, mas se isso acontecer, digo que foi uma referência ao fato da Kate considerar o Jack ainda como o seu marido."

Era impressionante como Evi tinha resposta pra tudo! E ele sentia falta dessa espontaneidade dela. E da sua vivacidade. Por isso, era esquisito ler aquela mensagem em seu celular, tão fria, tão não-Evi.
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Alguns dias depois...

Ele não tinha retornado o seu recado. Será que tinha lido? Evi estava pensativa. Está certo que ela tinha sido um tanto direta e seca, mas custava ele responder, nem que fosse com um singelo obrigado?

Acabou de retirar a maquiagem com um algodão e um produto de limpeza de pele fornecido pela L’oreal por conta de suas propagandas. Queria relaxar e nada melhor que um banho. Mas antes, Evi estava inquieta andando de um lado a outro dentro do quarto. Em um ato impulsivo, pegou o telefone e mandou um torpedo para ele:

“Foi real...nós dois?”

Ela sabia que estava tudo terminado entre eles a partir do instante em que ele se mudou para bem longe no meio do mato com sua família no Oregon. Ele fez a escolha, preferiu manter o casamento e se afastar. Mas e quanto ao passado? Teria ela amado sozinha? Será possível que ele sequer tenha sentido nem que fosse uma paixonite por ela?

A sua cabeça fervilhava em dúvidas. Queria respostas, queria saber da verdade. O que tinha acontecido realmente entre os dois? Segundos depois de ter enviado, se arrependeu amargamente. “Oh meu Deus, por que fiz isso? Burra, idiota, ele nem leu o outro recado! E se a bruxa ver?” pensava, se martirizando e bagunçando o cabelo nervosamente.

Depois do estrago, ela decidiu de vez botar a cabeça debaixo do chuveiro. Após o banho, Evi se sentia um pouco mais leve, mas a preocupação franzia-lhe a testa. Penteou os cabelos e estava de toalha procurando alguma roupa para vestir quando o celular tocou. Seu coração bateu acelerado, era ele.

-Matt?
-Se foi real? Não, não foi.
Um silêncio se abateu por ambos os lados da linha. As mãos de Evi tremeram, ela sentou-se na cama e esperou ouvir o pior, até que ele falou:
-Não foi real. É real.

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Ela não sabia se tinha escutado direito, quando alguém bateu na porta. Evi achou estranho, não tinha pedido serviço de quarto e não esperava ninguém.
-Um momento...
Evi abriu a porta e não acreditou no que viu: lá estava ele, Matt, segurando o telefone na mão e olhando fixamente para ela.
-Você? Mas...como?
-Bem, acho que não precisamos mais disso.
Matt desligou o aparelho e no segundo seguinte, a tomou em seus braços, beijando-a com ímpeto, apertando-a contra o peito. Evi abandonou-se aquele momento, se entregando com emoção ao beijo dele, ah, quantas saudades sentiram daquilo! Seu coração vibrava e batia descompassado, seus lábios pegavam fogo ao serem chocados contra os lábios dele, sua boca era violada com urgência pela língua inquieta de Matt. Ela sugava a parte inferior, investia sua língua duelando de encontro com a dele. Alternavam suaves e intensos beijos, pausando para recuperarem o fôlego que lhes era roubado por causa do tesão que aflorava os seus sentidos. Após beijarem-se repetidas vezes, ele soltou-a a custo.

-O que faz por aqui?
-Vim para cumprir uns compromissos do Emmy, festas, reuniões, etc e tal. Aproveitei a viagem para te ver. Aliás, minto, fiz questão de comparecer a essas formalidades as quais nem gosto, só para ter uma desculpa para te ver. Sinto demais a sua falta! Quase morri de saudades!
-Eu também.
-Pensei que tivesse se esquecido de nós e me abandonado, agora que tem uma nova turma de amigos.
-Está com ciúmes?
-Não quero nem pensar na ideia de ver você beijando outro homem em cena que não seja eu.
-Qual é, está preocupado porque agora tenho outro moreno gostosão como meu par romântico?
-Mais ou menos...quer dizer...sim.

Matt estava sério quando a fitou com aquele olhar triste de cachorro largado, as pupilas saltitando de um lado a outro.
-Eu sei que não tenho direto de ter ciúmes. Não tenho direito de exigir nada de você. Não sei de muita coisa. A única coisa que sei é que te amo. Não deveria, sou comprometido, tenho obrigações. Mas não posso mentir, te amo. E te quero.
Ele iria continuar a se explicar, mas Evi tapou delicadamente os lábios dele com as mãos.
-Psiu, não diga mais nada, eu entendo. Não tem um só dia em que não pense em você. Estar no set sem você ao meu lado é devastador! Sinto falta até das trivialidades, de nossas brincadeiras, do seu carinho e amizade, do seu toque, dos seus beijos...
Desta vez, ele que não a deixou terminar de dizer, calando-a com um beijo apaixonado. Os dois foram, entre beijos, se conduzindo em direção ao leito, deixando ao chão as roupas que ele rapidamente se livrou e a toalha dela, que, obviamente, foi a primeira peça que foi retirada.

Procuraram viver aquele momento em sua plenitude. Mataram as saudades que sentiam um do outro, fundindo-se em um só corpo, se consumindo com intensidade, como se não houvesse amanhã. No fundo, sabiam que o amanhã era incerto e que provavelmente teriam que se separar, mas por hora, desejavam esquecer-se de tudo e aproveitar ao máximo possível o ardor da paixão enquanto ele não se apagava.

FIM.

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