segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fic: I can't live without you - Cap 3

Capítulo 3: Ele está aqui

-Alguma novidade?
-Não, nada. Estou muito preocupada.
-Sinto muito, Claire, por ter sido portador de tão tristes notícias. Mas, você sabe, não tem como ser agradável ao dizer que alguém como Jack se foi. Eu realmente sinto muito.
-Está certo, Desmond. Nem eu mesma acredito ainda. Nem tive a oportunidade de passar mais tempo com meu irmão, somente convivemos antes, quando desconhecíamos esse fato.
-Por favor, mantenha-me informado. A qualquer hora, me ligue, ok?
-Tudo bem. Tchau.
Claire desligou o telefone. Na manhã seguinte à escapada de Kate, levou um susto quando subiu as escadas e se deparou com a porta do quarto de Kate aberta. Procurou-a por todos os cantos da casa e nada. Uma coisa a tranqüilizava, Kate não tinha esvaziado o guardaroupa, ou seja, não tinha ido embora, talvez tivesse saído para esfriar a cabeça um pouco. O problema é que ela não tinha se alimentado e estava transtornada. Além do que, ela sequer tinha avisado que iria sair. Acrescente-se a constatação de que ela desaparecera há dias e não tinha mandado notícias. Isso deixava a loirinha apreensiva.

Sawyer ainda estava por lá para ajudar, mas tanto ele como ela não conheciam direito os hábitos de Kate fora da ilha. Quais seriam os lugares freqüentados por ela? A quem recorria em momentos de desespero como esse?

Claire lembrou-se de Cassidy. Kate havia comentado vagamente sobre ela certa vez, quando contou que precisou de suas dicas para aprender a cuidar de um bebê. Sawyer não se sentiu nada confortável com a ideia de precisar de ajuda da ex. Ele tinha prontamente se encontrado com ela, pouco depois de ter voltado ao mundo real. Porém, as coisas não eram nada amistosas entre eles. Sawyer procurava ter o mínimo contato com Cassidy, o relacionamento deles se resumia apenas a Clementine. Ele conheceu a menina, mas eles não eram próximos, ainda eram praticamente estranhos tentando criar um pouco de intimidade por conta da relação de parentesco.

Embora contrariado, Sawyer concordou com Claire, talvez Cassidy fosse de alguma utilidade, eles tinham que se concentrar em Kate, não era hora de deixar que questões particulares interferissem.
-Bem, não sei se posso ajudar, nossas conversas eram bastante focadas nas crianças, em Aaron e Clementine ou então, em você.
O olhar de Cassidy parecia querer ferir Sawyer, tamanho rancor que aquela mulher carregava dentro de si.
-Sinto-me lisonjeado ao ser o centro das conversas das damas.
-Não se orgulhe, meu caro, não éramos nada elogiosas com a sua pessoa. Eu, pelo menos.
Claire, que acompanhava Sawyer, já estava começando a ficar irritada com aquela troca de farpas entre os ex-amantes.
-Mas você não tem uma ideia vaga de onde ela possa estar?
Cassidy hesitou por um momento. Depois, disse:
-Talvez estamos pensando de maneira errada. Não é melhor levarmos em consideração o foco principal de tudo isso, que certamente não é a Kate, é o Jack?
-Como assim, o doc?
-Algum lugar importante para o casal, sei lá.
-E como é que eu vou saber disso?
Sawyer se mostrava estressado.
-Já procuraram no apartamento dele?
Como eles não tinham pensando nisso? A questão era saber onde ficava. Claire teve a ideia de obter a informação entrando em contato com o hospital onde Jack trabalhava. Com o endereço a mão, eles se dirigiram ao local.
* * *

Eu abri os olhos. Não me lembro quando peguei no sono. Não faço ideia de quanto tempo estou aqui. Apenas sei que tem horas que o quarto está mais claro e em outras, está mais escuro, mas nem me dou ao trabalho de olhar as horas, não interessa.

Só sei que estou sonolenta. Quando minhas pálpebras estão prestes a se fecharem novamente, eu sinto um arrepio. No segundo seguinte, sinto uma respiração próxima a minha nuca. Sei que é ele, não preciso nem tentar adivinhar.
-Jack?
-Kate.
Ao ouvir sua voz rouca, uma lágrima teima em cair. Não quero me virar, com medo de ser somente minha imaginação. Ele passa suas mãos macias em meus cabelos, aperto os olhos ainda de costas para ele.
-Jack, esteja onde estiver, não vá embora, não me deixe, por favor!
Eu falava baixinho, minha voz quase não saía devido a minha fraqueza.
-Eu estou aqui, Kate. Estou com você.
-Não, não está, eu sei que não está. Você se foi, preferiu morrer naquela ilha maldita a ir embora comigo.
Disse-lhe com raiva. As palavras saíram naturalmente. Estava guardando tudo dentro de mim e não agüentava mais aquela dor me atormentando, me corroendo.
-Você desistiu, Jack. Desistiu de nós, considerou o seu destino mais importante que o nosso amor.
Um silêncio preencheu o momento. Totalmente temerosa de tê-lo espantado com minhas declarações ressentidas, resolvi virar-me para encarar a verdade e tal foi a minha surpresa, ele realmente está aqui.
-Jack? Você...como? É você mesmo, não posso acreditar!
Uma corrente de lágrimas despenca dos meus olhos e escorrem pelo meu rosto. Jack, o meu Jack, me olha com aquele seu jeito peculiar, com olhar direto, atencioso, com seus olhos castanho-esverdeados que não param de se mexer, saltitando de um canto ao outro, querendo me mapear por completo.

Ele me deposita um beijo, tocando meus lábios com delicadeza. E como é bom sentir o seu toque, o seu hálito quente, a sua língua a passear por dentro de minha boca, o seu gosto! Isso era algo que eu fazia questão de rememorar todos os dias, como era a sensação de beijar Jack Shephard! O medo de esquecer como era o seu beijo me assombrava. Forçava todos os meus sentidos para que eles não se esquecessem, não queria jamais me libertar dessa lembrança. Eu sei que com o tempo, nossa memória nos trai, sempre tenho esse pavor, de não me lembrar de seus traços, dos pequenos detalhes do seu rosto.

Mas agora, posso sentir com clareza, ele está aqui! Dirijo minhas mãos para a sua nuca, deslizando meus dedos pelo seu cabelo para depois tocar-lhe a bochecha. Não quero me soltar, mas preciso retomar o fôlego. Então, nos desvencilhamos. Eu não contenho o meu sorriso, como é bom vê-lo de novo! Meus olhos estão fixos nele, quero redecorar cada característica, cada expressão de sua face.
-Sinto tanto a sua falta! Diga-me que você voltou, que vamos ficar juntos.
Jack sorri e me contempla com o seu olhar. Ele me faz carinho, suas mãos escorregam em meus ombros e não resisto à tentação de me aninhar em seus braços largos.
-Estou tão cansada...Não quero dormir, quero estar com você.
-Fique tranqüila, durma Kate.
Eu lutava contra o meu esgotamento, não queria fechar os olhos temendo abri-los e Jack não estar mais por perto. Meu coração estava calmo, senti uma paz tão reconfortante!

Pisco o olho, mas rapidamente o abro e por sorte, Jack ainda está aqui. Ouço um burburinho de vozes ao longe, deve ser do apartamento vizinho ou do corredor.
-Kate? Kate?
Uma luz branca parece invadir o quarto. Mal consigo manter os olhos abertos, não entendo o que está acontecendo.
-Jack? O que foi isso?
-Eu não sei.
-Jack? Jack?
Desespero-me porque a claridade ofusca a minha visão, de modo que não consigo enxergar mais os moveis do quarto e nem Jack.
-Jack?
Para o meu alívio, consigo avistá-lo e ele ainda está ao meu lado. Trocamos um olhar confuso, sem entender o que se passava. Demos as mãos e então a luz ficou mais forte, por mais que nos esforçávamos para continuar de mãos dadas, uma força estranha parecia me puxar para longe dele, até que não mais o vi.
-Jack? Jack? Cadê você? Jack?
O meu olho pesa. Eu me esforço para abri-lo, mas por incrível que pareça, não consigo. Apago.
-Ela voltou. Sinais vitais estão de volta.
Barulho. Algum aparelho faz um pam pam esquisito. Vozes estranhas. Apago novamente. Tempo depois, sinto minha mão formigando. Alguém está com a mão sobre a minha. Abro o olho e reconheço Claire.
-Kate? Consegue me ver?
Quero falar, mas a voz não sai, então pisco afirmativamente.
-Que bom, você está viva, me reconheceu! Vai ficar tudo bem, procure descansar.

Minha mente, apesar da fraqueza, começa a tomar conhecimento do que estava ocorrendo. Olho ao redor e noto que estou em um hospital. Ao perceber meu olhar de indagação, Claire procura explicar:
-Você nos assustou. Saiu sem avisar, procuramos por toda a parte, até que te encontramos no apartamento de Jack, desacordada. O médico disse que você está muito fraca, provavelmente porque não se alimenta há dias. Mas tudo vai dar certo, te achamos e vamos cuidar de você.

Apenas avisto o seu rosto luminoso, mas tenho duvida se quero ser cuidada. Então não era verdade. Jack não estava aqui. Parecia tão real! Prefiro acreditar que foi um encontro verdadeiro, talvez Desmond esteja certo, talvez ele esteja me esperando em algum lugar, o qual eu quase alcancei porque estive à beira da morte. Pode parecer loucura, mas mal posso esperar para chegar neste lugar especial, onde encontramos com todos que amamos e somos felizes para sempre. Mal posso esperar para vê-lo novamente.

Continua...

Nenhum comentário: