sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Cap 2: It was not all misery

1977
Jack molha um pedaço de pano na água. Torce e dispõe sobre a testa de Sayid.
-E então, dude, como ele está? – Hurley se aproxima e pergunta.
-Nada bem, Hurley. Sayid está com febre alta, perdeu muito sangue e a bala está alojada em seu corpo. E o pior é que não posso fazer nada, preciso de instrumentos para operá-lo, o que é praticamente impossível diante dessas circunstâncias.
-E se fôssemos até a vila da Dharma para ver se achamos alguns medicamentos? - Miles sugere.
-Ficou louco, cara? Você não viu, tipo, que eles tentaram nos matar? – Hurley estava assustado com a proposta.
-Eu digo, e se fôssemos escondidos? Não deve ter quase ninguém lá, muitas pessoas evacuaram com o submarino.
-É muito arriscado, mas na atual situação...
-Jack, você não está pensando...
-É a nossa única saída, Hurley. Temos algumas armas que recolhemos no local da bomba, vamos esperar escurecer para nos camuflarmos melhor e vamos até a vila.
-Na boa, nós podemos fazer isso. Mas acho melhor você ficar aqui, Jack, caso o Sayid piore.
-Não, eu vou com vocês. O Hurley pode ficar e tomar conta do Sayid.
-Sozinho? Sinto muito, mas e se ele começar a agonizar? E tem todo esse sangue, você sabe que não aguento ver sangue, não Jack, não vou ficar aqui sozinho no mato a noite nem ferrando cara!
-Eu e o Jin podemos fazer isso, nós passamos 3 anos convivendo naquele local, conhecemos tudo de cor e salteado. Fica com o Hurley, Jack.

Jack mesmo meio contrariado resolveu acatar a ideia de Miles. Realmente Hurley ali não poderia fazer nada, além do mais, o estado de Sayid era crítico, ele poderia morrer a qualquer instante.
Assim, Jin e Miles pegaram umas armas e partiram.

Enquanto isso, na vila Dharma...

-Eu sabia que tinha alguma coisa errada com aquele La Fleur! Bem que o Phil desconfiava e tinha me alertado! Foi realmente muito estranho ver aquele grupo aparecer aqui do nada, dizendo que eram cientistas. No fim, eles eram hostis disfarçados! - Radizinsky bradava com raiva sobre os últimos acontecimentos.
-Como não percebi nada? Eles me pareceram boas pessoas, viveram conosco durante 3 anos, Juliet fez o parto do meu filho!
-A mesma Juliet que entregou meu filho para os hostis! – Roger Linus falava com jeito meio mole já bêbado com poucas latas de cerveja.
-Não adianta ficarmos discutindo quem eram aquelas pessoas. O que me preocupa é o que aconteceu lá no local da estação. Eu te disse para não cavar muito profundamente!
-Dr Chang, o senhor está me acusando de alguma coisa?
-O que aconteceu, o incidente, já está feito. Precisamos neutralizar o gás que reside no subsolo, altamente perigoso. Essa ilha foi contaminada, precisamos urgente começar a construir a nossa estação. Depois do que vimos, o eletromagnetismo. Nunca previ uma força tão grande! Vou recomeçar os cálculos urgentemente, temos que traçar um plano para aquele local.
-Eu não previ que as perfurações atingissem um nível tão profundo. Dr Chang, permita-me ajudá-lo a reconstruir a estação.
-Ok, Radizinsky. Amanhã cedo iremos até lá checar o que pode ser feito.
-Dr Chang, só uma coisa. O Sr foi um dos últimos a chegar aqui de volta. Por um acaso, saberia dizer para onde eles foram?
-Não sei dizer, Horace. Assim que feri meu braço, corri imediatamente dali, sem olhar para trás.
Dr Chang estava desconfortável com a pergunta. Ele sabia que eles tinham sobrevivido, mas não quis entregar o próprio filho para os companheiros da Dharma.

Jin e Miles chegam ao local e observam escondidos perto do parquinho das crianças. Os integrantes da Dharma faziam sua reunião na casa de Horace. Sem levantar suspeitas, cada um foi para suas antigas residências pegar o máximo de coisas que achassem úteis para ajudar Sayid.

Jack e Hurley estão sentados cada um em um tronco, diante da fogueira. O cansaço chegou para Hurley, que começara a pescar de sono. Jack, por sua vez, não parava de pensar em tudo o que tinha acontecido. Sua mente ia a 1000, sua culpa era extrema.

Hurley decidiu ir dormir, enquanto Jack velava por Sayid. Estava tão longe em seus pensamentos que nem viu Kate se aproximar.
-Hei!
Jack levantou a cabeça, meio assustado.
-Me desculpe, te assustei?
-Um pouco...é que minha cabeça não para nunca de pensar.
Kate se sentou próxima a ele.
-E o Sawyer?
-Decidiu ficar lá no píer. Ele ta precisando de um tempo sozinho para processar tudo o que se passou.
Jack tinha um olhar triste e distante. Olhava para as labaredas, seus olhos pesavam, a culpa o corroia por dentro.
-Eu sinto muito, Kate. Eu disse que tinha certeza absoluta de que o plano de Faraday ia dar certo, que tudo iria recomeçar, em 2004, todos estariam vivos. Eu não entendo, por que deu errado?
-Eu não sei, Jack. Faraday...sempre achei Daniel meio louco das idéias, mas o pior foi ver você acreditando nele.
-Eu estava desesperado querendo consertar tudo e acabei acreditando nele.
-Talvez fosse porque, como você mesmo disse, era o nosso destino. Você estava agindo igual ao Locke e veja só no que deu! Locke está morto e você quase nos matou com esse plano maluco!
-Kate...
-Jack! Não fale nada. Eu é que preciso falar. Não terminamos nossa conversa naquele dia, na tenda da Eloise.
-Como assim, o que você quer dizer?
-Você quis apagar o passado, tudo o que vivemos, o que passamos juntos. Mas não levou em consideração se eu queria o mesmo.
-Desde que voltamos para a ilha, você tem estado tão distante. Eu vi o seu rosto com uma expressão de tristeza estampada. Você teve que deixar o Aaron e isso foi muito doloroso. E só de pensar em tudo o que eu te fiz passar... Tudo o que sofremos, toda a miséria...
-Jack! Vou ter de repetir? Não foi tudo miséria! E o nosso noivado, o tempo que vivemos juntos, isso conta? Como você se atreve a dizer que tudo foi sofrimento? Aqueles momentos foram os melhores em toda a minha vida! Pela 1ª vez tive uma casa, um filho e alguém de verdade para compartilhar minha felicidade, encontrei um homem que eu estava disposta a passar o resto da vida junto.
Jack a olhava surpreso. Era a 1ª vez que ouvia Kate dizer que foi feliz ao seu lado. Na sua cabeça, ela só tinha ficado com ele porque estava sozinha, ou talvez porque Sawyer não estava lá com ela. Esse pensamento tinha se reforçado quando eles voltaram para a ilha e ele viu que ela tinha ficado um pouco mexida ao rever Sawyer.
-Jack, você precisa confiar em mim! Você não me perdeu e não vai me perder nunca! Desde que te conheci, eu fiquei do seu lado e jamais deixei de estar, mesmo quando estávamos separados, em momento algum deixei de acreditar em você.

Kate colocou suas mãos no rosto de Jack e o olhava com seus olhos verdes cheios d’água. Jack a olhava de volta igualmente emocionado. Instantaneamente, coloram os lábios em um beijo apaixonado, urgente. Estavam desesperados por afeto e ansiavam por perdão. Desde que retornaram a ilha, não tiveram um minuto de sossego e eles precisavam se entender. E aquela era a hora.

Trocaram repetidos beijos que os deixavam sem fôlego, porém mal se desgrudavam e já estavam novamente com as línguas enroscadas, sugando os lábios um do outro. Kate o pegou pela mão e os dois caminharam um pouco longe dali. Saíram de fininho para que Hurley não acordasse. Entraram na caverna que estava mais próxima, queriam privacidade.

Jack a encostou em uma pedra e a beijou intensamente. Depois, começou a beijar o seu pescoço, Kate estremeceu. Então, olhou para ele, tocou o seu rosto e mordiscou a orelha dele. Jack sorriu, como ela gostava de provocá-lo!

Ela arrancou a camiseta dele e continuou a beijá-lo. Enquanto isso, suas mãos deslizaram até o cós e então, Kate baixou lentamente as calças dele. Jack, por sua vez, a tocou por debaixo da blusinha e foi levantando-a aos poucos, ela livrou-se da peça, ficando somente de sutiã.

Os dois se abraçaram, os seios dela se arrepiaram ao entrar em contato com o peito nu dele. Sem demora, ele desabotoou a lingerie, deixando os seios livres para serem acariciados. A boca dele alcançou os mamilos, ele lambeu deliciosamente com sua língua macia e úmida.

Enquanto sugava os seios dela, seu membro começou a ficar enrijecido. Rapidamente, livraram-se das peças íntimas que lhe restavam. Agora estavam nus. Começaram a se esfregar, o membro dele roçava nos pelos pubianos dela.

Ele a deitou. Dos seios, Jack desceu a cabeça até o abdome, deu a volta com a língua em seu umbigo. Traçou o caminho de volta, deslizando a língua até chegar novamente em sua boca, dando-lhe ardentes beijos. Depois, moveu a mão em direção a sua cintura e abriu as pernas dela.

Ela já estava ficando úmida, ele começou a massageá-la como um mestre, seus dedos longos a estimulavam, tirando-lhe gemidos e sussurros. Kate sentia uma dormência por todo o corpo, os joelhos tremiam e os seios estavam arrepiados. Ela apertava ainda mais a mão dele contra o seu sexo, pedia para aumentar os movimentos e com a boca entreaberta, gemia e pedia mais, até que a certa altura, apenas balbuciava.

Vendo que ela já se encontrava devidamente entregue, ele alojou o seu membro entre suas coxas e a penetrou. Ela o envolveu entre as pernas, o agarrando com o corpo estremecido, quase desfalecendo de prazer. Com os corpos grudados e transformados em um só, se mexiam, embriagados por um êxtase profundo. Com os movimentos de vaivém cada vez mais rápidos, os dois chegaram ao ápice quase que simultaneamente. Alheios a tudo e a todos, se entregavam um ao outro e permaneceram envolvidos por uns instantes.

A noite corria tranqüila. Jin e Miles tinham conseguido cumprir o seu propósito e retornavam silenciosamente, percorrendo a trilha em direção aos seus amigos.

Jack e Kate dormiam abraçados. Estavam exaustos, porém pareciam entorpecidos. Finalmente tinham se acertado, pelo menos assim poderiam juntos enfrentar todo aquele clima pesado e os problemas que se sucediam ao plano mal realizado de Faraday.
De repente, um barulho irrompeu na calada da noite. Meio sonolento, Jack despertou com a voz de Hurley gritando ao longe. Desvencilhou-se dos braços de Kate, que acabou acordando, mas resmungou de olhos fechados:
-O que foi Jack?
-Parece que ouvi o Hurley me chamando.

Jack apanhou as roupas e se vestiu. Kate sentou-se, esfregando os olhos e tentando ouvir alguma coisa. Vendo a expressão preocupada de Jack, ela resolveu também se vestir. Os dois rumaram para o local onde Hurley e Sayid estavam. No meio do caminho, viram flechas com fogo nas pontas caírem por perto. Os dois correram, procurando se desviar do alvo. Se esconderam entre os bambus. Jack olhava para todos os lados procurando pelos amigos, até que encontrou Hurley escondido do outro lado. Tudo então ficou calmo. Kate partiu para perto de Hurley, Jack foi logo em seguida.
-O que foi isso? – Kate arregalou os olhos assustada.
-Eu não sei. Hurley, cadê o Sayid?
-Assim que vi uma flecha cair perto de mim, só tive tempo de sair correndo. Ele deve estar no mesmo lugar.

Os 3 foram rapidamente para o local, Sayid tinha desaparecido.

2004
Após o velório de Christian, Jack se aproximou de Margo. Os convidados já tinham acabado de ir embora. Jack colocou as mãos sobre os ombros de sua mãe, procurando confortá-la. Margo estava ainda sentada no banco da igreja. Ela permanecia em silêncio.
-Mãe, vamos embora?
-Por que, Jack?
-Todo o mundo se foi, precisamos ir.
-Não foi isso que eu te perguntei. Eu quero dizer, por que você foi duro com ele?
-O que?
-Seu pai tinha chances de se recuperar. Ele até tinha entrado para o AA...
-Ele só entrou, mas até parece que ia seguir o tratamento! A vida inteira dele foi regada a álcool.
-Tudo o que ele precisava era de apoio. Custava para você tê-lo ajudado?
-Eu o ajudei. Eu não permiti que ele matasse mais gente por causa do vício.
-Como você pode ser tão frio? Seu pai sempre esteve do seu lado, te dando conselhos, conseguindo uma vaga para você lá no hospital...
-Papai não me incentivava, ele me desafiava. A vida inteira tive que provar para ele que eu era tão bom quanto ele. Nunca tive um elogio de graça, ele dava com uma mão para logo em seguida, tirar com a outra. Tudo o que eu tive dele foram cobranças! Ele nunca foi um pai normal, nunca fizemos atividades comuns entre pai e filho. Ou ele estava ausente, ou quando estava conosco, não estava sóbrio.
-Você está errado! Você só está querendo se justificar, mas na verdade, você tem culpa no que aconteceu com ele! Você sabe que tem. Você tirou dele a coisa que ele mais amava na vida, a medicina! Como ele ia ter um incentivo para largar a bebida? Se o único filho fez isso com ele?
Margo levantou-se num gesto brusco e foi embora da igreja, deixando Jack sozinho. Ele foi nervoso para a casa. Tinha sido um dia tenso demais. Entrou no apartamento, jogou as chaves em cima do balcão da cozinha e foi direto abrir o armário. Pegou uma garrafa, abriu e tomou no gargalo mesmo. Sentou no sofá, segurando a garrafa e fechou os olhos. A voz de sua mãe invadiu-lhe os pensamentos. “Foi sua culpa”. E assim foi bebendo em longos goles todo o conteúdo da garrafa.
Amanheceu. Jack acordou com o barulho do telefone. Ele tinha o corpo todo remoído, tinha dormido no sofá mesmo. Ao levantar-se, sua cabeça girou. Foi com esforço que chegou até o telefone:
-Dr Jack, eu sei que o Sr está de folga hoje, mas é que temos uma emergência.
Após desligar o telefone, decidiu tomar um banho frio para tentar melhorar o aspecto. A cabeça doía muito, tomou um comprimido e pegou uma garrafa d’água para ir tomando no caminho do hospital, para acabar com a ressaca.
Chegando lá, foi diretamente se inteirar do caso.
-Dois jovens irmãos, um rapaz e uma moça, sofreram um grave acidente de jatinho. A irmã está em estado de choque, mas sofreu apenas ferimentos leves. Já o irmão está muito ferido. Ele bateu a cabeça, provavelmente tem um quadro de traumatismo craniano...
Jack ouvia prontamente o relato de seus assistentes internos. Checou alguns exames já realizados e imediatamente foi se preparando para a cirurgia.
-O caso é muito grave, vou fazer o possível. Qual o nome dele mesmo?
-Boone.
CONTINUA...

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