segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados-Capítulo 3: Vida e morte

1977

Jack olha para todos os lados, nem sinal de Sayid.
-Oh, meu Deus, o que será que aconteceu? Por que o levaram? – Kate estava de queixo caído com a situação.
-Eu não sei, mas devemos descobrir para onde eles o levaram. – Jack mantinha o semblante preocupado.
Kate se agachou, tocando o solo procurando descobrir pistas que pudessem lhes indicar para onde os outros tinham rumado.
-Tem pegadas por aqui e mais adiante. Pode ser que eles tenham ido naquela direção.
Um barulho de folhas se mexendo fez com que os dois sacassem a arma. Jin e Miles acabaram de retornar com remédios, porém chegaram tarde demais. O grupo decidiu seguir as pistas, mas com bastante cautela. Caminhavam silenciosamente pela mata para não chamarem muita atenção. Estava quase amanhecendo de forma que, embora o sol não tivesse surgido com toda a sua força, já era possível caminhar sem o auxílio de tochas.
Alcançaram a região do deck do submarino, Sawyer ainda estava por lá. Ao vê-los, levantou os olhos meio que questionando o que diabos estavam fazendo. A curiosidade foi o suficiente para incentivá-lo a ter com eles:
-Para onde estão indo?
-Sayid. Ele sumiu. Os outros o levaram não sabemos para onde, então estamos tentando seguir as pistas. – Kate parou diante dele, dispondo as mãos na cintura.
-E você, cara, não vai conosco? – Hurley sugeriu prontamente.
-Eu tenho outros planos.
-Como o que?
-Pode ficar tranqüilo, doc, meu plano não é de te matar, pelo menos não por enquanto.
O clima estava tenso entre eles. Sawyer ainda não conseguia encarar Jack, ele o culpava pelo que tinha acontecido com Juliet.
-Está amanhecendo. Se pretende ficar, é melhor se esconder. O povo da Dharma pode vir a qualquer momento.
-Eu sei me defender, eu conheço direitinho cada babaca da Dharma Iniciative.
-Se é assim...
Jack ia caminhando de volta para a mata, quando Sawyer o chamou:
-Hei! Vejo que pegaram todas as armas que estavam lá. Será que ao menos eu não tenho direito de posse de alguma?
Kate escutava apreensiva. Tinha medo do que Sawyer pudesse fazer com uma arma na mão.
-Sawyer!
-Não se preocupe, sardenta, não vou fazer nada contra o seu noivinho. Eu vou é dar o fora daqui! Para mim chega desta ilha maldita! Quando o sub retornar, vou ser o 1º a embarcar. E que se foda esse lugar e todos vocês!
Eles nem se encomodaram de serem xingados por Sawyer, sabiam que por dentro seu coração estava em migalhas por causa de Juliet. Jack se aproximou e entregou-lhe a arma.
-Se cuida, Sawyer.
-Eu vou me virar.

Sawyer deu um sorriso e uma piscadela para Kate, que sentia-se triste por ele ter tomado aquela decisão, se afastar e encarar um mundo totalmente desconhecido lá fora, em 77. O grupo resolveu partir e continuar a jornada, deixando Sawyer no deck.

Enquanto isso...

Radizinsky sai de casa com alguns papéis enrolados embaixo do braço. Bate na porta de Dr Chang. Ambos saem e entram em uma das Kombi estacionada. Logo mais, outros membros da Dharma pegam seus veículos e partem seguindo o mesmo caminho. Começa um trabalho árduo no local da estação, era necessário retirar todos os destroços e fazer uma engenhoca que controlasse o magnetismo. A sorte é que ficaram na ilha os mais importantes cientistas, suas mulheres e filhos tinham partido, mas eles tinham ficado.

Horas se passaram até que começaram a puxar toda a sucata de dentro do poço. Algumas máquinas auxiliavam o serviço pesado. Um homem, com a ajuda de um cabo, desceu no poço e ao chegar no solo, deparou-se com um corpo de mulher estendido: era Juliet. Sua roupa estava toda ensangüentada devido a grave hemorragia que sofrera na região do abdômen. Mesmo assim, o homem embrulhou o seu corpo e o carregou no colo, subindo e volta no cabo.

Após sair do poço, todos olharam até que Radizinsky retirou o pano que cobria o corpo.
-É ela! Bom, pelo menos se eles tentaram nos matar, conseguimos algo precioso, acabar com essa hostil que nos enganou esse tempo todo!
-O que faremos com o corpo? – um deles perguntou.
-Devíamos jogar no meio do mato, assim o povo dela não tem como vir até aqui reclamar o corpo.
-Não acha que devemos entrar em contato com eles para evitar confusão?
-Horace, Horace, sempre bondoso! Eles é que quebraram a trégua, agora eles que agüentem as conseqüências!

Horace custava a acreditar que Le Fleur e Juliet fossem hostis. Durante os anos de convivência, nunca suspeitou da farsa do grupo, pelo contrário, os considerava como amigos próximos. Achava extremamente triste o fim reservado pelo destino a Juliet.
Seguindo as ordens de Radizinsky, colocaram o corpo em um local bem distante de onde estavam, na mata.

A noite caia sobre a ilha. Sawyer estava cochilando, deitado sobre a madeira quando ouviu o barulho na água: era o sub retornando. Rapidamente, procurou se camuflar, se escondendo próximo ao local de embarque. Apenas 2 homens desceram do sub, o piloto e seu ajudante. Tudo estava calmo. Os homens estavam distraídos, se alongando e descansando o corpo moído da viagem, quando um deles sentiu um cano gelado nas costas.
-Quietinho aí meu chapa senão leva bala!
O outro homem tentou avançar, mas Sawyer lhe deu um golpe na cabeça.
-Vocês vão ter que me levar daqui!
-Mas agora Sr? Acabamos de chegar!
-Só o tempo de você arrastar o seu parceiro de volta. Vamos já!
O homem acatou as ordens de Sawyer e os 3 entraram dentro do submarino. Minutos depois, partiram. Sawyer entrou no veículo sem olhar para trás.

Em um outro local da ilha...

Richard estava dentro de sua tenda. Ia apanhar um livro quando alguém chamou o seu nome.
-O que foi, por que me chamam a esta hora?
Dois rapazes colocam no chão um corpo estendido. Alguns fios de cabelo dourado teimam em sair de dentro do pano. Richard se aproxima e descobre a parte superior. Observa sem dar uma palavra. Depois, pede que levem o corpo para dentro de uma outra tenda mais afastada.
Richard se encaminha em direção a fogueira. Widmore está sentado assando um pedaço de carne de coelho.
-Sr, peço permissão para partir. É uma emergência.
-Outra vez? Já não bastou aquele garoto Ben e mais esse rapaz com feições árabes? Richard, isso aqui não é um hospital. Não podemos nos expor desta maneira, daqui a pouco haverá peregrinação de doentes buscando um milagre.
-Eu entendo, me desculpe, mas preciso avisá-lo. Ela parece ser chave importante para o futuro desta ilha.
-Ok Richard. Só permito porque quero evitar aborrecimentos. Dê lembranças ao Jacob.

2004

-O paciente apresentou um grave quadro de traumatismo craniano. Conseguimos retirar o coágulo e a pressão intracraniana se estabilizou.
Jack se encontrava dentro da sala. Vários médicos estavam junto dele tentando solucionar o caso de Boone. De repente, o Pager tocou e a equipe saiu em disparada para atender o paciente. Ao chegar na UTI, se depararam com o rapaz cuspindo sangue descontroladamente.
-Ele está tendo hemorragia interna, rápido, me ajudem aqui!
Jack tentava a todo o custo salvar a vida de Boone, mas o estado dele só piorava. Depois de um tempo, todos viam que o caso era perdido, mas Jack continuava obstinadamente trabalhando no paciente.
-Jack, hei, já chega! Não adianta mais, não temos como salvá-lo!
-Érica, mas e se tentarmos fazer...
A doutora o interrompeu, o puxando para longe da maca.
-Ele está todo sangrando por dentro, não tem como contermos a hemorragia!

Jack retirou-se da sala indignado. Odiava perder pacientes, ainda mais um moço tão jovem. Se sentia impotente. Retirou a toca, as luvas e dispôs as mãos sob a pia. De cabeça baixa, olhava para a água que escorria da torneira aberta. Depois de tanto esforço, horas de cirurgia, ele tinha falhado. Não parava de pensar em todos os procedimentos, se questionava se deveria ter tratado outro local primeiro ou não, se tinha feito tudo certo... Respirou profundamente, se limpou e caminhou em direção a sala de espera. Deu a fatídica notícia para a “irmã” de Boone. Shannon permanecia calada, em estado de choque, mas minutos depois, chorou compulsivamente.

Sentia-se culpada porque mais uma vez o irmão tinha ido buscá-la de madrugada de uma festa dada por más companhias. Chovia intensamente, Shannon como sempre irritava Boone, o provocando de todas as maneiras. Ele foi buscá-la de jatinho, o local era um tanto afastado. A visibilidade estava péssima, por mais que o rapaz soubesse pilotar, por causa do mau tempo, perdeu o controle e o jatinho acabou caindo. Ela sofreu ferimentos mínimos, apenas a perna tinha sido engessada. Já ele não teve a mesma sorte.

Kate estava dirigindo. Ainda não tinha conseguido sair da cidade, as fronteiras tinham sido avisadas pelo agente, sua foto estava espalhada por esses locais. Procurava um lugar barato para passar a noite. Cantarolava animadamente uma canção de Patsy Cline quando de repente, avistou um vulto. Kate freou em cima da hora, quase atropelou uma pessoa. Assustada, desceu do carro para ver se tinha causado algum estrago, quando viu uma moça sentada no chão.
-Hei, me desculpe, eu realmente não te vi! Você está bem?
-Na verdade, eu preciso de ajuda, por favor!

Estava escuro. Kate se aproximou mais da moça e fez uma expressão preocupada ao notar a barriga enorme.
-Eu acho que tá na hora.
-O que?
-Ai...meu bebê, ele vai nascer.
-Espere moça, se acalme. Eu...eu vou te ajudar. Só precisa tentar se levantar para entrar no carro. Vou te levar para um hospital.
-Não vai dar tempo.
-Fica calma, claro que vai.
-Não tem hospital nenhum aqui perto!
Kate andava desesperada de um lado para o outro. Pensou em sair correndo, mas sua consciência não a deixava abandonar aquela mulher sozinha em inicio de trabalho de parto.
-Qual é o seu nome?
-Claire. E o seu?
-Kate.

Claire começou a gritar de dor. As contrações eram cada vez mais intensas e com pouco intervalo de tempo. A moça pegou firmemente na mão de Kate. Estava gemendo e suando e implorava por ajuda. Kate estava desesperada, nunca tinha feito um parto na vida. Um medo intenso percorria o seu corpo, mas depois de muito negar, se deu conta de que só estavam as duas em um local deserto e provavelmente ninguém iria aparecer para ajudá-las. Foi até o carro, pegou todos os panos que tinha a disposição e a garrafa d’água e lavou as mãos.

Claire involuntariamente já fazia força, o bebê queria nascer de qualquer jeito. Kate pedia para que ela empurrasse, Claire gritava de dor.
-Eu não vou conseguir, não vou.
-Você tem que tentar, por favor, Claire! Escuta, eu também nunca fiz isso na vida, por favor, que tal nós duas colaborarmos?

Claire chorava de medo, as mãos de Kate tremiam de nervoso. Depois de alguns minutos, Claire se esforçou intensamente e Kate finalmente pode ver a cabeça do bebê.
-Isso garota, falta pouco. Empurra! Eu já estou vendo, vamos Claire!
Claire gritou e Kate pode puxar o bebê, que foi lentamente saindo. Kate pegou uma flanela molhada e limpou a região do nariz e boca do recém nascido, cortando com um estilete o cordão umbilical. O bebê começou a chorar, ambas se emocionaram com a cena.
-Oh, meu Deus, veja seu filho. É um menino!

Claire pegou o bebê no colo e o envolveu. As lágrimas escorriam do seu rosto. Kate estava encantada, não acreditava no que tinha acabado de realizar. Ela dera vida a um bebê, nunca pensou que pudesse participar de algo tão sagrado. Sentia que aquela experiência marcaria sua vida para sempre.
CONTINUA...

Nenhum comentário: