segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fic:A verdade está na ilha-Cap 21(penúltimo): À espera de ajuda

Fazia um lindo dia na praia, Kate estava estendendo a roupa no varal improvisado.
-Precisa de ajuda, sardenta?
-Sawyer, desde quando você se interessa em ajudar alguém?
-Depende...se esse alguém for você....
Kate sorriu, Sawyer não perdera o jeito paquerador de ser, nem mesmo sabendo do seu estado atual. Neste momento, Jack surgiu na praia, voltando da sala de comunicações do território dos outros. Ao vê-los juntos, sentiu um pouco de ciúmes. Não gostava de ver Sawyer flertando com Kate.
-Bem...sardenta...já vou indo. Hora da sua consulta!
Jack estava com uma expressão preocupada.
-Jack, finalmente você voltou!
Kate o abraçou e pôs suas mãos no rosto dele.
-Kate, precisamos conversar.
Os dois foram para a barraca. Kate resolveu iniciar a conversa.
-Antes, eu gostaria de te explicar uma coisa muito importante.
-O que?
-A promessa que fiz para o Sawyer. Nunca te contei, você me perguntou naquele dia em que nos separamos...Escute, não lhe falei porque com certeza você não ia querer que eu o ajudasse, pois de certa forma, era algo muito arriscado para mim. Sawyer tem uma filha e quando ele estava preso, bem, fez digamos uma trapaça em um companheiro de cadeia.
-Trapaça, como assim?
-Ele aplicou um golpe no cara e conseguiu uma boa grana. Estava crente que fugiria dali e ficaria numa boa, mas aí...um caso dele foi visitá-lo na cadeia e contou para ele que eles tinham uma filhinha. Sawyer não quis saber na hora, mas depois resolveu deixar o dinheiro em uma conta em nome dela.
-Não estou entendendo, Kate, o que você tem a ver com isso?
-Ele saiu da cadeia, mas nem foi atrás do dinheiro em seguida porque tinha recebido pistas do cara que ele queria matar e foi cuidar desse assunto primeiro. Então, se meteu em umas confusões na Austrália e acabou sendo deportado e você sabe, pegou o vôo conosco...
-Sim, e daí?
-Ele me pediu lá no helicóptero para que eu procurasse o paradeiro de sua filha, descobrisse se ela tinha recebido o dinheiro ou não. Ele me falou o número da conta para que eu localizasse.
-E por que você não quis me contar tudo naquele dia, na sua casa?
-Eu sei o quanto você é correto com as coisas. E esse dinheiro era um dinheiro sujo, afinal, foi obtido às custas de um golpe e sabe se lá da onde veio...Sawyer deu uma de esperto para cima do cara, mas com certeza havia mais gente por trás dessa grana...e mais dia ou menos dia, essa gente certamente procuraria a localização da quantia. Isso era arriscado para mim, principalmente porque eu estava em condicional e se a polícia descobrisse, já viu! Eu não queria te envolver nisso tudo e se você soubesse, na hora me impediria de fazer toda a investigação.
-Por que você se arriscou tanto por ele?
-Ora, Jack! Pensei que seria o mínimo que eu poderia fazer, afinal, ele nos salvou em parte, quando se jogou do helicóptero! Me senti culpada, você pensa que só você se sente culpado por tudo? Saiba que eu também me senti, creio que todos nós 6 nos sentimos assim!
-Ok, Kate, me desculpa! Não queria te deixar nervosa, a última coisa que eu quero é te estressar. Você corre muito perigo agora...Olha, vamos esquecer tudo isso, são águas passadas...Não precisava te me contado agora.
-Precisava sim. Não quero que haja desconfianças entre nós.
-Ora, não vamos mais discutir sobre isso. Kate, precisamos conversar seriamente.
-Então, você conseguiu se comunicar com alguém?
-Sim, com o Ben. E...ele prometeu ajudar.
-Você não está com a cara boa, eu te conheço, o que ele lhe propôs?
-Ele disse que mandaria ajuda, alguém para te buscar.
-Será que eu vou poder ter o nosso bebê fora da ilha? Jack, isso é ótimo!
-É, Kate, é sim. O mais importante para mim é ter você e nosso bebê a salvo.
-Então, o que foi, por que essa sua cara triste?
-O problema é que, quando nós saímos da ilha, Ben teve que movê-la para que Charles Widmore não a localizasse mais. Desde então, ele e seus capangas perseguiram a todos para descobrir informações sobre o paradeiro de Ben e da ilha. Você sabe, Kate, nós estávamos sendo seguidos pelos homens dele...Por pouco ele não nos pegou e “tirou” as informações necessárias. Ben é extremamente cauteloso em se tratando de assuntos da ilha, apesar de distante, ele continua ligado a esse lugar e a seu povo. Tive que convencê-lo a muito custo a te ajudar. Mas aí, ele impôs uma condição.
-Que condição, me fale Jack?
-Que você saia sozinha da ilha e nunca mais volte.
-O que? Que absurdo! Não posso fazer isso, deixar tudo, deixar você!
-Eu concordei, Kate, eu aceitei o acordo!
-Por que? Quem disse que eu aceito? Você não me consultou, não quero saber dessa “ajuda” dele.
-Você precisa da ajuda dele, Kate! Você não pode ficar aqui, lembra do que a Juliet contou? Eu não vou permitir que você fique aqui na ilha e morra!
-Aé, e que tipo de vida eu terei fora da ilha? De fugitiva? É, porque a polícia não pode saber do meu retorno, pois violei a condicional e se me pegarem, serei presa para sempre! Não quero mais viver como uma fugitiva, antes de cair na ilha minha vida era um inferno, não tinha paradeiro, não tinha sossego, vivia sempre apavorada com medo de me prenderem!
-Eu sei que você não quer mais isso, mas não há saída! Antes viver como fugitiva do que não viver!
Jack tinha razão. Se ela permanecesse ali, não teria chance. Iria morrer juntamente com seu bebê. Pelo menos fora da ilha, estaria viva e mais importante, seria mãe de verdade. Kate começou a chorar com aquela notícia terrível, como teria forças para deixar a ilha e o pior, se separar de seu grande amor?
Jack abraçou Kate e os dois choraram. Estava com o coração partido, como um viveria sem o outro? Não conseguiam nem pensar nisso direito, não estavam agüentando a dor da futura e inevitável separação.
Enquanto isso...
Scully estava sentada em cima das pedras, olhando o mar agitado da praia. Mulder se aproximou.
-Não tinha reparado direito, como esse lugar é lindo!
-É sim, parece um paraíso perdido.
-Você está tão quieta, pensando em William?
-Mulder, estou tão triste. Sinto muitas saudades, sabe não devíamos ter permitido que ele partisse.
-Acho que não adiantaria, por mais que insistíssemos, ele partiria do mesmo jeito. Ele é um garoto muito inteligente e também muito teimoso
-É, sei bem da onde ele “puxou” essa teimosia...
Mulder sorriu e tocou o rosto de Scully, beijando-a de forma apaixonada.
-Mulder, temos que ir embora deste lugar! Como faremos?
-Taí, Scully, boa pergunta! Não faço a menor idéia de como sairemos daqui! Até perguntei ao Locke uma vez, mas ele me disse que não sabia como.
-Quer dizer que estamos presos nesta ilha?
-Por enquanto...Relaxe, Scully, por que tanta pressa? Esse lugar é um mistério, tenho conversado bastante com o povo daqui e soube de cada história!
-Mulder, não começa! Vim aqui só por causa do William e já que ele teve que partir, não vejo mais motivo para ficarmos!
-Eu sei, mas enquanto a gente não descobre um jeito de ir embora, não custa nada investigar alguns fenômenos estranhos.
Meses depois...
O tempo passou. Juliet estava estranhando o fato de Kate não estar manifestando ainda os sintomas de rejeição do bebê. Já era para ela começar a passar mal, muitas mulheres na ilha neste estágio da gravidez já se mostravam extremamente doentes. A doutora acompanhava minuciosamente o estado de Kate. Dias antes, Kate foi até a estação médica e realizou o ultra-som. Estava tudo bem com o bebê, era um menino e Kate pode vê-lo na tela do computador. Jack a acompanhava e ao ver a imagem do seu filho, os dois ficaram com os olhos cheios d’água, totalmente emocionados.
Todos na praia torciam por eles, assim como na época de Claire grávida em que todos a protegiam. Kate estava sentada na areia e Aaron se aproximou. Kate sorriu para ele; estava mais conformada com o fato dele ter se esquecido dos tempos em que ela era sua mãe, mesmo assim, ainda sentia saudades daqueles tempos.
-Oi querido, tudo bem?
-Tudo.
-O que foi, está com vergonha? Tá tão quietinho! Você está com cara de que quer me falar alguma coisa!
-Posso pegar na tua barriga?
-É claro!
-É verdade que tem um bebê aí dentro?
-Sim, é verdade.
-Você é minha tia, né? É mulher do meu tio...
-E você é um fofo, Aaron!
-Sabe, não vejo a hora dele nascer, assim vou ter um amiguinho para brincar... As outras crianças aqui da ilha ficaram lá longe, do outro lado, com as novas famílias delas. Eu só brinco com a Ji-Yeon, mas ela é menina...
Kate deu risada com o jeito sincero de criança falar o que pensa.
-Fiz um desenho para você.
Kate pegou o papel da mão de Aaron. Ela se emocionou ao ver o desenho: tinha uma mulher (ela) com um bebê no colo e um homem com cabelo preto (Jack) por perto. Ao fundo, um céu cheio de estrelas e o mar, indicando que eles estavam na ilha. Kate ficou com o olhar triste ao lembrar que não estaria ali em breve. Teria que partir logo e não mais voltar.
Então, de repente Kate sentiu uma pontada. Não quis se preocupar à toa, com certeza não era nada, ela estava apenas um pouco nervosa. Minutos depois, começou a sentir dor na barriga. Juliet correu para examiná-la. Jack estava desesperado, pois já era para a “ajuda” de Ben ter chegado. Kate não podia ficar mais ali na ilha. Jack decidiu partir imediatamente para a sala de comunicações para tentar um novo contato com Ben, Sayid o acompanhou. Kate ficou sob os cuidados de Juliet e Scully.
Locke, ao ver a situação tensa, decidiu mais uma vez ir atrás de Jacob. Ele convidou Mulder para acompanhá-lo. Os dois viraram bastante amigos, Locke se sentia bem conversando com Mulder, pois o agente acreditava nas suas histórias por mais incríveis que fossem.
-Tenho uma pergunta, John. Por que aqueles sujeitos alienígenas não falavam com Jacob? Se eles são tão poderosos, se eles dominaram essa ilha durante todos esses anos, por que será que não se dirigiam a Jacob?
-Não é todo mundo que tem permissão de falar com Jacob. Antes, somente o Ben falava com ele, depois eu. Richard nos considerava pessoas especiais.
-Afinal, o que é esse Jacob?
-Jacob pode ser o que você quiser: Deus, um mensageiro, um fantasma, um espírito, uma entidade...Quando as pessoas buscam respostas, elas procuram uma dessas alternativas, não é? Jacob representa isso, sabe aquele momento na vida em que você precisa de ajuda e de repente, aparece uma luz? Talvez Richard e os outros alienígenas tivessem medo dele, pois ninguém consegue explicar ou controlar uma entidade sobrenatural, em mundo nenhum. É o tipo de coisa não explicável nem neste e nem em outro mundo.
-Isso é incrível, John! Será que ele aparecerá para nós nesta noite?
-Nunca se sabe. Estive aqui outro dia com Jack, mas ele não apareceu. Acredito que tenha sido por causa da falta de fé do Jack.
-Veremos. Falta de fé não é nem um pouco um problema meu!
Entraram na sinistra cabana. Um vento forte balançou a janela e a cadeira se mexeu.
-Jacob, escute-me, precisamos de sua ajuda!
Locke explicou o caso de Kate para o “nada”. Um silêncio se fez. Mulder olhou quieto para Locke e então, os dois ouviram uma voz do além.
-Sinto muito, não posso interceder neste caso. Não está sob minha alçada, não tenho permissão para agir nesta situação.
-Mas como? Jacob? Jacob?
Locke permaneceu ali chamando em vão. Jacob não disse mais nada.

Juliet deu um remédio para Kate, próprio para tentar “segurar” um pouco mais a gestação. Depois de muito pensar, decidira ir até a estação médica junto com Scully, para desenvolver alguma química para amenizar a dor de Kate. Porém, elas aguardariam o retorno de Jack, pois não podiam deixar Kate sozinha sem a presença de um médico, o bebê poderia nascer a qualquer momento.
Sayid ligou os equipamentos e depois de várias tentativas, conseguiu contactar Ben.
-Ben, o que aconteceu, por que a demora? Você ficou de mandar alguém buscar Kate, mas até agora nada! O tempo passou e ela não pode mais ficar aqui! Preciso de ajuda urgente, faça alguma coisa agora!
Jack estava extremamente nervoso.
-As coisas tem sido muito difíceis para mim ultimamente, Jack! Pensei em mandar um submarino, mas ficou complicado sem a ajuda do meu pessoal...Richard partiu levando muitas “peças” importantes....Não posso chamar qualquer um, pense na segurança da ilha!
-Chega de enrolação! Fizemos um acordo, você deu a sua palavra!
-Calma, Jack! Sei que não fui muito verdadeiro, mas...
De repente, Ben foi interrompido.
-Finalmente te encontrei, seu desgraçado! Agora você não me escapa! Aquela ilha é minha!
Jack e Sayid ficaram apreensivos ao ouvir aquela voz: Ben não estava sozinho, Widmore o encontrara para o acerto de contas! Ouviram o barulho de 3 tiros, logo depois, ouve um outro disparo. Então, houve um ruído indicando que o telefone que Ben segurava caiu no chão.

TO BE CONTINUED...

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