quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 13: Realinhando o tempo

2004

Daniel e Charlotte estavam juntos desde o reencontro. Não queriam perder tempo, se o destino se concretizasse, ao menos teriam aproveitado suas vidas até o fim. Estavam animados, iriam viajar para a Tailândia em um cruzeiro em alto mar, para passar o Réveillon em grande estilo.

Vestiam roupas elegantes para o baile a bordo e dançavam felizes no salão. Minutos antes, enquanto Charlotte se arrumava, Daniel foi até a proa. Olhou para ambos os lados e viu que ninguém o observava. Retirou uma garrafa que escondia debaixo do paletó e a lançou ao mar.

Após aquele dia no galpão, em que eles tinham reunido todos e contado a verdade, Charlotte resolveu desistir de pensar na história. Ela queria viver a vida intensamente, já que o pessoal não estava disposto a acreditar neles, não queria tornar aquela loucura toda uma obsessão. Queria esquecer da ilha, de linha do tempo, etc. Daniel prometeu que também não iria mais pensar no assunto. Ele até que tentou, mas secretamente, ainda ia para o seu quartinho de estudos e passava horas da madrugada calculando e pensando em teorias.

Daniel reuniu suas anotações e as dobrou, divididas em alguns papéis, enfiando-os dentro da garrafa. Prometeu que no próximo ano, não iria mais querer saber disso. Resolveu jogar suas teorias no mar, pois não teve coragem de queimá-las ou de jogá-las no lixo. Charlotte tinha razão, uma vida inteira dedicada à ciência para que? Para acabar morto e com um plano mal sucedido?

Faltava cerca de uma hora para a meia noite. Dan e Charlotte foram tomar um ar. Seguravam uma taça de champagne nas mãos e riam, conversando sobre coisas banais. Charlotte terminou de beber o conteúdo e dispôs a taça sobre uma mesa. Ao fazer esse movimento, sentiu que o móvel se mexeu.
-Foi impressão minha ou isso tá balançando um pouco?
-Charlotte, é normal em se tratando de navio.
Daniel mal acabou de falar e o barco se mexeu de uma forma mais forte. Os dois ouviram um intenso barulho e um burburinho de vozes vindo de dentro do salão. Voltaram até o local e viram uma movimentação maior por parte dos funcionários. Um ruído de água se tornava mais intenso, o navio começou a tremer de forma significativa. Começou o caos. Uma forte onda chocou-se contra o cruzeiro, fazendo com que o mesmo batesse contra uma rocha e perfurasse a lateral.

A infiltração foi aumentando até alagar vários compartimentos. Não havia escapatória, o navio se afundou, fazendo um número considerável de vitimas: Charlotte e Daniel estavam entre esse número.

Meses depois...

2005

Sun e Jin estavam morando em um bairro mais afastado. Jin estava trabalhando em uma lojinha de importados de um patrício, como a clientela era em sua maioria coreanos, ele se sentia mais à vontade por não ter que falar muito Inglês. Sun estava em casa quando sentiu uma forte dor na barriga. Já estava próximo do bebê nascer, ela decidiu pegar um taxi até o hospital. O médico verificou que em algumas horas, o parto seria realizado. Sun ligou para o celular de Jin avisando.

O coreano saiu feliz da vida da loja. Passou em uma floricultura e comprou um lindo arranjo de flores para levar ao hospital. Chamou um taxi e entrou. O motorista o observava pelo espelho dianteiro. Jin o instruiu a ir em direção ao hospital, mas o homem deu uma arrancada de cantar o pneu. O coreano não estava entendendo mais nada, até que o homem falou:
-Ninguém brinca com o Sr Paik, nem mesmo o genro dele!

Jin ficou pálido na hora, tentou convencer o capanga a deixá-lo ir, mas o homem não tinha intenções de desobedecer a ordem de seu sogro. Sun começou a ficar preocupada com a demora do marido e resolveu ligar novamente. O celular dava só caixa postal. As horas se passaram, ela tinha agüentado até onde deu, mas o bebê queria nascer de qualquer jeito.

Sun deu a luz a uma menina, Ji-Yeon. Sua felicidade só não era completa porque Jin não estava ali ao seu lado. Sua amiga ligava insistentemente, a pedido dela, para o celular de Jin. Ele não atendia. Jin desapareceu, Sun não conseguiu localizá-lo nem mesmo nos dias seguintes.

Enquanto isso...

Locke tinha preparado um jantar romântico para Helen. Estava vestido com esmero. John estava muito nervoso, iria pedir a mão dela em casamento. Não tinha sido a primeira vez, os dois já foram noivos no passado, mas depois de tanta confusão com o pai dele, ela tinha o deixado. Mas desta vez seria diferente.

Helen usava um vestido longo e estava divina. Os dois jantaram, beberam e conversaram. Estavam muito felizes. Helen contava uma história de sua infância quando de repente parou.
-O que foi, algum problema, querida?
-Nada, é que eu senti uma dor terrível na cabeça. Deve ser o vinho. John, acho melhor eu ir descansar um pouco.
Ela levantou-se e caminhou em direção ao quarto, mas antes de entrar no cômodo, pôs a mão na testa e gritou de dor.
-Helen, Helen!
Helen desmaiou. John ficou desesperado, se jogou da cadeira de rodas e sacudia Helen com os braços. Chamou a emergência pelo telefone. Enquanto aguardava na sala de espera, pegou do bolso uma caixinha com o anel que ele iria dar para ela. John olhava a jóia cuidadosamente quando o médico o chamou:
-Sr Locke, eu sinto muito. Nós fizemos o possível para salvá-la, mas ela sofreu um AVC e não mais reagiu. Sinto muito mesmo.
John ficou estático. Colocou as mãos sobre as rodas e saiu em disparada do local. Locke chorava desesperado.
-Seu desgraçado, destino filho da puta! O que você quer de mim? Por que tinha que acontecer de novo? Por que?

Depois de vagar em sua cadeira de rodas sem rumo pelas ruas da cidade, ele voltou para a casa. Pegou uma bebida, tomou o seu conteúdo pela metade e jogou a garrafa na parede. Baixou a cabeça e chorou. Sem pensar, abriu a gaveta e pegou uma arma. Da outra vez, ele iria se matar, mas Ben o impediu para depois assassiná-lo. Mas desta vez, Ben não estava lá. John decidiu voltar ao plano original, colocou o cano da arma dentro da boca e puxou o gatilho.

Juliet tentava mais uma vez em vão assar muffies. Toda a vez que fazia a receita, ou se esquecia de um ingrediente ou deixava os doces assarem tempo demais. Retirava nervosa a fôrma com o conteúdo todo grudado e torrado quando sentiu um abalo muito forte. Saiu de dentro de casa e juntou-se aos outros que já estavam olhando para o céu, na vila que outrora fora da Dharma, mas que naquela época, em 2005, pertencia aos outros.

O vôo 815 não tinha caído, os outros seguiam suas vidas normalmente. Juliet ainda estava lá, Ben não permitia que ela saísse para ver a irmã. Ele tinha saído da ilha por conta do tumor, como Jack não estava na ilha nestes 2004/2005 modificados, Ben teve que operar fora.

Os outros estavam reunidos quando de repente um clarão tomou conta de toda a extensão da ilha.

1978

Todos estão no acampamento. Chove torrencialmente na ilha, é de noite. Sem mais nem menos, parou de chover de repente. Eles saem das barracas e observam o fenômeno.
-Sinistro! – Hurley olha para o céu, incrédulo.
Nesse mesmo instante, a ilha começou a tremer como se fosse um terremoto. Um pouco depois, um clarão intenso se instalou.

Sawyer estava em NY. Estava no banco, iria resgatar uma alta quantia de dinheiro que tinha recebido pelas suas aplicações em investimentos diversos, principalmente ações. Ele já pensava na mansão que pretendia comprar, no Resort que iria abrir, quando de repente tudo ficou branco.

2007

Jack abriu os olhos assustado. Sua respiração estava ofegante. Ele estava deitado no mato, em um lugar afastado. Jack sentou-se, meio tonto e começou a pensar. De repente, sentiu fortes dores na cabeça. Uma sequência de flashes povoou o seu pensamento. Jack começou a se lembrar de tudo: do vôo 815, da queda, da 1ª vez em que esteve na ilha, os meses em que permaneceram nela, a luta pelo resgate, o cargueiro explodindo, o helicóptero de Lapidus, a mentira, o julgamento de Kate, o tempo em que moraram juntos, o pedido de casamento, a briga no aeroporto, Locke no caixão, o vôo 316, os anos 70, a bomba.

Ele gritou de dor, suas mãos cobriam a cabeça. Os flashes tinham parado. Jack suspirou aliviado e sentiu alguma coisa tocar os seus sapatos. Subitamente olhou para baixo: era Vincent, lhe lambendo os pés. Jack fez um afago no cão, que o cheirava, o reconhecendo. Vincent se dipos a correr pela mata, Jack se levantou e foi seguindo o seu rastro. No meio do percurso, ele parou.

De repente, uma outra dor de cabeça insuportável se iniciou, outros flashes vieram no seu pensamento: Sawyer chorando por Juliet, ele tentando salvar Sayid, o acampamento dos outros, a descoberta de Juliet viva, Kate a seu lado na barraca, o vôo 815 novamente, mas sem cair na ilha, o trabalho no hospital, Kate chorando pela sua mãe, Kate fugindo do agente Ed Mars, ele brigando com ela no galpão, Locke lhe contando sobre a ilha, Kate e ele juntos.

Jack voltou ao normal com os olhos arregalados. Estaria ficando louco? Era um sonho? Ele tinha morrido?

Vincent olhava para ele, parado perto de uma arvore. Assim que Jack notou a presença do cão, o mesmo voltou a correr, Jack o perseguiu durante um trecho, até que avistou um corpo caído ao longe. Foi imediatamente em sua direção. Ele pode reconhecer pelos cachos presos em um rabo de cavalo e por aquela silueta que nem se passassem 1000 anos ele se esqueceria: era Kate. Jack imediatamente se ajoelhou, tocando-a cuidadosamente, chamando-a:
-Kate, hei, acorde. Kate?
Finalmente ela abriu os olhos, vagarosamente.
-Jack, isso é verdade ou estou sonhando? Eu senti uma forte dor de cabeça e então, uma serie de imagens passou diante dos meus olhos, da 1ª vez que estivemos na ilha, da 2ª vez, em 1977 no acampamento dos outros. De repente, Jack, vieram lembranças de um outro tempo, como se o avião não tivesse caído, era 2004, eu era uma fugitiva e ... conheci você no hospital, você estava cuidando de minha mãe!
-Kate, tem certeza? Pois eu tive o mesmo flash que você, foi como se tivesse acontecido.
-OMG. Mas se eu e você tivemos o mesmo flash, então não foi sonho, nem algo que inventamos, aconteceu de verdade!
-Como isso é possível, Kate? Como estaríamos ao mesmo tempo em 77 e 2004?
Os dois foram interrompidos.

-Doc? Sardenta? O que, o que vocês estão fazendo aqui? Ou melhor, o que eu estou fazendo aqui?
-Sawyer, você voltou?
-Eu estava em um banco em NY, era para eu ficar rico, como agora eu estou nesta ilha maldita? Que palhaçada é essa?
-Sawyer, por um acaso você também teve flashes?
-Tive lembranças do vôo 815, dos meus tempos na Dharma, daquela bomba idiota, das minhas apostas em Vegas e...ah, deixa para lá.
-O que, por um acaso você se lembrou de 2004, do nosso encontro no bar e depois no galpão?
-É, mas essa parte não foi alucinação da minha cabeça?
-Pois eu também tive o mesmo flash, Jack também teve alguns flashes em comum...
-Peraí, se nós tivemos os mesmos flashes então significa que...
-Que possa ter acontecido de verdade. Como isso é possível? Estávamos ao mesmo tempo em 77 e 2004? E no flash, John sabia, ele tentou nos avisar, mas não demos ouvidos a ele!
-Jack, em que época será que estamos agora?
-Não faço a menor ideia, Kate, mas lembro-me que Faraday me disse que tínhamos que alinhar o tempo. O plano da bomba era para isso. Mas será que deu certo?
-Talvez tenha dado 50% certo, por isso que estivemos em duas épocas distintas em paralelo! – Sawyer tentava compreender aquela situação maluca.

-Socorro! Socorro!
Um grito se alastrava pela mata. Hurley corria e quando se deparou com seus amigos, parou feito uma estátua.
-Pessoal, o que tá acontecendo?
-É o que estamos tentando descobrir, Hurley. Por um acaso você também teve flashes em 77 e 2004?
-Tive, mas pensei que tivesse pirando novamente. Espera, vocês também tiveram?
-Todos nós, Hurley – Kate estava confusa com tudo aquilo.
-Eu também tive. – Miles se juntou ao grupo.
-Eu igualmente - Jin completou.
-Mas que porra é essa? –Sawyer já estava nervoso e inconformado.
Um movimento por trás das arvores os deixou apreensivos. Sayid apareceu, olhando para todos incrédulo.
-Sayid, junte-se a nós. – Jack o chamou acenando com o braço.
-Por um acaso vocês...
-Sim, nós tivemos os flashes, você também pelo visto.
-O mais estranho é que lembrei de 2 épocas diferentes.
-É por isso que estávamos discutindo.

Todos tentavam comparar os flashes e por incrível que pareça, eram compatíveis. Constataram que não era um sonho, que tudo o que viram foi real, eles viveram 2 épocas ao mesmo tempo, em universos paralelos.
CONTINUA...

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