segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 7: A fugitiva

1977

-Kate, acredita nisso?
-Jack, é realmente insano, como é que pode? Eu estava lá, eu a vi caindo no fundo do poço. Foi a cena mais triste que presenciei, tentamos de tudo para puxá-la de volta, mas falhamos.
-E como ela está viva? Primeiro o Sayid, agora Juliet. O que eles fazem para curá-los?
-Somente foram curados porque não era a hora deles morrerem. Eles ainda tem um propósito a cumprir. – Richard entrou dentro da tenda.
-Desculpe-nos por ter vindo até aqui. – Jack tentava ser diplomático.
-Ela ainda não se recuperou totalmente, levará dias.
-Você disse que eles tem um propósito e qual seria?
-Não sei lhe dizer, cada um tem uma missão a cumprir na vida e cabe somente a própria pessoa descobrir qual é a sua.
-Sim, mas quantas pessoas eu já vi morrer nesta ilha, vocês poderiam ter as salvado. Por que eles, como vocês escolhem as pessoas?
-Jacob nos dá permissão.
-Jacob? Quem é Jacob?
-O nosso líder, aquele que nos protege.
-E onde ele está?
-Não devemos fazer perguntas que não possam ser respondidas. No momento, você não está preparado para entender a verdade, Jack.
-Jack, já chega por hoje, vamos nos recolher – Kate o pegou pelo braço e Jack, apesar de querer saber de tudo o que se passava, resolveu atender ao pedido de Kate. Talvez ela estivesse certa, ele tinha ido longe demais com tantas perguntas.

Enquanto isso, na estação Dharma...
As construções estavam adiantadas na estação, Dr Chang e Radizinsky planejaram tudo com muita dedicação. A estação tinha que funcionar perfeitamente, sem falhas. Eles sabiam que estavam lidando com uma energia muito perigosa, todo cuidado era pouco.
Radizinsky estava cada vez mais paranóico. Ele decidiu se instalar ali mesmo, dia e noite. Resolveu construir uma espécie de bunker, com bastante conforto, comida estocada, chuveiro, tudo isso dentro da estação. Por sorte, eles tinham conseguido recuperar o submarino dos outros, por conta disso, Eloise não retornara mais à ilha. Ela teve seu filho, Daniel, fora da ilha e ia criá-lo no mundo exterior.
Quando a estação ficou pronta, Radizinsky e mais um parceiro se prontificaram a ficar responsáveis por controlar o computador, apertando os botões, digitando a famosa senha que mais tarde seriam os números da loteria de Hurley.

2004

É manhã cedo. Jack acorda com o despertador e vai tomar uma ducha para espantar o sono. Após o banho, vai de toalha até a cozinha e liga a cafeteira. Troca de roupa e decide comer uma torrada acompanhada do café. Ao dar um gole, pega o jornal e folheia rapidamente. Pega o caderno de esportes e lê sobre seu time, Red Sox. Após uma leitura dinâmica, uma foto lhe chama a atenção no caderno de notícias sobre a cidade.

Jack ficou surpreso ao vê-la estampada como uma fugitiva. Era a moça do hospital. Um pouco diferente, mas ele não poderia deixar de reconhecê-la, tinha guardado a fisionomia dela em seu pensamento. A nota dizia que ela era perigosa e estava foragida fazia um tempo. Ficou tão chocado com a notícia que de repente se deu conta de que as horas estavam voando e ele já estava atrasado.

Quando chegou no hospital, notou que havia uma movimentação diferente: um carro de polícia estava parado a algumas quadras dali. Jack iniciou seu plantão, mas assim que teve uma pausa, resolveu passar no andar onde Diane Austen estava internada. Com certeza, se Kate aparecesse ali, havia grandes chances de ser presa. Ele ficou apreensivo com esse fato. Mal a conhecia, mas custava-lhe acreditar que ela fosse uma criminosa, sempre pareceu tão humana e boa pessoa!
Jack continuou seu turno,mas olhava sempre que podia pelos corredores, ele sabia mais ou menos a hora que Kate costumava aparecer para as visitas. Como ela não tinha vindo há alguns dias, provavelmente apareceria lá mais cedo ou mais tarde.

Kate estava morando em um quarto barato alugado. Ela se arrumava para sair, iria ao San Sebastian visitar a mãe. Além de dar um jeito no visual para que estivesse disfarçada, queria parecer bonita, afinal, um certo médico lindo e atencioso poderia aparecer por lá, quem sabe. Kate queria que ele estivesse de plantão, não tinha o direito de pensar em nada nessa condição de fugitiva, mas não conseguia evitar a atração e fascínio que ele exercia sobre ela. Sentia-se tão bem ao lado dele, embora sempre procurasse conversar por pouco tempo com ele. Kate não falava muito de si, não queria que ele desconfiasse de nada. Sempre quando ia visitar sua mãe, tentava mostrar o seu lado bom para que ele achasse que ela era uma boa moça.

Não que fosse sua intenção enganá-lo ou mentir, mas não conseguia evitar, queria que ele gostasse da sua verdadeira essência, não daquela pessoa que ela se transformou após ter matado seu pai e se tornado uma fugitiva. Ela sabia que estava se arriscando muito indo visitar a mãe, mesmo que disfarçada. Porém, não queria ficar sem saber notícias, sabia que Diane logo partiria, ela no fundo queria passar os últimos dias de sua mãe do lado dela, para se redimir de todo o estrago que causara em sua vida. Acrescente-se o fato de que visitando a sua mãe, ela geralmente o encontrava pelo hospital. E isso lhe despertava um sentimento novo, que ela não sabia como explicar. Quando estava perto dele, ao mesmo tempo não queria ir embora e tinha vontade de escapar, porque sentia que perdia o controle.

Kate chegou ao hospital. Não viu o carro de polícia porque entrou pela porta lateral. Caminhava pelos corredores quando Jack a viu de longe. Ele saiu em disparada e a brecou.
-Hei, você me assustou.
Kate sorriu para ele, mas Jack tinha uma expressão preocupada estampada no rosto.
-Não fala nada, apenas me acompanhe.
-Jack, eu não estou te entendendo.
-Só faça o que eu estou mandando, por favor.
Kate achou Jack muito estranho, ele falou de um jeito ríspido e parecia agitado. Jack pegou Kate pelo braço e os dois caminharam em sentido oposto do quarto de Diane. Entraram em uma sala de suprimentos médicos vazia, Jack fechou a porta.
-O que você está fazendo?
Kate ficou nervosa, não gostava de ficar encurralada sem saber o porquê daquela atitude.
-Escute. Você não pode ver a sua mãe agora, não é seguro.
-Por que, como assim?
-Eu sei de tudo. Quer dizer, conheço somente uma versão dos fatos, mas me recuso a acreditar no que eu soube. Por favor, só me diga a verdade. Seu verdadeiro nome não é esse que consta na ficha de visitantes.
-O que é isso, você anda me investigando?
-Não. Eu vi sua foto no jornal hoje de manhã. Não adianta negar, eu sei que é você, reconheceria esses olhos nem que se passassem anos sem vê-los.
-Jack...
-A verdade. Para começar, quero saber qual o seu nome.
-Kate.

Diante dele, ela tremeu nas bases. Será possível, ele soube do que ela tinha feito? Tudo estava perdido, sua máscara caiu, justamente aquele que ela não queria magoar, soubera a verdade por meio de terceiros porque ela mesma não tivera a coragem de contá-lo.
-Jack, sinto muito, eu deveria ter te contado desde o começo, mas eu tinha medo de que você me entregasse para a polícia. Além do mais, não planejava aparecer aqui por tanto tempo, infelizmente, não tive coragem de deixá-la, ainda mais com o estado dela, piorando a cada dia. Não queria que ela se fosse sem que eu não estivesse por perto para o adeus. E você tem sido tão gentil comigo que eu simplesmente não tive coragem e não queria te envolver nisso.
Kate chorava de desespero, ela lamentava realmente o ocorrido. Jack se comoveu, ela estava sendo sincera naquele momento.
-Kate, escute. Não precisa me dizer mais nada, eu não quero saber. Não li tudo a seu respeito, não consegui ler a nota por inteiro porque simplesmente não acredito que você seja essa pessoa horrível a quem eles se referem. Você vem aqui e apesar de ser quase uma estranha para mim, me sinto próximo de algum jeito que não sei explicar. Eu conheço você. Eu sei que você quando vem aqui é verdadeira, apesar do disfarce de sua roupa. Você ama sua mãe e seja lá o que tenha feito, tenho certeza que teve seus motivos. Você não me deve mais explicações, eu apenas quero que confie em mim, seja verdadeira comigo, não minta para mim.
Jack a acolheu em um abraço terno, Kate chorava, estava com medo, estava triste por ele ter visto a sua outra face não muito boa, mas por outro lado, era um alívio escutar as palavras dele, de conforto, de compreensão.
-Kate, te trouxe até aqui porque tem polícia lá fora de sentinela. Não tenho certeza, mas acho que colocaram um guarda na porta do quarto de sua mãe, provavelmente eles querem que você apareça para que eles possam te prender.
-Jack, alguém contou para eles que venho aqui, alguém sabe quem eu sou?
-Pelo visto não, porque caso contrário você seria barrada hoje mesmo no saguão. Vamos fazer o seguinte, fica escondida aqui que eu vou verificar o que está acontecendo e se o caminho está livre, ok?

Jack olhou para os 2 lados e saiu da sala. Dobrou o corredor e deu alguns passos. Quando entrou no corredor do quarto de Diane, viu que o guarda ainda estava lá de prontidão e tão cedo não sairia dali. Como quem não quer nada, entrou no quarto e checou os aparelhos, fingindo anotar algumas informações no prontuário de Diane. Ao sair do quarto, puxou conversa como quem não quer nada com o guarda.

Kate o aguardava nervosamente, até que ele retornou.
-E então?
-Eu não tenho boas notícias. O guarda me contou que a polícia montou um esquema de vigilância 24 horas aqui no hospital. Haverá turnos de guardas, de modo que não vai dar para ninguém entrar no quarto sem que eles não saibam.
-O meu Deus! E agora? Como vou sair daqui?
-Calma. Vamos pensar em um jeito.

Jack voltou para a sua sala. Não poderia se ausentar por muito tempo, estava trabalhando e ninguém tinha que saber onde ele estava. Por sorte, o dia no hospital estava calmo, sem nenhum acidente grave que causasse uma cirurgia. Atendeu uma paciente, consulta de rotina, depois parou para pensar. Tinha que salvar Kate, não podia permitir que ela fosse presa. Mas como retirá-la do local sem que os guardas a notassem?

Jack abriu a porta e fechou correndo. Virou-se para Kate e disse:
-Tem polícia lá fora, tem um guarda na porta do quarto de sua mãe, tem outros na porta principal do hospital. Logo, não tem como você sair desse jeito. Tenho um plano, se você concordar...
-Qualquer coisa, só não me entregue a polícia, por favor!
-Tome, vista isso. Eu vou me virar, não se preocupe.
Kate vestiu uma roupa de hospital.
-O que eu faço com as minhas roupas?
-Guarde dentro dessa sacola, junto com a sua bolsa. Eu preciso do seu endereço.
-Para que?
-Confia em mim. Eu vou ter que te dar um sedativo, você não vai se mexer, vou te colocar em uma maca e fingir que você é uma paciente. Vou cobrir seu rosto, por segurança, eles não vão verificar ou mesmo barrar pacientes. Assim, vou pegar o elevador e vamos para o subsolo. É para lá que vão os corpos que... bem, que vão para o incinerador. Eu sei que é horrível, mas escute. Em vez de ir para a sala, vou para o meu carro, vide que a mesma fica localizada perto do estacionamento. Coloco você no carro e invento uma desculpa para sair e te levo até sua casa.
-Jack, é arriscado demais!
-Eu sei, Kate, mas é o único jeito de você sair daqui. Eu sei que você deve estar com medo, mas não se preocupe, não vou te entregar.
-Que escolha eu tenho a não ser te dar um voto de confiança. Tudo bem, vamos fazer isso.
Jack injeta a droga e em poucos minutos, Kate apaga. Ele dispõe seu corpo na maca e o cobre. Tenta caminhar de forma normal, para não levantar suspeitas. Sente um arrepio na espinha ao passar perto do guarda, quando de repente, ele o chama:
-Hei, doutor?
Jack pensou “pronto, agora estou ferrado, vão descobrir tudo”.
-Sim.
-Sabe me dizer se tem uma maquina de café neste andar?
-Café? Claro, segue reto, vire à direita, no final do corredor tem uma.
-Ok, muito obrigado.
Jack mais do que depressa tratou de empurrar a maca e pegar o elevador. Uma enfermeira entrou e perguntou:
-Dr Shephard, o Sr levando uma paciente? Onde estão seus internos?
-Ah..é que, não é mais um paciente. Eu vou pegar uma coisa que esqueci no carro e como estou indo para o estacionamento e o pessoal está ocupado, não me custa nada levar o corpo, já que a sala é do lado mesmo.
-Meu andar chegou, tenha uma boa tarde, dr.
-Boa tarde.

Finalmente, chegou no subsolo. Tratou de caminhar em direção ao seu carro, abriu a porta, pegou Kate no colo e a deitou no banco de trás, jogando a jaqueta e outros objetos em cima para disfarçar. Olhou para os lados, levou a maca de volta para o hospital. Voltou para a sua sala e avisou a assistente que tinha que resolver um problema urgente, mas que depois voltaria para o hospital.

Jack dirigiu até o endereço dado por Kate. Por sorte, era um local afastado e sem recepção, de modo que foi fácil ele entrar com ela no colo. Jack a colocou na cama com todo o cuidado e dispôs a sacola com seus pertences em cima de uma cadeira. Enquanto ele a olhava, pensava o quanto tinha sido louco por ajudar uma fugitiva que mal conhecia. Mas ela era encantadora, como não se ver envolvido? Ele anotou o número de seu celular no bloquinho de notas do criado-mudo, ao lado da cama de Kate, para caso ela quisesse entrar em contato com ele e saber notícias de sua mãe. Resolveu voltar para o hospital antes que houvesse suspeitas.

Do outro lado da cidade...

Era quase o fim do expediente, hora em que todos os funcionários começavam a enrolar até dar o horário. Locke resolveu tomar um café. A máquina ficava próxima a recepção, enquanto ele tomava a bebida, uma reportagem da TV lhe chamou a atenção: uma briga de traficantes na Nigéria resultou em um massacre. A imagem de Mr Eko apareceu como um dos líderes vitimados pelo confronto.

John arregalou os olhos, primeiro foi Boone e desta vez, Eko?
Mais tarde, chegou em casa e decidiu fazer uma lista de fatos e mortes que ocorreram na ilha antes, para ver se iriam se repetir agora.
CONTINUA...

Nenhum comentário: