quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fic: Destinos Cruzados - Capítulo 8: Corações perturbados

1977

Kate caminha pela mata. Ela procura algumas frutas para levar ao acampamento. Fazia algumas horas que não via Jack por ali. Estava começando a ficar preocupada, quando o viu ao longe, sentado em uma pedra olhando para o horizonte.
-Então foi aí que você se escondeu?
-Eu não estou me escondendo, estava apenas pensando.
-Ultimamente é só que você tem feito.
-E você não? Não estou te reconhecendo, Kate, sempre foi tão agitada, adora se embrenhar pelo mato, me ajudando a realizar meus planos arriscados. Agora você, sei lá, parece que se conformou com esse lugar, com o fato de estarmos presos nesta época.
-Espera um pouco, para começo de conversa eu nem queria voltar para a ilha, minha vida estava muito boa fora dela. Eu só voltei aqui para buscar a Claire, em nome de Aaron. Ele precisa crescer ao lado da mãe, eu prometi a sra Littletown que traria a filha dela de volta.
-Mais um motivo para não se conformar com a nossa estadia nos anos 70.
-E o que você sugere, Jack? Será que não bastou tudo o que aconteceu depois do plano genial de Daniel que você executou?
-Então é isso, você está me culpando? Depois fica me dizendo que não é para pensar nos problemas.
-Eu estou te culpando? Jack, você é o primeiro a se culpar por tudo, não me venha apontar o dedo, sendo que você mesmo se sente culpado!
Kate se afastou zangada, deixando Jack sozinho com suas encanações.

No acampamento, Hurley e Miles comiam o peixe que Jin acabara de limpar.
-Dude, no tempo em que eu estive fora daqui, não pude nem olhar para a cara de carne de porco, peixe, enfim, essas nossas refeições de todo o dia na ilha. Ainda bem que matei toda a saudade do meu cheeseburger. Só de pensar...
-Eu acho que nem me lembro mais o que é comer um sanduíche decente! – Miles reclama, saudoso do tempo fora da ilha.
-Não sei se foi boa ideia ter ficado. Sawyer é que está certo, eu deveria ter ido com ele tentar a vida longe disso aqui. A essas horas, já teria mostrado o meu roteiro de Star Wars.
-O seu roteiro? Ã-hã, sei.
-George Lucas nem teria chance de escrever, quando ele tivesse pensado no esboço, eu já estaria com o roteiro inteirinho pronto.
-Como você é estúpido! George Lucas bolou toda a história, a dos 6 episódios, mas como seria inviável filmar tudo, ele fez apenas os 3 últimos, então anos depois, ele fez a pré-trilogia.
-Cara, é verdade, não tinha me lembrado disso. Mas peraí, como você sabe disso se nem se lembrava do grande embate do Lucke com o Darth Vadder quando eu te contei?
-É porque essa luta acontece na velha trilogia e eu tenho a nova trilogia na cabeça, vi os extras do DVD e...mas que merda de papo idiota é esse? Estou começando a sentir falta do La Fleur.

À noite...

Kate está dentro da barraca, separando algumas roupas sujas que teria que lavar no dia seguinte, quando Jack pede licença e entra.
-Kate, me desculpa pela discussão hoje de manhã, eu ando muito tenso desde que tudo isso aconteceu. Eu admito, não me conformo do plano não te dado certo. Eu estava tão confiante, sinceramente não sei por que ainda estamos presos nesta época!
-Jack. Isso me deixa triste, te ver desse jeito, inquieto, com olhar distante e a cabeça sabe se lá onde. Se quer saber, eu não estou acomodada aqui, eu apenas não sei o que podemos fazer, gostaria de ter respostas só para aliviar o seu coração perturbado, mas não as tenho. E nem sei se um dia ainda vou ter. Sabe, as pessoas sempre me acusaram a vida inteira de fugir, eu confesso que não consigo lidar com alguma coisa complicada sem sair correndo para respirar, esse é um defeito meu, não me sinto confortável quando tenho que me entregar demais para alguém. Mas você, Jack, o seu defeito é estar sempre no futuro. Você não consegue ser feliz com o presente, com o agora, sempre está planejando “o que vamos fazer?”, “o que vai acontecer?”, etc.

Jack escutava tudo com atenção e de cabeça baixa.
-Isso também é um tipo de fuga, pensar no amanhã significa que não preciso estar aqui, lidando com os problemas, encarando fantasmas...E pensar nos outros significa não ter de pensar em si mesmo. Sempre colocando as necessidades dos outros na frente das suas, para não ter que olhar para aí dentro, por medo. Jack, todos nós temos medo, eu também tenho. Mas eu não quero mais afastar as pessoas ao meu redor, quem me quer bem por causa disso.

Jack apenas concordou com a cabeça, ele não tinha palavras depois das verdades que ela lhe dissera. Logo ele, tão acostumado a fazer discursos, mas desta vez, Kate tomou a dianteira.

Kate teve receio de ter sido muito durona com ele e sentiu vontade imediata de abraçá-lo. Ela o acolheu em seus braços, era tudo o que ele precisava no momento, de carinho e segurança. Depois de um longo e reconfortante abraço, ela olhou para ele e se levantou, saiu rapidamente da barraca e voltou em um segundo, fechando a tenda completamente.
-Estava me certificado se todos tinham se recolhido.
-Por que?
Kate o cala com um beijo de tirar o fôlego.
-Porque esta noite eu quero cuidar de você.

Ela o puxou para si, trocando um quente beijo de língua, Kate parecia querer engoli-lo tamanha intensidade com que lhe sugava os lábios. Depois, tratou de retirar a camiseta dele, ao ver aquele tórax que tanto a fascinava nu, teve vontade de agarrá-lo. Mas em vez disso, ela colocou as mãos sob o peito agora depilado, o empurrando até que ele deitasse. Os dois não perderam o contato visual, seus olhos pareciam arder em fogo de tanto desejo que sentiam um pelo outro.

Ele deixou-se cair, deitando-se, ela ficou por cima dele. Kate desceu o zíper e retirou a calça jeans de Jack. Ele então desabotoou a camisa branca que ela vestia, deslizando as mãos cuidadosamente em direção à cintura, apertando de leve a polpa da bunda colada ao jeans. Kate livrou-se da peça, ficando somente de lingerie, o deixando cada vez mais excitado. Trocaram carícias e beijos até que Kate retirou a cueca dele. Logo após, Jack a puxou para si, a beijando ao mesmo tempo em que suas mãos retiravam maliciosamente a minúscula calcinha que ela vestia.

Kate estava por cima, prendendo-o entre suas pernas. Jack a tocava, acariciando primeiramente os seios um a um e depois, toda a lateral de seu corpo. Ela se arrepiava ao sentir o toque das mãos dele. Depois, à medida que ele ia a preenchendo, ela foi sentindo cada vez mais prazer. Kate começou a se mover, rebolar, subia e descia, só sentindo o membro dele dentro dela.

Jack olhava admirando aquela visão, ela parecia uma deusa com sua beleza que lhe era tão natural. Por vezes, alcançava seus seios com a boca, dando-lhe lambidas precisas, ela se contorcia ao sentir o calor da língua dele percorrendo o seu peito, os bicos estavam eriçados com o estimulo. Ela o cavalgava com maestria, enquanto ele assistia o seu compassado ritmo sobre seu corpo. A penetração foi profunda, ela se esforçava pra não gritar de tesão, Kate gemia e resmungava, sussurrando, suplicando por mais. Ambos quase que não conseguiam se conter, mas era necessário, não queriam acordar todo o acampamento.

Kate se debruçou sobre o peito de Jack e ambos colaram as bocas, sufocando com um beijo toda a vontade de gritar de prazer. Ela apresava os movimentos da bacia até que chegou ao ápice total, proporcionando aos dois a saciedade dos seus desejos.

Depois do êxtase, estiraram-se exaustos um ao lado do outro e buscavam o ar, respirando ofegantes. Jack e Kate se olharam e então, ela se aconchegou sob o peito dele, que por sua vez, começou a afagar carinhosamente o seu dorso.
-Agora você tem um motivo para não odiar tanto os anos 70.
-É verdade. Pelo menos, não vai ter sido em vão, se de alguma coisa serviu o fato de ficarmos presos no tempo, foi para que nós dois nos entendêssemos. Acho que você me conhece mais do que eu mesmo.
-Desculpa ter sido tão dura com você.
-Eu precisava disso. Kate, eu prometo que daqui por diante vou tentar me acostumar um pouco com essa nossa condição de perdidos no passado.
Ele sorriu e olhou para ela.
-Ok. Vamos dormir, já está tarde e você me deu muito trabalho hoje.
Os dois permaneceram deitados, juntos e se permitiram finalmente descansar.

2004

Jin está desesperado. Sozinho em um país estrangeiro, sem saber falar uma palavra em Inglês, ele não entende o que aconteceu para que Sun fosse embora. Primeiramente, pensou que as esposa tinha sido levada por alguém em busca de vingança, ainda mais por causa dos negócios sujos de seu sogro. Mas o origami deixado no travesseiro indicava que ela tinha partido por vontade própria, mas por quê?
Jin gesticulava no intuito de pedir ajuda, a funcionaria do hotel não entendia coreano. Ela resolveu chamar um interprete para saber que aquele hóspede desesperado queria. Ele o aconselhou a entrar em contato com a embaixada da Coréia nos EUA, caso a esposa estivesse realmente desaparecida.

Jin decidiu contratá-lo para que pudesse o acompanhar pelas suas andanças à procura da mulher. Eles foram até uma comunidade de coreanos, perguntaram para muitas pessoas se elas a tinham visto, ninguém sabia do paradeiro de Sun.

Os dias se passaram e Jin continuava a sua busca. Ele somente queria explicações, se ela o tinha deixado, gostaria de saber o motivo. Os patrícios o aconselharam a aprender Inglês, depois de resistir a ideia no começo, Jin acabou cedendo e se matriculou em um curso rápido.

Sun estava morando com uma amiga. Estava escondida, não queira aparecer pelas ruas de LA e correr o risco de encontrar o marido.
-Oi Sun, voltei. Disse que ia rapidinho no mercado, mas acabou que peguei uma fila enorme, havia um caixa apenas funcionando. Hei, você não me parece bem, tá tão pálida, o que foi?
-Estou grávida.
-O que? Mas você não me disse que tava brigada com o Jin?
-Estava, mas ele foi muito gentil comigo quando chegamos aqui e acabou acontecendo.
Sun começou a chorar de nervoso, Park-Chan abraçou a amiga e prometeu ajudá-la no que fosse preciso. Mesmo assim, Sun não queria procurar Jin, decidiu que teria o bebê sozinha, sem que ele soubesse.

Em um outro canto da cidade...
Sayid está parado em uma praça, em frente a um prédio comercial. Cada vez que um grupo de pessoas saia, ele procurava ansiosamente com os olhos. A certa hora, finalmente encontrou o que estava aguardando: sua amada Nadia. A moça andava pela calçada, quando uma voz peculiar chamou seu nome. Nadia não podia acreditar no que via, era ele, depois de tanto tempo!
Os dois pararam um diante do outro, Sayid colocou as mãos em seu rosto e os dois trocaram um beijo emocionado.
-Sayid, como você me achou?
-É uma longa história, precisamos conversar, mas não aqui. Podem estar nos vigiando.
Ambos foram para um outro lugar. Sayid olhava para todos os lados e checava se ninguém estava perseguindo os dois.

No centro da cidade...
Charlie conversa com o seu ex-empresário. Tenta convencê-lo de que a Drive Shaft pode voltar a tocar sem Liam.
-Eu conversei com os caras e eles estão dispostos a voltar com a banda. Já compus várias músicas, teremos material novo para começarmos as gravações e...
-Mas e o Liam? Você ao menos tentou falar com ele?
-Eu falei; inclusive, acabei de voltar de viagem. O cara tá todo tranquilão, de boa com a família, em resumo, virou um careta! O Liam de antes acabou, agora só resta um pai todo comportado, com casa, cachorro, tudo certinho.
-É uma pena, ele era a alma da banda.
-Mas hei, Drive Shaft não era só o Liam! Escute, eu trouxe um CD demo com as nossas novas músicas, fique com ele e veja o que achou. Tenho certeza que vamos voltar com tudo!
-Vou fazer o seguinte: vou dar uma olhada no material e se estiver bom, posso mandar para a gravadora avaliar, mas não garanto nada.
-Valeu, valeu mesmo! Fico aguardando.

Alguns dias depois...

Charlie nem dormiu direito esperando a ligação do empresário, até que ouviu o toque do telefone. As notícias não foram nada animadoras, a gravadora recusou o material, dizendo que sem Liam não iam investir um tostão na banda. Charlie saiu descontrolado pelas ruas, precisava urgente de uma dose. Foi até o subúrbio e comprou uns gramas de cocaína. Charlie sentou na calçada e decidiu provar ali mesmo. Pegou um espelho, fez 2 fileiras do pó branco e pegou uma nota de dólar, fez uma espécie de canudinho, enfiou no nariz e cheirou tudo de uma vez.

Voltou para casa, pegou tudo de valor que tinha e resolveu vender para comprar mais drogas. O efeito de euforia tinha passado, logo veio uma depressão profunda, Charlie chorava feito uma criança.

Perambulando pelas ruas, foi abordado por um traficante diferente, que o reconheceu como membro da banda.
-O que você procura?
-Eu quero mais. Meu pó acabou, preciso de mais.
-Pois eu tenho uma outra coisinha para você. É muito melhor e mais forte, veja só que belezura.
O homem abriu um embrulho e ofereceu a Charlie.
-Não cara, isso aí é ir longe demais. Além do que, nem seringa eu tenho.
-Isso não é problema, eu tenho o kit completo para vender. Só que tem um preço e é um tanto mais caro que cocaína. Mas é a droga perfeita para um rock star, os melhores são viciados em heroína.
Charlie hesitou um pouco, mas sua abstinência era absurda, suas mãos tremiam e ele pingava de suor.
-Não tenho mais nada a perder, vamos lá, vou experimentar.

Comprou a droga e entrou no galpão abandonado onde vários viciados curtiam suas viagens. Pegou uma colher e limão emprestados, sentou-se em um canto. Dispôs a heroína na colher, pingou umas gotas de limão e esquentou a mistura com o isqueiro. A droga ficou líquida, ele então despejou na seringa. Retirou o cinto e amarrou o braço fortemente, dando um tapinha na região para achar a veia. Injetou a dose e fechou os olhos.

Charlie sorria, várias imagens de seus shows lhe passavam pela cabeça, fãs alucinadas gritando, os riffs cada vez mais altos, luzes do palco desfocadas. As imagens ficaram mais lentas, depois mais rápidas, silencio e barulho se intercalavam, até que suas pálpebras se fecharam pesadamente. Ele caiu desmaiado no chão, seu corpo sofria convulsões severas, Charlie começou a vomitar ainda se contorcendo até que não agüentou mais.

No dia seguinte, Drive Shaft voltou a tocar nas rádios, mas não por causa do retorno da banda, mas sim por conta da morte de um dos seus integrantes, Charlie.

Jack estava de folga. Assistia ao jogo pela TV e tomava uma cerveja, quando o celular tocou.
-Jack?
Ao ouvir aquela voz ele se ajeitou no sofá. Eles não tinham se falado desde o dia da fuga, ele pensou que ela tivesse desaparecido para sempre.
-Kate, hei, que bom que você ligou. Está tudo bem?
-Estou levando...Jack, desculpa não ter te ligado antes, eu nem ia ligar, mas é que...muito obrigada, obrigada mesmo por ter me ajudado naquele dia. Você se arriscou pra valer, poderia ter me entregado para a polícia mas não o fez, isso foi muito legal de sua parte.
-Não tem que me agradecer, eu fiz o que era certo. Você é uma boa pessoa, Kate.
-Como você sabe se nem me conhece direito?
-Eu não sei, apenas sinto.
Kate se sentiu sem graça, sua mão suava ao ouvir a voz dele do outro lado da linha. Era estranho, mas nos últimos dias que não passou no hospital, sentiu falta dele, já estava virando rotina ir até lá e vê-lo. Ela não queria que o tempo passasse, só para que pudesse ficar na companhia dele por mais horas.
-Er...Jack, e a minha mãe, como ela está?
-Ela não teve nenhum progresso desde a última vez em que a viu. Continua respirando com a ajuda de aparelhos e seu quadro permanece estável. Não sabemos se o coma é reversível.
-Jack, vou te dar o meu nº do celular, qualquer coisa, por favor, me avise. Não vou poder mais ir ao hospital depois de tudo o que aconteceu, então, me mantenha informada.
-Claro, pode ficar tranqüila. Se quiser me ligar, fique à vontade, ok?
-Ok, obrigada. Então, até mais.
-Até. Tchau.

Jack sentiu-se feliz por ela ter ligado, mas triste por ela ter lembrado que não vai mais aparecer no hospital. Era incrível como ela mexia com ele, sentia vontade de revê-la, de conversar com ela. Mas o receio lhe atingiu, talvez nunca mais a veria de novo.
CONTINUA...

Nenhum comentário: