sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fic: Her heart was in the right place - Cap 7

Capítulo 7

Pelas primeiras horas da manhã, quando o céu ainda estava escuro, Jack, Kate, Desmond e Ben se aprontaram para a aventura de mais uma vez saírem da ilha. Ben os acompanharia, mas somente para tratar de negócios, como por exemplo, a compra de um novo submarino. Ele iria aproveitar para comparecer à empresa que enviava os suprimentos para a ilha. Certamente o estoque de tudo beirava a zero e teria que ser reposto, visto que Hurley e Ben continuariam a viver ali naquele local. Eram respectivamente o nº 1 e 2, os protetores.

Jack parou para olhar para o horizonte pela última vez. Sentia-se grato àquele lugar místico que lhe fez sofrer e até descer ao inferno e imergir das profundezas, completamente mudado. Se hoje ele era um novo homem, era graças ao aprendizado que obteve a partir deste lugar. Kate estava louca para ir embora. A única coisa que estimava na ilha era o fato de ela ter lhe proporcionado desenvolver laços afetivos como nunca tinha tido durante sua vida errante.

Jack deu um abraço apertado no grande amigo.

-Hurley, não sei nem o que dizer. Obrigado! Obrigado por tudo, amigo. Você me salvou, te devo a minha vida!

Hurley abraçava Jack com lágrimas nos olhos.

-Cara, vou sentir muito a sua falta. Boa sorte! E...eu realmente acredito que você vai ser um bom pai.

-Se cuida, Hurley. Vejo-te algum dia, quem sabe você saia de vez em quando para nos visitar?

-Pode crer que sim, Jack.

Os dois deram mais um abraço e então Hurley abraçou Kate, que também tinha os olhos marejados pela despedida.

-Se você ver a Rose e o Bernard, agradeça-os por mim, ok?

-Está certo, Kate. Pessoal, boa viagem!

Após todos se despedirem calorosamente, os quatro foram para o barco de Locke. Durante a viagem, Kate se sentiu enjoada pelo balançar das ondas. O mar estava agitado e todos a bordo ficaram tensos, temendo uma tempestade.

A chuva chegou forte, quase no início da noite, o vento se chocava contra as ondas, tornando a maré instável. Por sorte, Desmond era bom navegador, tinha experiência pelas regatas que vivia participando antes de ser levado à ilha. Passado o susto, o mar foi se acalmando e a viagem voltara a seu curso normal.

O combustível acabou, logo eles deixaram o barco e decidiram pegar o bote. Apesar dos percalços, eles tinham se mantido na rota certa e pelas coordenadas, não estavam muito distantes do barco dos amigos de Ben que iriam resgatá-los.

O céu estava limpo e uma escuridão os cercava. Um silêncio pairou por um momento, Kate estava apreensiva, Jack segurava a sua mão e toda a hora lhe assegurava que tudo ficaria ok. Os amigos de Ben estavam demorando a chegar, Jack começou a ficar impaciente e no fundo, ainda temia confiar na natureza duvidosa de Linus. Os três olharam para Ben desconfiados, diante disso, ele se sentiu na obrigação de se defender:

-Eles vão chegar. Eu espero.

-Ben, você tem certeza? São pessoas de confiança?

Jack o olhava de maneira séria.

-Eles nunca me deixaram na mão.

De repente, um farol branco surgiu, iluminando o perímetro ao redor.

-Hei! Hei!

Todos no bote esticaram os braços, sinalizando para que os vissem. Ao se aproximar, notaram que era o barco de resgate, Ben estava certo. O barco os ajudou, levando-os até a ilha mais próxima, ao sul da Ásia. Os comparsas de Ben providenciaram hospedagem e meios de auxiliá-los a regressarem a LA.

Assim que colocaram os pés nos USA, Jack e Kate foram ao apartamento dele. A primeira coisa que Kate iria fazer era entrar em contato com Duncan, seu advogado. A sua situação legal era incerta, Kate tinha viajado pela Ajira com passaporte falso quando voltou à ilha, porém como ficou praticamente meses fora, neste período não se apresentou aos oficiais da condicional e isso seria considerado como violação da mesma; a justiça poderia pensar que ela havia fugido novamente. Quando ligou para Duncan, ele pediu para que ela o encontrasse imediatamente.

Kate se reuniu com ele e lhe contou tudo o que havia acontecido. Ele iria preparar a sua defesa, mas desde já, aconselhou Kate a convencer o máximo de testemunhas para depor em seu favor, se possível, todas as pessoas envolvidas. Ela teria que ir à busca do paradeiro de seus amigos para que eles a ajudassem.

Antes de começar a batalha judicial, Kate e Jack foram se consultar com um médico, ela por conta da gravidez, ele porque tinha que fazer uns exames para saber se estava mesmo curado. Jack ficou admirado quando os exames lhe mostraram que ele estava 100% normal. Olhava para as chapas estupefato. “Inacreditável”, pensava. “John Locke deve estar rindo da minha cara seja lá onde ele estiver. Bem que ele me dizia que milagres existiam”.

A ultra-sonografia foi um momento único para ambos. Uma coisa era falar sobre a gravidez, a outra era ver. Ao observar a imagem pela tela do monitor, uma emoção nunca sentida antes tomou conta de Kate e Jack. Ali eles puderam acreditar que realmente era verdade, iriam ter um bebê dali a alguns meses, mais precisamente, um menino. Lágrimas escorriam pela bochecha de Kate, mas desta vez, eram de alegria.

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Jack estacionou o carro em frente à antiga casa que morou com Kate. Eles estavam vivendo no apartamento de Jack, ao passo que Claire, Carole e Aaron continuavam morando na casa de Kate. Jack desligou o motor e virou-se para olhar para ela. Kate estava parada e nitidamente nervosa. Notando a sua perturbação, Jack pegou em sua mão e lhe disse:

-Kate, fique tranqüila, você vai conseguir.

-Como será que ele vai reagir ao me ver?

-Eu não sei, mas temos que ir até lá para descobrir. Vamos, Claire está nos esperando.

Eles desceram do carro e caminharam em direção à porta. As mãos de Kate suavam, ela temia o reencontro com Aaron. Claire abriu a porta com um sorriso no rosto.

-Hei... Nossa, nem acredito, vocês conseguiram mesmo voltar!

A loira deu um abraço em Kate e no irmão.

-Entrem.

Ela estava bem. Totalmente recuperada, era a Claire de antes, bonita, com olhar doce e bastante receptiva. Na sala de estar, Claire contou tudo o que tinha se passado nos últimos meses. Ela fez terapia para se curar do trauma sofrido na ilha e a mãe tinha lhe dado uma ajuda excepcional no processo, contribuindo para a filha se aproximar de Aaron. No começo, o garoto se mostrou arredio, mas com o passar do tempo, Claire foi cativando a sua estima e conquistando aos poucos o lugar de mãe que lhe era de direito.

-Claire, eu... sinto muito. Desculpe-me por ter levado Aaron embora da ilha comigo, por ter o criado durante três anos e por ter demorado tanto tempo para te resgatar.

-Tudo bem, Kate. Confesso que no início, senti muito ódio por você ter feito isso, mas agora entendo sua atitude. Eu tinha desaparecido naquele dia, vocês praticamente salvaram e protegeram Aaron, levando-o para longe daquele lugar hostil.

-Eu voltei para te resgatar, para que Aaron fosse criado por você. Sei que prometi te ajudar, mas na hora não consegui subir naquele avião. Foi mais forte que eu, não pude sair da ilha e deixar o Jack para trás.

-Eu sei, Kate, eu entendo. O Sawyer me trouxe para cá direitinho, como você recomendou que ele fizesse.

-Falando nele, tem notícias?

-Ainda mantenho contato com ele, com todos na verdade. Sawyer e Miles abriram um negócio e agora são sócios.

-Jura que você tem contato com eles? Nossa, Claire, que bom, vou precisar falar com todo o mundo mesmo!

Kate contou a Claire a respeito de seus problemas com a justiça. Ela prontamente lhe forneceu o telefone das pessoas que saíram da ilha naquele avião. Claire então perguntou o que havia acontecido com eles durante esse tempo. Jack relatava para a irmã o que ocorrera, Claire ouvia com atenção a história quando de repente, um furacão surgiu na sala: era Aaron, que tinha entrado correndo em disparada. Quando o garoto avistou Kate, foi correndo para os braços de Claire, afundando o rosto em seu colo.

-Aaron, querido, o que foi isso? Não viu que temos visita, olha só quem está aqui, a tia Kate.

-Não, não quero ver, mande-a ir embora!

Kate sentiu uma facada no peito ao ouvir aquelas palavras ditas com tanto ressentimento por parte de Aaron. Mesmo assim, resolveu se aproximar, ajoelhando-se para ficar do seu tamanho e falando delicadamente:

-Aaron, me desculpe. Querido, eu sei que você está muito bravo comigo. Sei que pensa que te abandonei com pessoas estranhas, mas a mamãe...quer dizer, eu precisava fazer uma coisa importante que era trazer a sua mamãe Claire de volta. Bebê, olha para mim. Por favor, deixa eu te explicar!

Esfregando os olhinhos cheios d’água, Aaron virou-se de frente para Kate, mas continuou de cabeça baixa.

-Quando você era um bebezinho, bem pequeno, eu e sua mãe morávamos em um lugar bem longe. Um dia, um helicóptero veio nos buscar, mas eu não consegui achar a sua mãe, ela tinha sumido. Trouxe-te para cá, para esta casa e fiquei te protegendo durante três anos, pois sua mamãe estava dodói e não podia tomar conta de você. Então, vi que já era tempo de ir buscá-la para que vocês ficassem juntos e foi o que fiz. Não te levei comigo porque era um lugar perigoso para crianças.

-Por que a mamãe voltou antes e você só voltou agora?

-Porque fui buscar o tio Jack, que também estava neste lugar, precisando da minha ajuda. Demorei porque ele ficou doente e tivemos que esperar até que ele melhorasse.

Aaron escutava atento, procurando entender a explicação de Kate. Ele a olhava de um jeito inocente, aguardando a reação dela.

-Agora estou de volta, meu amor, e vim aqui correndo te visitar. Eu te amo, Aaron. E você sempre será o meu garotinho. Posso te abraçar e te dar um beijo?

Aaron meneou a cabeça afirmativamente e então, Kate o pegou em seus braços, dando-lhe um abraço gostoso com direito a beijos ternos em seus cabelos loiros.

-Que saudades!

-Eu também senti...

-Sentiu? Sentiu mesmo?

Kate fazia-lhe cócegas na barriga, o menino caiu na gargalhada, finalmente perdoando-a.

-Eu te amo.

-Também te amo, bebê.

Kate deu mais um abraço em Aaron, mas o menino se livrou de seus braços para correr direto em direção a Jack, pulando em seu colo.

-Tio Jack!

Agora era a vez de Jack matar as saudades de seu sobrinho.

-Como você está, garotão?

-Eu estou bem e ganhei um monte de livros de historinhas.

-É mesmo?

-É. Você pode ler para mim?

Jack riu diante da espontaneidade da proposta de Aaron e ficou impressionado pelo fato de o garoto ainda se recordar de que ele lia estórias para Aaron antes de dormir. Claire repreendeu o filho:

-Aaron, o tio Jack está cansado, ele e a tia Kate precisam ir, eles têm um monte de coisas para fazerem.

-Aaaaaaah.

-Outro dia eles voltam para nos fazer uma visita.

-Tudo bem, Claire, eu posso ler uma estória para ele matar as saudades.

-Eba! Deixa, mamãe, por favor!

-Ok, Aaron, uma estória.

Ao ver os dois subirem as escadas, Kate respirou aliviada. O reencontro tinha sido tenso, mas por sorte, Aaron foi generoso e a perdoou. Kate sentiu como se um grande peso saísse de cima de seus ombros, a pendência com Claire e Aaron se resolvera. Restava solucionar mais uma vez os problemas com a justiça.

Continua...

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