quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fic: Her heart was in the right place - Cap 4

Capítulo 4



Jack mal conseguia falar, estava demasiadamente fraco. O máximo que pôde soltar foi o nome dela, tão quieto quanto um suspiro.

-Kate...

Kate tinha os olhos marejados. Ela pensava que nunca mais ouviria aquela voz rouca chamando o seu nome.

-Jack! Como se sente? Está tudo bem?

Ela passava as mãos delicadamente nos cabelos dele, sorrindo e chorando ao mesmo tempo de tanta emoção.

-Ele conseguiu...Hurley conseguiu te trazer de volta!

Jack a olhava de forma bastante séria, ele estava totalmente confuso por vê-la ali ao lado dele. Como poderia ser? Ela não tinha saído da ilha? Ele só podia estar delirando! Jack queria raciocinar, porém a sua fraqueza impedia qualquer julgamento decente. Suas pálpebras pesaram e ele caiu novamente em sono profundo.


De manhã cedo...

-Não foi sonho, Hurley, eu vi! Jack acordou! Ele olhou para mim e murmurou o meu nome!

-Kate, querida, não acha que foi por conta do stress? Você tem passado dia e noite ao lado dele, mal dorme, não descansa direito, está debilitada...

-Tenho certeza, Rose, não foi uma miragem da minha cabeça, eu vi!

-Essa ilha nos faz ver cada coisa...Já vi a minha mãe quando eu era pequeno, minha filha Alex... – Ben comentava enquanto descascava uma banana.

Todos olhavam Kate com pena, ninguém acreditava nela. A sardenta se afastou do grupo, caminhando para longe, tentando espairecer a cabeça. Estava furiosa. Ela sabia o que tinha visto. Não foi um sonho, foi verdade! Resolveu andar até o riacho, estava se sentindo um caco, precisava de um banho para clarear as ideias. Depois de xingar em voz alta para si mesma, ela caiu no choro. Kate se permitiu chorar intensamente, pelo menos ali estava sozinha e podia se entregar a fragilidade que tanto escondia. Será que eles estavam com a razão? Teria sido fruto da imaginação dela?


Bernard foi dar uma olhada em Jack. Ele não estava com febre, o que já era um bom sinal. Levantou a camiseta do doutor para examinar o corte quando sentiu que ele se mexeu.

-Jack?

Vagarosamente ele abriu os olhos, para a surpresa de Bernard, que gritou:

-Rose! Rose! É verdade! Ele acordou!

A mulher veio correndo para o aposento, olhando pasma para Jack.

-Santo Deus!

-Ele ainda está muito fraco, precisamos fazer com que se alimente.

Bernard apanhou uma caneca de água e tentou lentamente fazer com que Jack bebesse. Ele engasgou com o líquido, Bernard esperou um instante e forçou-lhe mais um gole.

-Isso rapaz, devagar. Calma, você vai conseguir.

Jack bebeu um pouco d’água e voltou a dormir. Mesmo assim, Bernard ficou satisfeito com o resultado. A cada vez que ele acordasse, iriam tentar fazê-lo beber ou comer alguma coisa. Várias horas se passaram antes que Jack voltasse a abrir os olhos. Desmond e Ben decidiram ir até o local onde Kate tinha abandonado o barco para avaliar o estado do mesmo. Hurley continuava na cabana junto com o grupo. Queria certificar-se de que o quadro clínico de Jack estava estável.


Quando o doutor acordou de novo, Kate conseguiu lhe dar algumas colheres de sopa. O olho dele agora não parecia tão fundo, o rosto apresentava cor, os lábios ainda estavam esbranquiçados, mas aos poucos ele se recuperava. O fato de estar bebendo razoavelmente água e se alimentando – embora em um ritmo lento – estava fortalecendo o seu organismo.


Nos dias que se seguiram, o grupo se revezava com os cuidados de Jack, até que certo dia, no turno de Hurley, em um esforço teimoso, Jack concentrou toda a sua energia para falar:

-Hurley...me explica...o que aconteceu? Eu...nós...estamos mortos?

-Não Jack, todos estamos vivos, inclusive você. Está certo que quase morreu, mas cara, eu consegui te salvar.

-Como?

-Eu sou o novo Jacob, ora essa! Até parece que nunca esteve na ilha! Já vi tanta coisa acontecer por aqui que sinceramente nada me surpreende. Jack, viajamos no tempo, você explodiu uma bomba, esse lugar quase foi pelos ares, aquele monstro habitou o corpo de Locke...olha só quanta loucura e estamos vivos! Cara, eu apenas toquei o seu ferimento.

Jack olhava incrédulo para o amigo. As lembranças dos últimos acontecimentos na ilha iam e vinham, mas ainda estavam embaralhados em sua mente. Então ele se lembrou do que realmente queria perguntar.

-Espere...Kate...Ela...eu pedi para ela ir embora da ilha com Claire.

As recordações daquele dia agora o atingiam em cheio. Jack continuou pausadamente:

-Onde estão os nossos amigos, Sawyer, Claire?

-Saíram da ilha. Todos foram embora naquele avião do Lapidus, menos a Kate. Ela quis ficar.

Jack ficou nervoso e o fato de não poder sair da cama o deixava ainda mais irritado.

-Como assim, ela desistiu de partir?

Tudo o que ele tinha feito foi para salvar a ilha, os amigos, o mundo talvez, mas principalmente, para salvá-la. Deitado no chão do bambuzal, ele sorriu ao ver o avião e pensou que ela estivesse lá dentro, por isso respirou aliviado, poderia morrer em paz, tinha salvado o amor de sua vida. E agora ele tomou conhecimento de que ela estava ali, na ilha?

-Cadê a Kate?

-Acalme-se, Jack, vou chamá-la.

Hurley correu para chamar a sardenta. Uma coisa era certa, Jack estava mesmo se recuperando, visto que já até retomara a sua preocupação costumeira e a mania de querer saber de tudo.

-Jack? Hei, o que foi? Você está bem?

Kate sentou-se ao seu lado, acariciando-lhe cuidadosamente o rosto.

-Por que, Kate? Por que fez isso? Eu te pedi para entrar naquele avião...

-Eu tentei, Jack. Eu juro. Mas na última hora, quando olhei ao redor e não vi você ao meu lado, simplesmente não consegui. Não iria sair sem você. Não queria te deixar, queria estar contigo sempre. Sei que você me pediu, eu sei. Você sabe que quando eu não concordo com as suas decisões, acabo fazendo da minha maneira! Resolvi seguir o meu coração, como sempre faço. E meu coração está com você, te pertence.


Jack ouvia tudo com atenção, querendo argumentar, desejando dar uma bronca nela por ser teimosa desse jeito. Mas afinal, era isso mesmo que o deixava fascinado por ela, essa força que ela tinha, essa gana de lutar pelo o que acreditava, sem muitas vezes pensar nas conseqüências. Jack queria falar, porém o seu corpo não permitia se exceder. Preferiu poupar as energias, mas assim que estivesse recuperado, iria voltar ao assunto e tentaria de qualquer maneira convencê-la a sair da ilha.


Continua...

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