segunda-feira, 6 de junho de 2011

Fic: Her heart was in the right place - Cap 3

Capítulo 3



-Falta muito para chegar, cara?

-Que nada, brother, mais alguns metros e então estaremos lá.

Hurley estava com a camiseta molhada de suor de tanto caminhar enquanto conversava com Desmond.

-E eu que pensei que ser o novo Jacob me privasse de certos desconfortos humanos...

Hugo resmungava enquanto tomava um longo gole d’água, aproveitando para se sentar em uma pedra por uns instantes antes de prosseguir juntamente com Ben e Desmond no percurso. Os três seguiram viagem e não demorou até que um cão corresse na direção deles e os cheirasse:

-Vincent, tudo bem amigão?

Des acariciou o cachorro, desvencilhando-se dele para bater palmas diante do casebre.

-Rose! Bernard!

Ao ouvir o chamado, a senhora morena abriu a porta.

-Desmond!

Rose veio em seu encontro, abraçando-o.

-Que bom que está vivo! Da última vez que nos vimos, você estava na companhia daquela coisa.

-Pois foi justamente por isso que resolvi dar uma passada aqui, para avisar vocês dois que estou bem. A propósito, aquela coisa se foi para sempre.

-Como?

-Não sei te explicar exatamente porque eu estava desacordado nesta hora, o Hurley e o Ben podem te contar melhor.

Hugo e Ben se aproximaram, Rose abriu um sorriso ao rever o amigo querido e quanto a Ben, apenas o encarou de forma desconfiada.

-Por um acaso aqueles tremores tiveram a ver com a morte do Locke?

-É uma longa história, Rose. Kate matou o Locke, porém ele golpeou o Jack com uma facada. O pessoal saiu da ilha, mas o Jack foi colocar de volta no lugar uma rolha que o Des tinha tirado e que provocava aqueles abalos. Ele...ele nos salvou e...

Hurley tinha os olhos cheios de lágrimas ao se lembrar do ato heróico do amigo. A “morte” de Jack ainda era muito recente e Hugo não tinha absorvido ou mesmo se conformado com a perda.

-Ele...você sabe...

Hurley abaixou a cabeça com pesar.

-Não, não sei. Tudo o que sei é que ele não morreu, ainda, mas está prestes a acontecer, infelizmente.

-O que?

-Jack. Nós o achamos.

-O que quer dizer Rose? Mas como, onde vocês o encontraram? – Ben tinha os olhos mais arregalados que de costume.

-Nós o encontramos na região dos bambus. Na verdade, Vincent o achou e nos levou até lá.

-Espere aí...quer dizer que ele está vivo?

-Sim, Hurley, ele está aqui conosco.

O olhar dele se encheu de esperança, mas antes que pudesse comemorar, Bernard apareceu na porta e saiu para cumprimentar os três, com uma expressão tensa.

-Algum problema, querido?

-Ele está mal, muito mal. Não sei mais o que fazer, Rose. Kate está cuidando dele, mas a infecção é evidente.

-Eu ouvi bem, “Kate”? – Hurley questionou surpreso.

-Eles não tinham ido embora da ilha? – Desmond franzia a testa.

-Todos foram, mas ela resolveu ficar. – Bernard esclareceu.

-Surpreendente. – Ben disse de maneira enfática.

Hurley decidiu entrar na cabana, tinha que rever o amigo com os próprios olhos para acreditar.

-Kate?

-Hei Hurley.

Kate levantou-se para abraçar o amigo. Estava com uma aparência esgotada, mais branca que nunca e as olheiras denotavam uma pessoa que mal dormira nas noites anteriores, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar.

-Hurley, estamos fazendo de tudo para salvá-lo, mas ele piorou...

Hurley correspondia o abraço da amiga, afagando-lhe as costas na tentativa de consolá-la. Depois, ele sentou-se ao lado do corpo de Jack. Hurley contemplava o doutor de forma pensativa. Após minutos hesitando, colocou as mãos sobre o ferimento de Jack.

-O que você está fazendo? – Kate prontamente perguntou, preocupada.

-Estou tentando uma coisa.

-Que coisa?

Hurley fez sinal para que ela ficasse quieta. Ele nada mais disse, mergulhando em um silêncio profundo, totalmente concentrado. Após ter lavado as mãos, tocou as feridas de Jack por um momento considerável, então apanhou um copo de água e o segurou com as duas mãos por mais uns instantes, até que pediu para que Kate segurasse a cabeça do doutor para que ela tentasse fazê-lo beber um gole. Por incrível que pareça, Jack aparentou ter engolido, desmaiando logo em seguida, caindo em um sono sereno. Hurley bebeu o restante da água do mesmo copo, ficando com os olhos fechados.

Ele se levantou e apertou o ombro de Kate, se afastando. Não entendendo nada, ela foi atrás dele.

-Espere, Hurley, o que você fez?

-Na verdade, Kate, nem eu mesmo sei o que fiz, apenas me veio essa idéia no pensamento e resolvi tentar. Ainda sou novato nesse cargo, não domino minhas habilidades.

Kate imaginou que ele deveria estar se referindo ao cargo de protetor da ilha.

-Ah sei...Você então é o novo Jacob?

-Sou. Jack me nomeou antes de...

-Sim, entendo.

Kate voltou a olhar para Jack. Chegou mais perto e podia sentir que respirava, ainda estava vivo.

-Seja lá o que você tenha feito, obrigada.

-Cara, nem sei se vai dar certo, mas espero que sim.

A noite veio e todos estavam ao redor da fogueira. Jack ainda dormia, Kate permanecia ao seu lado, irredutível. Desmond conversava com Bernard a respeito de seus planos para tentar sair da ilha, Rose contou sobre o barco de Locke que Kate tinha usado e ele se animou com a possibilidade de utilizar o meio de transporte futuramente para conseguir o seu intento. Acrescentou que esperaria até saber o estado de saúde de Jack, quem sabe o doutor melhorasse um pouco para ao menos resistir a uma viagem de regresso?

As horas correram e os homens se ajeitaram lá fora mesmo para dormir. Dentro da cabana, Kate dormia com a cabeça debruçada em seu braço esquerdo, enquanto sua mão direita segurava a mão de Jack. Tudo estava silencioso, exceto pelo canto das cigarras na floresta ao fundo. Então, aconteceu algo inesperado: Jack abriu os olhos. Ele tinha uma visão borrada, estreitou os olhos para tentar instintivamente enxergar melhor. Jack avistava o teto da cabana e sua mente estava confusa. A última imagem que se recordava era do avião saindo da ilha. Jurava que tinha morrido, mas agora, onde ele estava? Que lugar era esse? A dor ainda estava lá, na lateral de seu corpo, mas estranhamente não era tão insuportável como naquela hora em que ele caiu no chão do bambuzal. Mesmo assim, ele temia se mexer, com medo de piorar o seu estado crítico.

Como médico sabia que era impossível ter sobrevivido, o corte fora muito intenso e ele havia perdido muito sangue. Mas então, como explicar o fato de ainda estar vivo? Jack se deu conta de que alguma coisa prendia a sua mão. Ao balançá-la, ouviu um murmúrio. Instantaneamente olhou para baixo e viu que alguém segurava a sua mão e apesar da escuridão, ele pôde reconhecer aquele emaranhado de cachos que desciam em cascata sobre a pele do braço. Era ela? Kate? Tomado pelo susto, Jack mexeu novamente a mão e na mesma hora, Kate levantou abruptamente a cabeça, arregalando os olhos verdes ao notar que ele havia finalmente acordado.

-J-Jack? Oh meu Deus!


Continua...

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