Capítulo 6
Tinha sido uma longa jornada. Kate insistiu para que Jack fosse devagar, tinha receio de que o grande esforço da caminhada até a vila prejudicasse a sua recuperação. Ela o checava a cada meia hora, de olho na região lateral do corpo dele, temendo que os pontos recém cicatrizados se abrissem ou infeccionassem. Jack era teimoso e Kate custava em convencê-lo a darem pausas durante o percurso. Horas depois, alcançaram o seu destino. Hurley, Ben e Desmond os recepcionaram, dando-lhes as boas vindas. Jack e Kate escolheram uma das casas que estavam em boas condições para ser o seu novo lar.
Após limparem a casa e ajeitarem alguns móveis bagunçados, eles estavam cansados. Sempre disposto a ajudar, Jack tinha feito mais que deveria e, bastante relutante, resolveu enfim ceder às broncas de Kate, que implorava para ele repousar.
-Eu estou bem, Kate, não se preocupe.
Kate o fitava com uma expressão ranzinza, com as mãos na cintura.
-É melhor não abusar da sorte. Você tem ideia de como me deixa apreensiva? Primeiro a nossa extensa caminhada pela trilha até chegarmos aqui e agora, desde que estamos na nossa nova casa, você não para!
-Ok, ok, você venceu.
Jack foi deitar-se um pouco, quem sabe tiraria um cochilo que lhe fizesse recobrar a energia?
Depois que as coisas estavam em ordem, Kate decidiu tomar um banho. Ao sentir a água do chuveiro cair sobre o seu corpo, ela fechou os olhos e procurou relaxar. Parecia um santuário, tudo tão quieto, calmo. Por um momento, ela resolveu não pensar nos problemas que estava prestes a enfrentar. Quando estava quase terminando, ouviu o barulho da porta do banheiro se abrindo. “Estava demorando”, pensou. Jack abriu o box com um sorriso no rosto.
-Hei.
-Hei.
Ela sorriu de volta e disse:
-Velhos hábitos.
-O que?
-Você e eu...no banho.
Jack se aproximou, buscando espaço embaixo do chuveiro.
-Hum, a água está boa.
Jack se molhou e então ficou parado alguns segundos ao ver o corpo dela despido diante dele e tão perto. Kate ficou ruborizada ao sentir o olhar de cobiça de Jack pairando sobre ela e quando os seus olhares se cruzaram, ele a puxou para si, beijando-a calorosamente.
Seus corpos estavam colados, Jack a abraçava pela cintura, ao passo que a água do chuveiro escorria sobre a pele deles. Então, as mãos dele começaram a deslizar pela lateral do corpo de Kate, até chegarem a locais estratégicos que despertaram a chama da paixão em seu íntimo. Jack ansiava por ela, Kate também estava louca para entregar-se para ele, mas resolveu impedi-lo por hora.
-Jack...
-Huh...
-Acho melhor eu te deixar terminar o seu banho. Podemos continuar mais tarde, o seu estado de saúde ainda não é estável o suficiente para fazermos certas brincadeiras como essa aqui no chuveiro.
Antes que ele pudesse protestar, ela rapidamente se desvencilhou de seus braços e de seus beijos, saindo do box e sorrindo como uma garota travessa, apanhando a toalha e enrolando no corpo.
Kate foi para o quarto, ela penteava os cabelos e mal esperava o momento em que Jack aparecesse na porta, o que não demorou muito para ocorrer. Com a toalha amarrada na cintura, Jack surgiu e a abraçou carinhosamente por trás. Em seguida, afastou os cabelos de Kate e deu beijos em seu pescoço que a fizeram suspirar por antecipação.
Ela imediatamente virou-se, ficando de frente para ele. Kate o olhava de um jeito ao mesmo tempo sedutor e ingênuo, Jack dispôs as grandes mãos em seu rosto, beijando a boca dela delicadamente. Enquanto ele a beijava, as mãos apressadas de Kate desceram e foram parar na cintura dele, fazendo o trabalho rápido de soltar furtivamente a sua toalha.
Ao sentir as mãos suaves de Kate tocando a sua área sensível, Jack quebrou o beijo e a olhou de maneira inquieta, louco pelo seu corpo. Kate o empurrou lentamente para a cama, Jack deitou-se nu sem deixar de olhar para ela. Kate parecia hipnotiza-lo; sentindo o olhar dele deleitando-se de vontade, ela retirou a própria toalha, despindo-se completamente diante dele, sem quebrar o contato visual. Os olhos de Jack percorriam o seu corpo dos pés a cabeça, Kate foi para a cama, ficando por cima dele.
-Como você não pode se mexer direito, vai ter que me deixar no comando.
Kate mordia os lábios, sorrindo para ele enquanto as mãos dela alisavam o peito de Jack de cima a baixo, em um movimento vagaroso. Jack passava as mãos em suas pernas, que estavam uma de cada lado na lateral do corpo dele. Kate abaixou-se para beijá-lo, as mãos dele foram subindo das pernas para o bumbum, depois deslizaram pelas costas de Kate até se embrenharem pelos seus cabelos. Eles começaram a se acariciar mutuamente, já que ele não podia fazer muito esforço, resolveu recompensar por meio de suas mãos hábeis que, no momento, eram um suporte para os seios de Kate na medida em que estes as preenchiam por inteiro. Os bicos intumescidos se infiltravam por entre os dedos de Jack, enquanto ele apalpava graciosamente as mamas.
Kate esfregava o seu corpo contra o dele e podia sentir que o membro crescia, inchado pela excitação. Ela já estava úmida e resolveu consumar a relação.
Kate se mexia com cuidado, procurando não exagerar porque Jack teoricamente nem deveria estar fazendo tal esforço, mas eles não mais se aguentavam, estavam ávidos um pelo outro e nunca poderiam imaginar que teriam a chance de fazerem amor novamente. Jack a segurava pelos quadris, apertando sua pele com a ponta dos dedos enquanto ela acelerava os movimentos, intercalando gemidos e suspiros ao senti-lo por inteiro dentro dela. Alcançaram o êxtase simultaneamente, assim que ela atingiu o ápice, ele liberou o gozo.
Em seguida, deitaram-se aninhados, suados, cansados e encharcados por conta do tesão e prazer que acabaram de vivenciar. O amor que sentiam um pelo outro era tão forte que eles continuavam a trocar beijos carinhosos, interrompidos apenas pela respiração entrecortada de ambos.
Duas semanas se passaram, Jack e Kate pareciam um casal em lua de mel. Eles já tinham vivido juntos fora da ilha, mas era uma situação diferente, havia Aaron por perto. Agora, praticamente sozinhos dentre quatro paredes, podiam namorar sossegados sem correrem o risco de serem flagrados pelo garoto. Mas essa intimidade ocorria quando estavam em casa, pois diante dos amigos, se comportavam de forma discreta e um tanto tímida, tanto ela como ele eram pessoas reservadas e não gostavam de expor os sentimentos em público. Mesmo assim, vez ou outra, Hurley como quem não quer nada procurava caçoar com o casal, era o seu jeito latino e caloroso de ser, Jack nem ficava bravo por certas indiscrições do amigo, apenas sorria meio desconcertado perante os seus comentários.
Kate estava feliz, embora estivesse cada vez mais difícil esconder a sua condição de Jack. Ela ainda não tinha tido coragem de contar para ele, apesar de que a cada dia que passava, tinha mais certeza de que realmente estava grávida. Ela procurava acordar antes que ele, pois os enjoos ocorriam pela manhã. Saía de mansinho da cama e às vezes ia caminhar, procurando aliviar o mal-estar.
Após conviver com Kate durante um bom tempo, Jack começou a desconfiar que alguma coisa estava acontecendo com ela. Ele tinha a impressão de que ela estava abatida, mas talvez fossem saudades de Aaron. Certo dia, Kate estava muito quieta e Jack resolveu questionar, quando ela estava lavando a louça:
-Kate?
-Sim?
-Você está bem?
Ela estranhou a pergunta, Jack a olhava de maneira preocupada, com a testa franzida.
-Claro que estou bem, por quê?
-Não sei, estou te achando um pouco triste. Ontem à noite, quando estávamos na casa do Des, notei que você ficou bastante interessada com a conversa dele sobre sair da ilha. Kate, você...você se arrepende de ter ficado?
Kate parou o que estava fazendo e olhou diretamente em seus olhos inseguros.
-Eu fiquei por você. Jack, já te disse, eu segui o meu coração. Jamais conseguiria estar em um lugar onde você não estivesse.
Ao ouvir as palavras ditas por ela com tanta convicção, Jack a abraçou com ternura; enquanto Kate afundava o rosto em seu peito, ele deu um suave beijo no topo de sua cabeça. Kate estava angustiada por dentro, a gravidez a deixava tão sensível que ela estava quase chorando nos braços dele.
-Se você quiser me dizer alguma coisa, Kate, pode me contar, estou aqui, ok?
-Ok.
Kate se permitiu ficar por mais uns segundos envolvida por ele, o calor do corpo de Jack aquecia o seu coração aflito. Porém, não sentia que era a hora de lhe falar a verdade.
Mais duas semanas correram e estava torando-se impossível para Kate esconder o segredo. O jeans começava a ficar bem justo na cintura, indicando que ela havia engordado um pouco. Jack estava a cada dia mais desconfiado por causa dos sumiços matutinos ou mesmo quando ela saía repentinamente da sala para ir ao banheiro e se demorava a voltar.
Certo dia, após o almoço, Jack iniciou um assunto delicado.
-Kate, estamos vivendo bem aqui na ilha, não estamos?
-Sim, estamos, por quê?
-É que...Você sabe que o Des vai partir nestes dias, não é? Então, estava pensando...naquele dia terrível em que matamos aquela coisa, antes de eu interromper o que fazia com que a ilha tremesse, eu passei o cargo de protetor da ilha para o Hurley.
-Eu sei, ele me disse.
Kate não estava entendendo aonde ele queria chegar com aquela conversa.
-O Hurley me falou que aceitaria o cargo, mas depois que eu fizesse o que tinha que ser feito, ele me entregaria de volta a função. E agora que estou recuperado, acho justo livrar o Hurley desse fardo. Ele não queria fazer isso, ao passo que eu aceitei, eu me ofereci quando o Jacob nos solicitou.
-Espere um pouco...Você...você vai pegar mesmo o cargo novamente?
Jack meneou a cabeça afirmativamente.
-Estou pensando em fazer essa proposta para o Hurley, assim quando o Des for embora, ele vai junto, não precisa ficar aqui cumprindo uma obrigação forçada.
Kate o olhava de forma indignada. Ela tinha esperanças de que ele ao menos cogitasse a possibilidade de sair daquele lugar, agora que já tinha feito mais que deveria pela ilha. Kate não dizia que esperava essa atitude por parte dele porque não queria pressioná-lo. Realmente ele havia mudado, não era mais aquele Jack disposto a lutar bravamente para sair da ilha e isso a decepcionou de tal maneira que ela começou a ficar extremamente nervosa com a decisão absurda dele. E então, o seu estômago embrulhou completamente, fazendo com que ela não conseguisse evitar sair correndo para vomitar no banheiro. Jack foi atrás dela.
-Kate?
Kate estava passando muito mal, ajoelhada ao lado do vaso sanitário. Depois de vomitar, levantou-se e foi lavar o rosto e enxaguar a boca para se livrar daquele gosto amargo. Jack queria ajuda-la, mas ela se esquivou.
-Hei, Kate, o que você está sentindo? Fale para mim, você está agindo de maneira estranha há alguns dias...
-Já sei, você está me examinando, é isso?
Kate falou de forma ríspida, com os hormônios à flor da pele.
-Ok, você venceu, quer saber a verdade, Jack?
-Kate, o que está acontecendo?
-Eu estou grávida.
Jack ficou branco, estático, olhou para baixo tentando captar o que ela acabara de lhe contar. Instintivamente, deu alguns passos e levantou o braço, colocando a mão na testa e depois a passando pela cabeça, um gesto que sempre fazia quando estava bastante nervoso.
-Antes que me pergunte, tenho quase certeza, estou com todos os sintomas possíveis, enjoo, tontura, estou atrasada...Sim, o bebê é seu e o concebemos fora da ilha quando dormimos juntos um dia antes de voltarmos para esse lugar horrível!
-Por que não me contou antes? No outro dia, eu te perguntei se estava tudo bem, você não me disse nada! Pelo contrário, disse que estava ok. Pensei que estivesse feliz aqui na ilha.
-Eu disse que só estou aqui por sua causa!
-Kate...você...você precisa ir embora. Aaron nasceu com vida porque não foi concebido neste lugar, teoricamente você estaria a salvo, mas acho que não devemos arriscar. Vou falar com o Desmond para que você possa partir.
-Espere um pouco. Você disse que “eu” devo partir e não “nós” devemos partir. Jack, o que isso significa? Você vem comigo, não vem?
Diante do olhar confuso e da demora dele, Kate não deixou que ele respondesse, ela presumiu sua intenção:
-Não posso acreditar nisso!
-Kate...
Ela nem quis olhar para a cara dele, a raiva fazia suas veias fervilharem, o seu rosto estava vermelho de ódio. Imediatamente, Kate saiu furiosa de casa, batendo a porta com tudo. Jack foi atrás, mas parou na varanda da entrada e a deixou escapar. No fundo, ele precisava de um tempo para pensar e absorver o que ela tinha lhe contado. Hurley apareceu nesta hora.
-Nossa, ela está brava, o que aconteceu, cara? Vocês brigaram?
-Hei Hurley.
Jack entrou de volta em casa e Hurley o acompanhou. Assim que estavam na sala de estar, Jack questionou Hugo com uma expressão preocupada:
-Hurley, o Des vai partir amanhã?
-Provavelmente, está tudo pronto. Ben conseguiu contatar uns conhecidos dele fora da ilha por um rádio que eles consertaram em uma das estações aqui da ilha; Des vai com o barco de Locke até certo ponto, o combustível é pouco e não vai dar conta de seguir todas as coordenadas e passar pela área turbulenta antes de sair do perímetro da ilha. Então, vai com esse barco até a metade do caminho e de lá, vai aguardar o amigo do Ben que vai aparecer, assim espero, com outro barco para resgatá-lo. Mas por que me pergunta?
-Kate...ela precisa ir...Você acha seguro?
-Não sei dizer, mas é a única maneira que encontramos por enquanto de sair da ilha. Se o Des e o Ben conseguirem, eles prometeram arranjar um submarino tipo aquele do Widmore, para que não tenhamos que ficar totalmente isolados por aqui. Mas hei, espere um pouco, você disse que a Kate tem que sair? Por quê? A briga de vocês foi tão feia a esse ponto?
-Não Hurley, não é isso...É que...
Jack se sentou, passando as duas mãos na cabeça, enquanto a mantinha abaixada.
-Kate...Kate está grávida.
Após alguns segundos de silêncio, Hurley suspirou:
-Wow...Então...acho que devo te dar os parabéns.
Jack o olhou de maneira séria e relatou o que aconteceu.
-Agora de manhã, eu estava conversando com Kate sobre...você se lembra, Hurley, daquele dia, antes de eu descer na fonte e colocar de volta a rolha que o Des retirou? Você me disse que pegaria temporariamente o cargo de protetor da ilha, mas que assim que eu estivesse de volta, você me devolveria? Pois é, estava dizendo para Kate que talvez eu devesse te livrar do encargo, assim você poderia voltar para casa. Kate ficou histérica e foi aí que discutimos e ela me contou sobre a gravidez. Eu disse que ela teria que sair da ilha, mas hesitei na hora em que ela me perguntou se eu iria junto.
-Espere um pouco...e você não vai?
-Sinceramente? Eu não sei, Hurley, da outra vez que saí da ilha, as coisas deram tudo errado, o que me fez crer que não era para eu ter saído. Perdi tudo lá fora, o meu emprego no hospital, a Kate...Eu fiquei arruinado, sem vontade de viver. E se acontecer de novo? Eu dei a minha palavra a Jacob, deveria cuidar da ilha.
-Jack, você já fez tudo o que podia pela ilha, inclusive se sacrificou a ponto de morrer por ela. Você já fez a sua parte, já pagou a sua dívida. Além do mais, quem te disse que vou te dar o cargo de volta? Cara, esse lance de ter poder é incrível, eu nunca tive nada de especial na vida e agora que eu tenho, não gostaria de abrir mão disso. Por um acaso, já viu alguém querer perder o poder depois que aprende a treinar as habilidades? Peter Parker depois de ser o Homem-Aranha não voltou a ser somente um nerd qualquer...
-Hurley, estou falando sério, não acha que é muito peso para carregar?
-Eu acho que é você que está fugindo. Está com muito medo, Jack. Olha, você chegou a conhecer o meu pai em LA, não foi? Já te contei que ele sumiu quando eu era pequeno e só voltou depois que eu fiquei com uma boa situação financeira?
-Não, eu não sabia.
-Todo o mundo me perguntava por que eu tinha o aceitado de novo em minha vida, depois de ele ter me abandonado por anos. No começo, claro que fiquei revoltado com ele, mas depois...Jack, tudo o que quis na vida era que ele estivesse ali, ao meu lado. Toda criança precisa de um pai, obviamente muitas crescem sem conhecer um, mas faz falta, lá no fundo, um pai é importante.
-Eu sei disso, eu também cresci sem meu pai por perto. Quer dizer, ele estava lá, mas não dava a mínima para mim, então era como se não estivesse.
Jack falava com ressentimento, lembrando-se de todo o sofrimento que passou em sua complicada relação com Christian.
-Então, cara, você quer que seu filho passe pelo mesmo problema, assim como você, como eu? Lembra-se daquele dia em que estávamos indo ao farol? Eu te disse que achava que você seria um bom pai e é o que realmente acho, de verdade. Além disso, a Kate te ama! Ela não quis ir embora com os nossos amigos por sua causa. Ela voltou por você, abrindo mão de ser salva, ficando nesta ilha e correndo o risco de te perder para a morte. E em todos os seus planos malucos nesta ilha e fora dela, Kate sempre esteve ao seu lado.
As palavras de Hurley atingiram Jack profundamente. O que ele dissera era pura verdade, tanto sobre a criança crescer sem um pai como pelo fato de que Kate sempre esteve ao seu lado, o apoiando. Agora ela precisava dele e o que ele fizera?
-Tem razão, Hurley, tem toda razão. Confesso que estou com medo, tenho pavor de sair da ilha e perder de novo, não vou suportar isso, mas por outro lado, agora pode ser diferente. Não vai haver aquela culpa pairando sobre nós como uma sombra negra. Não estaremos mais mentindo enquanto nossos amigos estão sofrendo. Tenho que tentar pelo menos, não é mesmo?
Mais do que depressa, Jack saiu pela selva à procura de Kate. Em um único dia, suas certezas caíram por terra, sua vida iria mudar radicalmente e mais uma vez, ele cometeria a loucura de deixar esse lugar. Mas desta vez, partiria pelos motivos certos.
Jack a procurava por todos os cantos e como ele não era muito bom em seguir rastros, demorou um tempão para achá-la. Kate estava sentada nas pedras do riacho, tão pensativa que não o viu se aproximar.
-Kate!
Ela se assustou ao ouvir o seu nome, mas reconhecendo a voz dele, nem fez questão de se virar.
-Kate, desculpe-me. Eu fui um idiota naquela hora. É que... você me pegou desprevenido, foi muita informação para digerir ao mesmo tempo. Ok, isso não muda o fato de eu ter agido como um imbecil.
Jack chegou mais perto, agachando-se ao seu lado. Kate continuava olhando para frente, com uma cara enfezada. Jack continuou a se justificar.
-Você tem razão, temos que sair da ilha, nós dois.
-Não quero que você venha comigo forçado. Se você acha que o seu destino está na ilha, então fique. Jack, estou tão cansada, talvez não seja para ser, nós dois, são tantos obstáculos, tanta luta para ficarmos juntos, tanto empecilho... já deu o que tinha que dar, eu cansei.
-Kate, por favor, me escute! Desde que nos conhecemos, você sempre esteve comigo, me apoiando em todas as decisões, mesmo naquelas em que você não concordava. Agora é a minha vez.
-Jack, não quero que faça algo que se arrependa mais tarde. Não quero que no futuro, quando possivelmente estivermos brigando por algum motivo, você jogue na minha cara que não era para você ter saído da ilha.
-Isso não vai acontecer.
-Como você sabe?
-Porque desta vez é para eu sair da ilha. Vou sair por você, por mim e pelo nosso filho ou filha que está crescendo aí dentro. Se vamos brigar? Com certeza, iremos brigar, assim como todos os casais que existem na face da terra discutem. Não sei, Kate, mas sinto que agora vai ser diferente. E não posso ter certeza se vai dar certo, mas estou disposto a fazer de tudo para que não aconteçam os erros do passado. Kate, me perdoe! Eu fiquei assustado, confesso, tenho muito medo de fracassar de novo, mas desta vez não vamos mais viver com aquela culpa de outrora. Pode dar certo, Kate, vai dar certo! E então?
-Então eu é que te pergunto. Jack, você está comigo nessa?
-Sim.
Ele a olhava de maneira firme, enquanto colocava as suas mãos sobre as dela, assegurando-lhe que estava certo de suas convicções. Kate o olhou com atenção e enfim respondeu:
-Ok, então vamos para a casa.
Continua...
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