quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fic: A verdade está na ilha-Capítulo 4: Cold turkey

Jack estava parado na porta de seu apê. Tinha tomado uma drástica decisão: iria para de beber e de se drogar. Afinal, como poderia voltar à ilha e ajudar a todos naquele estado lastimável? Decidiu que enquanto Ben não o chamasse, iria aproveitar o tempo e “se limpar”. Correu para a cozinha, abriu os armários e retirou uma a uma as garrafas de bebidas e foi jogando todo o seu conteúdo no ralo da pia. O próximo passo foi pegar todas as caixas de Oxycodone e retirar cada comprimido e jogar no triturador do ralo. Jogou também todos os outros remédios mais fortes, deixando apenas alguns comprimidos mais fracos para caso não conseguisse suportar a abstinência.

Jack decidiu que iria se desintoxicar sozinho, trancado em seu apê. Antes até pensou em ir a uma clinica de reabilitação, mas não, não daria certo. Ele conhecia os métodos das clinicas e certamente tentaria fugir de lá, como muitos fazem e tentaria o suicídio. Teimoso como ele é, e mais ainda, orgulhoso, pensou que sim, conseguiria se curar sozinho, pois “que raio de médico era ele que nem poderia curar a si próprio?”, pensou.

Resolveu adotar o método que viciados chamam de “cold turkey”: se limpar totalmente, sem ajuda de remédios, no qual a pessoa fica praticamente em tal abstinência que fica parecendo um peru abatido, azul, pálido. Enquanto jogava as coisas fora, deu um sorriso tenso, estava totalmente apavorado e com muito medo de não conseguir. Colocou até a música do John Lennon (Cold Turkey) a qual fala sobre a dificuldade de passar por um tratamento cruel desses.

Colocou em um quarto materiais “perigosos” como facas, talheres, cinto, tesoura, canetas e demais objetos cortantes e trancou. Deixaria a chave com o porteiro, sabia que uma pessoa abstinente chega a loucura e pode pegar qualquer objeto possível e se matar. Deixaria por perto apenas o básico, alimentos simples, baldes para vomitar, toalhas, colchão, água para não desidratar.

Depois de tudo ajeitado, sentou no colchão. Fez um pensamento intenso, se concentrando. Suas mãos começaram a tremer e com o passar das horas, o tremor foi ficando mais forte. A abstinência começou. Jack sentiu uma forte dor no estômago, vomitou. Suava muito, tomou água. Sentiu muito frio, se enrolou no cobertor. Não conseguia ficar parado, começou a andar de um lado a outro pela sala. Sentia uma euforia e de repente começou a chorar. Lembrou-se da ilha, de que tinha fracassado e decepcionado a todos, principalmente Kate “será que algum dia ela me amou de verdade?” Lembrou-se do seu pai e começou a rir “certamente você fez isso comigo, não é pai? Só porque aconteceu com você, você fracassou, era alcoólatra e agora...olha só para mim!” Jack gritava: “Eu tirei de você o que você mais gostava, a medicina, e por ironia também me tiraram isso, me tiraram do hospital...” Então, voltou a chorar. “Me despulpe pai, você devia estar sentindo muita dor, porque eu sinto, por isso eu bebo cada vez mais, eu não agüento”...

Então deitou. Se contorcia de dor. Suava, vomitava e tinha alucinações. A imagem de Hurley apareceu “a ilha vai nos chamar”, Locke “se você for embora da ilha, Jack, isso vai te consumir por dentro e te destruir até que você resolva voltar”, a mulher no velório de seu pai “o nome da sua irmã era Claire”, Kate “eu fiz um favor para o Sawyer”, “isso não tem nada a ver com a gente”... Estava enlouquecendo e gritou: KAAATEEEE!!!!!!

Aaron estava deitado. Kate o cobria. Ela sorriu para ele.
-Mamãe, ainda não estou com sono.
-Eu sei, querido, mas já é tarde e amanhã você tem escolinha. Prometo que ficarei aqui até você dormir, ok?
-Tá bem, mas...mamãe eu queria que você contasse uma estorinha para mim!
-Aaron, eu já te disse, nada de estórias. Depois você fica todo agitado, cheio de fantasias, alem do que você sabe que não sei contar estórias.
-É, mas o papai sabe...mãe, por que ele ainda não voltou, ele tá demorando...estou com saudades.
Ao olhar o garoto, seus olhos se encheram de lágrimas. Tinha ódio por que Jack havia os deixado daquele jeito e ainda mais porque Aaron ficou apegado a ele.
-Tá bem querido, vou tentar. Que estória você quer?
-Alice no pais das maravilhas. Essa é minha estória favorita. Papai me contava de noite, mas aí ele foi embora...
-Mas eu estou aqui e vou contar para você.
Kate começou a contar a estória, meio sem jeito. Foi interrompida por Aaron:
-Não mamãe, não é assim. Você não sabe contar direito.
-E não sei mesmo! Agora chega, feche os olhos, fique quietinho e durma.
Aquilo tinha a irritado profundamente. Maldita hora que aceitou “brincar de casinha” com Jack. Kate foi dormir furiosa.

Mulder estava fechando as cortinas da sala quando viu um farol de carro piscando. O farol piscou 5 vezes. Olhou para a rua: era Matthew Abbadom. Foi falar com ele:
-Hei, precisamos conversar. Preciso saber quem é você, para quem trabalha?
-Sou apenas seu informante e não estou em um interrogatório do FBI. Não tenho muito tempo, é perigoso. Para achar o paradeiro de William, você precisa entrar em contato com uma pessoa, que certamente poderá levá-lo à ilha onde ele se encontra.
-E quem é essa pessoa?
Matthew deu um envelope a Mulder, entrou no carro e desapareceu.
Mulder entrou em casa e contou a Scully sobre o encontro. Ao abrir o envelope, havia uma foto de uma mulher. Mulder virou a foto e atrás estava escrito um nome: Katherine Anne Austen.

TO BE CONTINUED...

Nenhum comentário: