quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Fic: A verdade está na ilha-Cap 11: William e as crianças da ilha

A noite na ilha corria solta. Kate tentava se desamarrar de forma discreta, disfarçando para que ninguém percebesse.
-O que você pensa que está fazendo, sardenta? É incrível, uma vez bandida, sempre bandida!
-Cala a boca, Sawyer! Não estou fazendo nada!
-Eu vi você tentando tirar a corda, não se faça de boba. Qual é, amarradinho é mais gostoso!
-Escute, Sawyer. Eu preciso que me solte agora! Capturaram Aaron e tenho que achá-lo!
-Mal chegou e já está querendo correr perigo e ir atrás de alguém!
-Não tenho tempo para brincadeiras, por favor!
-Me diz uma coisa sardenta...percebi que você e o doutor não estão muito próximos, o que aconteceu neste tempo todo hein? Pensei que tivesse te perdido para sempre, mas pelo visto...
-Não estamos juntos se é o que você quer saber. Eu o odeio! Ele me fez coisas horríveis, só voltei para a ilha por causa do Aaron.
-Ah se fosse eu que tivesse saído...jamais deixaria você sozinha!
Kate ficou meio sem graça ao ouvir aquilo. Olhou adiante e notou que Jack não tirava os olhos dos dois. Só para provocá-lo, deu um sorriso para Sawyer. Jack ficou furioso, com muito ciúmes. Não agüentaria ver aqueles dois juntos novamente, era demais para seu coração.
-Sawyer, você me deve ajuda, pois lembra-se da promessa que te fiz no helicóptero? Pois é, eu cumpri. Me custou muito, um noivado desfeito! Agora é a sua vez, você me deve um favor.
-Espere aí, noivado? Com quem você ia se casar sardenta?
Ela olhou em direção a Jack, indicando-o com a cabeça. Depois, ficou com olhar triste, cabisbaixa.
-Você e o doutor? Mas que droga, ele sempre tem que me vencer, quem mandou ele te pedir em casamento antes?
Desta vez Kate não sorriu. Esse assunto ainda era muito doloroso para se tornar piada.
-Mas e você, Sawyer? Notei que está bem próximo de Juliet.
-Pois é, somos os novos líderes da comunidade! A gente tem um lance sim, mas Juliet é uma esfinge, sabe? Ela é uma mulher difícil, enigmática, nunca sei o que quer, no que está pensando. Mas não se preocupe, sardenta, agora que você voltou...
-Nem pense nisso Sawyer, não estou com cabeça para nada! Só quero ter meu filho de volta! Então, vai me ajudar?
-Vai ajudá-la a fazer o que? – Juliet apareceu do nada.
-Não é nada não, só estamos botando o papo em dia!
-Sawyer, precisamos conversar.
Juliet e Sawyer se afastaram. Ela tinha uma fisionomia preocupada. Pareciam estar discutindo algo muito sério ao longe. Por um instante, Kate olhou adiante e seu olhar cruzou com o de Jack, amarrado em outro canto. Ela podia dizer que o odiava, mas era da boca para fora. Sentiu um arrepio no corpo inteiro ao sentir o olhar dele.
Mulder percebeu que Scully estava pensativa.
-Hei, Scully! O que foi?
-Essa mulher, essa loira. Não sei, acho que a conheço de algum lugar. Deixe-me ver...
-Será que de algum caso que fomos resolver?
-Não, não. Acho que não teve a ver com o trabalho...Espere! Será que ela é quem estou pensando? Esses olhos grandes azuis, esse rosto...É ela sim! Agora estou reparando mais de perto.
-Scully que suspense é esse? Me fale, de onde conhece ela?
-Se eu não me engano ela também estudava Medicina na mesma faculdade que eu. Era uma aluna brilhante, por isso me lembro. Ela se destacou por causa de suas pesquisas genéticas já desde aquela época! Como era mesmo o nome dela?
-Pelo que ouvi é com J. Julia, Julianne, sei lá.
-Juliet!
Juliet ouviu Scully chamando seu nome e se aproximou.
-Eu conheço você! Eu também sou médica, estudamos na mesma faculdade.
-É mesmo? Não me lembro.
-Sou Dana Scully. Resolvi sair um pouco da medicina para me alistar no FBI.
-Dana Scully...ah sim, acho que ouvi falar em você. A médica que se tornou agente especial. Agora me lembro!
-Li em revistas científicas maravilhas sobre seu trabalho com genética. Mas me diga, o que a trouxe até aqui?
O semblante de Juliet se fechou. Ela relatou o seu propósito na ilha como médica de fertilidade e também sobre o estranho fato de que as mulheres não conseguiam dar a luz naquele lugar. Scully e Mulder ficaram intrigados com tal fenômeno. Então, Juliet soltou Scully e Jack. A loira pediu que os dois a seguissem em uma barraca distante.
-A situação é a seguinte. Resolvi soltar os dois porque preciso de ajuda médica urgente!
-O que está acontecendo, Juliet? – perguntou Jack preocupado.
Juliet explicou que durante esses anos que se passaram, muitos morreram de forma inexplicada. Grande parte do povoado ficou doente de repente, ela fez o que pôde mas eram só ela e Bernard de médicos ali e não puderam cuidar de casos mais complicados. As doenças não tinham um padrão, havia pessoas com febre alta, outros com dor crônica, outros com câncer, enfim, uma variedade grande de doenças. Não era água nem alimento contaminados. As pessoas simplesmente adoeciam. Agora com a presença de mais dois médicos na ilha, talvez conseguissem tratar mais gente. Scully e Jack combinaram de dividir grupos de pacientes, iriam verificar cada caso e depois decidiriam quais eram de maior gravidade, qual tratamento dariam, etc.
Depois de ter examinado algumas pessoas, Jack adentrou uma tenda e quase caiu de costas quando viu o paciente:
-Jin?
Sim, era ele, o coreano não estava morto. Jack sorriu com lágrimas nos olhos, porém a situação não era muito animadora: Jin estava muito doente. Estava com febre, fraco, totalmente debilitado e o pior, tinha um tumor. Jack imediatamente pegou todos os exames que Juliet tinha feito em Jin, na estação médica e ficou estudando. Tinha decidido que o coreano seria sua prioridade, um meio de se livrar da culpa por ter ido embora naquele fatídico dia. Jack foi correndo falar com Sun, que não acreditou no que ouvira. Jin estava desacordado, porém mesmo assim a coreana passou as mãos em seu rosto e prometeu que não iria sair dali nunca mais, iria lutar até o fim para cuidar dele. Ainda olhava para Jack com ódio, pois se tivessem levado Jin com eles no helicóptero, ele jamais teria ficado doente e sozinho daquele jeito. Jack prometeu a Sun que faria o possível e o impossível para salvá-lo.
-Salvá-lo? Talvez seja muito tarde para isso! Você praticamente o matou naquele dia!
Jack sentiu aquelas palavras de Sun como se fossem agulhadas. Agora mais do que nunca ficaria obcecado em curar o paciente.
Enquanto isso, em um outro lugar na ilha...
-E então, ele já disse alguma coisa?
-Nada! Permanece imóvel, quieto no seu canto.
-Tem certeza que é esse o garoto? Faz alguns dias que ele chegou e não houve progresso algum.
-Temos que ter calma! É só darmos um tempo para ele. Uma hora ele demonstrará seu potencial.
Richard e um outro saíram da sala. Dentro dela, um menino assustado se espremia perto da parede, agachado em um cantinho. Era William. Seus grandes olhos azuis se arregalaram ao ver os dois homens se distanciarem no corredor.
Ele estava vivendo em uma propriedade um tanto isolada, com seus pais adotivos. Tinha certeza que ali não era seu lugar; apesar da pouca idade era bastante adulto e esperto além da média. Certo dia, um homem veio lhe visitar. Ele dizia que tinha uma escola especial, voltada para crianças que apresentavam QI diferente da maioria, ou seja, quase superdotados. Na escola, as crianças iriam aproveitar melhor o seu potencial. Esse homem era Richard Alpert e assim como fizera com Locke, fez também testes com William. Porém, o garoto percebeu que ele mentia, que algo muito nebulosos estava por trás de sua proposta. E por isso, fez os testes errados de propósito.
Richard achou estranho ao ver os resultados, havia pesquisado bem o perfil de William e tinha certeza que ele era um “escolhido”. Ao cair da noite, William sentiu um clarão vindo de sua janela. Foi verificar e ouviu uns sons esquisitos, pareciam cochichos. Corajoso, desceu as escadas e abriu a porta da sala. Continuou ouvindo os sussurros mais altos e foi seguindo o ruído. Olhou ao redor, não viu nada. Sentiu uma picada na perna, quando olhou para baixo para verificar, desmaiou. Acordou em uma sala fechada, de quando em quando vinham pessoas estranhas aplicar testes, os quais ele fazia questão de driblar, fazendo tudo errado.
Naquela manhã, os corredores estavam agitados, um corre-corre de gente. William só observava da janelinha da porta de sua “cela”. Sabia que algo muito perigoso era feito com crianças, pois dias depois de sua chegada, “conversou” com uma outra garota da “cela” ao lado, porém no dia seguinte, ela foi levada para uns testes em uma sala barulhenta. Quando retornou, não reconheceu William. Ele estava apavorado, sabia que mexiam com a cabeça das crianças de modo que elas pareciam outra pessoa depois, bem mais dóceis e sem memória. Isso havia acontecido também com todas as crianças da parte traseira do avião da Oceanic. Elas foram capturadas pelos outros e tempos depois, não recordavam mais de suas vidas anteriores ao acidente.
William olhou pela janelinha e viu que um outro garoto chegou: era Aaron.
-O que faremos com ele? Iremos colocá-lo na “cela” 3B?
-Não, não. Esse garoto é prioridade. É melhor levá-lo direto para a sala comportamental.

TO BE CONTINUED...

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