sábado, 9 de agosto de 2008

A dificuldade de encontrar a cara metade


Há alguns dias passou na TV de novo o filme “Cidade dos Anjos”. Assisti pela enésima vez e toda vez que assisto fico impressionada com ele. Acho que é pelo tema amor-morte, ou por falar de certas coisas que nem sabemos se existem, como os anjos. Às vezes, parece que eles existem, pois já aconteceu de eu estar meio desesperada, triste e desolada e de repente parece que vem uma luz, um alivio, como se fosse um consolo que faz com que a gente fique de cabeça erguida para encarar as coisas. Como nas cenas da Meg Ryan; naquela em que ela está com insônia e depois consegue dormir. O filme é revoltante no final, pois quando finalmente ela consegue se encontrar, achar um sentido na vida e o grande amor, ela morre. Dá até medo de ser muito feliz. Tenho mais medo de ir embora sem ter sido feliz plenamente. O tempo vai passando e falta tanta coisa a ser vivida. Às vezes acho que ainda não fiz nada. Não me realizei profissionalmente, não arranjei ninguém, não encontrei um grande amor, não viajei ao redor do mundo, não me casei, não tive filhos, não tive um cachorro, etc. Certo dia pensei “coitado dos meus pais, eles adoram crianças, são boas pessoas e nunca vão realizar o sonho de serem avós, pois do jeito que as coisas andam...” Opss, essa foi a minha porção Charlotte York (Sex and the City), da busca em encontrar a cara metade!

Não consigo mais encontrar ninguém interessante neste mundo. Se bem que ultimamente não tenho saído muito de casa, mas quando saio, não vejo ninguém que me chame a atenção. É assustador, acho que vou ser sempre sozinha. As pessoas que valem a pena ou são inacessíveis por natureza, ou têm namorada, ou são casados, ou são gays. O resto dos solteiros são ralé mesmo, desinteressantes, e o pior é que sempre estão à procura das modeletes, das meninas com cintura de tanque. Se você acha alguém, sempre essa pessoa quer outra, é tão difícil ter compatibilidade, ou seja, uma pessoa gostar de você e você também gostar dela. Está havendo um verdadeiro desencontro entre homens e mulheres. Quem sofre ainda mais são as mulheres, pois os homens são espécie em extinção hoje em dia e por essa razão eles podem se dar ao luxo de escolherem as suas companheiras e optam é claro, pelas magrelas sem barriga. Ops, essa foi a minha porção Miranda Hobbes (Sex and the City), pois é impossível não ter uma visão crítica e se revoltar com a situação!

Voltando ao filme, quando vi a cena em que a Meg Ryan morre nos braços do anjo, ele sofre muito. Pensei “poxa, é outra coisa quando você é amada por alguém”. Quando você tem alguém, na sua morte ele irá chorar por você, sofrer por você, pensar em você. Agora, quando você é sozinha, não haverá ninguém que sinta a sua falta. Não estou falando do amor dos parentes, dos amigos, pois é diferente, estou falando do amor mesmo, entre homem e mulher (ou qualquer que seja a sua escolha sexual). Por mais importante que seja ter o amor dos pais, dos amigos e dos parentes, esse amor nunca é capaz de substituir o outro amor de fato. Todo mundo precisa desse amor, como disse Morrissey na música dos Smiths How Soon Is Now: “I am human and I need to be love, just like everybody else does”.

Acredito que o ser humano só possa alcançar a plenitude por meio desse amor, ninguém se sente completo se não encontra esse amor. O que adianta ser amado pela família e pelos amigos; o ser humano não consegue preencher o vazio, a falta do amor de verdade. Por isso que é tão fundamental achar a cara-metade, parece que somos feitos pela metade e passamos a vida inteira em busca da outra parte, que nos complete, assim como foi dito pela mitologia grega.
Mas existe um paradoxo, pois o que acontece então com aqueles que partem deste mundo sem ter encontrado o seu par? Será que existe mesmo para todos, será que todos têm o direito de achar uma companhia? Há tantas perguntas não respondidas, por isso que o ser humano tem tanta crise existencial! Realmente não sei a resposta, quem sabe você que está lendo este texto tenha alguma idéia?

Um comentário:

Juliane disse...

Gostei muito do seu texto.. sou assidua na comu jate e vi o link do seu blog e resolvi dar uma olhada...
é incrivel.. ultimamente minha vida tem andado do jeito q vc comenta aki.. parece q há desencontros e encontros muito grandes nessa vida...
ainda mais q tenho trabalhado muito.......